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domingo, 7 de maio de 2017

O Suposto Fim do Mundo

Nenhum período na história da igreja, ou talvez em toda a história, ou em qualquer país, apresenta uma figura mais tenebrosa do que a Europa cristã ao final do século X. A degradação do papado, o estado corrupto da igreja do lado de dentro, e o número e o poder de seus inimigos do lado de fora, ameaçavam sua completa destruição. Além dos incrédulos islâmicos no Oriente e dos nórdicos pagãos no Ocidente, um novo inimigo -- os húngaros -- apareceram de repente sobre a Cristandade. Na linguagem forte da história, eles pareciam hordas de selvagens, ou bestas selvagens, soltos sobre a humanidade. Sua origem era desconhecida, mas seu número parecia inesgotável. O massacre indiscriminado parecia ser a única lei deles: a civilização e o cristianismo se secaram diante de sua marcha desoladora, e toda a humanidade estava em pânico.

Além dessas terríveis calamidades, fomes prevaleciam e traziam pragas e pestilência consigo. Supostamente, os mais alarmantes sinais eram vistos no sol e na lua. A predição de nosso Senhor parecia ter se cumprido. "E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados". Mas, embora essas palavras descrevessem adequadamente o estado das coisas de então, a profecia estava longe de ser cumprida, como nosso Senhor imediatamente acrescenta: "Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória." (Lucas 21:25-27)

Mas, se alguma vez o homem pudesse ser perdoado pela ilusão de acreditar que o fim do mundo tinha chegado, foi nessa época. O clero pregava isso, e o povo acreditava, e isso logo se espalhou por toda a Europa. Foi ousadamente promulgado que o mundo chegaria a um fim quando expirassem os 1000 anos desde o nascimento do Salvador. Por volta do ano 960 o pânico aumentou, mas o ano 999 era tido como o último que qualquer um jamais viveria. Essa ilusão generalizada, por meio do poder de Satanás, foi fundamentada em uma total falta de entendimento e falsa interpretação da profecia referente ao reino milenial dos santos com Cristo por 1000 anos. "Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos." (Apocalipse 20:6)

domingo, 22 de maio de 2016

A Mão Julgadora do Senhor

Grandes e importantes mudanças começaram a acontecer na soberania do império. Mas a Cabeça da igreja vigiava sobre tudo. Ele tinha limitado e definido o período de seu sofrimento, e nem as hostes do inferno, nem as legiões de Roma, poderiam estendê-lo em uma hora sequer. Os inimigos dos cristãos foram feridos com as mais terríveis calamidades. Parecia que Deus estava requerendo o sangue derramado. Galério, o verdadeiro autor da perseguição, no décimo oitavo ano de seu reinado e no oitavo da perseguição, expirou de uma enfermidade repugnante. Como Herodes Antipas e Filipe II da Espanha, ele foi "comido de bichos". Médicos foram procurados, oráculos foram consultados, mas tudo em vão; os remédio aplicados apenas agravaram a virulência da doença. O palácio inteiro estava tão infectado pela natureza de sua aflição que ele foi abandonado por todos os seus amigos. As agonias que ele sofreu o forçaram a clamar por misericórdia, e também por um sincero pedido para que os cristãos intercedessem pelos sofrimentos do imperador em suas súplicas ao seu Deus.

De seu leito de morte ele emitiu um decreto que, ao mesmo tempo que condescendia pedindo desculpas pelas severidades passadas contra os cristãos, sob o argumentos falacioso de respeito pelo bem-estar público e unidade do estado, também admitia plenamente a total falha das severas medidas para a supressão do cristianismo, e estabelecia a liberdade e exercício público da religião cristã. Alguns dias após a promulgação do decreto, Galério expirou. Por cerca de seis meses as misericordiosas ordens desse decreto foram seguidas, e um grande número foi libertado das prisões e das minas; mas infelizmente, trazendo as marcas de torturas corporais à beira da morte. Esta breve cessação da perseguição mostrou, ao mesmo tempo, seu temível caráter e alarmante extensão.

Mas Maximino, que sucedeu Galério no governo da Ásia, buscou reviver a religião pagã em todo o seu esplendor original e suprimir o cristianismo com renovada e implacável crueldade. Ele comandou que todos os oficiais de seu governo, desde os mais altos até os mais baixos, tanto do serviço civil quanto do militar, que todos os homens e mulheres, todos os escravos, e até mesmo as crianças, deveriam sacrificar e até mesmo participar do que era oferecido nos altares pagãos. Todos os legumes e provisões no mercado deveriam ser aspergidos com a água e o vinho utilizados nos sacrifícios, para que os cristãos fossem assim forçados ao contato com as ofertas idólatras.

Novas torturas foram inventadas, e torrentes frescas de sangue cristão fluíram em todas as províncias do Império Romano, com a exceção da Gália. Mas a mão do Senhor foi novamente posta pesadamente tanto sobre o império quanto sobre o imperador. Todo tipo de calamidade prevaleceu. Opressão, guerra, pestilência e fome despovoaram as províncias asiáticas. Ao longo dos domínios de Maximino, as chuvas de verão não caíram; uma fome desolou todo o Oriente, muitas famílias opulentas foram reduzidas à mendicância, e outras venderam seus filhos como escravos. A fome foi acompanhada de suas usuais pestilências. Pústulas surgiram sobre todo o corpo daqueles atingidos pela enfermidade, mas especialmente sobre os olhos, de modo que multidões se tornaram cegas impotentes e incuráveis. Todos desanimavam, e todos os que conseguiam fugiam das casas infectadas, de modo que miríades foram deixadas a perecer em um estado de abandono absoluto. Os cristãos, movidos pelo amor de Deus em seus corações, começaram a exercer os bondosos ofícios da humanidade e misericórdia. Eles cuidavam dos vivos, e decentemente enterravam os mortos. O medo caiu sobre todos. Os pagãos concluíram que suas calamidades eram uma vingança do céu por perseguirem seu povo favorecido.

Maximino ficou alarmado, e esforçou-se, tarde demais, para refazer os seus passos. Ele emitiu um decreto admitindo os princípios de tolerância, e comandando a suspensão de qualquer medida violenta contra os cristãos, recomendando apenas meios suaves e persuasivos para reconquistar esses apóstatas da religião de seus antepassados. Tendo sido derrotado na batalha contra Licínio, ele voltou sua ira contra os sacerdotes pagãos. Ele os acusou de o terem enganado com falsas esperanças de vitória sobre Licínio, e do império universal no Oriente, e então vingou seu desapontamento por meio de um promíscuo massacre de todos os sacerdotes pagãos ao seu alcance. Seu último ato imperial foi uma promulgação de outro decreto ainda mais favorável aos cristãos, no qual ele proclamava liberdade irrestrita de consciência e restaurava as propriedades confiscadas de suas igrejas. Mas a morte veio e encerrou o sombrio catálogo de seus crimes, e também a sombria linha de imperadores perseguidores que morreram pelos mais excruciantes tormentos sob a divina mão do julgamento divino. Muitos nomes de grande fama, tanto por posição quanto por caráter, estão entre os mártires desse período, e muitos milhares, desconhecidos e despercebidos na terra, mas cujo registro está nas alturas, e cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro.

Assim encerra-se o mais memorável de todos os ataques dos poderes das trevas contra a igreja cristã, e assim encerra-se a última esperança do paganismo em manter-se pela autoridade do governo. O relato da mais violenta, mais variada, mais prolongada e mais sistemática tentativa de exterminar o evangelho já conhecida bem merece o espaço que a destinamos, de modo que não nos desculpamos por sua extensão neste texto. Vimos o braço do Senhor erguido de modo gracioso e solene para castigar e purificar Sua igreja, para demonstrar a imperecível verdade do cristianismo, e para cobrir com eterna vergonha e confusão seus audazes mas impotentes inimigos. Como Moisés, podemos exclamar: "E eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça" (Êxodo 3:2-4). Assim vemos o porquê da sarça não se queimar, ou o porquê de Israel não ter sido consumido no Egito , ou o porquê da igreja neste mundo não ter sido exterminada: Deus estava no meio da sarça, Ele está no meio de Sua igreja - ela é a habitação de Deus pelo Espírito. Além disso, Cristo disse claramente, referindo-se a Ele mesmo em Seu exaltado poder e glória: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O Início do Segundo Período da História da Igreja (por volta do ano 167 d.C.)

O reinado de Aurélio é marcado, sob a providência de Deus, por muitas e grandes calamidades públicas. Vemos a mão do Senhor em amor fiel castigando Seu próprio povo redimido e amado, mas Sua ira se acendia contra seus inimigos. O exército oriental, sob comando de Lúcio Vero, ao retornar da guerra contra os partos, trouxeram a Roma uma doença pestilenta que estava se espalhando pela Ásia, e que logo espalhou seus estragos por quase todo o Império Romano. Houve também uma grande inundação no Tibre, que deixou uma grande parte da cidade debaixo da água, e varreu imensas quantidades de grãos dos campos e armazéns públicos. Esses desastres foram naturalmente seguidos por uma fome que consumiu uma grande quantidade de pessoas.

Tais eventos não podiam deixar de aumentar a hostilidade dos pagãos contra os cristãos. Eles atribuíam todos os seus problemas à ira dos deuses, e supunham que a nova religião é que os tinha provocado. Foi assim que a perseguição aos cristãos no Império Romano começou pela população. O clamor contra eles se levantou por parte do povo e dos governantes. "Lancem os cristãos aos leões!" "Lancem os cristãos aos leões!" era o clamor geral: e assim os nomes dos mais proeminentes na comunidade eram exigidos com a mesma hostilidade incontrolável. Um fraco e supersticioso magistrado tremia diante da voz do povo, e se rendia como instrumento de sua vontade.

Mas vamos agora olhar mais de perto, sob a direção das várias histórias que temos ao alcance, para o modo como se dava essas perseguições, e para o comportamento dos cristãos sob elas.

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