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domingo, 30 de abril de 2017

Os Eslavônios Recebem o Evangelho

Por volta desse tempo, alguns esforços foram feitos para a conversão dos russos, húngaros, etc., mas a obra do evangelho parece ter feito pouco progresso nessas regiões até a conquista da Boêmia por Oto, no ano 950, ou talvez até o casamento de Vladimir, príncipe dos russos, com Ana, irmã de Basílio, o imperador grego. Ele abraçou a fé de sua rainha, viveu até uma idade bem avançada, e foi seguido em sua fé pelos seus súditos. A conversão do Duque da Polônia é também atribuída à influência de uma rainha cristã. Naqueles dias a crença do príncipe se tornava a regra de seu povo, tanto na fé como na prática, e a fé da rainha, geralmente falando, tornava-se a regra do rei. Daí a influência da esposa para o bem ou para o mal. Isto podemos já ter notado, especialmente nos dias de Clotilda e Clóvis.  "Há uma estranha uniformidade", diz Milman, "nos instrumentos usados na conversão dos súditos bárbaros. Uma mulher de classe e influência, um monge zeloso, alguma terrível calamidade nacional; logo que esses três coincidem, então a terra pagã abre-se ao cristianismo."

Bulgária. A introdução do cristianismo entres os búlgaros foi referenciada em nossas notas sobre os paulicianos. Eles eram um povo bárbaro e selvagem. Depois dos hunos, os búlgaros eram os mais odiosos e mais terríveis para os europeus invadidos. A irmã de Bóris, seu rei, tendo sido levada cativa pelos gregos em sua infância, tinha sido educada em Constantinopla na fé cristã. Após sua redenção e retorno ao lar, ela se sentiu muito incomodada pelos hábitos idólatras de seu irmão e de seu povo. Ela parece ter sido uma cristã fervorosa, mas todos os seus apelos em favor do cristianismo foram pouco atendidos, até que uma fome e uma praga devastaram a Bulgária. O rei foi finalmente persuadido a orar ao Deus dos cristãos. O Senhor, em grande misericórdia, fez cessar a praga. Bóris reconheceu a bondade e poder do Deus cristão e concordou que aos missionários fossem permitido pregar o evangelho ao seu povo.

Metódio e Cirilo, dois monges gregos, distintos por seu zelo e erudição, instruíram os búlgaros nas verdades e bênçãos do evangelho de Cristo. O rei foi batizado, e seu povo gradualmente seguiu seu exemplo. Conta-se que 106 perguntas foram enviadas pelo rei ao papa Nicolau I, abrangendo cada ponto da disciplina eclesiástica, da observância cerimonial e dos costumes. As respostas, conta-se, foram sábias e discretas, e adequadas para mitigar a ferocidade de uma nação selvagem.

A partir da Bulgária os zelosos missionários visitaram muitas das tribos eslavônias, e penetraram em regiões de genuíno barbarismo. O dialeto deles ainda não tinha escrita. Mas esses homens devotos dominaram a língua do país e pregaram o evangelho ao povo em sua língua nativa. Isso era algo completamente novo naqueles dias,  mas o cristianismo celestial traz em sua comitiva muitos dons preciosos. A prática comum da época era pregar e ensinar nas línguas eclesiásticas -- o grego e o latim; de fato, reclamações foram feitas ao papa sobre a novidade da adoração em uma língua bárbara, mas os escrúpulos do pontífice foram superados pelos argumentos  dos missionários, embora a controvérsia tenha sido renovada em dias póstumos, uma vez que alguns tolamente pensaram que seria uma profanação que os serviços da igreja fossem celebrados em uma língua bárbara. Conta-se que Cirilo inventou um alfabeto, ensinou o povo rude a usar as letras, e traduziu a liturgia e certos livros da Bíblia para o dialeto dos morávios. Quem pode dizer que efeito a obra de Cirilo pôde ter até o presente dia? O rei da Morávia foi batizado e, como de costume naqueles tempos, seus súditos seguiram seu exemplo. A província da Dalmácia, e muitas outras, até então em densas trevas, receberam o evangelho durante os séculos IX e X!

domingo, 16 de outubro de 2016

Cirilo e a Ortodoxia

Cirilo, bispo de Alexandria, na controvérsia que tinha se erguido, aparece como o grande campeão da ortodoxia. Mas todos os historiadores concordam em atribuir a ele um caráter mais soberbo e contrário ao de um cristão. Ele é acusado de ser movido pela inveja por causa do crescente poder e autoridade do bispo de Constantinopla, e de ser incansável, arrogante e inescrupuloso em seus caminhos. Ele era também tão violento contra os hereges quanto Nestório. Ele perseguiu os novacianos e expulsou os judeus de Alexandria. Um zelo honesto e piedoso pode ter animado esses grandes clérigos, mas eles falharam totalmente em unir ao zelo a prudência e moderação cristã, e logo aliaram ao zelo as piores paixões da natureza humana.

Cirilo foi primeiramente impelido a entrar na controvérsia quando descobriu que cópias dos sermões de Nestório estavam circulando entre os monges no Egito, e que eles tinham abandonado o termo "Mãe de Deus". Ele imediatamente culpou tanto os monges quanto Nestório, e denunciou a novidade como herética. Todas as partes logo se agitaram, e palavras raivosas, que não precisam ser agora repetidas, foram usadas por todos os partidos. É suficiente dizer que, quando Nestório descobriu que Cirilo tinha habilmente conseguido assegurar a influência de Celestino, bispo de Roma, e que ele estava envolvido com outras dificuldades, ele apelou a um concílio geral. Como alguns de seus oponentes já tinham peticionado para tal assembleia, ela foi acordada, e o imperador Teodósio emitiu ordens para uma assembleia em Éfeso no ano 431, que é chamada de Terceiro Concílio Geral. Eles se reuniram em junho. Cirilo, em virtude da dignidade de sua sé, presidiu. Acusações foram postas contra Nestório. Ele foi condenado como culpado de blasfêmia, privado da dignidade episcopal, cortado do sacerdócio em todas as partes, e enviado ao exílio, no qual ele terminou seus dias por volta do ano 450.

Cerca de 200 bispos assinaram a sentença contra Nestório, mas ainda assim permanece a questão, por parte da maioria dos historiadores, se ele era realmente culpado de aderir aos erros pelos quais foi condenado. Mas todos concordam que ele era imprudente e intemperado em sua linguagem, vaidoso de sua própria eloquência, que desconsiderava os escritos dos primeiros "pais", e que era apto a ver heresias em tudo o que diferia da fraseologia dogmática à qual estava acostumado desde jovem. Mas é difícil determinar quem foi o principal causador dessa grande disputa: se foi Cirilo ou Nestório.*

{* Manual dos Concílios, de Landon, p. 225; Neander, vol. 4, p. 141; Mosheim, vol. 1, p. 468.}

A Diferença Entre Nestório e Seus Oponentes

Nunca houve uma contenda doutrinal na qual os partidos em conflito fossem tão próximos. Ambos aderiam e apelavam ao credo niceno: ambos criam na absoluta Divindade e na perfeita humanidade do Senhor Jesus. Mas foi inferido pelos inimigos de Nestório, especialmente por Cirilo, que ele era inconsistente quanto à encarnação, com base em sua objeção ao termo "mãe de Deus". O significado ou importância do disputado termo, como usado pelos doutores no século anterior, não era o de implicar que a virgem comunicou a vida divina ao Salvador, mas de afirmar a união da Divindade e humanidade em uma Pessoa -- que o "menino nos nasceu, um filho se nos deu", era Deus encarnado. Assim foi atribuída a Nestório a ideia de que ele defendia a mera humanidade do Redentor, e que o Espírito apenas habitou nEle após ter se tornado um homem, como acontecia antigamente com os profetas. Mas Nestório, enquanto viveu, se declarou totalmente oposto a tais opiniões. Também não parece que tais opiniões foram alguma vez afirmadas por ele, mas apenas inferidas por seus adversários com base na sua rejeição do epíteto "Mãe de Deus", e de alguns termos incautos e ambíguos que ele utilizou em seus discursos públicos sobre o assunto.

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