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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Apóstolo Filipe

Nos três primeiros Evangelhos ele é apresentado nessa ordem. Ele é mencionado como sendo de Betsaida, a cidade de André e Pedro (João 1:44). É mais que provável que ele estivesse entre os galileus daquele distrito que se reuniram para ouvir a pregação de João Batista. Embora nenhuma parte da Palestina tenha sido tão mal falada como a Galileia, foi destes desprezados, mas simples, sinceros e devotos galileus que nosso Senhor escolheu Seus apóstolos. "Examina", disseram os fariseus, "e verás que da Galileia nenhum profeta surgiu" (João 7:52). Mas afirmações muito generalizadas, em geral, costumam ser falsas. "Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?" é uma amostra desse caráter.

Nada é dito na história do Evangelho sobre os pais de Filipe ou sua ocupação. O mais provável é que ele tenha sido um pescador, o comércio geral daquele lugar. A partir da similaridade da linguagem utilizada por Filipe e André, e por serem repetidamente mencionados juntos, podemos concluir que nosso apóstolo, assim como os filhos de Jonas e Zebedeu, eram amigos íntimos, e que eles todos estavam procurando e esperando pelo Messias. Mas, de todo o círculo dos discípulos de nosso Senhor, Filipe tem a honra de ser o primeiro a ser chamado. Os três primeiros tinham vindo a Cristo e conversado com Ele antes de Filipe, mas depois disso eles voltaram às suas ocupações e não foram chamados para seguir o Senhor até cerca de um ano mais tarde. Mas Filipe foi chamado de uma vez por todas. "No dia seguinte quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me." (João 1:43). Estas palavras, tão cheias de significado e rica bênção para a alma, "Segue-me", (cremos) que tenham sido as primeiras ditas a Filipe. Quando os doze foram especialmente separados de seus ofícios, Filipe foi contado entre eles.

Imediatamente após seu chamado, ele encontra Natanael e o leva a Jesus. É evidente, pela feliz surpresa que respira em sua informação, que eles já tinham conversado sobre essas coisas antes. Seu coração estava agora seguro de sua verdade, daí a alegria expressa nestas palavras: "Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José." (João 1:45). Há uma evidente sinceridade de coração em Filipe, embora pouco seja dito sobre ele nos Evangelhos. Nossa última menção a ele, assim como a primeira, é profundamente interessante. Tendo ouvido o Senhor se referir repetidamente ao Seu Pai em João 12, 13 e 14, Filipe manifestou um forte desejo de conhecer mais sobre o Pai. As comoventes palavras de nosso Senhor sobre Seu Pai parecem ter causado uma profunda impressão e admiração em seu coração. "Pai, salva-me desta hora" (João 12:27); "Pai, glorifica o teu nome" (João 12:28); "Na casa de meu Pai há muitas moradas" (João 14:2); sem dúvida, tais palavras penetraram profundamente nos corações de todos os discípulos. Mas há uma bela simplicidade sobre Filipe, embora carente de inteligência. "Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta." (João 14:8). Há uma evidente repreensão, se não uma reprovação, na resposta do Senhor a Filipe: "Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras." (João 14:9-10). Ele era a revelação do Pai em Sua própria Pessoa, e Filipe deveria sabê-lo. Ele já estava a muito tempo com Seus discípulos, e eles deveriam ter visto que Ele estava no Pai, e o Pai nEle, e que Ele iria para o Pai. Eles tinham tanto as "palavras" quanto as "obras" do Filho para convencê-los de que o Pai habitava nEle. Eles tinham ouvido Suas palavras, eles tinham visto Suas obras, eles tinham testemunhado Seu caráter, e essas coisas foram ajustadas e destinadas para trazer o Pai diante deles. Sua própria Pessoa era a resposta para qualquer pergunta. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Ele é o caminho - o único caminho ao Pai. Ele era a verdade: a verdade quanto a tudo e todos, como são, é apenas conhecida por Ele. Ele é a vida - "aquela vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada". Mas é apenas pelo ensino e poder do Espírito que Ele, que é "o caminho, a verdade e a vida", é conhecido e desfrutado. E deve haver sujeição de coração a Cristo se desejamos conhecer o ensino do Espírito.

Após tal profundamente interessante e instrutiva conversa com o Senhor, tudo é incerto quanto ao resto da história de Filipe - seu nome desaparece da narrativa dos Evangelhos. Ele estava ainda entre os apóstolos em Atos 1:13. A tradição tem confundido, tão frequentemente, o Filipe evangelista com o Filipe apóstolo, que tudo é incerto. Sem dúvidas seus dias restantes foram gastos no serviço devoto ao seu Senhor e Salvador, mas em que lugar é difícil determinar. Alguns pensam que a Ásia foi o cenário de seus primeiros labores, e que no final de sua vida ele esteve em Hierápolis, na Frígia, onde sofreu um cruel martírio.

sábado, 6 de setembro de 2014

O Apostolado de Paulo

A lei e os profetas foram até João; após João o próprio Senhor, em Sua própria Pessoa, oferece o reino a Israel, mas "os Seus não O receberam". Eles crucificaram o Príncipe da vida, mas Deus O ressuscitou dentre os mortos, fazendo-O sentar à Sua direita nos lugares celestiais. Temos então os doze apóstolos. Eles são dotados com o Espírito Santo, e levam o testemunho da ressurreição de Cristo. Mas o testemunho dos doze é desprezado, o Espírito Santo é resistido, Estêvão é martirizado, a oferta final de misericórdia é rejeitada, e agora o tratamento de Deus com Israel como um povo é encerrado por um tempo. As cenas de Siló são encenadas novamente, Icabode é escrito em Jerusalém, e uma nova testemunha é convocada, como nos dias de Samuel. (Leia 1 Samuel 4)

Chegamos agora ao grande apóstolo dos gentios. Ele é como um nascido fora do tempo e fora de seu devido lugar. Seu apostolado não tinha nada a ver com Jerusalém ou com os doze. Era fora de ambos. Seu chamado era extraordinário e vindo direto do Senhor no Céu. Ele tem o privilégio de trazer a novidade: o caráter celestial da igreja - que Cristo e a igreja são um, e que o Céu é seu lar em comum (Efésios 1,2). Enquanto Deus estava tratando com Israel, essas benditas verdades estavam guardadas em segredo em Sua própria mente. "A mim,", diz Paulo, "o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo." (Efésios 3:8-9)

Não podia haver dúvidas sobre o caráter do chamado do apóstolo quanto à sua autoridade divina. "Não da parte dos homens, nem por homem algum", como diz ele em sua Epístola aos Gálatas, "mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos" (Gálatas 1:1). Isto é,  não era "da parte dos homens", quanto à sua fonte, nem de qualquer Sínodo* de homens oficiais. "Nem por homem algum", foi como veio sua comissão. Ele não era apenas um santo, mas um apóstolo por chamado: e esse chamado era por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que O ressuscitou dentre os mortos. Em alguns aspectos, seu apostolado foi ainda de mais alta ordem do que o dos doze. Estes tinham sido chamados por Jesus quando na Terra; aquele tinha sido chamado pelo Cristo ressuscitado e glorificado no Céu. E, sendo seu chamado vindo do Céu, não necessitava nem da sanção nem do reconhecimento dos outros apóstolos. "Mas, quando aprouve a Deus ... revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco." (Gálatas 1:15-17)

A forma como Saulo foi chamado para apóstolo é digna de nota especial, pois bate de frente com a raiz do orgulho judaico, e pode também ser vista como o golpe mortal à vã noção de sucessão apostólica. Os apóstolos, a quem o Senhor tinha escolhido e nomeado quando estava na Terra, não eram nem a fonte nem o canal, de maneira alguma, da nomeação de Paulo. Eles não lançaram sortes para ele, como fizeram no caso de Matias (Atos 1). Ali eles estavam apenas em terreno judeu, o que pode explicar sua decisão por sorteio. Era um antigo costume, em Israel, descobrir a vontade divina por esses modos. Mas estas enfáticas palavras: "Paulo, apóstolo, não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo", excluem completamente a intervenção do homem sob qualquer forma. A sucessão apostólica é descartada. Somos santos por chamado e servos por chamado. E tal chamado deve vir do Céu. Paulo está diante de nós como um verdadeiro padrão para todos os pregadores do evangelho, e para todos os ministros da Palavra. Nada pode ser mais simples que o terreno que ele toma como pregador, sendo o grande apóstolo que era. "E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos." (2 Coríntios 4:13)

Imediatamente após ser batizado e fortalecido, ele começou a confessar sua fé no Senhor Jesus e a pregar nas sinagogas de que Ele era o Filho de Deus. Isto é algo novo. Pedro pregava que Ele tinha sido exaltado à destra de Deus - que Ele tinha sido feito tanto Senhor quanto Cristo, mas Paulo prega uma doutrina mais elevada sobre Sua glória pessoal - "que Ele é o Filho de Deus". Em Mateus 16, Cristo é revelado pelo Pai aos discípulos como "o Filho do Deus vivo". Mas agora Ele é revelado, não apenas a Paulo, mas em Paulo. "Aprouve a Deus ... revelar seu Filho em mim" (Gálatas 1:15-16), disse ele. Mas quem é suficiente para falar dos privilégios e bênçãos daqueles a quem o Filho de Deus é, pois, revelado? A dignidade e segurança da igreja descansa sobre essa bendita verdade, e também sobre o evangelho da glória, que foi especialmente confiado a Paulo, e que ele chama de "meu evangelho".

"Sobre o Filho assim revelado", disse alguém docemente, "paira tudo o que é peculiar ao chamado e glória da igreja - suas santas prerrogativas - aceitação no Amado com perdão dos pecados por meio de Seu sangue - entrada para os tesouros da sabedoria e do conhecimento, de modo a tornar conhecido, a nós, o mistério da vontade de Deus - herança futura nEle e com Ele, no qual todas as coisas nos céus e na Terra serão congregadas - e o presente selo e penhor dessa herança, o Espírito Santo. Tal brilhante sequência de privilégios é escrita pelo apóstolo desta maneira: "bênçãos espirituais nos lugares celestiais"; e assim são elas; bênçãos através do Espírito fluindo e nos ligando a Ele, que é o Senhor nos céus." * (Efésios 1:3-14)

{* Veja mais detalhes sobre esse assunto em John Gifford Bellet, Christian Witness [Testemunho cristão], v. 4, p. 221; William Kelly, Introductory Lectures on Galatians [Estudos introdutó­rios sobre Gálatas], cap. 1}

Mas a doutrina da igreja - o mistério do amor, da graça e do privilégio - não tinha sido revelada até Paulo a ter declarado. O Senhor tinha falado dela quanto ao efeito que teria a presença do Consolador, dizendo: "Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós." (João 14:20). E novamente, quando Ele diz aos discípulos após a ressurreição: "Eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus." (João 20:17). Dessa "sequência brilhante" de bênçãos Paulo foi, especial e caracteristicamente, o apóstolo.

Devemos agora deixar um pouco de lado a história de Saulo e voltar a Pedro, que ocupa o campo até que Paulo comece seu ministério público em Atos 13.

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