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sábado, 13 de junho de 2015

A Visita de Paulo a Corinto

A conexão de Corinto com a história, com os ensinos e com os escritos de nosso apóstolo é quase tão íntima e importante quanto Jerusalém ou Antioquia. Corinto pode ser considerada seu centro na Europa. Aqui Deus teve "muito povo" (Atos 18:10), e aqui Paulo "ficou um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus." (Atos 18:11). Foi também em Corinto que ele escreveu suas duas primeiras cartas apostólicas - as duas Epístolas aos Tessalonicenses.

Corinto, a capital romana da Grécia, era uma grande cidade mercantil, em conexão imediata com Roma e com o oeste do Mediterrâneo, com Tessalônica e Éfeso no Mar Egeu, e com a Antioquia e Alexandria a leste. Assim, por meio de seus dois notáveis portos, a cidade recebia embarcações tanto dos mares ocidentais quanto dos mares orientais. *

{* Para detalhes geográficos mais completos e detalhados, veja A Vida e as Epístolas de São Paulo, de Conybeare e Howson. Também acrescentamos que essa é nossa principal fonte no que diz respeito às datas. É provavelmente o melhor e mais abrangente livro sobre a história do grande Apóstolo, com exceção das próprias Escrituras}

Paulo parece ter viajado sozinho a Corinto. Se Timóteo foi ter com ele quando em Atenas (1 Tessalonicenses 3:1), ele foi enviado de volta a Tessalônica, lugar pelo qual, como veremos em breve, Paulo tinha grande afeição no coração. Logo após sua chegada ele inesperadamente encontrou dois amigos e companheiros na obra: Áquila e sua esposa Priscila. Nesta época em particular deveria haver um número maior de judeus em Corinto do que o normal, "pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma." (Atos 18:2) O Senhor usou, assim, o banimento de Áquila e Priscila para fornecer um lugar para Seu solitário servo ficar. Eles eram da sua terra (Israel), do seu mesmo ramo de negócio, e do mesmo coração e espírito. "E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas." (Atos 18:3)

Quão graciosos e maravilhosos são os caminhos do Senhor para Seu servo. Em uma cidade de riqueza e comércio cercada de gregos nativos, colonos romanos, e judeus vindos de todos os cantos, ele trabalha silenciosamente em seu próprio comércio de modo a não ser um incômodo para nenhum deles. Aqui temos, de certo modo, um exemplo da mais profunda e elevada espiritualidade combinada com o trabalho diligente nas coisas comuns desta vida. Que exemplo! E que lição! Sua labuta diária não gerava impedimento à sua comunhão com Deus. Nunca ninguém conheceu tão bem, ou sentiu tão profundamente, o valor do evangelho que ele carregava consigo: as questões da vida e da morte estavam ligadas a isso, e mesmo assim ele podia se entregar ao trabalho comum. Mas isto ele fez, assim como a pregação, para o Senhor e para Seus santos. Ele frequentemente se refere a isto em suas Epístolas, e fala disso como um de seus privilégios: "E em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei. Como a verdade de Cristo está em mim, esta glória não me será impedida nas regiões da Acaia." (2 Coríntios 11:9,10 *)

{* Como alguns têm supervalorizado essa passagem, e outros a têm subestimado, pode ser interessante observar o que cremos ser seu verdadeiro significado. A decisão do apóstolo de não ser pesado aos santos, como aqui tão fortemente expressa, se aplica principalmente, se não exclusivamente, à igreja de Corinto. Um importante princípio estava envolvido, mas foi um princípio de particular aplicação ao caso, e não geral. Ele reconhece as dádivas das outras igrejas da maneira mais grata possível (Filipenses 4) e, ao escrever aos coríntios mais tarde, ele diz: "Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da macedônia supriram a minha necessidade" (2 Coríntios 11:8,9). O apóstolo, sem dúvida, tinha a melhor das razões para recusar, dessa maneira, a comunhão com a igreja em Corinto. Sabemos que havia "falsos apóstolos" e muitos inimigos lá, e que muitas perturbações graves e sérias tinham sido permitidas entre eles, as quais ele fortemente repreendeu e procurou corrigir. Sob tais circunstâncias, para que seus motivos não fossem mal interpretados, o apóstolo preferiu trabalhar com suas próprias mãos do que receber apoio da igreja em Corinto. E, "Por quê?", ele pergunta, "Porque não vos amo? Deus o sabe. Mas o que eu faço o farei, para cortar ocasião aos que buscam ocasião, a fim de que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós” (2 Coríntios 11:11-12). }

Há outra coisa relacionada a esta característica do percurso do apóstolo que é de grande interesse. Acredita-se, em geral, que ele tenha escrito suas duas epístolas aos tessalonicenses mais ou menos nessa época, e alguns pensam que também a Epístola aos Gálatas. Estas permanecem diante de nós como verdadeiras testemunhas de sua proximidade com Deus e sua comunhão com Ele, enquanto se mantinha com o trabalho de suas próprias mãos. Mas quando chega o sábado de descanso, a oficina é fechada, e Paulo vai à sinagoga. Este era seu hábito. "E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos" (Atos 18:4). Mas enquanto Paulo estava ocupado, tanto nos dias de semana quanto nos sábados, Silas e Timóteo chegaram da Macedônia. É evidente que eles trouxeram consigo alguma ajuda que iria ajudar a suprir as necessidades do apóstolo naquele tempo, e assim aliviá-lo de tal trabalho constante.

A chegada de Silas e Timóteo parece ter encorajado e fortalecido o apóstolo. Seu zelo e energia no evangelho são evidentemente fortalecidos. Ele "foi impulsionado no espírito, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo." (Atos 18:5), mas eles se opuseram à sua doutrina e blasfemaram. Isto levou Paulo a tomar seu curso com grande ousadia e decisão. Ele sacode a roupa, como sinal de estar limpo do sangue deles, e declara que dali em diante passará a tratar com os gentios. Em tudo isto ele foi conduzido por Deus, e agiu de acordo com Sua mente. Enquanto era possível, ele pregava na sinagoga; mas quando ele não mais podia estar lá, foi compelido a usar o lugar mais conveniente que ele podia encontrar. Em Éfeso, ele pregou na escola de um tal de Tirano; em Roma, ele "ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara, e recebia todos quantos vinham vê-lo;" (Atos 28:30); e aqui, em Corinto, um prosélito chamado Justo abriu sua casa ao rejeitado apóstolo.

Nessa particular crise na história do apóstolo ele foi favorecido com outra revelação especial do próprio Senhor. "E disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus." (Atos 18:9-11). Porém, novamente, seus implacáveis inimigos se enfurecem. O grande sucesso do evangelho entre os pagãos excitou a raiva dos judeus contra Paulo, que procuraram usar a vinda de Gálio, um novo governador, para realizar suas más intenções.

Gálio foi o irmão de Sêneca, o filósofo, e, como tal, era muito bem instruído. Ele era sábio, justo e tolerante como governador, embora desdenhoso em seu tratamento com as coisas sagradas. Mas o Senhor, que estava com Seu servo como Ele mesmo tinha dito, usou a incrédula indiferença de Gálio para derrotar os maliciosos desígnios dos judeus, e para virar suas falsas acusações contra eles mesmos. Como estavam frustrados em seus propósitos malignos, o apóstolo tinha maior liberdade e menos aborrecimento ao levar em frente a obra do evangelho. Seus benditos frutos logo se manifestaram por toda a província da Acaia (1 Tessalonicenses 1:8,9)

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