Mostrando postagens com marcador César. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador César. Mostrar todas as postagens

domingo, 25 de dezembro de 2016

A Doação Territorial de Carlos Magno

A real extensão de sua doação é muito difícil de determinar. Mas parece ser da opinião geral dos historiadores que ela incluía não apenas o exarcado de Ravena, mas os ducados de Espoleto e Benevento, Veneza, Istria, e outros territórios no norte da Itália -- em suma, quase toda a península com a ilha de Córsica. Todo Nabote foi roubado de sua vinha, e seu sangue derramado, para a gratificação da ambição de Jezabel, e para o estabelecimento de seu trono de iniquidade. Mas o marco da consumação e selo de toda a iniquidade foi o modo como o papa buscou reconciliar seu caráter de vicário de Cristo com sua nova posição. Como todos os homens estão sujeitos a Cristo, ele raciocinou, assim do mesmo modo eles são sujeitos ao Seu vicário e representante na terra em tudo o que pertence ao Seu reino. Mas este reino se estende sobre todos, portanto nada pertencente a este mundo ou seus assuntos podem estar acima ou além da jurisdição da cadeira de São Pedro. Nosso reino não é deste mundo; ele é, assim como Cristo, em todos, sobre todos e sobre tudo. De acordo com esta teoria, nenhum domínio secular deveria ser considerado inconsistente com a declaração do Salvador no que diz respeito ao Seu reino. É neste pressuposto ímpio, desde então, que os papas têm sempre agido. Daí sua interferência com o sacerdote e o povo, com o rei e o súdito, com a terra e o mar, sobre todo o mundo.

Carlos Magno visitou Roma novamente em 781, e uma terceira vez em 787, e em cada ocasião a igreja foi enriquecida por presentes, concedidos, como ele professava na linguagem da época, "para o bem de sua alma". Submergido em gratidão e plenamente consciente de sua própria necessidade um defensor permanente, o papa coroou Carlos Magno na véspera do Natal do ano 800 com a coroa do império ocidental, e o proclamou César Augusto. Um príncipe franco, um teutão, foi assim declarado o sucessor dos Césares, e empunhou todo o poder do imperador do Ocidente. "O império de Carlos Magno", diz Milman, "foi quase proporcional à Cristandade latina; a Inglaterra foi o único grande território que reconhecia a supremacia de Roma e não se sujeitou ao novo império ocidental"*. Este evento deu início a uma grande época nos anais da Cristandade romana.

{* Veja Milman, vol. 2. Greenwood, vol. 2.}

Devemos agora deixar o Ocidente por um tempo, e tornar nossa atenção para uma outra grande revolução religiosa que repentina e inesperadamente surgiu no Oriente -- o maometismo.

domingo, 24 de julho de 2016

Os Filhos de Constantino (de 337 a 361 d.C.)

Constantino, o Grande, foi sucedido por seus três filhos, Constantino II, Constâncio e Constante. Eles foram educados na fé do evangelho, e tinham sido nomeado Césares por seu pai, e em sua morte eles dividiram o império entre eles. Constantino II ficou com a Gália, Espanha e Grã-Bretanha; Constâncio ficou com as províncias asiáticas e com a capital, Constantinopla; e Constante ficou com a Itália e a África. O início do novo reinado foi caracterizado -- como era habitual naqueles tempos -- pela morte dos parentes que podiam um dia se provarem rivais ao trono. Mas juntamente com os velhos e usuais ciúmes e hostilidades políticas, um novo elemento agora aparece -- a controvérsia religiosa.

O filho mais velho, Constantino, era favorável aos católicos, e sinalizou o começo de seu reinado chamando Atanásio de volta, e colocando-o novamente como bispo de Alexandria. Mas em 340 Constantino II foi morto em uma invasão da Itália, e Constante tomou posse dos domínios de seu irmão, se tornando, assim, o soberano de dois terços do império. Ele era favorável às decisões do concílio de Niceia, e aderiu com firmeza à causa de Atanásio. Constâncio, sua imperatriz e a corte eram parciais ao arianismo. E assim a guerra religiosa começou entre os dois irmãos -- entre o Oriente e o Ocidente --- e foi levada adiante sem justiça ou humanidade, o que não tinha nada a ver com o espírito pacífico do cristianismo. Constâncio, como seu pai, interferiu tanto nos assuntos da igreja, que pretendia ser um teólogo, e durante todo o seu reinado o império foi incessantemente agitado pela controvérsia religiosa. Os concílios se tornaram tão frequentes que estabelecimentos públicos eram constantemente empregados para abrigar os bispos em contínua viagem; de ambos os lados, concílios foram reunidos para se oporem a outros concílios. Mas como o principal evento do período, assim como a linha prateada da graça de Deus, está conectada a Atanásio, retornaremos a sua história.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A Condição dos Cristãos Durante o Reinado de Trajano (98-117 d.C.)

Uma vez que a história externa da igreja tenha sido afetada pela vontade de um homem, será portanto necessário observar, embora brevemente, a disposição da paixão pelo governo do príncipe reinante. A condição dos cristãos em todo lugar dependia, em grande parte, daquele que era o mestre do mundo romano, e de certo modo do mundo todo. Ainda assim, Deus estava e está acima de tudo.

Trajano foi um imperador de grande renome. Talvez nunca mais alguém assim tenha se sentado no trono dos Césares. O mundo romano, dizem, alcançou seus mais amplos limites por suas vitórias. Ele fez com que o terror das armas e da disciplina romana fossem sentidas nas fronteiras, como nunca antes tinha sido feito. Ele foi, portanto, um grande general e soberano militar; e, possuindo uma grande e vigorosa mente, ele foi um governante capaz, fazendo Roma florescer sob sua influência. No entanto, na história da igreja, essa personagem aparece em uma luz menos favorável. Ele tinha um preconceito confirmado contra o cristianismo, e sancionou a perseguição aos cristãos. Alguns dizem que ele anelava a extinção desse nome. Esta é a mancha mais profunda que repousa sobre a memória de Trajano.

Mas o cristianismo, apesar dos imperadores romanos, das prisões romanas e das execuções romanas, prosseguiu em sua silente e firme caminhada. Em pouco mais que setenta anos depois da morte de Cristo, o cristianismo tinha feito tão rápidos progressos em alguns lugares que chegavam a ameaçar a queda do paganismo. Os templos pagãos estavam desertos, a adoração aos deuses foi negligenciada, e as vitimas para os sacrifícios eram raramente compradas. Isto naturalmente levantou um clamor popular contra o cristianismo, assim como houve em Éfeso: "E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada." (Atos 19:27). Aqueles cujo sustento dependia da adoração das divindades pagãs lançavam muitas e graves acusações contra os cristãos perante os governantes. Isto aconteceu mais especialmente nas províncias asiáticas onde o cristianismo foi mais prevalente.

Por volta do ano 110, muitos cristãos foram então levados perante o tribunal de Plínio, o Jovem, o governador de Bitínia e Ponto. Mas Plínio, sendo naturalmente um homem sábio, cândido e humano, teve o cuidado de se informar sobre os princípios e práticas dos cristãos. Quando ele descobriu que muitos deles foram condenados à morte, não tendo nada que os condenasse por qualquer crime público, ele ficou imensamente embaraçado. Ele não tinha tomado parte em tais assuntos antes, e nenhuma lei sobre o assunto existia até então. Os decretos de Nero tinham sido repelidos pelo Senado, e aqueles de Domiciano pelo seu sucessor, Nerva. Sob tais circunstâncias, Plínio buscou o conselho de seu mestre, o imperador Trajano. As cartas que eles trocaram, sendo justamente consideradas como os mais valiosos registros da historia da igreja durante aquele período, merece um lugar em nosso livro. Mas podemos apenas transcrever uma parte da celebrada epístola de Plínio, e principalmente aquelas partes que se referem ao caráter dos cristãos, e a extensão do cristianismo.

sábado, 5 de dezembro de 2015

A Ocupação de Paulo Durante Sua Prisão

Embora um prisioneiro, ele foi autorizado a manter livre relação com seus amigos, e foi então cercado de muitos de seus mais antigos e fiéis companheiros. Das Epístolas aprendemos que Lucas, Timóteo, Tíquico, Epafras, Aristarco e outros estavam com o apóstolo durante esse tempo. Ainda assim, devemos nos lembrar que ele estava, como prisioneiro, preso em cadeias a um soldado e exposto ao rude controle de tal. Devido ao longo atraso de seu julgamento, ele permaneceu nessa condição por dois anos, durante o qual ele pregou o evangelho e abriu as escrituras às congregações que vinham ouvi-lo. Ele também escreveu várias epístolas para as igrejas em lugares distantes.

Tendo plena e fielmente cumprido o dever que tinha para com os judeus, o povo favorecido de Deus, ele agora se dirige aos gentios, embora não deixasse totalmente de lado os judeus. Sua porta estava aberta de manhã até a noite para todos que quisessem vir e ouvir as grandes verdades do cristianismo. E, em alguns aspectos, ele nunca teve oportunidade melhor, uma vez que, sob proteção dos romanos, os judeus não tinham permissão para incomodá-lo.

Os efeitos da pregação de Paulo através da bênção do Senhor logo foram manifestos. Os guardas romanos, a família de César, e pessoas de "todos os demais lugares" foram abençoados através dele. "E quero, irmãos, que saibais", escreve ele aos filipenses, "que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; de maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares". E depois, o apóstolo diz: "Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César." (Filipenses 1:12,13; 4:22). A bênção parece ter sido primeiramente manifesta ao pretório, ou entre os guardas pretorianos. "As minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana", isto é, no alojamento dos guardas e tropas. O evangelho da glória que Paulo pregava foi ouvido por todos eles. Até mesmo o gentil prefeito romano Burrus, com seu amigo íntimo Sêneca, tutor de Nero, pode ter ouvido o evangelho da graça de Deus. Os modos corteses de Paulo, e suas grandes habilidades, tanto naturais quanto adquiridas, eram bem adequadas para atrair tanto o estadista quanto o filósofo. Sua estadia ali por dois anos lhe trouxe muitas oportunidades.

Ele deve ter ficado conhecido, podemos dizer, entre quase todos os guardas. Com cada mudança de guarda, a porta para o evangelho se abria cada vez mais. Estando constantemente preso a um dos soldados como sentinela, e sendo tal sentinela constantemente substituído, ele então se familiarizou com muitos; e com que amor, fervor e ardente eloquência ele deve ter falado com eles sobre Jesus e sobre a necessidade que tinham dEle! Mas devemos esperar até a manhã da primeira ressurreição para vermos os resultados da pregação de Paulo naquele lugar. O dia o declarará, e Deus terá toda a glória.

O apóstolo também nos faz saber que o evangelho tinha penetrado no próprio palácio. Havia santos na casa de César. O cristianismo foi plantado dentro das paredes imperiais, "e por todos os demais lugares". Sim, "por todos os demais lugares", disse o historiador sagrado. Não apenas Paulo estava trabalhando dentro dos recintos imperiais, como também seus companheiros, a quem ele chama de "cooperadores", estavam sem dúvidas pregando o evangelho "por todos os demais lugares", dentro e fora da cidade imperial, de modo que o sucesso do evangelho pudesse ser atribuído aos esforços de outros, assim como aos incansáveis esforços do grande apóstolo em seu cativeiro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Paulo Comparece Diante de Festo e Agripa

Imediatamente após a chegada de Festo à província, ele visitou Jerusalém. Lá, os líderes judeus aproveitaram a oportunidade para exigir o retorno de Paulo. Seus argumentos, sem dúvida, era de que ele deveria novamente ser julgado perante o Sinédrio, mas a verdadeira intenção deles era matá-lo no caminho. Festo recusou o pedido. No entanto, ele os convidou a ir com ele para a Cesareia e acusá-lo lá. O julgamento ocorreu e assemelhou-se ao que ocorreu diante de Félix. É bem evidente que Festo viu claramente que a verdadeira ofensa de Paulo estava ligada às opiniões religiosas dos judeus, e que ele não tinha cometido ofensa alguma contra a lei. Mas ao mesmo tempo, tendo desejo de agradar os judeus, pergunta a Paulo se ele não iria a Jerusalém para ser ali julgado. Isto era apenas um pouco melhor do que uma proposta de sacrificá-lo ao ódio judaico. Paulo, estando bem consciente disso, apelou de vez ao Imperador - "Eu apelo para César" (Atos 25:11).

Festo estava sem dúvidas surpreso com a dignidade e independência de seu prisioneiro. Mas era seu privilégio como cidadão romano ter sua causa transferida ao supremo tribunal do Imperador de Roma. "Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César? para César irás." (Atos 25:12).

Até onde os olhos do homem podem enxergar, este era o único recurso de Paulo sob tais circunstâncias. Mas a mão e propósito do Senhor estava nisto. Paulo deveria dar testemunho de Cristo e da verdade também em Roma. Jerusalém tinha rejeitado o testemunho aos gentios; Roma também deve ter tido sua porção na rejeição ao mesmo testemunho, se tornando também a prisão do testemunho. Mas em tudo isso Paulo é altamente favorecido pelo Senhor. Sua posição lembra a de seu bendito Senhor, quando Ele foi entregue aos gentios pelo ódio dos judeus. Apenas o Senhor foi perfeito em tudo isto, e Ele estava em Seu verdadeiro ligar diante de Deus. Ele veio para os judeus - esta era Sua missão. Paulo foi enviado dos judeus - tal era a diferença. Cristo se entregou a Si mesmo, como lemos: "Que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus" (Hebreus 9:14). Parte da comissão de Paulo é assim: "Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio" (Atos 26:17). Mas Paulo retornou àquele "povo" (os judeu) na energia de suas afeições humanas, após ter sido colocado fora deles na energia do Espírito Santo. Jesus tinha tirado ele de ambos judeus e gentios para exercer um ministério que unia ambos em um só corpo em Cristo. Como o próprio Paulo diz: "Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne" (2 Coríntios 5:16). Em Cristo Jesus não há judeu nem grego.

Vamos agora retomar a história do grande apóstolo.

Postagens populares