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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Apóstolo João

João era filho de Zebedeu e Salomé, e irmão mais novo de Tiago. Embora seu pai fosse um pescador, eles aparentemente estavam em boas circunstâncias de acordo com a narrativa do Evangelho. Alguns dos antigos falam da família como sendo rica, e até mesmo de conexão nobre. Porém, tais tradições não são reconciliáveis com os fatos relatados nas Escrituras. Lemos, no entanto, de seus "jornaleiros", e eles podem ter tido mais do que apenas um barco. Quanto a Salomé, sem dúvidas, foi uma daquelas mulheres honradas que serviam ao Senhor com o que tinham. E João tinha sua própria casa (Lucas 8:3; João 19:27). A partir desses fatos, podemos inferir, com segurança, que a situação deles era consideravelmente acima da pobreza. Como muitos têm sido extremos ao falar dos apóstolos como pobres e analfabetos, é interessante observar algumas poucas dicas nas escrituras sobres esses assuntos.

Do caráter de Zebedeu nada sabemos. Ele não fez objeções a seus filhos quando o deixaram ao chamado do Messias. Mas não ouvimos mais sobre ele depois disso. Frequentemente encontramos a mãe em companhia dos seus filhos, mas não há menções ao pai. É provável que ele tenha morrido pouco depois do chamado de seus filhos.

O evangelista Marcos, ao enumerar os doze apóstolos (Marcos 3:17), quando menciona Tiago e João, diz que nosso Senhor "pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão." O que nosso Senhor particularmente pretendeu, com esse título, não é facilmente determinado. Conjecturas têm havido muitas. Alguns supõem que seria porque esses dois irmãos eram da mais furiosa e resoluta disposição, e de um temperamento mais feroz e ardente do que o resto dos apóstolos. Mas não vemos motivo para tal suposição na história narrada nos Evangelhos. Sem dúvida, em uma ou duas ocasiões o zelo deles era intemperado, mas isso foi antes de entenderem o espírito de seu chamado. É mais provável que nosso Senhor os tenha apelidado em profecia ao zelo ardente deles ao proclamar aberta e corajosamente as grandes verdades do evangelho, após tê-lo conhecido plenamente. Estamos certos de que João, em companhia de Pedro nos primeiros capítulos de Atos, demonstrou uma coragem que não temia ameaças, e não era intimidado por nenhuma oposição.

Supõe-se que João era o mais novo de todos os apóstolos e, a julgar por seus escritos, parece ter sido possuído por uma disposição singularmente carinhosa, suave e amável. Ele foi caracterizado como "o discípulo a quem Jesus amava". Em várias ocasiões, ele foi admitido a uma livre e íntima relação com o Senhor (João 13).

"O que distinguia João", diz Neander, "era a união das mais opostas qualidades, como temos muitas vezes observado em grandes instrumentos do avanço do reino de Deus - a união de uma disposição inclinada à silente e profunda meditação, com um ardente zelo, embora não impulsionado a uma grande e diversificada atividade no mundo exterior; não um zelo apaixonado, como supomos que tenha enchido os peitos de Paulo antes de sua conversão. Mas havia também um amor, não suave e flexível, mas um que se agarrava com tudo o que podia, e firmemente retia o objetivo para o qual se dirigia - vigorosamente repelindo qualquer coisa que desonrasse esse objetivo, ou tentasse arrancá-lo de sua posse; tal era sua principal característica."

E a história de João está tão intimamente conectada com as histórias de Pedro e Tiago, as quais já abordamos, que podemos agora ser bastante breves. Esses três nomes raramente são vistos separados na história dos Evangelhos. Mas há uma cena em que João aparece sozinho e que é digna de nota. Ele era o único apóstolo que seguiu Jesus ao lugar de Sua crucificação. E lá ele foi especialmente honrado com o respeito e confiança de seu Mestre. "Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa." (João 19:26-27)

Após a ascensão de Cristo e a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, João se tornou um dos principais apóstolos da circuncisão. Mas seu ministério continua até o final do primeiro século. Com sua morte, a era apostólica naturalmente se encerra.

Há uma tradição muito difundida e geralmente aceita de que João permaneceu na Judeia até depois da morte da virgem Maria. A data do evento é incerta. Mas logo depois ele prosseguiu para a Ásia Menor. Lá ele plantou e cuidou de várias igrejas em diferentes cidades, mas fez de Éfeso seu centro. De lá ele foi banido para a Ilha de Patmos, perto do final do reinado de Domiciano. Ali ele escreveu o livro de Apocalipse (ou Revelação) (Apocalipse 1:9). Em sua libertação do exílio, pela ascensão de Nerva ao trono imperial, João retornou a Éfeso, onde escreveu seu Evangelho e suas Epístolas. Ele morreu por volta do ano 100 d.C., no terceiro ano do imperador Trajano, e com mais ou menos cem anos de idade.*

(* Veja Introdução ao Novo Testamento de Horne}

Das muitas tradições sobre o próprio João, selecionamos apenas uma, que pensamos ser a mais interessante e a mais provável de que seja verdade. Como um que foi incansável em seu amor e cuidado para com as almas dos homens, ele estava profundamente entristecido pela apostasia de um rapaz pelo qual ele tinha especial interesse. Ao revisitar o lugar onde ele o tinha deixado, ouviu que ele tinha se unido a um bando de ladrões e se tornado o capitão deles. Seu amor por ele era tão grande que se determinou a encontrá-lo. Assim, foi ao encalço dos ladrões e deixou-se capturar, implorando que o levassem à presença do capitão deles. Quando ele viu a venerável  aparência do velho apóstolo, sua consciência foi despertada. A lembrança dos dias passados foi maior do que ele podia suportar, de modo que fugiu, em consternação, de sua presença. Mas João, cheio de amor paternal, foi atrás dele. Ele pediu que o rapaz se arrependesse e retornasse à igreja, e o encorajou pela certeza do perdão de seus pecados no nome do Senhor Jesus. Sua maravilhosa afeição para com o rapaz e sua profunda preocupação pela sua alma o venceram por completo. Ele se arrependeu, retornou, foi restaurado e, posteriormente, se tornou um digno membro da comunidade cristã. Que possamos buscar a fazer o mesmo na restauração de desviados!

Chegamos agora ao que podemos chamar de segundo grupo de quatro apóstolos; e, assim como Pedro encabeçava o primeiro grupo, o segundo é liderado pelo apóstolo Filipe.

sábado, 18 de outubro de 2014

O Apóstolo Tiago

Zebedeu e seus dois filhos, Tiago e João, estavam seguindo sua ocupação habitual no mar da Galileia quando Jesus passava por ali. Vendo os dois irmãos, "logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os jornaleiros, foram após ele." (Marcos 1:20). Pedro e André também estavam lá. Foi nessa ocasião que o Senhor pediu a Pedro para se lançar às águas profundas e tentar, mais uma vez, pegar peixes. Pedro se inclina à razão: eles tinham sido muito mal sucedidos na noite anterior. Mesmo assim, pela palavra do Senhor, a rede foi lançada. "E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede." (Lucas 5:6) Espantado, Pedro acenou a seus parceiros para que fossem e o ajudassem a trazer os peixes à terra.

Uma plena convicção de que Jesus era o verdadeiro Messias foi, então, levada às mentes daqueles quatro jovens. Eles podem ter tido dúvidas antes, mas não têm nenhuma agora. Ao chamado de Jesus eles deixam tudo e se tornam, de uma vez para sempre, Seus discípulos. Daí em diante se tornariam "pescadores de homens". Em toda lista que temos dos apóstolos estes quatro nobres homens são citados primeiro (Mateus 4:17-20; Marcos 1:16-20; Lucas 5:1-11)

Esse é o chamado de Tiago ao discipulado. Mais ou menos um ano depois ele é chamado ao apostolado com seus onze irmãos (Mateus 10, Marcos 3, Lucas 6, Atos 1)

Pedro, Tiago, João e ocasionalmente André sempre foram os companheiros mais íntimos do bendito Senhor. Somente os três primeiros foram convidados a testemunhar da ressurreição da filha de Jairo (Marcos 5; Lucas 8). Os mesmos três apóstolos foram, somente eles, permitidos a estarem presentes na cena da transfiguração (Mateus 17, Marcos 9, Lucas 9). Foram os mesmos três que testemunharam Sua agonia no Getsêmani (Mateus 26, Marcos 14, Lucas 22). Mas os quatro, Pedro, Tiago, João e André, estão juntos quando perguntam ao Senhor em particular sobre a destruição do templo (Marcos 13).

Assim como a mudança - ou acréscimo - ao nome de Pedro, os filhos de Zebedeu são apelidados de Boanerges, ou "filhos do trovão".  Grande ousadia e fidelidade pode ter apontado Tiago para Herodes como o primeiro a ser detido e silenciado. Não é estranho que "o filho do trovão" e o "homem-pedra" sejam os primeiros a serem apreendidos. Mas Tiago tem a honra de ser o primeiro dos apóstolos que receberam a coroa do martírio em 44 d.C., tendo Pedro sido resgatado por um milagre.

A inveja de uma mãe e a ambição de seus filhos levam Salomé a pedir por lugares distintos no reino para seus dois filhos. O Senhor permitiu que o pedido passasse por uma repreensão muito leve, mas disse aos irmãos que eles deveriam tomar de Seu cálice e serem batizados com Seu batismo. Tiago foi chamado bem cedo para cumprir esta predição. Após a ascensão, ele é visto em companhia dos outros apóstolos em Atos 1. Então ele desaparece da narrativa sagrada até sua apreensão e morte em Atos 12. E lá é simplesmente dito, na breve linguagem do historiador inspirado, que o rei Herodes matou Tiago, irmão de João, com a espada.

Clemente de Alexandria relata uma tradição sobre o martírio de Tiago que não é algo improvável de ter realmente ocorrido. Enquanto era levado para o lugar de execução, o soldado ou oficial que o tinha guardado para o tribunal, ou melhor, seu acusador, estava tão comovido pela coragem e ousada confissão de Tiago no momento de seu julgamento que se arrependeu do que tinha feito. Então ele foi e prostrou-se ao pé do apóstolo, pedindo perdão pelo que tinha dito contra ele. Tiago, um pouco surpreso, o levantou, o abraçou e o beijou, e disse: "Paz, meu filho, paz seja contigo, e o perdão de tuas falhas." Antes disso, ele publicamente tinha professado ser um cristão, e assim ambos foram decapitados ao mesmo tempo. Assim caiu Tiago, o proto-mártir apostólico, alegremente tomando o cálice que ele tinha a muito tempo dito ao seu Senhor que estaria pronto para beber. *{Veja William CAVE, Lives o f the Apostles.}

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