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domingo, 6 de setembro de 2020

O Zelo Missionário dos Beneditinos

Os beneditinos, com o passar do tempo, conforme seu número aumentava, enviaram missionários para pregar o evangelho entre as nações, que ainda mergulhavam nas profundezas do paganismo. Estima-se que foram o meio de converter mais de trinta países e províncias à fé cristã ou, como seria melhor dizer, à igreja de Roma. Ainda assim, o Senhor, em Sua misericórdia, poderia, e sem dúvida o fez, usar a cruz de Cristo, mesmo da forma que era pregada, para a salvação. Um pouquinho da verdade sobre a cruz ou sobre o sangue de Cristo é capaz de converter a alma quando o Senhor a usa. Uma mudança notável ocorreu na história da Igreja, ou do Cristianismo, por meio da pregação dos beneditinos e da ordem de São Bento, que apenas mencionaremos e deixaremos para a reflexão dos mais pensativos.

Durante os primeiros três séculos da era cristã, os imperadores e todos os grandes da Terra perseguiram os fiéis seguidores de Cristo; mas, durante os séculos VI, VII, VIII e IX, muitos imperadores e reis renunciaram às suas coroas e tornaram-se monges da ordem beneditina; e também imperatrizes e rainhas se tornaram freiras da mesma ordem. *

{* Para uma lista dos nomes e países desses convertidos, com muitos detalhes, consulte English Monasticism, de O'Dell Travers Hill, p. 101. Consulte também a Encyclopedia Britannica, vol. 4, pág. 562. Os números não concordam em ambos, mas, como o English Monasticism foi publicado somente em 1867 (uma data contemporânea ao autor deste livro, que viveu no século XIX), aceitamos os números dados ali.}

Da reclusão das celas beneditinas, quarenta e oito papas foram levantados para ocupar a cátedra de São Pedro; duzentos cardeais, sete mil arcebispos, quinze mil bispos, quinze mil abades, quatro mil santos e mais de trinta e sete mil estabelecimentos religiosos, incluindo mosteiros, conventos, priorados, hospitais, etc. A ordem também produziu um vasto número de escritores eminentes e outros homens eruditos. Rábano estabeleceu a primeira escola na Alemanha, Alcuíno fundou a Universidade de Paris, Guido inventou a escala musical, Silvestre o órgão, e Dionísio Exíguo aperfeiçoou o cálculo de datas eclesiástico.

"Os abades eram frequentemente pouco inferiores aos príncipes soberanos: seu esplendor era maior na Alemanha, onde o abade de Angia, apelidado ‘o Rico’, tinha uma receita anual de sessenta mil coroas de ouro, e em seu mosteiro ninguém era recebido, exceto os filhos dos príncipes, condes e barões. Os abades de Weissenburg, de Fulda e de São Galo eram príncipes do império. O abade de São Galo entrou certa vez em Estrasburgo com um séquito de mil cavalos."* Por seiscentos anos todas as regras e as sociedades cederam ante a prevalência universal da ordem beneditina. Muitas outras seitas surgiram durante aquele período e, embora diferissem umas das outras em alguns pontos de disciplina ou vestuário, todas reconheciam a Regra de Bento. Os cartuxos, os cistercienses e outros inumeráveis ​​eram apenas ramos que cresciam a partir do tronco original.

{*Christian Sects, de Marsden.}

Esses celebrados resultados da regra do eremita solitário de Monte Cassino se estendem por um período de pelo menos setecentos anos, durante os quais os beneditinos, como todas as outras instituições humanas, experimentaram muitos reveses e muitos avivamentos, os quais não precisamos enumerar exaustivamente. Para complementar este assunto, é interessante notar ainda, que, de acordo com a história frequentemente contada, assim que os monges de São Bento se tornaram ricos e luxuosos, eles começaram a se afastar dos princípios de seu fundador e se entregaram à indolência e a todo tipo de vício. Eles se envolveram em assuntos civis e nas intrigas dos tribunais, buscando apenas promover a autoridade e o poder dos pontífices romanos.

domingo, 3 de junho de 2018

Bernardo e Abelardo

Antes da morte de Inocêncio, Bernardo foi chamado para longe de seu pacífico retiro em Claraval para fazer guerra contra um novo inimigo da igreja: Pedro Abelardo. Esse novo conflito surgiu dos movimentos intelectuais da época, e marca uma época distinta da história da igreja, da literatura e da liberdade espiritual e civil. Vamos atentar brevemente para o que levou a isso.

A maioria de nossos leitores estão cientes de que a erudição que tinha sido acumulada nas línguas latina e grega foram quase inteiramente destruídas pelos bárbaros no século V. O que é conhecida como literatura antiga foi quase completamente perdida quando as nações bárbaras se estabeleceram nas ruínas do império romano. Por completos quinhentos anos, a grosseira ignorância prevaleceu. Qualquer conhecimento que restava foi confinado aos eclesiásticos; e eles, durante esse período, eram proibidos de estudar ou copiar a erudição secular. Não obstante, alguns dos monges, especialmente os da ordem beneditina, coletaram e copiaram manuscritos antigos; e, como diz Hallam: "Nunca deve ser esquecido que, se não fosse por eles, os registros dessa literatura teriam perecido. Não podemos afirmar que, se eles tivessem sido menos tenazes em sua liturgia latina, na tradução Vulgata das Escrituras, e na autoridade dos pais da igreja, menos superstição teria crescido; mas não podemos hesitar em pronunciar que toda a erudição gramatical teria sido deixada de lado. Mas entre eles, embora os exemplos de grosseira ignorância fossem excessivamente frequentes, havia a necessidade de preservar a língua latina, na qual tinham sido escritas as Escrituras, os cânons e as outras autoridades da igreja, assim como as liturgias regulares, e em cuja língua deveriam ser escritas as correspondências dentro da hierarquia clerical. Essa atividade continuou fluindo, mesmo nas piores estações, como um fluxo fino, mas vivo."*

{* Literature of Europe in the Middle Ages, vol. 1, p. 4.}

Dentre esses monges devia haver toda variedade de mentes: algumas, sem dúvida, grosseiras, lentas e mecânicas; outras, refinadas, ativas, questionadoras, que não se deixavam confinar dentro das barreiras da doutrina católica estabelecida, nem se submetia ao poder da ordem sacerdotal. Assim foi; assim provou-se ser. O reformador, o protestante, surgiu da ordem monástica. Houve muitos Luteros prematuros. Em cada insurreição, conta-se, seja religiosa ou mais filosófica, contra o sistema dogmático dominante, um monge foi o líder, e tinha havido três ou quatro dessas inssurreições antes do tempo de Abelardo. Godescalco, no século IX, foi flagelado e aprisionado por sua teimosa confiança no que era chamado de predestinacionismo. João Escoto Erígena, um monge mais erudito da Irlanda ou das ilhas escocesas, foi convidado por Hincmaro, arcebispo de Reims, a se opôr a Godescalco; mas ele não alarmou menos a igreja do que seu antagonista, ao apelar para um novo poder acima da autoridade católica: a razão humana. Ele era um poderoso racionalista, mas especulava em grande parte na teologia escolástica. Sob a censura da igreja, ele fugiu para a Inglaterra, e encontrou um refúgio, conta-se, na nova universidade de Oxford fundada pelo rei Alfredo.

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