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domingo, 22 de março de 2020

A História da Inquisição

Antes do reinado de Constantino, ou da união da Igreja com o Estado, as heresias e as ofensas espirituais eram punidas apenas por meio de excomunhões; mas pouco tempo depois de sua morte,  foram acrescentadas as penas de morte (também chamadas de "pena capital'). Geralmente considera-se que Teodósio tenha sido o primeiro dos imperadores romanos a declarar a heresia como um crime capital. Mas os inquisidores da época não pertenciam à ordem clerical: eram leigos nomeados pelos prefeitos romanos. Prisciliano, o herege espanhol, foi condenado à morte por volta do ano 385. Justiniano, em 529, promulgou leis penais contra os hereges, e, com o passar dos séculos, os procedimentos contra eles foram marcados por uma severidade crescente. Não foi, no entanto, como acabamos de ver, até o século XIII que o tribunal da Inquisição foi estabelecido pela lei canônica. Tornou-se, então, um tribunal criminal, encarregado da detecção, prossecução e punição de heresias, apostasias e outros crimes contra a fé estabelecida. Seja Domingos ou Inocêncio quem tenha recebido o crédito pela invenção da Inquisição, evidentemente ela teve sua origem na guerra albigense. O legado papal descobriu que o massacre aberto de hereges jamais alcançaria o completo extermínio deles. Essa dificuldade levou à criação de uma nova fraternidade, chamada de ordem da Santa Fé, cujos membros eram obrigados, por juramentos solenes, a empregar tudo o que podiam para a repressão do livre estudo e investigação em questões de religião, para manter a unidade da fé, para a destruição de todos os hereges e para a extirpação de toda heresia dos lares, dos corações e das almas dos homens. Mas foi reservado a Gregório IX, no Concílio de Toulouse, fixar o estabelecimento da Inquisição na forma de um tribunal e, ao mesmo tempo, dar-lhe leis positivas.

Esse terrível tribunal foi gradualmente introduzido nos estados italianos, na França, na Espanha e em outros países; mas nunca foi permitido que fosse introduzido, mesmo que à força, nas ilhas britânicas. Na França e na Itália, foram necessários esforços árduos e perseverantes para organizá-lo e estabelecê-lo; a Alemanha resistiu com sucesso a uma Inquisição permanente; na Espanha, no entanto, embora tenha enfrentado alguma oposição a princípio, rapidamente ganhou terreno e, com o tempo, alcançou uma magnitude que, por várias causas, ultrapassou a de qualquer outro país.

Gradualmente, a autoridade dos inquisidores foi ampliada, e eles foram chamados a pronunciar julgamento, não apenas contra palavras e ações, mas também contra os pensamentos e intenções do acusado. Durante o século XIV, seu progresso foi constante, à medida que aumentava continuamente seu rigor e energia. Mas não foi até o final do século XV, quando Isabel, esposa de Fernando II de Aragão, subiu ao trono de Castela, e quando os diferentes reinos da Espanha -- Castela, Navarra, Aragão e Portugal -- se uniram sob esses soberanos, que a Inquisição se espalhou por todo o país e assumiu a forma que manteve até o período de sua dissolução em 1808.*

{* Ver Encyclopedia Britannica, "Inquisition", vol. 12, p. 283. História da Inquisição, de Llorente. Faiths of the World, de Gardner. Milman, vol. 5, p. 16.}

domingo, 3 de janeiro de 2016

Carta de Trajano para Plínio

"Você agiu perfeitamente correto, meu caro Plínio, na pergunta que me fez a respeito dos cristãos. Pois, realmente, não há uma regra geral que possa ser prevista para ser aplicada a todos os casos. Essas pessoas não dever ser procuradas: se forem trazidas diante de você e estiverem convictos, que seja aplicada pena capital, mas com essa restrição: que se alguém renunciar ao cristianismo, e evidenciar sua sinceridade suplicando aos nossos deuses, por mais suspeito que tenha sido no passado, que seja perdoado por seu arrependimento. Mas libelos anônimos em nenhum caso devem ser levados em consideração, pois é um precedente muito perigoso e perfeitamente incongruente com as máximas de nossa era."
O testemunho claro e insuspeito dessas duas cartas desperta pensamentos e sentimentos do mais profundo interesse na mente cristã de hoje em dia. A Primeira Epístola de Pedro foi endereçada aos pais desses santos sofredores, e possivelmente a alguns dos que ainda estavam vivos. E não é improvável que Pedro tenha trabalhado entre eles pessoalmente. Assim eles foram ensinados e encorajados de antemão a dar ao governador romano "a razão da esperança que havia neles com mansidão e temor" (1 Pedro 3:15). De fato, a totalidade da primeira epístola parece divinamente equipada para fortalecer aqueles cristãos inocentes contra o injusto e irracional proceder de Plínio. "Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este mesmo pensamento" (1 Pedro 4:1). Pedro contempla em sua epístola a família da fé como se estivesse em uma jornada através do deserto, e Deus como o supremo Governador sobre todos - tanto crente como incrédulos. "Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal." (1 Pedro 3:12). Com tal cena diante de nós, e com tais testemunhas, levando em consideração a posição de Trajano e Plínio como estadistas pagãos, pode ser interessante indagar nessa fase tão inicial de nossa história qual a real causa da perseguição.

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