domingo, 20 de julho de 2014

O Primeiro Mártir Cristão

Estêvão, diácono e evangelista, é o primeiro a receber a coroa do martírio pelo nome de Jesus. Ele permanece à frente do "nobre exército dos mártires". Ele é perfeito como uma figura - um protótipo de um verdadeiro mártir. Firme e inabalável em sua fé. Ousado e destemido diante de seus acusadores. Aguçado e fiel em sua defesa diante do Sinédrio. Livre da malícia em suas mais fortes declarações. Cheio de caridade para com todos os homens, ele sela seu testemunho com seu sangue, e então dorme em Jesus.

Em alguns aspectos, Estêvão lembra o próprio bendito Senhor. "Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (Atos 7:59), parece com "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lucas 23:46); e de novo, "Senhor, não lhes imputes este pecado" (Atos 7:60), lembra "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34), apesar de Estêvão não indicar a ignorância deles.

Já podemos ver que problemas, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora, atacam a jovem igreja. É verdade que a palavra de Deus aumentou, multidões foram convertidas, e uma grande parte dos sacerdotes eram obedientes à fé. Porém os gregos, ou helenistas (judeus de origem grega), murmuravam contra os hebreus (nativos da Judeia), porque suas viúvas eram negligenciadas na ministração diária. Isto levou à nomeação de sete diáconos (Atos 6). Pelos seus nomes aqui dados, parece que os sete escolhidos eram gregos - todos do lado dos murmuradores. Assim o Espírito de Deus dominou em graça. Estêvão era um deles, e neste caso, a palavra do apóstolo foi exemplificada: aqueles que "servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus." (1 Timóteo 3:13). Ele era cheio de fé e poder, e fazia grandes maravilhas e milagres entre o povo. A energia do Espírito Santo se manifestava especialmente em Estêvão.

Havia diferentes sinagogas em Jerusalém apropriadas para diferentes raças de judeus. Foram as sinagogas dos libertinos, dos cireneus, etc., que se opunham a Estêvão. Mas "não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava". Segue-se, então, o que tem geralmente acontecido com os que confessam a Jesus em todas as eras: incapazes de respondê-lo, eles o acusam perante o conselho. Falsas testemunhas são subornadas para jurar que eles o tinham ouvido falar "palavras blasfemas contra Moisés, e contra Deus", e que Jesus de Nazaré destruiria aquele lugar e mudaria os costumes entregues a eles por Moisés. O caso estava agora diante do Sinédrio - o julgamento começa. Mas o que seus juízes teriam pensado quando viram sua face radiante como a face de um anjo?

Temos o nobre discurso de Estêvão aos chefes da nação diante de nós. Convincente, desconcertante e esmagador. Sem dúvidas, foi um testemunho do Espírito Santo aos judeus, da boca de Estêvão, e ainda mais humilhante para os orgulhosos judeus: ouvirem sua condenação dos lábios de um helenista. Mas o Espírito de Deus, quando sem impedimentos pelos arranjos do homem, opera por quem Ele quer.

Estêvão recapitula, em linguagem ousada, os principais pontos de sua história nacional. Ele fala especialmente das histórias de José e de Moisés. O primeiro, seus pais {*os outros dos doze filhos de Jacó} o haviam vendido aos gentios, e o último desprezaram como príncipe e juiz. Ele também os acusa de sempre resistir ao Espírito Santo - de sempre desobedecerem a lei - e agora por terem sido os traidores e assassinos do Justo. Aqui a testemunha fiel de Cristo foi interrompida. Não lhe foi permitido terminar seu discurso - uma figura, tão verdadeira, do tratamento para com os mártires daqueles dias até hoje. Os murmúrios, a indignação, a fúria do Sinédrio, estavam fora de controle. "E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele." (Atos 7:54). Mas, em vez de dar prosseguimento ao discurso, ele entra em êxtase de coração ao Senhor e fixa seus olhos no Céu - o lar e centro de união para todo Seu povo.

"Eis que vejo", diz Estêvão, "os céus abertos" (Atos 7:56). Ele está cheio do Espírito Santo enquanto olha para o alto, e vê o Filho do homem de pé, ali, pronto para receber seu espírito. "Tal é", escreveu alguém, "a posição do verdadeiro crente - ligado ao Céu, bem acima da Terra - na presença do mundo que rejeitou a Cristo, um mundo assassino. O crente, vivo na morte, vê, pelo poder do Espírito, o Céu, e o Filho do homem à direita de Deus. Estêvão não diz 'Jesus'. O Espírito O caracteriza como 'o Filho do homem'. Que precioso testemunho para o homem! Não é sobre a glória que Ele aqui testifica, mas sim sobre o Filho do homem na glória, tendo os céus abertos diante dele... Quanto ao objeto de fé e a posição do crente, essa cena é definitivamente característica."

Eis o proeminente, o mais próximo ao trono
Perfeitas vestes triunfais trajando
Aí está o que mais ao mestre se assemelha
Este santo, este Estêvão que se ajoelha
Fixando o olhar enquanto os céus
Se abriam aos seus olhos que se fechavam
Que, tal como lâmpada quase apagada retoma seu fulgor,
E faz vê-lo o que a morte esconde a rigor.

Ele, que  parece estar na  terra
Há de voar como pomba vera
E da amplitude do céu sem nuvens
Extrair o mais puro dos ares
Para que os homens contemplem sua face angelical
Plena do resplendor da graça celestial,
Mártir íntegro, apto a se conformar
À morte de Jesus, vitória sem par!


(tradução livre da poesia constante da edição original em inglês)

Já examinamos, com certo cuidado e minúcia, a primeira seção da história da igreja. Temos sido os mais cuidadosos possível, uma vez que as histórias sobre a igreja, em geral, começam em um período posterior. A maioria começa onde as Escrituras terminam, ao menos quanto aos detalhes. Nenhuma das que temos referem-se a Mateus 16, e poucas tentam um exame crítico de Atos dos Apóstolos que, afinal, é a única parte de sua história que comanda nossa fé, e que tem uma reivindicação absoluta de nossa obediência.

No capítulo 8 encontramos o Espírito Santo em Samaria operando por Filipe. Ele tinha, por assim dizer, deixado Jerusalém. Isso marca uma época distinta na história da igreja, especialmente em sua conexão com Jerusalém. Deixemos, por enquanto, os judeus enfurecidos e perseguidores, e sigamos o caminho do Espírito à cidade de Samaria. Será, no entanto, de proveito olharmos por um momento ao que alguns têm chamado de a terceira perseguição.

8 comentários:

  1. todos dizem Estevão o primeiro marte, o primeiro não seria Jesus?..

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    1. Um mártir cristão é alguém que morre pela fé e pelo nome de Jesus. Neste sentido, Estêvão foi sim o primeiro "mártir cristão", pois Cristo é a própria Pessoa em quem o verdadeiro cristão (que significa "seguidor de Cristo") deposita sua fé, e Aquele a quem o cristão cultua.

      O Senhor Jesus foi um mártir no sentido de alguém que é torturado e sacrificado, mas Ele morreu por um propósito muito maior: para pagar por nossos pecados e satisfazer a justiça divina, que exigia o juízo pelos nossos pecados. Jesus não é o primeiro mártir cristão, pois Ele próprio é o Cristo que morreu no lugar do pecador, e por quem os mártires cristãos morrem. Um mártir cristão é aquele que se identifica perfeitamente com Cristo em sua rejeição neste mundo, a ponto de morrer como seu Salvador, e pelo seu Salvador.

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    2. Segundo o dicionário Aurélio, Martírio é tormentos e/ou morte infligidos a alguém em consequência de sua adesão a uma causa, a uma fé religiosa, à fé cristã.
      Logo o Martírio de Jesus foi diferente do de Estevão, pois ele morreu por conta da sua fé no próprio Jesus Cristo. A resposta de Helio Henrique está corretíssima. Esperamos ter esclarecido sua dúvida, José Carlos.
      Abraços!

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    3. Tenho uma dúvida. João Batista também foi morto, ele não seria o primeiro mártir?

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    4. Gostaria muito que me ajudassem nessa dúvida. João Batista também foi morto, não seria ele o primeiro mártir???

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    5. João Batista não pode ser considerado o primeiro mártir cristão pois quando ele morreu a igreja nem ainda existia. Ele foi um profeta de Israel, assim como os outros do Antigo Testamento. Quando se fala em "mártir cristão" pensa-se naqueles que morreram após a descida do Espírito Santo no dia de pentecostes (Atos 2), que foi o momento em que a igreja (conjunto de todos os salvos pela fé em Cristo, cuja vocação é celestial e cuja cidade está nos céus) passou a existir.

      Uma outra dica para você entender melhor que João Batista não é um mártir no que diz respeito à igreja, mas sim a Israel, é o fato de que o batismo de João não é o mesmo que o batismo cristão, pois vemos em Atos que os seguidores de João precisaram ser batizados de novo no batismo de Cristo (veja Atos 19:3-5). Isto não significa que João Batista não tenha sido salvo, mas que apenas não chegou a fazer parte da igreja, um povo criado após Jesus ter vindo para o que era seu (Israel) e os seus não o receberam. É preciso entender que Israel e igreja são povos distintos: o primeiro é terreno, com promessas e bênçãos terrenas, e a segunda é celestial, com vocação, promessas e bênçãos celestiais. Os justos do Antigo Testamento (incluindo João Batista, tendo sido um último profeta de Israel antes da vinda do Rei) também foram salvos, mas não fazem parte da igreja.

      Para entender melhor o papel e lugar de João Batista e a diferença entre Israel e igreja, sugiro a leitura dos seguintes links:

      http://www.respondi.com.br/2010/10/joao-batista-perdeu-salvacao.html
      http://www.respondi.com.br/2012/06/seria-igreja-continuacao-de-israel.html
      http://www.respondi.com.br/2005/06/o-que-o-evangelho-do-reino.html
      http://www.respondi.com.br/2013/06/a-lei-vigorou-ate-joao.html

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  2. Gostaria de saber mais sobre estevão,ele parecia ser em jovem ,ele conheceu jesus em vida? Me pareçe que morreu pouco tempo dspois de cristo.

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  3. Queria saber por que arrastaram estevaE para fora da cidade? E qual lugar foi apedrejado ? Obg

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