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domingo, 16 de outubro de 2016

A Diferença Entre Nestório e Seus Oponentes

Nunca houve uma contenda doutrinal na qual os partidos em conflito fossem tão próximos. Ambos aderiam e apelavam ao credo niceno: ambos criam na absoluta Divindade e na perfeita humanidade do Senhor Jesus. Mas foi inferido pelos inimigos de Nestório, especialmente por Cirilo, que ele era inconsistente quanto à encarnação, com base em sua objeção ao termo "mãe de Deus". O significado ou importância do disputado termo, como usado pelos doutores no século anterior, não era o de implicar que a virgem comunicou a vida divina ao Salvador, mas de afirmar a união da Divindade e humanidade em uma Pessoa -- que o "menino nos nasceu, um filho se nos deu", era Deus encarnado. Assim foi atribuída a Nestório a ideia de que ele defendia a mera humanidade do Redentor, e que o Espírito apenas habitou nEle após ter se tornado um homem, como acontecia antigamente com os profetas. Mas Nestório, enquanto viveu, se declarou totalmente oposto a tais opiniões. Também não parece que tais opiniões foram alguma vez afirmadas por ele, mas apenas inferidas por seus adversários com base na sua rejeição do epíteto "Mãe de Deus", e de alguns termos incautos e ambíguos que ele utilizou em seus discursos públicos sobre o assunto.

domingo, 7 de agosto de 2016

Que Serviço Atanásio Prestou à Igreja?

Estamos dispostos a acreditar que, sob a bênção de Deus, ele foi o meio de preservar a igreja da heresia ariana, que ameaçava extinguir do cristianismo tanto o nome quanto a fé no Senhor Jesus Cristo. O inimigo visava nada menos que um sistema sem Cristo, o que poderia levar, a longo prazo, ao total abandono do cristianismo. Mas o concílio de Niceia foi usado por Deus para derrubar seus maus intentos. A afirmação da Divindade de Cristo e do Espírito Santo em igualdade com Deus Pai foi grandemente abençoada por Deus então, e tem sido assim desde aqueles dias até hoje. Embora a igreja tivesse sido infiel e tendo derivado para o mundo, "que é onde está o trono de Satanás", o Senhor em misericórdia levantou um grande testemunho de Seu santo nome e da fé de Seus santos. Historiadores, tanto civis quanto eclesiásticos, suportam os mais honráveis testemunhos sobre a capacidade, atividade, constância, abnegação e zelo incansável de Atanásio em defesa da grande doutrina da santíssima Trindade. "Reténs o meu nome, e não negaste a minha fé" (Apocalipse 2:13), são palavras que se referem, sem dúvidas, à fidelidade de Atanásio e de seus amigos, e também dos fiéis em outros tempos.

Os vencedores de que fala a carta a Pérgamo também estavam lá, sem dúvidas. Mas o Senhor não permitiu que eles fossem vistos ou registrados pelo historiador. Eles eram os escondidos de Deus que foram alimentados pelo maná escondido. Eles terão um lugar de grande proximidade com o Senhor na glória. "Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe." (Apocalipse 2:17)

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Atanásio Contesta a Autoridade de Constantino

Eusébio da Nicomédia inicialmente recorreu a medidas aparentemente amigáveis para com Atanásio, com o propósito de induzi-lo a readmitir Ário à comunhão da igreja. Mas, falhando completamente, ele influenciou o imperador para que lhe ordenasse a fazê-lo. Um mandato imperial foi emitido para que Ário e todos os seus amigos, que estavam dispostos a se ligarem mais uma vez à igreja católica, fossem recebidos; e informando a Atanásio que, se não o fizesse, ele deveria ser deposto de sua posição e mandado ao exílio. Atanásio, no entanto, não se deixou intimidar pelos decretos imperiais, mas firmemente respondeu que não poderia reconhecer pessoas que tinham sido condenadas por um decreto de toda a igreja. "Constantino agora descobria, para seu espanto", diz Milman, "que um decreto imperial -- que deveria ser obedecido em trêmula submissão de uma ponta à outra do império romano, mesmo se ele tivesse decretado uma revolução política completa, ou prejudicasse as propriedades e privilégios de milhares -- foi recebido com deliberada e decidida indiferença por um único bispo cristão. Durante dois reinados, Atanásio contestou a autoridade do imperador"*. Ele suportou a perseguição, calúnia, exílio; sua vida estava em constante perigo em defesa da grande e fundamental verdade -- a divindade do bendito Senhor. Ele enfrentou o martírio, não pela ampla distinção entre cristianismo e paganismo, mas por essa única doutrina central da fé cristã.

{* História do Cristianismo, vol.2, p. 540.}

Uma sucessão de queixas contra Atanásio foram levadas ao imperador pelo partido ariano -- ou, mais propriamente, o partido eusebiano. Mas estaria fora de nosso propósito entrar em detalhes: ainda temos de traçar um pouco mais a linha prateada nessa nobre e fiel testemunha.

A acusação mais pesada era de que Atanásio havia enviado uma soma de dinheiro para uma pessoa no Egito para ajudá-la em um projeto de conspiração contra o imperador. Ele foi intimado a comparecer e responder pela acusação. O clérigo obedeceu e pôs-se diante dele. Mas a aparição pessoal de Atanásio, um homem de poder notável sobre as mentes dos outros, parece ter inspirado temor à alma de Constantino. As acusações frívolas e infundadas foram triunfalmente refutadas por Atanásio perante um tribunal de inimigos, e assim a virtude imaculada de seu caráter foi inegavelmente estabelecida. E tal foi o efeito da presença de Atanásio sobre o imperador que ele denominou-o um homem de Deus e considerou seus inimigos como os autores dos distúrbios e divisões. Mas esta impressão teve curta duração, uma vez que ele continuava governado pelo partido eusebiano.

Atanásio, Bispo de Alexandria

No concílio de Niceia, Atanásio participou de modo distinto; seu zelo e habilidades logo o designaram como a cabeça do partido ortodoxo, e como o mais poderoso antagonista dos arianos. Após a morte de Alexandre, no ano 326, ele foi elevado à Sé de Alexandria pela voz universal de seus irmãos. Ele tinha então apenas trinta anos de idade, e sabendo algo sobre os perigos assim como sobre as honras do ofício, ele teria preferido uma posição menos responsável; porém ele acabou cedendo aos mais sinceros desejos de uma congregação afetuosa. Ele se manteve como bispo por quase meio século. Sua longa vida foi devotada ao serviço do Senhor e de Sua verdade. Ele continuou firme na fé e inflexível em seu propósito até sua última hora de vida, do mesmo modo como a posição nobre que ele demonstrou no concílio de Niceia. A divindade de Cristo não era para ele uma mera opinião especulativa, mas a fonte e força de toda sua vida cristã. E em nenhum outro lugar ela pode ser encontrada por qualquer outro, como o apóstolo nos assegura. "E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida." (1 João 5:11,12). Essa vida habita no Filho unigênito do Pai. Ele é "a vida eterna". E esta vida, para o louvor da glória da graça de Deus, é dada a todos que creem no verdadeiro Cristo de Deus. Ao receber a Cristo, recebemos a vida eterna e nos tornamos filhos de Deus -- herdeiros de Deus -- e co-herdeiros com Cristo. Esta vida não é propriedade de qualquer mera criatura, por mais exaltada que possa ser. Os anjos santos possuem uma existência muito bendita e incessante pelo poder de Deus, mas o cristão tem vida eterna através da fé em Cristo, pela graça de Deus. Nada pode ser mais fatal ao bem-estar da alma humana do que a doutrina de Ário. Mas vamos retornar à nossa história.

Enquanto o avanço de Atanásio à Sé de Alexandria dava grande alegria e esperança aos seus amigos, também encheu seus inimigos com o mais amargo ressentimento. Eles agora viam como o grande líder dos católicos* o bispo daquela igreja da qual Ário tinha sido expulso, e que foi apoiado pelas afeições de seu povo e por uma centena de bispos que juraram fidelidade ao grande bispo de Alexandria. Eles sabiam de seu poder e zelo incansável em defesa dos decretos do Concílio Niceno, e podem ter julgado de forma correta que, se sua sua influência tinha sido tão grande quando em âmbito restrito, o que poderia-se esperar quando ele foi colocado em posição tão eminente? Dessa forma, eles deixaram de lado seus planos e uniram forças para derrotá-lo.

{* O termo "Igreja Católica", como dado por Constantino, aqui significa simplesmente "a igreja estabelecida".}

quinta-feira, 21 de julho de 2016

O Credo Niceno

A celebrada confissão de fé geralmente chamada de "O Credo Niceno" foi o resultado das longas e solenes deliberações da assembleia. Eles decidiram contra as opiniões arianas, e firmemente mantiveram as doutrinas da Santíssima Trindade, da verdadeira Divindade de Cristo, e de Sua unidade com o Pai em poder e glória. O próprio Ário foi levado perante o concílio e questionado quanto à sua fé e doutrina; ele não hesitou em repetir, como sua crença, as falsas doutrinas que tinham destruído a paz da igreja. Enquanto ele avançava com suas blasfêmias, os bispos concordemente taparam os ouvidos e clamaram que tais opiniões ímpias eram dignas de anátema juntamente com seu autor. Santo Atanásio, embora fosse no momento apenas um diácono, chamou a atenção de todo o concílio por seu zelo em defesa da verdadeira fé, e por sua penetração em desvendar e expor os artifícios dos heréticos. Veremos mais sobre o nobre Atanásio mais adiante.

Este famoso credo foi assinado por todos os bispos presentes, com a exceção de uns poucos arianos. Sendo a decisão do concílio apresentada perante Constantino, ele imediatamente reconheceu a aprovação unânime do concílio como obra de Deus, e a recebeu com reverência, declarando que todas as pessoas que se recusassem a se submeter a ela deveriam ser banidas. Os arianos, ouvindo isso, impelidos pelo medo assinaram a fé estabelecida pelo concílio. Eles, portanto, colocaram-se numa posição em que podiam ser acusados de serem homens desonestos. Apenas dois bispos, Segundo e Teonas, ambos egípcios, continuaram a aderir a Ário, e foram banidos com ele para a Ilíria. Eusébio da Nicomédia e Teognis de Niceia foram condenados cerca de três meses depois, e sentenciados pelo imperador ao banimento. Várias penalidades foram então denunciadas contra os seguidores de Ário: todos os seus livros foram sentenciados a serem queimados, e era até mesmo considerada ofensa capital esconder qualquer de seus escritos. Tendo concluído o trabalho, os bispos se dispersaram para suas respectivas províncias. Além da solene declaração da opinião deles sobre a doutrina em questão, eles finalmente definiram também sobre a questão relacionada a celebração da Páscoa* e estabeleceram alguns outros assuntos que foram levados diante deles.

{* As igrejas orientais, desde o princípio, observavam a festa da Páscoa em comemoração à crucificação de Cristo, o que correspondia à Páscoa Judaica, no décimo quarto dia do mês. Isto pode ter surgido a partir do fato de que no Oriente havia muito mais judeus convertidos. As igrejas ocidentais observavam a festa em comemoração à ressurreição. A diferença quanto ao dia deu origem a uma longa e acirrada controvérsia. Mas, após muita contenda entre as igrejas orientais e ocidentais, foi ordenado pelo concílio de Niceia que fosse observada em comemoração à ressurreição em toda a cristandade. Assim, a Páscoa Cristã ficou estabelecida no domingo que segue o décimo quarto dia da lua pascal, que ocorre próximo ao dia 21 de março: de modo que, se o referido 14º dia fosse um domingo, não seria naquele domingo, mas no próximo, podendo cair em qualquer domingo das cinco semanas que começam em 22 de março e terminam em 25 de abril.}

domingo, 17 de julho de 2016

O Início do Arianismo

O arianismo foi o crescimento natural das opiniões gnósticas, e Alexandria, o viveiro das questões metafísicas e distinções sutis, seu local de nascimento. Paulo de Samósata e Sabélio da Líbia, no terceiro século, ensinavam falsas doutrinas similares à de Ário no quarto século. As seitas gnósticas em suas diferentes variedades, e a maniqueísta, que era a religião persa com uma mistura de cristianismo, podem ser consideradas religiões rivais, mas como facções cristãs, no entanto, todas elas fizeram sua obra má entre os cristãos quanto à doutrina da Trindade. Quase todas essas heresias, como são comumente chamadas, tinham caído sob o descontentamento real, e seus seguidores eram sujeitos a regulamentos penais. Os montanistas, paulitas, novacianos, marcionitas e valentinianos estavam entre as seitas proscritas e perseguidas. Mas havia uma outra heresia, uma mais profunda e tenebrosa, e muito mais influente do que qualquer outra que já tinha aparecido, que estava para estourar a partir do próprio seio da assim chamada "santa igreja católica". A seguir temos um relato do que aconteceu.

Alexandre, o bispo de Alexandria, em uma reunião com seus presbíteros, parece ter se expressado livremente sobre o assunto da Trindade, quando Ário, um dos presbíteros, questionou a verdade das posições de Alexandre, alegando que estavam aliadas aos erros sabelianos, que tinham sido condenados pela igreja. Essa disputa levou Ário a declarar suas próprias visões sobre a Trindade, que eram, em essência, a negação da divindade do Salvador -- que Ele seria apenas o primeiro e mais nobre dos seres criados, formado a partir do nada por Deus Pai -- que, embora imensuravelmente superior em poder e em glória aos mais elevados seres criados, Ele seria inferior ao Pai. Ele também defendia que, embora inferior ao Pai em natureza e em dignidade, Ele é a imagem do Pai e o representante do poder divino pelo qual Ele criou os mundos. Quais eram suas visões sobre o Espírito Santo não são tão claramente expostas.*

{* A doutrina blasfema de Ário era um desdobramento do gnosticismo, talvez a menos ofensiva em aparência, mas direta e inevitavelmente destrutiva para a glória pessoal do Filho como Deus e, portanto, derrubava as bases da redenção. O unitarianismo moderno nega que o Senhor Jesus seja mais que um homem, negando até mesmo Seu nascimento sobrenatural da virgem Maria. No entanto, Socino afirmou que houve uma modificação singular em sua exaltação após Sua ressurreição, constituindo-O como um objeto adequado de adoração divina. Ário parecia se aproximar da verdade quanto a Sua preexistência antes de ter vindo ao mundo, e afirmava que Ele é o Filho de Deus, que criou o universo, mas manifestava que Ele próprio tinha sido criado, mesmo sendo a primeira e mais elevada das criaturas. Não era a mesma coisa que a negação sabeliana das personalidades distintas, mas a negação de que o Filho, e é claro também o Espírito, são a verdadeira, distintiva, essencial e eterna Divindade.}

O arianismo não apenas é inconsistente com o lugar dado ao Filho do começo ao fim das Escrituras, como também com a obra infinita de reconciliação e nova criação, e é distintamente refutada de antemão por muitas passagens das Sagradas Escrituras. Pode ser interessante citar algumas delas aqui. Aquele que, quando nascido de mulher, foi chamado Jesus, o Espírito de Deus declara (João 1:1-3) ser, no princípio, o Verbo que estava com Deus e era Deus. "Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez". É impossível conceber um testemunho mais poderoso de Sua subsistência não criada, de Sua personalidade distinta quando Ele estava com Deus antes da criação, e de Sua natureza divina. Ele é aqui mencionado como o Verbo, cujo correlato não é o Pai, mas Deus (e assim deixando espaço para o Espírito Santo); mas, para que Sua própria consubstancialidade fosse enfatizada, Ele é cuidadosa e definitivamente declarado Deus*. Voltando para além do tempo e da criatura, tão longe quanto alguém possa pensar, "no princípio era o Verbo". A linguagem é muito precisa: Ele estava no princípio com Deus, não no sentido de vir a ser ou chegar a ser, mas "Ele estava" em Seu próprio absoluto ser. Todas as coisas "vieram à existência" através dEle. Ele foi o Criador tão completamente que o apóstolo João acrescenta: "sem ele nada do que foi feito se fez". Por outro lado, quando a encarnação é afirmada no versículo 14, a linguagem é: "E o Verbo se fez carne", não no sentido de ser absoluto, mas no sentido de vir a ser. Além disso, quando Ele veio entre os homens, Ele é descrito como "o Filho unigênito, 'que está' [não apenas que estava ou esteve] no seio do Pai" (João 1:18) -- uma linguagem ininteligível e confusa a menos que se considere como demonstração de que Sua humanidade de modo algum diminui Sua divindade, e que a proximidade infinita do Filho com o Pai sempre subsiste.

{* A ausência do artigo aqui é necessariamente devido ao fato de que meos é o predicado de o Aoyos, que de modo nenhum poderia dar um sentido inferior de Sua Divindade, o que contradiria o próprio contexto. De fato, se o artigo tivesse sido inserido, seria uma heterodoxia muito grosseira, pois seus efeitos seriam a negação de que o Pai e o Espírito são Deus ao excluir a todos menos o Verbo da Divindade.}

Novamente, Romanos 9:5 é uma rica e precisa expressão da imutável e suprema Divindade de Cristo igualmente com o Pai e o Espírito. Cristo veio, "o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém". Os esforços dos críticos heterodoxos dão testemunho de toda a importância da verdade que eles em vão procuram abalar por esforços artificiais que somente fazem transparecer a insatisfação de seus autores. Não há mais enfática afirmação da suprema divindade em toda a Bíblia; porque a humilhação do Filho na encarnação e na morte de cruz a torna a mais cabal prova da divina supremacia que pode ser usada a favor dEle.

Em seguida, o apóstolo diz de Cristo: "O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele." (Colossenses 1:15-17). Os devaneios dos gnósticos são aqui antecipadamente cortados fora, pois demonstra que Cristo foi o chefe de toda a criação porque Ele foi o Criador, tanto dos seres invisíveis mais elevados quanto dos visíveis: todas as coisas são ditas terem sido criadas para Ele assim como por Ele; e como Ele é antes de tudo, assim tudo subsiste juntamente em virtude dEle.

A única outra passagem que preciso agora referenciar é Hebreus 1, onde o apóstolo ilustra a plenitude da Pessoa de Cristo entre outras escrituras do Antigo Testamento como o Salmo 45 e 102. No primeiro Ele é tratado como Deus e ungido como homem; no outro Ele é reconhecido como Jeová, o Criador, após Ele ser ouvido derramando Sua aflição como o rejeitado Messias.

É impossível, então, aceitar a Bíblia sem rejeitar o arianismo como um libelo hediondo contra Cristo e a verdade, pois não existe maior certeza de que Ele tenha se tornado um homem do que Ele ser Deus antes da criação, sendo Ele Próprio o Criador, o Filho e Jeová.

Alexandre, indignado com as objeções de Ário contra ele, e por causa de suas opiniões, o acusou de blasfêmia. "O ímpio Ário", exclamou, "o precursor do Anticristo se atreveu a proferir suas blasfêmias contra o divino Redentor". Ele foi julgado por dois concílios reunidos em Alexandria, e expulso da igreja. Ele se retirou para a Palestina, mas de modo nenhum desencorajado por sua desgraça. Muitos simpatizavam com ele, dentre eles dois clérigos chamados de Eusébio: um da Cesareia, o historiador eclesiástico, e outro, bispo da Nicomédia, um homem de imensa influência. Ário manteve uma correspondência animada com seus amigos, ocultando suas opiniões mais ofensivas, e Alexandre emitiu avisos contra ele, e recusou todas as intercessões de seus amigos que o queriam restaurado. Mas Ário era um antagonista astuto. Ele é descrito na história como uma pessoa alta e graciosa, calmo, pálido e de aparência branda; de discurso popular, mas com argumentação afiada; de vida rigorosa e irrepreensível, e de modos agradáveis; mas assim, sob um exterior humilde e mortificado,  ele ocultou os mais fortes sentimentos de vaidade e ambição. O adversário tinha habilmente selecionado seu instrumento. A aparente posse de tantas virtudes o tornou adequado para o propósito do inimigo. Sem essas aparências de justo ele não teria poder algum para enganar.

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