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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A Origem do Confessionário

A história dessa inovação não é fácil de traçar, nem é necessária para nosso propósito. A questão da confissão privada e da absolvição sacerdotal foi muitas vezes discutida pelos teólogos, mas nenhuma lei sobre o assunto foi estabelecida pela igreja até o início do século XIII. No ano de 1215, sob o pontificado de Inocêncio III, a prática da confissão auricular foi autoritariamente imposta pelo quarto Concílio de Latrão aos fiéis de ambos os sexos, que deveriam fazê-la pelo menos uma vez ao ano. A partir dessa época, até o presente, a confissão auricular tem sido considerada uma ordenança divina na igreja de Roma, sendo também praticada na igreja grega (ortodoxa) e copta.

As principais passagens das Escrituras citadas pelos romanistas sobre esse assunto são: "Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis" ... "Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos" (Tiago 5:16; João 20:23). A primeira passagem evidentemente se refere à confissão mútua de falhas pela parte dos cristãos; e a segunda fala da disciplina na igreja (assembleia), mas nenhuma delas, certamente, fala de uma confissão secreta de pecados aos ouvidos de um padre com o objetivo de receber a absolvição. O dever, ou privilégio, da confissão, deve ser admitido por todos, tanto por protestantes quanto por católicos; mas a questão é: a quem devemos confessar? A um padre, ou a Deus? Numerosas passagens podem ser citadas, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, para provar que a confissão dos pecados deve ser feita a Deus. Vamos tomar dois exemplos: "Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes"... "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça" (Josué 7:19; 1 João 1:8,9).

Mas a forma da confissão prescrita pela igreja romana para ser usada por todo penitente no confessionário demonstra melhor seu verdadeiro caráter. Devia-se ajoelhar ao lado do seu confessor e fazer o sinal da cruz, dizendo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo: "Eu pecador, me confesso a Deus Todo-Poderoso, à Bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao Bem-aventurado São Miguel Arcanjo, ao Bem-aventurado São João Batista, aos Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os Santos, e a ti, meu padre espiritual, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e ações, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa". Nesse momento da cerimônia, o penitente especifica seus vários pecados em detalhes, sem evasões ou equívocos; os atos mais indelicados ou diabólicos são derramados nos ouvidos do padre, o que quer que seja. Quando o padre se satisfaz com os detalhes, o penitente prossegue: "Por isso rogo a Deus Todo-Poderoso, à Bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao Bem-aventurado São Miguel Arcanjo, ao Bem-aventurado São João Batista, aos Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os Santos, e a ti, meu padre espiritual, que ore ao nosso Senhor Deus por mim. Estou sinceramente arrependido(a), proponho firmemente emendar-me, e muito humildemente peço o perdão de Deus, e penitência e absolvição de ti, meu padre espiritual."*

{*Faiths of the World, de Gardner, vol. 1, p. 582. Milman, vol. 6, p. 361.}

O penitente se encontra, então, nas mãos e inteiramente a mercê do padre. Ele pode prescrever a mais irracional penitência, ou adiar sua absolvição até que possa alcançar seus próprios fins malignos. Mas deixemos-no para tomar nota, brevemente, de mais um dogma relacionado da teologia romana: as indulgências.

domingo, 25 de novembro de 2018

A Confissão Auricular

Os sacramentos da igreja de Roma, sendo considerados necessários à vida espiritual, e estando à disposição do sacerdócio, deram a eles um enorme poder. Mas nenhum de seus muitos sacramentos tendia a aumentar tanto a influência dos padres, ou a escravizar e rebaixar a moralidade do povo, quanto a confissão auricular. Do Imperador ao mendigo, todo coração de todo homem e mulher pertencente à igreja de Roma foi escancarado perante o padre. Nenhum ato, e quase que nenhum pensamento, pelo menos na idade das trevas, era mantido em segredo do padre. Esconder ou disfarçar a verdade era um pecado que deveria ser punido com a mais humilhante penitência, ou até mesmo com as dores eternas do inferno. Perante um poder tão arbitrário, tão irresponsável, tão temido, quem não tremeria? Os padres assim se tornaram um tipo de polícia espiritual, a quem todo homem estava obrigado a entregar-se. Eles sabiam os segredos de todas as pessoas, de todas as famílias, de todos os governos, de todas as sociedades, e, é claro, como governar e estabelecer seus planos de modo a alcançar o que quer que quisessem. A consciência, a moral, assim como o ser religioso e espiritual do homem, estavam sob seu poder. Era como o selo e consumação de toda a impiedade e blasfêmia. Pais e filhos, mães e filhas, mestres e escravos, estavam todos sob a supervisão e controle dos padres.

O poder assim obtido no confessionário era exercido pelo alegado bem da igreja -- às vezes em conceder, adiar ou recusar absolvição, conforme o caso. Tudo dependia dos fins alcançados pela igreja: era feito o uso mais egoísta, cruel e sem princípio de informação assim religiosamente obtida. Referimo-nos especialmente aos casos prolongados de disputa e disciplina, que nunca poderiam ser resolvidos até que a igreja tivesse ganhado a causa. A excomunhão era algo real naqueles dias, e o papa um verdadeiro antagonista. Quando Hildebrando trovejou uma sentença de excomunhão contra Henrique, libertou seus súditos do juramento de lealdade a ele, e o declarou privado de seu trono, ele descobriu ser inútil lutar contra o papa, mesmo sendo ele (Henrique) o maior soberano na Europa naquela época. Ele foi forçado a ceder; e na mais degradada condição, descalço e tremendo de frio, ele humildemente suplicou ao inexorável monge que removesse a censura da igreja e o reintegrasse ao trono. A terrível sentença de excomunhão cortava fora o ofensor, qualquer que fosse sua classe ou posição social, e como a salvação era considerada algo absolutamente impossível de se alcançar fora da igreja católica, não havia qualquer esperança para alguém que morresse sob tal sentença. Ao corpo podia ser negado um lugar de descanso em solo consagrado, mas o real temor era que a alma se tornasse a presa dos demônios para sempre.

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