segunda-feira, 21 de abril de 2025

Sumário

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Sumário:


Prefácio
Introdução
Capítulo 1 - Verdades FundamentaisCapítulo 2 - De Pentecostes ao Martírio de Estêvão
Capítulo 3 - De Estêvão ao Apostolado de Paulo
Capítulo 4 - Os Apóstolos e os Pioneiros
Capítulo 5 - As Duas Primeiras Viagens de Paulo
Capítulo 6 - A Terceira Viagem de Paulo
Capítulo 7: Roma e seus Governantes (64 d.C. - 177 d.C.)
Capítulo 8: A História Interna da Igreja (107 d.C. - 245 d.C.)
Capítulo 9: Roma e seus Governantes (180 d.C. - 313 d.C.)
 Capítulo 10: O Período de Pérgamo (313 d.C. - 606 d.C.)
Capítulo 11: Roma e seus Governantes (313 d.C. - 397 d.C.)
Capítulo 12: A História Interna da Igreja (245 - 451 d.C.) 
Capítulo 19: O Papa Gregório VII (1049 - 1085 d.C.) 
Capítulo 22: Inglaterra (1162 - 1174 d.C.)
Capítulo 23: A Teologia de Roma
Capítulo 24: O Papa Inocêncio III (1190-1216 d.C.)
Capítulo 25: França (814-1229 d.C.)
Capítulo 26: A Ordem Monástica (480-1275 d.C.)
Capítulo 27: O Amanhecer da Reforma (1155-1386 d.C.)
Capítulo 28: O Declínio do Poder Papal (1216-1314 d.C.)
Capítulo 29: Os Precursores da Reforma (1150-1594 d.C.)
Capítulo 30: O Testemunho e o Triunfo de Wycliffe (1324-1417 d.C)
Capítulo 31: Boêmia (1409-1471 d.C.)
Capítulo 32: A Palavra de Deus Impressa (1397-1516 d.C.)
Capítulo 33: Lutero: A Reforma na Alemanha (1483-1517 d.C.)
Capítulo 34: Lutero: A Reforma na Alemanha (1517-1521 d.C.)
Capítulo 35: Lutero: A Reforma na Alemanha (1521-1529 d.C.)

Capítulo 36: Protestantismo: Alemanha (1526 d.C. - 1529 d.C.)

As Assembleias dos Protestantes

As apreensões dos príncipes quanto às intenções do Imperador estavam agora confirmadas. O tratamento violento dispensado aos deputados, bem como a amizade então cultivada com o papa, eram sinais evidentes das severas medidas que Carlos meditava adotar. Os líderes protestantes julgaram, portanto, que era mais do que tempo de se reunirem para deliberar sobre sua própria proteção contra o ofendido e indignado monarca. Realizaram-se encontros, no verão de 1529, em Rottach, Schwabach, Nurembergue e Esmalcalda; contudo, nada de definitivo pôde ser acordado, em virtude da divergência de opiniões que prevalecia sobre a Ceia do Senhor. Decidiu-se formalmente, em uma dessas reuniões, “que a unidade quanto aos sacramentos do batismo e da Eucaristia era condição essencial para qualquer aliança religiosa entre cristãos.” Mas, ai de nós! Os Reformadores já se achavam divididos em dois campos por força da controvérsia sacramentária.

O partido papista bem conhecia os ásperos panfletos que Lutero e Zuínglio haviam escrito sobre o assunto, e os utilizava com astúcia para alargar ainda mais a cisão entre os respectivos seguidores. Durante as sessões da Dieta de Espira, os católicos não cessavam de escarnecer dos Reformadores neste ponto: “Gabam-se de sua fidelidade à pura palavra de Deus, e no entanto acham-se desunidos!” O landgrave de Hesse sentiu-se profundamente ferido por tais escárnios públicos, e resolveu empregar todos os meios ao seu alcance para lograr uma reconciliação entre os Reformadores suíços e saxões. Com este intento, convocou uma Conferência a ser realizada em Marburgo, no ano de 1529, e convidou Lutero e Zwínglio, bem como outros doutores e teólogos eminentes de ambos os partidos.

O Apelo dos Príncipes

Por obra do partido papista na segunda Dieta de Espira, em 1529, foi confirmado o édito promulgado contra Lutero em Worms, no ano de 1521, e proibidas todas as inovações em matéria de religião. Contra tal decisão, a maioria dos príncipes evangélicos apresentou seu solene e deliberado protesto.* Mas não satisfeitos em apenas manifestar sua discordância quanto ao decreto da Dieta, os protestantes se reuniram novamente logo após sua dissolução, e mandaram redigir, em forma devida, um documento no qual revisam os acontecimentos da assembleia, expõem suas queixas, apresentam razões em justificativa do passo que haviam dado e, com firmeza respeitosa, reafirmam os sagrados direitos da consciência nas questões relativas à salvação, apelando por fim ao Imperador e a um futuro Concílio Geral. O documento conclui com as seguintes palavras: “Apelamos, pois, por nós mesmos, por nossos súditos e por todos os que recebem ou que venham a receber a palavra de Deus, contra todas as medidas vexatórias passadas, presentes ou futuras, a Sua Majestade Imperial e a uma assembleia livre e universal da santa Cristandade.”Esse documento ocupava doze folhas de pergaminho; as assinaturas e selos, que eram quase os mesmos do protesto anterior, foram então apostos ao apelo.**

{*Ver O Protesto}  

{**D’Aubigné, vol. 4, p. 83.}

Uma cópia dessa remonstrância foi imediatamente despachada ao Imperador, levada por três deputados. Carlos achava-se então a caminho da Espanha para a Itália. Os enviados o encontraram em Placência, mas foram recebidos da maneira mais desalentadora. O Imperador estava profundamente irritado com tamanha liberdade e oposição à sua vontade. O tom altivo do memorial feriu-lhe o orgulho, e, tomado de cólera, ordenou que os deputados fossem postos em reclusão, proibindo-os de deixar seus aposentos ou de escrever sequer uma linha aos príncipes protestantes, sob pena de morte. Contudo, pouco tempo depois, sua cólera amainou, libertou-os e seguiu viagem rumo a Bolonha, onde passou vários meses com o papa Clemente VII.

Enquanto isso, os chefes protestantes não cruzavam os braços; empregavam os meios mais eficazes tanto para o progresso da Reforma quanto para o fortalecimento de sua posição diante do povo. No dia cinco de maio, onze dias após a redação do apelo, este foi impresso e publicado pelo Landgrave; no dia treze, pelo Príncipe-eleitor. A grande questão entre católicos e protestantes assumia agora forma definida, e era apresentada abertamente a toda a Cristandade.

A Morte de Frederico

No ano de 1525, morreu Frederico, o Sábio, Príncipe-eleitor da Saxônia. Fora amigo e protetor de Lutero, embora não fosse propriamente um reformador. João, seu irmão e sucessor, possuía um caráter inteiramente diverso. Era um luterano convicto e reformador zeloso. Nos assuntos eclesiásticos, assumiu supremacia absoluta. Determinou que Lutero e Melâncton redigissem a constituição e o governo das igrejas, a forma do culto público, os deveres e os salários do clero, os quais foram promulgados por seus delegados no ano de 1527. “Plenamente convencido da verdade das doutrinas de Lutero, e percebendo com clareza a total impossibilidade de preservá-las enquanto se mantivesse a autoridade do pontífice, assumiu para si toda a jurisdição em matéria religiosa. Providenciou para que fossem colocados mestres piedosos e competentes sobre todas as igrejas, e para que os ineptos fossem removidos. Seu exemplo foi logo seguido por outros príncipes e estados da Alemanha que haviam rejeitado o domínio do Pontífice Romano.”* Tal foi o alicerce ou o primeiro plantio das igrejas luteranas e reformadas.

{*Mosheim, vol. 3, p. 122.}

O efeito de medidas tão resolutas, como facilmente se pode supor, logo se fez sentir. Dissensões entre os príncipes surgiram de imediato. A moderação de Frederico os mantivera razoavelmente unidos; mas os atos de João tornaram evidente que estava decidido a separar as igrejas de seu território da igreja de Roma. Tal decisão despertou os temores dos príncipes católicos, levando-os a consultar-se mutuamente para a defesa da velha religião e para a punição dos ousados inovadores. Também os príncipes luteranos formaram uma aliança, e foi apenas o estado conturbado da Europa que impediu o estalar de uma guerra civil. Com as mãos ocupadas em guerras por diferentes frentes, Carlos deixou os Reformadores em paz até o ano de 1529 — ano célebre na história da Reforma, e só inferior àquele que agora nos aproximamos, 1530. Mas é necessário ainda atentarmos a um ou dois acontecimentos que contribuíram para a sua importância.

O Primeiro Plantio das Igrejas Luteranas

Dificilmente poderia se dizer que a Reforma na Alemanha tenha começado entre as classes inferiores. Na Suíça, o movimento teve caráter democrático; na Alemanha, foi imperial. Os príncipes estiveram na linha de frente da batalha e ocuparam os primeiros assentos no conselho. “A organização democrática”, diz D’Aubigné, “foi, portanto, compelida a ceder lugar a uma organização conforme ao governo civil.” Esta é uma plena admissão de que a constituição das igrejas luteranas foi puramente humana, puramente política. Cristo como centro, e o Espírito Santo como o poder congregador em torno desse centro, são completamente ignorados. Por isso o Senhor pronuncia tais sistemas como “mortos”. Cristo, o Espírito Santo, a Palavra de Deus — todos são mencionados, e neles se crê, mas nenhum ocupa seu devido lugar nas igrejas luteranas ou reformadas: consequentemente, carecem de vitalidade. Foi especialmente entre as classes elevadas que Lutero encontrou seus apoiadores. “Ele admitiu os príncipes como representantes do povo; e, daí em diante, a influência do Estado tornou-se um dos elementos principais na constituição da igreja evangélica.”

Devemos ter sempre em mente que re-formar não é formar. A proclamação original da verdade e a formação da igreja no Pentecostes deveriam ser o guia do Reformador. Re-formar é voltar nosso pensamento ao princípio, ou à palavra e à graça de Deus, e re-formar a igreja em conformidade com Sua graça e verdade. E, certamente, se a igreja foi formada no primeiro século sem os príncipes deste mundo, não poderia ela ser re-formada sem eles no século XVI ou XIX? D’Aubigné, de forma bastante natural, faz essa pergunta, o que mostra que percebia haver uma falha séria em algum ponto; pois por que convocar um poder para re-formar a igreja que não foi necessário para formá-la no princípio? A ideia da igreja como a assembleia de Deus*, ou como o corpo de Cristo, estava agora completamente perdida. Mesmo os católicos, ainda que de forma perversa e corrompida, falam em manter a unidade da igreja. Os protestantes começaram mal nesse ponto e, desde aquele dia até agora, vêm se afastando cada vez mais da verdade acerca do “um só corpo”.

{* N. do T.: Aqui não está se referindo de forma alguma a uma denominação que possa se chamar de "assembleia de Deus", mas sim à definição bíblica de igreja como uma assembleia, principalmente no que diz respeito ao seu caráter como igreja local. }

Filipe, Landgrave de Hesse, príncipe empreendedor e magnânimo, tem a reputação de ter sido o primeiro a concluir uma constituição eclesiástica para as igrejas de seus estados hereditários, a qual foi apresentada como modelo para as novas igrejas da Cristandade.

As Igrejas Luteranas (1526-1529 d.C.)

Para ilustrar nossa exposição sobre a Epístola a Sardes e comprovar o que dissemos sobre a constituição das igrejas luteranas, agora falaremos um pouco sobre a sua organização original. E, para que a verdade sobre este ponto seja apresentada de forma justa e completa, citaremos D'Aubigné, que disse tudo o que se podia dizer a favor de Lutero e da Reforma.

“A Reforma precisava de alguns anos de repouso para poder crescer e ganhar força: e não poderia desfrutar de paz a menos que seus grandes inimigos estivessem em guerra entre si. A loucura de Clemente VII foi, por assim dizer, o para-raios da Reforma, e a ruína de Roma edificou o evangelho. Não foi apenas um ganho de alguns meses; de 1526 a 1529 houve uma calmaria na Alemanha da qual a Reforma se aproveitou para se organizar e expandir.

“Tendo o jugo papal sido quebrado, a ordem eclesiástica precisava ser restabelecida. Era impossível restaurar a jurisdição antiga aos bispos, pois esses prelados continentais afirmavam ser, de modo especial, servos do papa. Portanto, uma nova estrutura era necessária, sob pena de ver a igreja cair em anarquia. Foram tomadas providências para isso. Foi então que as nações evangélicas se separaram definitivamente daquele domínio despótico que, durante séculos, manteve todo o Ocidente sob escravidão.

“Já em duas ocasiões a Dieta quis fazer da reforma da igreja um trabalho nacional. O imperador, o papa e alguns príncipes se opuseram a isso. A Dieta de Espira, portanto, delegou a cada estado a tarefa que não podia realizar por si mesma.

“Mas que constituição estavam prestes a substituir pela hierarquia papal?

“Eles poderiam, suprimindo o papa, preservar a ordem episcopal; essa era a forma mais próxima da que estava prestes a ser destruída.

“Poderiam, pelo contrário, reconstruir a ordem eclesiástica, recorrendo à soberania da palavra de Deus e restabelecendo os direitos do povo cristão. Essa forma era a mais distante da hierarquia romana. Entre esses dois extremos, havia vários caminhos intermediários.... A Alemanha evangélica, no momento em que começou a experimentar sua mão nas constituições eclesiásticas, começou com aquela que mais afrontava a monarquia papal.”*

{*Vol. 4, pp. 26 - 47.}

O leitor verá claramente a partir desses poucos trechos que os príncipes da Alemanha, ao reconstituírem a igreja, foram guiados por conveniência ou princípios políticos. Embora possam ter sido sinceros em seu desejo de agir conforme a palavra de Deus, parece que jamais lhes passou pela mente que Deus deu uma constituição para Sua igreja no Novo Testamento. Ele não deu ao homem a liberdade de adicionar ou alterar uma única palavra dessa constituição divina, assim como não deu aos judeus a liberdade de adicionar ou alterar uma única peça no tabernáculo. Mas, como tratamos de forma muito detalhada a questão da inauguração, constituição e disciplina da igreja na primeira parte de nosso primeiro volume, não precisamos dizer mais nada sobre esse assunto aqui. Tudo deve ser provado pelo padrão da palavra de Deus, e tudo que não tiver a aprovação dessa palavra deve ser abandonado.

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