Mostrando postagens com marcador Agostinho de Cantuária. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Agostinho de Cantuária. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de dezembro de 2016

Os Missionários de Iona

Perto do fim do século VI, ou início do século VII, missionários começaram a sair dos claustros de Iona carregando a luz do cristianismo, não meramente a diferentes partes da Escócia, mas também à Inglaterra e ao continente. Agostinho [de Cantuária] e seus monges italianos chegaram em Kent um pouco antes do famoso Aidan de Iona e seus monges entrarem em Northumberland. Assim a igreja saxônica foi invadida por cristãos missionários em suas duas extremidades.

Osvaldo, então rei da Nortúmbria, era cristão. Ele tinha sido convertido, batizado e recebido à comunhão na igreja escocesa quando era um jovem e exilado nesse país. Ao recuperar o trono de seus ancestrais ele naturalmente desejou que seu povo fosse levado ao conhecimento do Salvador. A seu pedido, os anciãos de Iona lhe enviaram um grupo missionário chefiado pelo piedoso e fiel Aidan. O rei atribuiu-lhes a ilha de Lindisfarne por residência. Ali Aidan estabeleceu o sistema de Iona, e a comunidade viveu de acordo com o governo monástico. Muitos se uniram ao monastério, vindos tanto da Escócia quanto da Irlanda. O próprio rei zelosamente ajudou na disseminação do evangelho: às vezes pregando, e às vezes agindo como um interpretador, tendo aprendido a língua celta durante seu exílio. Beda, embora fortemente romano em suas afeições, dá um testemunho sincero às virtudes desses clérigos do Norte -- "Seu zelo, sua gentileza, sua humildade e simplicidade, seu estudo sério das Escrituras, sua liberdade de todo o egoísmo e avareza, sua honesta ousadia ao lidar com os grandes, sua ternura e caridade para com os pobres, sua vida estrita e abnegada."*

{* J. C. Robertson, vol. 2, p. 62}

A obra da conversão parece ter prosperado nas mãos de Agostinho [da Cantuária] e Aidan. Os monges italianos estendiam seus ensinamentos e influência sobre o sul e sudoeste do reino, enquanto os monges escoceses espalhavam a verdade de um evangelho mais puro e simples sobre as províncias do norte, do leste e da região central. Ao mesmo tempo, York, Durham, Lichfield e Londres se encheram de homens escoceses. Assim Roma e Iona se encontraram em solo inglês, uma colisão que era inevitável; quem se tornaria o mestre? Agostinho [de Cantuária], que tinha sido consagrado primaz da Inglaterra pelo papa, exigiu que os monges celtas se conformassem à disciplina romana: a isto eles se recuraram prontamente, e defenderam com grande firmeza sua própria disciplina e as regras de Iona. Sérias disputas então se levantaram. Roma não podia se submeter a nenhum rival, ela estava determinada a manter a Inglaterra sob seus domínios.

Após a morte do piedoso e generoso Osvaldo, o trono foi preenchido por seu irmão Oswiu, que também tinha se convertido ao cristianismo e foi batizado na Escócia durante seu cativeiro. Mas sua princesa aderiu aos costumes de Roma, e a família seguiu a mãe. Uma forte influência foi assim exercida contra os monges escoceses; e, cansados das contínuas provocações e da conduta inescrupulosa dos agentes do pontífice, tanto eclesiásticos quanto seculares, os firmes presbíteros ficaram determinados a deixar a Inglaterra e retornarem a Iona. De longe, a maior e mais importante parte do país tinha sido convertida ao cristianismo por meio de seus labores; mas o triunfo de Roma na conferência de Whitby em 664, através da sutileza do padre Wilfred, os desencorajou tanto que eles silenciosamente se retiraram do campo após a ocupação de cerca de trinta anos. "Por mais santo que tenha sido o teu Columba", disse o astuto Wilfred, "prefere-o ao príncipe dos apóstolo, a quem Cristo disse 'Tu és Pedro, e te darei as chaves do reino dos céus'?". O Rei Oswiu estava presente, e professou obediência a São Pedro. "Receio", disse ele, "que quando eu chegar ao portão do céu, não haverá ninguém para abri-lo para mim". O povo logo seguiu seu príncipe, e em um curto período de tempo toda a Inglaterra tornou-se subserviente de Roma. Mas nem argumentos, intimidação, nem o escárnio, tinham qualquer efeito sobre os presbíteros do Norte. Eles se recusaram a reconhecer que deviam fidelidade ao bispo de Roma. A Escócia ainda era livre. Os padres, como de costume, puseram-se a trabalhar com os príncipes. Isto foi realizado como descrito a seguir.

domingo, 11 de dezembro de 2016

A Disseminação do Cristianismo na Europa

Capítulo 14: Europa (372 d.C. - 814 d.C.)


O sistema eclesiástico que os monges italianos introduziram na Inglaterra rapidamente se disseminou, e finalmente triunfou. Em cerca de 100 anos após a chegada de Agostinho [de Cantuária], esse sistema era professado e crido por toda a Britânia anglo-saxônica. A igreja inglesa, assim fundada sobre o modelo romano, não podia falhar em manter uma posição especialmente dependente de Roma. Esta união em um período inicial foi promovida e fortalecida pelos monges, freiras, bispos, nobres e príncipes ingleses, que faziam frequentes peregrinações ao túmulo de São Pedro em Roma. O clero britânico, embora ainda aderente aos antigos modos, e dispostos a resistir à presunção estrangeira, foram obrigados a isolarem-se nas extremidades do país. O romanismo agora prevalecia sobre toda a Inglaterra.

A Escócia e a Irlanda parecem ter sido abençoadas com o cristianismo por volta da mesma época que a Britânia. Por meio de soldados, marinheiros, missionários e cristãos perseguidos vindos do sul, o evangelho foi pregado e muitos creram. No entanto, o início da história religiosa desses países é coberto de lendas, portanto vamos nos referir apenas aos nomes e eventos que possuem boa autenticidade.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Reflexões sobre a Missão de Agostinho e o Caráter de Gregório

Agostinho [de Cantuária] é mencionado por alguns historiadores como um cristão devoto, e seu empreendimento missionário como um dos maiores nos anais da igreja. Mas, sem querer diminuir um degrau sequer da grandeza do homem ou de sua missão, não podemos nos esquecer que as Escrituras são o único padrão verdadeiro de caráter e obras. Ali aprendemos que o fruto do Espírito é "amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança" (Gálatas 5:22). E, certamente, o grande clérigo não manifestou para com seus irmãos, os cristãos britânicos, a graça do amor, a paz, ou a conciliação; pelo contrário, ele era orgulhoso, imperioso, soberbo e vanglorioso.

Esses sérios defeitos em seu caráter não eram desconhecidos a Gregório, como ele diz, em uma carta endereçada a ele: "Eu sei que Deus tem realizado, através de você, grandes milagres entre o povo, mas lembremo-nos de que, quando os discípulos disseram com alegria ao divino Mestre: 'Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam', Ele lhes respondeu: 'Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus'*. Enquanto Deus assim emprega sua agência, lembre-se, meu querido irmão, de julgar a si mesmo secretamente por dentro, e conhecer bem o que você é. Se você ofendeu a Deus em palavras ou ações, preserve essas ofensas em seus pensamentos para reprimir a vanglória de seu coração, e considere que o dom de milagres não lhe é concedido por si mesmo, mas para aqueles cuja salvação você está trabalhando para conseguir". Em outra carta ele o alertou contra a "vaidade e pompa pessoal", e lembrou-lhe "que o pálio de sua dignidade devia ser usado no serviço da igreja, e não para ser colocado em competição com o púrpura real nas ocasiões estatais".

{* Lucas 10:17-20.}

Agostinho era totalmente inadequado para uma missão que requeria paciência e uma terna consideração pelos outros. A igreja britânica tinha existido por séculos, seus bispos tinham tomado parte em grandes concílios eclesiásticos e assinado seus decretos. Os nomes de Londres, York e Lincoln são encontrados nos registros do Concílio de Arles (314 d.C.), de modo que devemos, no mínimo, respeitar nos britânicos o desejo deles de aderirem à liturgia transmitida pelos seus ancestrais, e de resistir à suposição estrangeira da supremacia espiritual de Roma. Agostinho falhou completamente em se aproveitar das lições de humildade que tinha recebido de seu grande mestre, e assim tem menos motivo de reivindicação sobre nossa estima e admiração.

O grande clérigo Gregório, assim como seu grande missionário, não sobreviveu muito tempo após a conquista espiritual da Inglaterra. Desgastado por seus grandes labores e enfermidades, ele morreu no ano 604, assegurando a seus amigos que a expectativa da morte era seu único consolo, e pedindo-lhes que orassem por sua libertação dos sofrimentos corporais.

A conduta de Gregório durante os treze anos e seis meses em que foi bispo de Roma demonstra um zelo e uma sinceridade dificilmente igualada na história da igreja romana. Ele era laborioso e abnegado no que ele acreditava ser o serviço de Deus, e em seu dever para com a igreja e para com toda a humanidade. A coleção de suas cartas, quase 850 em seu número, carrega um amplo testemunho de sua capacidade e atividade em todos os assuntos dos homens, e em todas as esferas da vida. "De tratar com reis patriarcas ou imperadores sobre as mais elevadas preocupações da Igreja e do Estado, ele passava a dirigir o gerenciamento de uma fazenda, ou ao alívio de algum aflito peticionário em alguma dependência distante de sua Sé. Ele aparece como um papa, como um soberano, como um bispo, como senhorio. Ele toma medidas para a defesa de seu país, para a conversão dos pagãos, para a repreensão e reconciliação dos cismáticos", etc.*

{* J.C. Robertson, vol. 2, p. 4.}

Mas, não obstante as variadas excelências de Gregório, ele era profundamente infectado com os princípios e o espírito da época em que vivia. O espírito de Jezabel estava evidentemente trabalhando ainda em sua juventude. Em vão procuramos por qualquer coisa parecida com a simplicidade cristã na igreja de Deus dessa época. Não podemos duvidar da piedade do próprio Gregório; mas, como um eclesiástico, o que ele era? Envenenado até o fundo do coração pela grosseira ilusão das reivindicações universais da cadeira de São Pedro, ele não podia arriscar nenhum rival, como vemos em sua oposição determinada e amarga às pretensões de João, bispo de Constantinopla; e, o que era ainda mais tenebroso, vemos o mesmo espírito em sua exultação ao saber sobre o assassinato do imperador Maurício e sua família pelo cruel e traiçoeiro Flávio Focas, simplesmente porque Gregório presumiu que Maurício fosse culpado do que ele considerou heresia. Ao que parece, Maurício apoiou o que Gregório julgou ser usurpação da parte de João, ao assumir o título de bispo universal. Mas mesmo sancionar tal afirmação não era qualquer pequeno crime na mente do pontífice romano. E assim foi com Gregório. Quando a notícia da sangrenta tragédia chegou a seus ouvidos, ele se alegrou; pareceu a ele ser uma luz de dispensação providencial para a libertação da igreja de seus inimigos. As própria fontes de caridade parecem ter secado nos corações de todos os que já se sentaram em um trono papal, quando se tratava de rivais eclesiásticos. A justiça, a franqueza, a humanidade, e todo sentimento correto do cristianismo acabam cedendo às dominantes reivindicações da falsa igreja. Até mesmo Gregório se curvou e foi terrivelmente corrompido pela "mulher Jezabel" (Apocalipse 2:20).

A Hierarquia Católica Romana Formada na Inglaterra

Gregório, ao ouvir sobre o grande sucesso de Agostinho, enviou-lhe mais missionários, que carregaram com eles um número de livros, incluindo os Evangelhos, utensílios cerimoniais, vestimentas, relíquias, e o pálio que deveria investir Agostinho como Arcebispo da Cantuária. Ele também orientou-lhe que consagrasse doze bispos em sua província; e, caso achasse vantajoso para a propagação da fé, que estabelecesse outro metropolita em York, que deveria então ter autoridade de nominar outros doze bispos para os distritos nortenhos da ilha. Tais foram os rudimentos da igreja inglesa; e tal era a exagerada impaciência de Gregório pela supremacia eclesiástica, que ele estabelecia um plano de governo para locais antes de terem sido visitados pelos evangelistas.

"Na visão eclesiástica do caso", diz Greenwood, "a igreja anglo-saxônica era a filha genuína de Roma. Mas, além dos limites desse estabelecimento, nenhum direito de parentesco pode ser atribuído a ela dentro das ilhas britânicas. Uma numerosa população cristã ainda existia nos distritos nortenhos e ocidentais, cujas tradições não davam apoio à alegação romana de maternidade. O ritual e disciplina das igrejas britânicas, galesas e irlandesas diferiam em muitos pontos daquelas de Roma e dos latinos em geral. Eles celebravam a festa da Páscoa em conformidade com a prática das igrejas orientais, e na forma de tonsura*, assim como no rito batismal, ele seguiam o mesmo modelo: diferenças que, por si só, parecem suficientes para excluir toda a probabilidade de um pedigree puramente latino".**

{* N. do T.: Corte circular, rente, do cabelo, na parte mais alta e posterior da cabeça, que se faz nos clérigos; cercilho, coroa. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.}

{** Cathedra Petri, livro 3, p. 215.}


Agostinho, então à frente da hierarquia composta de doze bispos, imediatamente fez a ousada tentativa de trazer a antiga igreja britânica sob a jurisdição romana. Através da influência de Etelberto ele obteve uma conferência com alguns dos bispos britânicos em um lugar que, naquela época, foi chamado de "carvalho de Agostinho", em Severn. Ali o clero romano e o britânico se encontraram pela primeira vez; e a primeira e imperiosa exigência de Agostinho foi: "Reconheçam a autoridade do bispo de Roma". "Desejamos amar todos os homens", eles humildemente responderam, "e qualquer coisa que fizermos por vocês, faremos também a este a quem chamam de Papa". Surpresos e indignados com sua recusa, Agostinho os exortou a adotarem os costumes romanos quanto à celebração da Páscoa, à tonsura e à administração do batismo, para que uma uniformidade de disciplina e adoração pudesse ser estabelecida na ilha. A isto eles positivamente se recusaram. Tendo recebido o cristianismo, primeiramente, não de Roma, mas do Oriente, e nunca tendo reconhecido a igreja romana como sua mãe, eles viam-se como independentes da Sé de Roma. Um segundo e um terceiro concílio foi realizado, mas sem melhores resultados. A Agostinho foi claramente dito que a igreja britânica não reconheceria homem algum como supremo na vinha do Senhor. O arcebispo exigiu, argumentou, censurou, realizou milagres; mas tudo sem efeito -- os britânicos eram firmes. Por fim, lhe disseram que eles não podiam se submeter nem à soberba dos romanos, nem à tirania dos saxões. Despertado à irada indignação pela quieta firmeza deles, o zangado sacerdote exclamou: "Se vocês não receberem os irmãos que lhes trazem paz, vocês receberão inimigos que lhes trarão guerra. Se vocês não se unirem conosco para mostrar aos saxões o caminho da vida, vocês receberão deles o golpe da morte". O arrogante arcebispo retirou-se, e supõe-se que tenha morrido pouco tempo depois, em 605 d.C., mas sua profecia de mal agouro cumpriu-se logo após sua morte.

Edelfrido
, um dos reis anglo-saxões, ainda um pagão, juntou um numeroso exército e avançou em direção a Bangor, o centro do cristianismo britânico. Os monges fugiram em grande alarme. Cerca de 1250 deles se refugiaram em um local afastado, onde concordaram em continuar juntos em oração e jejum. Edelfrido se aproximou e, ao ver um número de homens desarmados, perguntou quem eram. Ao dizerem-lhe que eram os monges de Bangor que tinham vindo a orar pelo sucesso de seus conterrâneos: "Então", ele clamou, "embora não tenham armas, estão lutando contra nós"; e ordenou a seus soldados que caíssem sobre os monges em oração. Cerca de 1200, conta-se, foram mortos, e apenas cinquenta escaparam em fuga. Assim o domínio de Roma começou na Inglaterra, o que continuou por quase mil anos.

Se Agostinho tinha realmente algo a ver com o assassinato dos monges, parece difícil dizer. Aqueles que tomam uma forte visão protestante do caso afirmam claramente que seus últimos dias foram ocupados em fazer arranjos para o cumprimento de sua própria ameaça. Outros, que tomam uma visão oposta, negam que haja qualquer evidência de que ele influenciou os pagãos para a terrível tragédia. Mas, seja como for, uma suspeita tenebrosa deve sempre pairar sobre a política de Roma. As próprias palavras vingativas de Agostinho, e toda sua história, confirmam a suspeita. Tal era a natureza da intolerante Jezabel -- quando o argumento falhava, ela apelava para a espada. A partir de então o romanismo caracterizou-se pela arrogância e sangue. A antiga igreja da Britânia, que era limitada aos distritos montanhosos do País de Gales, gradualmente diminuiu e desapareceu.*

{* Gardner, vol. 1, p. 391.}

A Missão de Agostinho na Inglaterra

No ano 596, e cerca de 150 anos após a chegada dos saxões na Britânia, a famosa missão de Gregório saiu da Itália rumo a essa ilha. Uma companhia de quarenta monges missionários, sob a direção de Agostinho, foram enviados para pregar o evangelho aos ignorantes anglo-saxões. Mas ao ouvir sobre o caráter e hábitos selvagens do povo, e sendo ignorantes de sua língua, eles ficaram seriamente desencorajados e tiveram medo de prosseguir. Agostinho foi enviado de volta pelos outros para suplicar a Gregório que os dispensassem do serviço. Mas ele não era um homem que abandonava uma missão daquele tipo. Ele não a planejou com pressa, mas foi o resultado de muita oração e deliberação. Ele, portanto, os exortou e encorajou a seguir em frente, confiando no Deus vivo e na esperança de ver o fruto de seus labores na eternidade. Ele entregou-lhes cartas de apresentação para bispos e príncipes, e lhes garantiu toda assistência em seu poder. Assim animados eles prosseguiram a sua viagem e, viajando pelo caminho da França, chegaram na Britânia.

Os 41 missionários, tendo desembarcado na Ilha de Thanet, anunciaram a Etelberto, rei de Kent, sua chegada de Roma e sua missão com novas de grande alegria para ele e para seu povo. As circunstâncias favoreceram muito essa marcante missão. Bertha, a rainha (filha de Clotário I, rei dos francos), era cristã. Seu pai estipulou em seu acordo matrimonial que devia ser permitido a ela a livre profissão do cristianismo, na qual tinha sido educada. Um bispo participava de sua corte, e vários de sua casa eram cristãos, e as cerimônias eram conduzidas de acordo com a forma romana. O Senhor, neste caso, usou uma mulher, como Ele fez muitas vezes, para a propagação do evangelho entre os pagãos. Estas contrastam favoravelmente com a classe de "mulheres Jezabel", e preservam a linha prateada da graça de Deus nessas tempos de trevas. Bertha era da casa de Clóvis e Clotilda.

Etelberto, influenciado por sua rainha, recebeu bondosamente os missionários. Foi permitido a Agostinho e seu séquito que prosseguissem para a Cantuária, a residência do rei. Este consentiu com uma entrevista, mas ao ar livre por medo de magia. Os monges se aproximaram da festa real de maneira muito imponente. Um deles, carregando uma grande cruz prateada com a figura do Salvador, conduziu a procissão, a qual seguiram-se os demais, cantando seus hinos em Latim. Ao chegarem ao carvalho escolhido como o local da conferência, foi dada permissão para que pregassem o evangelho ao príncipe e seus assistentes. O rei foi então informado que eles tinham vindo com boas novas, e até mesmo vida eterna para aqueles que os recebessem, e o prazer da bem-aventurança no céu para sempre. O rei ficou favoravelmente impressionado, e lhes deu uma mansão na cidade real de Cantuária, e liberdade para pregarem o evangelho a sua corte e ao povo. Eles então marcharam para a cidade, cantando em uníssono a ladainha: "Te suplicamos, ó Senhor, em toda a Tua misericórdia, que Tua ira e Tua fúria sejam removidas desta cidade, e de Tua santa casa, porque nós temos pecado. Aleluia".

Por esses passos preparatórios o caminho dos missionários tornou-se simples e fácil. A aprovação do monarca inspirou seus súditos com confiança, e abriu seus corações aos mestres. Novos convertidos se multiplicaram rapidamente. No Natal do ano 597 conta-se que não menos que 10.000 pagãos foram reunidos ao rol da igreja católica pelo batismo. Etelberto também se submeteu ao batismo e ao cristianismo na forma romana, tornando-se a religião estabelecida de seu reino. Esta foi a primeira base de Roma na Inglaterra. Ela estava agora determinada em subjugar a igreja britânica ao papado, e estabelecer sua autoridade na Grã-Bretanha, como tinha feito na França. Ela começou a trabalhar da seguinte maneira... (continua no próximo capítulo)

Postagens populares