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sábado, 26 de dezembro de 2015

A Queda de Jerusalém (70 d.C.)

A dispersão dos judeus e a total destruição de sua cidade e templo são os próximos eventos a se considerar no restante do primeiro século, embora, estritamente falando, essa terrível catástrofe não faça parte da história da igreja, e sim da história dos judeus. No entanto, pelo fato de ter sido um cumprimento literal da profecia do Salvador, e que afetou de imediato aqueles judeus que eram cristãos, esse evento merece um lugar em nossa história.

Os discípulos, antes da morte e ressurreição de Cristo, eram fortemente judaicos em todos os seus pensamentos e associações. Eles conectavam o Messias ao templo. Seus pensamentos eram de que Ele deveria libertá-los do poder dos romanos, e que todas as profecias sobre a terra, as tribos, a cidade e o templo seriam cumpridas. Mas os judeus rejeitaram o próprio Messias e, consequentemente, todas as suas próprias esperanças e promessas nEle. As palavras iniciais de Mateus 24 são muito significativas e importantes: "E, quando Jesus ia saindo do templo...". O templo estava agora, de fato, vazio aos olhos de Deus. Tudo o que dava valor a Ele ali agora se foi. "Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta" (Mateus 23:38). Ela agora estava pronta para a destruição.

"Aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo." (Mateus 24:1). Eles ainda se ocupavam com a grandeza e glória externas dessas coisas. "Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada." (Mateus 24:2). Essas palavras foram literalmente cumpridas pelos romanos cerca de quarenta anos depois de terem sido faladas, e da mesma maneira que o Senhor predisse: "Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; e te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação." (Lucas 19:43,44)

Depois dos romanos terem experimentados muitas decepções e derrotas na tentativa de abrir uma brecha nas muralhas, por causa da desesperada resistência dos judeus insurgentes e, embora houvesse pouca esperança de tomar a cidade, Tito mesmo assim convocou um conselho de guerra. Dois planos foram discutidos: invadir violentamente a cidade imediatamente; consertar os aparatos militares e reconstruir as máquinas; ou sitiar e induzir a fome na cidade para forçar a rendição. A última foi a preferida, e todo o exército foi colocado para "entrincheirar" toda a cidade. Mas o cerco foi longo e difícil. Durou da primavera até setembro. E durante todo o tempo, as mais sem precedentes misérias de todo tipo foram experimentas pelos sitiados. Mas afinal chegou o fim, quando tanto a cidade quanto o templo estavam nas mãos dos romanos. Tito estava ansioso para tomar o magnificente templo e seus tesouros. Mas, contrários a suas ordens, um soldado, montado nos ombros de um de seus camaradas, ateou fogo em uma pequena porta dourada no pátio exterior. As chamas logo se espalharam. Tito, vendo isto, correu ao lugar o mais rápido que pôde. Ele gritou, fez sinais para seus soldados para que extinguissem o fogo; mas sua voz foi abafada, e seus sinais não foram percebidos em meio à terrível confusão. O esplendor do interior do templo o encheu de admiração e, como as chamas ainda não tinham chegado ao lugar santo, ele fez um último esforço para salvá-lo, exortando os soldados a apagar o incêndio; mas era tarde demais. Chamas ardentes se erguiam por todas as direções, e a feroz excitação da batalha, somada à insaciável esperança de pilhagem, tinha atingido seu ápice. Tito mal sabia que Alguém que era maior que ele tinha dito: "Não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada." (Mateus 24:2). A palavra do Senhor, e não os comandos de Tito, devia ser obedecida. O templo foi realmente arrasado até as fundações, de acordo com a palavra do Senhor.

Para quase todos os aspectos particulares desse terrível cerco, estamos em débito com Josefo, que estava no acampamento romano e próximo da pessoa de Tito naquele tempo. Ele agiu como intérprete quando foram tratados os termos entre Tito e os insurgentes. Os muros e baluartes de Sião pareciam inconquistáveis para os romanos, e Josefo ansiava muito por um tratado de paz. No entanto, os judeus rejeitavam cada proposta, até que os romanos finalmente triunfaram. Ao entrar na cidade, Josefo nos conta que Tito se encheu de admiração pela sua força. De fato, ao contemplar a sólida altitude das torres, a magnitude de várias das pedras, e a precisão de suas junções, e ao ver quão grandes eram sua amplitude e quão vasta sua altura, "Claramente", exclamou Tito, "lutamos com Deus do nosso lado; e foi Deus quem derrubou os judeus daqueles baluartes, pois o que as mãos humanas ou maquinas podiam fazer contra aquelas torres?" Tais foram as confissões do general pagão. Certamente deve ter sido o cerco mais terrível de toda história do mundo registrada.

Os relatos dados por Josefo sobre os sofrimentos dos judeus durante o cerco são horríveis demais para serem transferidos para nossas páginas. Os números que pereceram sob Vespasiano no país, e sob Tito na cidade, no período de 67-70 d.C., por fome, facções internas e pela espada romana, chegou à casa de 1.350.460, além de cem mil vendidos como escravos.* Infelizmente, essas foram as horríveis consequências da incredulidade e desdém aos apelos solenes, ternos e a afetuosos de seu próprio Messias. Podemos imaginar as lágrimas do Redentor derramadas sobre a cidade amada? E podemos imaginar as lágrimas dos pregadores de hoje em dia, enquanto apela a amados pecadores, em vista da vinda e dos juízos eternos? Certamente é de se maravilhar o fato de que tantas lágrimas sejam derramadas por causa de pecadores imprudentes, descuidados e perdidos. Ah, que corações sintam como sentiu o Salvador e que olhas chorem como os dEle!

{* Veja História dos Judeus, de Dean Milman, livro 16, volume 2, página 380.}


Os cristãos, com quem temos mais especialmente que tratar, lembrando-se do aviso do Senhor, em grupo deixaram Jerusalém antes do cerco ser formado. Eles viajaram para Pella, uma vila além do Jordão, onde permaneceram até que Adriano lhes permitiu retornar às ruínas da antiga cidade. E isso nos leva ao fim do primeiro século.

Durante os curtos reinados de Vespasiano e de seu filho Tito, o número de cristãos deve ter crescido consideravelmente. Isto aprendemos, não de algum relato direto que possamos ter sobre a prosperidades deles, mas das circunstâncias incidentais que provam isso, e que vamos conhecer em seguida.

domingo, 29 de novembro de 2015

A Chegada de Paulo a Roma

Ao longo da Via Ápia, muito provavelmente, Paulo e seus companheiros viajaram até Roma. Ao chegarem, "o centurião entregou os presos ao capitão da guarda*; mas a Paulo se lhe permitiu morar por sua conta à parte, com o soldado que o guardava." (Atos 28:16). Embora ele não tenha sido libertado do constante aborrecimento de estar acorrentado a um soldado, todas as indulgências permitidas a um prisioneiro lhe foram concedidas.

{* O sábio e humano Burrus era prefeito da guarda pretoriana quando Júlio chegou com seus prisioneiros. Ele era um romano virtuoso e sempre tratou Paulo com grande consideração e gentileza. - Dicionário de Biografias do Dr. Smith }

Paulo tinha agora o privilégio "de anunciar o evangelho aos que estavam em Roma" (Romanos 1:15); e prosseguiu sem demora a agir de acordo com sua regra divina: "primeiro aos judeus". Ele chama os principais dos judeus e explica a eles sua verdadeira posição. Ele lhes assegura que não tinha cometido ofensa alguma contra sua nação, ou contra os costumes dos pais, mas que ele tinha sido trazido a Roma para responder a certas acusações feitas contra ele pelos judeus na Palestina: e tão infundadas eram acusações, que até mesmo o governador romano estava disposto a libertá-lo, mas os judeus se opunham à sua liberdade. De fato era, como ele disse, que "pela esperança de Israel estou com esta cadeia". (Atos 28:20). Seu único crime tinha sido sua firme fé nas promessas de Deus a Israel através do Messias.

Os judeus romanos, em resposta, asseguraram a Paulo que nenhum relato sobre os preconceitos sofridos tinha chegado a Roma, e que eles desejavam ouvir dele mesmo uma declaração de sua fé; e além disso, que em toda parte se falava mal dos cristãos. Um dia foi então marcado para um encontro em seu próprio aposento. Na hora marcada muitos vieram, "aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde." (Atos 28:23). Mas os judeus em Roma, assim como em Antioquia e Jerusalém, foram tardios de coração em crer. "E alguns criam no que se dizia; mas outros não criam." (Atos 28:24). Mas quão séria e incansavelmente ele trabalhava para ganhar seus corações para Cristo! De manhã até à tarde ele não apenas pregava a Cristo, mas procurava convencê-los a respeito dEle. Ele procurou, podemos estar certos, persuadi-los a respeito da Divindade e humanidade do Senhor - Seu perfeito sacrifício - Sua ressurreição, ascensão e glória. Que lição e que assunto para o pregador em todas as épocas. Persuadir homens a respeito de Jesus desde a manhã até à tarde.

A condição dos judeus é agora posta diante de nós pela última vez. O juízo pronunciado por Isaías estava para cair sobre eles em todo o seu poder fulminante - um juízo sob o qual permanecem até hoje - um juízo que deve continuar até que Deus se interponha para dar-lhes arrependimento, e para livrá-los por Sua graça à glória de Seu próprio nome. Mas, em meio a tudo isso, "a salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles a ouvirão." (Atos 28:28), e, como sabemos - bendito seja Seu nome - eles ouviram, e nós mesmos somos testemunhas disso. *

{* Veja Estudos Introdutórios ao Livro de Atos, por W. Kelly}
"E Paulo ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara, e recebia todos quantos vinham vê-lo; pregando o reino de Deus, e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum." (Atos 28:30,31)

Estas são as últimas palavras de Atos. A cena na qual as cortinas se fecham é bastante sugestiva - a oposição da incredulidade judaica quanto às coisas relacionadas à salvação de suas almas sugerem, infelizmente, o que em breve se abateria sobre eles. E aqui, também, acaba a história desse precioso servo de Deus, até onde nos foi diretamente revelada. A voz do Espírito da verdade sobre este assunto torna-se silenciosa. O conhecimento que temos sobre a subsequente história de Paulo deve agora ser coletado quase que exclusivamente de suas próximas epístolas. E delas aprendemos mais que mera história: elas nos dão um bendito vislumbre dos sentimentos, conflitos, afetos e simpatias do grande apóstolo, e da condição da igreja de Deus em geral, até o momento de seu martírio.

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