Mostrando postagens com marcador cadeira de São Pedro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cadeira de São Pedro. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Inocêncio III e Sua Época (1198-1216 d.C.)

Capítulo 24: O Papa Inocêncio III (1190-1216 d.C.)

Durante o reinado desse grande papa, a Sé romana chegou ao seu auge. O século XIII é comumente distinguido como o grande dia da glória pontifícia. Vimos a aurora do pressuposto papal, ou melhor, os primeiros raios da aurora, nas ousadas concepções de Inocêncio I e Leão, o Grande, no século V. Gregório, o Grande, no século VII, e Nicolau e João no século IX, fizeram grande esforço em lançar as bases do grande esquema papal; mas foi Gregório VII que ergueu a superestrutura. O grande objetivo desse padre ousado, ambicioso e inescrupuloso era restaurar à Roma papal tudo o que a Roma imperial tinha perdido; e assim estabelecer a cadeira de São Pedro acima de todos os outros tronos. Mas o ousado papa pereceu em sua luta desesperada. Roma foi tomada, como vimos; Hildebrando (Gregório VII) foi obrigado a fugir, e morreu em exílio em Salerno. Por mais de cem anos após sua morte, nenhum papa que se sentou na cadeira pôde completar a obra que ele tinha iniciado. Mas no início do século XIII, o gênio superior de Gregório foi ultrapassado por Inocêncio. Os ousados esquemas que o primeiro tinha planejado foram plenamente executados pelo último. Sem dúvida, a conjunção de muitas circunstâncias foi favorável, e os poderes de sua mente foram adaptados para o cumprimento de seu grande objetivo, de modo que obteve plenamente o que enchia a imaginação dos papas por eras -- "supremacia sacerdotal, monarquia régia e domínio sobre os reis da terra". O padre coroado de Roma agora movia, com mão magistral, e com incansável dedicação, a máquina do papado, de modo que obtivesse e consolidasse a absoluta soberania da Sé romana. Mas aqui, neste ponto, devemos fazer uma pausa para uma breve reflexão. Esforcemo-nos por compreender a mente do Senhor sobre esse grande sistema religioso, e não meramente o testemunho da história.

domingo, 8 de julho de 2018

Tomás A. Becket se Opõe ao Rei

A guerra estava então publicamente declarada entre a prerrogativa da coroa e as pretensões da Igreja. A mesma batalha que foi lutada entre Henrique IV da Alemanha e Gregório VII seria agora lutada novamente em terreno inglês pelo rei e o arcebispo. Becket renunciou à chancelaria e devolveu os selos de seu ofício. Ele se retirou dos prazeres da corte, das caças, dos banquetes, dos torneios, da guerra e do conselho, e tornou-se de repente um austero e mortificado monge. Ele vestiu as vestes do monge, uma camisa de pano, e açoitava-se com um flagelo de ferro. Todos os seus bons privilégios foram deixados; ele jejuava no pão e na água, deitava-se no chão duro, e toda noite com suas próprias mãos lavava os pés de treze mendigos. Essa suposta santidade inacessível era sua força para a batalha. As mãos seculares não podiam tocar no santo homem de Deus -- o sumo sacerdote ungido do Senhor. Becket conhecia o personagem: estudou cada dobra de seu caráter.

Henrique ficou espantado, desconfortável e desapontado. Ele tinha promovido seu ministro favorito para a posição ainda mais alta de Arcebispo da Cantuária, para que seus serviços pudessem ser mais eficazes contra o partido romanizante na Inglaterra. Não era uma questão, que fique observado, relativa aos privilégios legais apropriados da igreja da Inglaterra; Henrique não tinha mostrado qualquer disposição de interferir neles. Mas a Igreja tinha mostrado, através das instruções do papa, o mais resoluto propósito de interferir nas liberdades da coroa e de todo o povo da Inglaterra. E o rei não conhecia homem algum em todos os seus domínios capaz de competir em talento e agilidade com os emissários de Roma como seu chanceler e companheiro.

Agora, pensava ele, temos um à frente da igreja, assim como do Estado, que fará boa batalha pelas liberdades da coroa e do povo de sua terra nativa. Mas não foi por esses dignos objetivos que Becket tinha aceitado o anel e o báculo. Desde o momento em que tocou em seu crucifixo episcopal, ele tornou-se o vassalo jurado até a morte da Sé Romana, e o inimigo declarado de cada homem e princípio que se opusesse aos interesses da cátedra (cadeira) de São Pedro. E Henrique logo descobriu que seu competente e flexível chanceler, "de quem esperava apoio e vitória, virou-se contra ele com a mais implacável animosidade, e forçou as pretensões de Roma até um ponto que nunca tinham alcançado antes"*.

{*Eighteen Christian Centuries, de White, p. 275.}

domingo, 9 de abril de 2017

A Ignorância e Credulidade da Época

Tão profunda era a ignorância e credulidade daqueles tempos que as mais absurdas fábulas eram recebidas com grande reverência por todas as classes. Os astutos padres sabiam como vestir suas fraudes religiosas com a mais especiosa piedade, e como cegar tanto o rei como o povo. De acordo com a lenda, Constantino foi curado da lepra pelo papa Silvestre; e assim, o imperador, repleto de gratidão, renunciou, em favor do papa, a livre e perpétua soberania de Roma, da Itália, e das províncias do Ocidente; e resolver fundar uma nova capital para si mesmo no Oriente [Constantinopla].

O objetivo de Adriano em forjar tal escritura, e em escrever tal carta, foi, sem dúvida, influenciar Carlos Magno para que imitasse a alegada liberalidade de seu grande predecessor. Se ele meramente desse ao papa a posse da dita doação de Constantino, ele estaria apenas agindo como o executor da escritura; se ele aspirasse ser um benfeitor espontâneo da igreja, ele deveria ir além dos limites da escritura de doação original. Mas ainda não sondamos as profundezas dessa falsificação. Ela serviu para provar que: (1) os imperadores gregos, por todos esses séculos, eram culpados de usurpação e de roubar o patrimônio de São Pedro; (2) que era justificável que os papas se apropriassem de seu território e se rebelassem contra a autoridade imperial; (3) que as doações de Pepino e Carlos Magno eram nada mais que a restituição de uma pequena porção dos justos e legítimos domínios originalmente concedidos à cadeira de São Pedro; e (4) que ele, Carlos Magno, deveria considerar-se como devedor de Deus e de Sua igreja enquanto um único item dessa dívida inalienável permanecesse sem ser paga.

Tais eram alguns dos convenientes efeitos do documento para os propósitos de Adriano na época; mas, embora possa ter sido produtivo de grandes vantagens ao papado, tanto então como depois, a falsificação há muito foi exposta. Com a restauração das cartas e da liberdade, a escritura fictícia foi condenada, assim como seus Falsos Decretos -- a mais audaciosa e elaborada de todas as fraudes religiosas. Falando nos Decretos, Milman observa: "Eles são então abandonados por todos; nenhuma voz é erguida em seu favor; o máximo que é feito por aqueles que não podem suprimir todos os lamentos por sua exposição é aliviar a culpa do falsificador, questionar ou enfraquecer a influência que eles tiveram em seus próprios dias e por toda a história posterior do cristianismo."*

{* Milman, vol. 2, p. 375; Greenwood, livro 6, capítulo 3, p. 82.}

Reflexões sobre o Cuidado do Senhor para com os Seus

O Senhor tinha, sem dúvida, muitos que eram Seus, ocultos aos olhos da história, mesmo nos tempos mais sombrios, como em Tiatira: "Mas eu vos digo a vós, e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei. Mas o que tendes, retende-o até que eu venha" (Ap 2:24-25). Uma coisa, e apenas uma, deveria ocupar os fiéis depois que a apostasia se estabelecesse -- o Salvador exaltado, o Homem na glória. E a todos esses a doce promessa é: "E dar-lhe-ei a estrela da manhã" (Ap 2:28). Mas a igreja meramente professa, como aliada do Estado, foi corrompida até o cerne, e afundou, e cegou-se, e endureceu na mais incansável perversidade, de modo que a concentração de toda a forma de mal podia ser encontrada na cadeira de São Pedro. Mesmo em relação às guerras religiosas, o próprio Carlos Magno parece inocente comparado ao papa Adriano.

Devemos nos lembrar que Carlos era um rei bárbaro, apesar de ser, talvez, o maior da história europeia, com a exceção de Alexandre e César, e assim podemos entender seu objetivo em buscar unir e consolidar um grande império. Mas ele era ignorante e supersticioso quanto às coisas divinas, embora o elemento religioso fosse forte em sua mente. Aproveitando-se disso, o papa agiu e levou-o a crer que uma igreja forte e rica faria um Estado forte e rico, e que para que agradasse aos céus e ganhasse a vida eterna, a harmoniosa união da igreja com o Estado deveria ser a base de todos os seus esquemas governamentais. Ele, pessoalmente, amava Adriano, prontamente obedecia ao seu chamado, cedia a seus conselhos, e chorou quando ouviu de sua morte, que aconteceu em 26 de dezembro de 795, após o incomum longo pontificado de mais de 23 anos. Ele podia, às vezes, enxergar o verdadeiro objetivo do papa sob seus grandes artifícios, mas, convicto de seu próprio poder autossuficiente, ele conseguia permitir que tais coisas passassem sem aqueles sentimentos de desconfiança e ciúme que teriam se engendrado em uma mente mais fraca. Não dado a mudanças, ele fez um bom amigo.

O Sistema Hierárquico Feudal

Por séculos, o clamor papal para cada monarca sucessor foi: "Dê, dê; doe, doe; e o bendito Pedro certamente te enviará vitória sobre teus inimigos, prosperidade neste mundo, e um lugar perto dele mesmo no céu". Esse clamor foi, em grande medida, respondido no início do século IX. Os extratos acima dão ao leitor alguma ideia dos espólios que o clero recebia das vitórias de Carlos na Alemanha. Foi principalmente a partir desses 33 anos de guerra sanguinolenta que o grande sistema hierárquico feudal surgiu. Inúmeros milhares foram mortos para dar espaço aos bispos e abades -- uma aristocracia eclesiástica. Ergueram-se palácios principescos para esses grandes eclesiásticos sobre toda a terra conquistada: mas seus fundamentos foram colocados sobre a crueldade, a injustiça e o sangue.

Embora mais de mil anos terem passado desde que o grande patrono da igreja morreu, os palácios ainda existem e são abundantes por toda a Europa. Mas o coração adoece ao pensar sobre a origem desses assim declarados "palácios da paz", especialmente se tivermos em mente o verdadeiro caráter do evangelho, e que os ministros de Cristo devem sempre buscar manifestar o espírito do manso e humilde Jesus. As almas dos homens, e não as propriedades, deveriam ser o objetivo. "Não busco o que é vosso, mas sim a vós" (2 Coríntios 12:14), este deveria ser o lema deles; indo adiante, "nada tomando dos gentios" (3 João 1:7). Mas o exemplo de Cristo já tinha sido, há muito tempo, esquecido. A igreja afundou a um nível e um espírito do mundo quando foi unida por Constantino ao Estado. Essa foi sua grande queda, da qual flui sua dolorosa inconsistência. O amor ao mundo, ao poder absoluto, ao domínio universal, tomou, então, posse de todo o seu ser. Enganada por Satanás, em cujo trono (Ap. 2) ela se assenta, a iniquidade desavergonhada de seu curso só pode ser explicada por causa de seu poder cegante. Todos os meios, à sua vista, tinham como justificativa seu objetivo de avanço da Sé Romana.

domingo, 6 de novembro de 2016

Leão I, Apelidado de "O Grande"

Podemos prosseguir, sem interrupção, do nome de Inocêncio para o de Leão, que ascendeu à cadeira de São Pedro no ano 440, e a ocupou por 21 anos. Ele era notável por suas habilidades políticas, erudição teológica e grande energia eclesiástica. Ele sustentava, com a arrogância de romano e com o zelo de clérigo, que todas as pretensões e todas as práticas em sua igreja eram questões para a contínua sucessão apostólica. Contudo, parece que ele era firme na fé quanto à salvação, e zelosamente oposto a todos os hereges. As igrejas orientais tinham perdido o respeito da Cristandade pelas suas longas e vergonhosas controvérsias. Poder, e não sutilezas, era a ambição de Roma. Leão condenou toda a raça de hereges, desde Ário a Eutiques; mas mais especialmente a heresia maniqueísta.

Por seus grandes esforços e extraordinário gênio ele levantou as reivindicações do bispo romano como sendo o representante de São Pedro a uma altura nunca antes vista. "O apóstolo", diz ele, "foi chamado Petra, a pedra, por cuja denominação ele é constituído o fundamento... Em sua cadeira habita a sempre viva, a super-abundante, autoridade. Que os irmãos, portanto, reconheçam que ele é o primaz de todos os bispos, e que Cristo, que não nega a ninguém seus dons, ainda assim não os concede a ninguém exceto por meio dele."*

{* Cathedra Petri, de Greenword, vol. 1, p. 348.} 

Tomando devida consideração pelo caráter dos tempos e pelas opiniões oficiais e inerentes, cremos que Leão era sincero em suas convicções, e provavelmente um cristão. De coração ele cuidava do povo de Deus, e mais de uma vez, por suas orações e sagacidade política, salvou Roma dos bárbaros. Quando Átila, o mais terrível dos conquistadores estrangeiros, com suas incontáveis hostes, pairava sobre a Itália, pronto para cair sobre a indefesa capital, Leão foi adiante o "Destruidor" no nome do Senhor, e como o chefe espiritual de Roma, e tão fervorosamente orou por seu povo que as paixões selvagens do huno se acalmaram e, para espanto de todos, ele concordou com os termos pelos quais a cidade foi salva do caos e abate. Mas o principal objetivo da vida de Leão, e a que ele cumpriu plenamente, foi estabelecer as bases da grande monarquia espiritual de Roma. Durante seu pontificado ele foi o nome mais conhecido no império, se não em toda a Cristandade. Ele morreu no ano 461.

Postagens populares