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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

As Cruzadas

Capítulo 20: As Cruzadas (1093 d.C. - 1213 d.C.) 


O inimigo {* N. do T.: o diabo} agora muda de tática. O papa ganhou pouco ou nada por meio de suas longas guerras contra o império, e o senso comum da humanidade tinha sido insultado por sua insolência sem igual. Meios mais plausíveis, mais enganadores e mais piedosos deveriam ser inventados. Como poderia o poder espiritual ganhar ascendência completa sobre o secular era ainda uma questão a ser resolvida pelo inimigo.

O gênio maligno de Roma que presidia em seus concílios sugere uma guerra santa com o propósito de resgatar o sepulcro de Cristo das mãos dos turcos incrédulos. O papa Urbano imediatamente abraça a sugestão e torna-se o líder do empreendimento. O Vaticano inteiro concordou. Era perfeitamente evidente que, por essas longas expedições à Palestina, o sangue da Europa deveria ser drenado, sua força exaurida, e seus tesouros desperdiçados. Não se pensava em tentar converter os incrédulos para a fé de Cristo -- a verdadeira missão do cristianismo -- mas em enfraquecer o poder dos monarcas seculares, para que os pontífices pudessem reinar sobre eles. O papado é, em essência, infiel. "Venerado seja entre todos o matrimônio" (Hebreus 13:4) -- entre todos, diz a Palavra de Deus. Não, diz Gregório, é concubinato no sacerdócio -- um pecado condenatório. Mas a Palavra de Deus permanece inalterada e inalterável. O casamento é venerável entre todos -- não apenas entre alguns, mas entre todo. Foi instituído pelo Próprio Deus que "formou uma mulher, e trouxe-a a Adão (o homem)" (Gênesis 2:22), foi sancionado por Cristo, e proclamado "venerável entre todos" pelo Espírito Santo. "Pregai o evangelho a toda criatura" é a comissão do Salvador a todos os que O tem como Salvador e Senhor. 'Não', diz Urbano, 'matem os incrédulos sem misericórdia. Esta é a obra que Deus exige em sua mão. Que o joio seja arrancado pela raiz, e lançado no fogo para que sejam queimados. Mas isso não é tudo. O poder das nações deve ser reduzido para que o pontífice possa triunfar sobre eles'. Os resultados logo mostrarão que tais eram os conselhos do gênio maligno do papado.

sábado, 8 de julho de 2017

O Celibato e a Simonia

A promulgação desse decreto produziu, bem como concebeu, a maior agitação e angústia possíveis por toda a extensão da Cristandade. Até esse tempo, certo ou errado, o casamento tinha sido a regra, e o celibato a exceção. E a injustiça do decreto o tornou intolerável, pois o fez cair severamente da posição mais virtuosa para a mais viciosa e estigmatizou a todos como culpados de concubinato. Deixaremos que o leitor imagine o efeito de tal decreto em milhares e dezenas de milhares de famílias felizes. Os detalhes encheriam volumes. O decreto dissolveu os mais honráveis casamentos, rasgou o que Deus tinha unido, espalhou maridos, esposas e filhos, deu origem às mais lamentáveis discussões, e espalhou por todo lugar as piores calamidades. Esposas, especialmente, foram levadas ao desespero e expostas às mais amargas tristezas e vergonhas. Mas quanto mais veemente a oposição, mas altas as anátemas contra qualquer atraso na execução plenária dos comandos do pontífice. Os desobedientes eram entregues aos magistrados civis para serem perseguidos, privados de suas propriedades, e sujeitos a indignidades e sofrimentos de vários tipos. Parte de uma das cartas do papa fala sobre esse ponto: "Aquele cuja carne e sangue mover-se à dúvida ou ao atraso é carnal; este já está condenado; este não tem parte na obra do Senhor; este é um ramo podre, um cão estúpido, um membro cancroso, um servo infiel, um servo do tempo, e um hipócrita."

Mas como nenhum dos soberanos da Europa estavam dispostos a lutar pelas esposas do clero, o papa logo tinha todo o assunto sob seu controle, e muitos dos padres não lamentaram ser libertados das obrigações de seus maus caminhos.

Simonia*. O conflito decorrente da lei gêmea para a supressão da simonia era mais difícil de lidar; e, tendo sido prolongada por muitos anos, envolvia tanto a igreja quanto o Estado em muitas e grandes calamidades.

{*simonia: compra ou venda ilícita de coisas espirituais (como indulgências e sacramentos) ou temporais ligadas às espirituais (como os benefícios eclesiásticos). }

domingo, 2 de julho de 2017

Gregório VII e sua Reforma

Por volta do fim do primeiro ano oficial de Gregório como papa (março de 1074), ele reuniu um numeroso concílio em Roma, com o propósito de declarar guerra contra os dois grandes vícios do clero europeu, e os dois grandes obstáculos para seu esquema teocrático -- o concubinato e a simonia, isto é: o casamento de sacerdotes e a venda de benefícios. Muitos que eram favoráveis à reforma achavam o decreto quanto ao celibato não apenas severo, como também injusto, porque se aplicava igualmente aos mais honráveis casamentos e aos de maior desprezo. Foi resolvido no concílio, sem oposição: primeiro, que os padres não deveriam se casar; segundo, que aqueles que estavam casados deveriam deixar suas esposas ou renunciar ao sacerdócio; terceiro, que no futuro ninguém que não professasse continência inviolável deveria ser admitido às ordens sagradas.

Muitos dos primeiros pais se esforçaram para estabelecer a conexão entre o celibato e a santidade, e a persuadir os homens que aqueles que se casaram com a igreja deveriam evitar a contaminação de uma união terrena. Muitos dos papas também defenderam o celibato; mas, a não ser sob a mais severa disciplina pessoal ou nas comunidades monásticas mais estritas, o celibato era pouco observado e provavelmente nunca tenha sido forçado além das fronteiras da Itália. Mas Gregório fez sua voz ser ouvida e temida quanto a esse assunto, desde o Vaticano até os limites mais longínquos da Cristandade latina. Ele escreveu cartas a todos os arcebispos e bispos, aos príncipes, potentados e oficiais leigos de todos os níveis, sob pena de incorrerem em severa punição ou perdição eterna, para que expulsassem e depusessem, sem misericórdia, todos os padres e diáconos casados, e a recusar seus contaminantes ministérios. Esses despachos estavam cheios de anátemas (maldições) contra todos os que resistissem aos seus decretos; e, assumindo o lugar de Deus, ele diz: "Como obterão perdão por seus pecados aqueles que desprezam aquele que abre e fecha as portas do céu a quem ele se agrada? Que todos se cuidem de não invocarem a ira divina sobre suas próprias cabeças,... como eles incorrem na maldição apostólica, em vez de ganharem essa graça e bênção tão abundantemente derramada sobre eles pelo bendito Pedro! Que fiquem bem certos que nem príncipe nem clérigo escapará da condenação do pecador em deixar de expelir, com rigor inexorável, todos os padres simoníacos e casados, e todos os que ouvirem ao chamado da simpatia ou afeição carnal, ou por qualquer motivo mundano reterem a espada de derramar sangue pela causa de Deus e de Sua igreja, ou permanecerão distantes enquanto essas heresias condenadoras estiverem roendo os sinais vitais da religião,... estes devem ser considerados indiscriminadamente como cúmplices dos hereges, como falsificações e fraudes."*

{* Greenwood, Cathedra Petri, vol. 4, p. 331.}

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Quem Eram os Culdees?

Culdees eram uma espécie de reclusos religiosos que viviam em lugares afastados. A comunidade cristã de Iona foi chamada de Culdees. E este é, provavelmente, o motivo pelo qual aquele ponto isolado foi fixado por Columba como o local de seu monastério. Embora totalmente livres das corrupções dos grandes monastérios no continente, a vida e as instituições de Columba eram estritamente monásticas. E, a partir de fragmentos de informação recolhidos da história, parece bem certo de que "eles se gloriavam em seus milagres, respeitavam relíquias, praticavam penitências, jejuavam às quartas e sextas-feiras, tinham algo bem similar às confissões auriculares, às absolvições e às missas para os mortos; mas é certo que eles nunca se submeteram aos decretos do papado em relação ao celibato". Muitos dos culdees eram homens casados. São Patrício era filho de um diácono e neto de um sacerdote.*

{* Cunningham, vol. 1, p. 94.}


Mas, embora esses homens bons e santos fossem tão infectados pela superstição dos tempos, a situação remota em que se encontravam, a simplicidade de seus modos, e a pobreza de seu país devem tê-los preservado muito das influências romanas e dos vícios predominantes dos monastérios mais opulentos. Prefiramos pensar no monastério deles como um seminário, nos quais homens eram treinados para a obra do ministério. Em anos posteriores os monges foram frequentemente perturbados, e algumas vezes abatidos, por piratas. No século XII passou a ser posse dos monges romanos. "Sue fé pura e primitiva", diz Cunningham, "havia partido; seu renome por causa da piedade e erudição se foi; mas a memória deles sobreviveu, e era então considerada com maior reverência supersticiosa do que nunca. Muito antes disso o monastério foi usada como sepulcro da realeza, numerosas peregrinações foram feitas até ele, e agora reis e chefes começaram a enriquecê-lo com doações de dízimos e terras. As paredes que então estavam desmoronando foram consertadas; e os viajantes podem apreciar essas veneráveis ruínas eclesiásticas se erguendo de um cais em meio ao vasto oceano com sentimentos parecidos com aqueles com os quais é possível considerar os templos de Tebas meio enterrados, mas ainda em pé, no meio das areias do deserto".

Vamos agora deixar de lado por um tempo as Ilhas Britânicas. A primeira introdução da cruz na Inglaterra, Escócia e Irlanda, e o triunfo final de Roma nesses países, são eventos do mais profundo interesse por si só; mas por terem acontecido em nosso próprio país* eles têm direito à nossa atenção especial. A partir desse momento poucas mudanças exteriores aconteceram na história da igreja, embora possam ter havido muitas lutas internas a partir dos numerosos abusos e das exigências audaciosas de Roma. 

{*N. do T.: o autor vivia na Inglaterra}

sábado, 2 de abril de 2016

A Origem do Bispo Metropolitano

Igrejas assim constituídas e reguladas rapidamente se espalharam por todo o império. No gerenciamento de seus assuntos internos cada igreja era essencialmente distinta da outra, embora andassem em comunhão espiritual com todas as outras e as considerassem parte da única igreja de Deus. Mas, com o aumento do número de crentes e a extensão das igrejas, variações na doutrina e na disciplina surgiram, o que nem sempre podia ser resolvido nas assembleias individuais. Isto deu origem aos concílios, ou sínodos. Estes eram compostos principalmente por aqueles que tomavam parte no ministério. Mas quando os representantes das igrejas eram assim reunidos, logo se descobria que o controle de um presidente era necessário. A menos que haja respeito e submissão pela ação soberana do Espírito Santo na igreja, haverá anarquia sem um presidente. O bispo da capital da província era geralmente apontado para presidir, sob o elevado título de bispo metropolitano. Em seu retorno para casa era difícil deixar de lado essas ocasionais honrarias, então ele logo reivindicava para si o título pessoal e permanente de bispo metropolitano.

Os bispos e presbíteros, até por volta desse tempo, eram geralmente vistos como iguais, ou a mesma coisa, sendo os termos usados como sinônimos. Mas agora os bispos se consideravam investidos com poder supremo na direção da igreja, e estavam determinados a se manterem nessa autoridade. Os presbíteros se recusavam a lhes conceder essa nova e auto-assumida dignidade, e buscavam manter sua própria independência. Assim se ergueu a grande controvérsia entre os sistemas presbiterianos e episcopais, que continuam até hoje, e da qual poderemos tratar com mais detalhes mais adiante. Foi dito o suficiente para mostrar ao leitor o início de muitas coisas que ainda vivem diante de nós na igreja professa. Na consagrada ordem do clero será encontrada a semente da qual surgiu todo o sacerdócio medieval, o pecado da simonia {*N. do T.: simonia é a venda de "favores divinos"}, as leis do celibato, e a terrível corrupção da idade das trevas. *

{* Para mais detalhes, veja Neander, vol.1, p. 259; Mosheim, vol. 1, p. 91; Bingham, vol. 1.}

Tendo visto o que estava acontecendo dentro da igreja desde o início, e especialmente entre seus líderes, vamos agora continuar a história geral a partir da morte de Marco Aurélio.

sábado, 13 de dezembro de 2014

O Apóstolo Judas, irmão de Tiago

Este apóstolo também é chamado de Judas Tadeu, ou Lebeu. Estes diferentes nomes têm diferentes nuances quanto ao significado, mas o exame de tais sutilezas está fora do escopo deste livro. Judas era filho de Alfeu, e um dos parentes de nosso Senhor, como lemos em Mateus 13:55: "não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?"

Quando, ou como, ele foi chamado para o apostolado, disto não somos informados; e não há praticamente nenhuma menção a ele no Novo Testamento, exceto nas várias vezes em que os doze apóstolos são nomeados. Seu nome só aparece uma vez na narrativa do Evangelho, quando ele faz a seguinte pergunta: "Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?" (João 14:22). É evidente, a partir desta pergunta, que ele ainda imaginava, assim como seus condiscípulos, a ideia de um reino temporal, ou a manifestação do poder de Cristo na terra de modo que o mundo pudesse percebê-lo. Mas eles não entendiam ainda a dignidade de seu próprio Messias. Eles eram estranhos à grandeza do Seu poder, à glória da Sua Pessoa, e à espiritualidade do Seu reino. Seus súditos são libertos, não apenas deste mundo perverso, mas do poder de Satanás e do domínio da morte e da sepultura: "O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor" (Colossenses 1:13). A resposta de Cristo para a questão de Judas é o mais importante. Ele fala das bênçãos da obediência. O discípulo verdadeiramente obediente certamente conhece a doçura da comunhão com o Pai e com o Filho, na luz e no poder do Espírito Santo. Aqui não se trata da questão do amor de Deus em graça soberana para com um pecador, mas das relações do Pai com Seus filhos. Por isso, é no caminho da obediência que a manifestação do amor do Pai e do amor de Cristo são encontrados. (Veja João 14:23-26)

Mas devemos ter em mente, quando comentamos sobre as perguntas ou sobre as palavras dos apóstolos, que o Espírito Santo ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não tinha sido glorificado. Os pensamentos, sentimentos e expectativas dos apóstolos, depois desse evento, foram completamente alterados. Assim, encontramos nosso apóstolo, assim como seu irmão Tiago, intitulando-se "Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago" (Judas 1:1). Ele não chama a si mesmo de apóstolo, nem de irmão do Senhor. Isto é humildade verdadeira, fundada em um verdadeiro senso da mudança de relacionamento com o Senhor exaltado. No dia de Pentecostes foi proclamado: "Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." (Atos 2:36)

Nada é sabido com certeza sobre o restante da história de nosso apóstolo. Alguns dizem que ele pregou primeiramente na Judeia e na Galileia, e depois da Samaria até a Idumeia, e em cidades da Arábia. Mas, próximo ao fim de sua jornada, a Pérsia foi o local de seus labores e o cenário de seu martírio.

Com base em 1 Coríntios 9:5, podemos razoavelmente inferir que ele era um dos apóstolos que eram casados: "Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?"
Existe uma tradição sobre dois de seus netos, que é interessante e aparentemente verdadeira. Tal tradição foi transmitida por Eusébio de Hegésipo, um judeu convertido. Domiciano, o Imperador, tendo ouvido sobre a existência de alguns da linhagem de Davi, e parentes de Cristo ainda vivos, movido pela inveja, ordenou que fossem apreendidos e levados a Roma. Dois netos de Judas foram trazidos diante dele. Eles confessaram francamente que eram da linhagem de Davi, e parentes de Cristo. Ele os questionou sobre suas possessões e propriedades. Eles lhe contaram que não tinham nada além de alguns hectares de terra, cuja produção servia para o pagamento de impostos e para sustento próprio. Suas mãos foram examinadas, sendo encontradas ásperas e cheias de calos por causa do trabalho. Ele, então, perguntou-lhes acerca do reino de Cristo, e quando e onde ele viria. Então eles responderam que se tratava de um reino celestial e espiritual, e não de um reino temporal, e que ele não seria manifesto até que chegasse o fim deste mundo. O Imperador, satisfeito pelo fato de que eles eram homens pobres e inofensivos, os dispensou e cessou sua perseguição geral contra a igreja. Quando retornaram à Palestina, foram recebidos pela igreja com muito carinho, por serem parentes do Senhor e por terem confessado nobremente Seu nome - Seu reino, poder e glória.

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