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domingo, 3 de junho de 2018

O Grande Concílio de Latrão (1139 d.C.)

Inocêncio, agora o indiscutível mestre de Roma, reuniu em Latrão um concílio geral. Nunca Roma ou qualquer outra cidade tinha presenciado um concílio com tantos participantes. Mil bispos e incontáveis dignatários eclesiásticos estavam presentes. Os discursos e os decretos ilustram  como era o cristianismo da época. A autoridade feudal do papa foi o grande assunto. Ele declarou que "na medida em que Roma é a metrópole do mundo, da qual todo poder terreno flui, assim também o trono pontifício é a fonte de toda a autoridade e dignidade eclesiástica; e que todo o cargo ou dignidade deve ser recebida das mãos do pontífice romano como um feudo da Sé Romana, e considerado como grande senhor feudal espiritual".

Como de costume em tais ocasiões, Inocêncio anulou todos os decretos de seu adversário Anacleto. Ele foi entregue aos reinos de Satanás, e os clérigos que dele tinham recebido a consagração cismática foram depostos. Eles foram convocados para aparecerem perante o papa vingativo, que atacou-os com censuras indignadas, tirou-lhes o bastão episcopal de suas mãos, arrancou-lhes a manta de seus ombros, e tirou deles os anéis episcopais. Depois disso, como se para consumar a mais vil hipocrisia, foi restabelecida em sua máxima extensão a "paz de Deus" -- uma cessação das brigas e conflitos privados. Mas o cânon que mais nos interessa nesse celebrado concílio foi dirigido contra uma classe de homens, que em pouco tempo se forçarão a tomar nossa atenção. "Expulsamos da igreja como hereges aqueles que, sob a aparência de religião, condenam o sacramento do corpo e do sangue de Cristo, o batismo de crianças, o sacerdócio", etc. Essa anátema, e aqueles contra a qual foi lançada, são como os tênues vestígios da aurora da grande luta pela liberdade religiosa que resultou na gloriosa Reforma.

O restante da vida desse miserável homem foi gasto quase que inteiramente em guerras, não obstante seu restabelecimento da "paz de Deus". Ele, de fato, liderou uma força armada contra Rogério da Sicília, o amigo de Anacleto, mas caiu como um prisioneiro de guerra nas mãos dos normandos. Intimidados pelo seu cativo sagrado, eles se curvaram diante dele, obtiveram sua bênção e o enviaram de volta para casa. Tal era a superstição dos reis, tal era a terrível iniquidade do papa. Mas sua vida se esgotava rapidamente, e logo ele estará diante do tribunal do Juiz de toda a terra. "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal" (2 Coríntios 5:10).

No dia 24 de setembro de 1143, o pontífice deu seu último suspiro, em meio ao tumulto da revolução e conflitos populares, e Celestino II reinou em seu lugar.

sábado, 8 de julho de 2017

A Heresia Simoníaca

No século XI conta-se que o sistema feudal atingiu sua maturidade, e o pecado da simonia -- ou a venda de benefícios eclesiásticos -- atingiu o ápice de sua impiedade. Nesse período a história nos informa que, desde o papado até a menor cura paroquial, toda dignidade espiritual tinha seu preço em dinheiro  e tornou-se um objeto de troca ou venda. Mesmo o bispado de Roma era tão notoriamente comprado e vendido nessa mesma época que houve três papas simultâneos: Bento IX, que ficava em Latrão; Silvestre III, que tinha o Vaticano; e Gregório VI, que tinha Santa Maria. Mas as discussões eram tão vergonhosas, e tão feroz era a guerra entre os papas e seus amigos, que os italianos imploraram para que o imperador Henrique III fosse a Roma e examinasse as reivindicações conflitantes dos três pontífices. Um concílio ocorreu em Sutri, por volta do ano 1044, quando as imoralidades mais inéditas e a mais flagrante simonia foram provadas contra os papas diante de Henrique. Qual dos três a alta igreja considerava, então, o legítimo sucessor de São Pedro, isso não sabemos; mas não pode haver dúvida de que eles eram todos descendentes lineares de Simão, o Mago, que pensava que o dom de Deus podia ser comprado com dinheiro. Poucos, muito poucos, eram os verdadeiros descendentes de Simão Pedro, que deixou tudo o que tinha e seguiu a Jesus.

O mal se espalhou e toda a ordem clerical foi afetada, se não corrompida, pelo pecado prevalecente. Quando o bispo descobria que tinha gasto demais com sua Sé, ele naturalmente aumentava o preço das posições inferiores para indenizar a si mesmo. Assim os grandes prelados da igreja estavam envolvidos no mais degradante tráfico e especulações secularizantes. Nada podia ser mais baixo, e isso abriu a porta da igreja para os piores dos homens. Leigos, sem educação ou religião; bárbaros, sem civilização, compravam ordens sagradas, e forçavam sua entrada nas sagradas fileiras do sacerdócio, e é claro, traziam com eles a pior impiedade do mundo, e as maiores enormidades dos pagãos. A simonia tornou-se, assim, o pecado abrangente desse período, e cada vício surgiu naturalmente dele. Nos esforçaremos agora em verificar sua origem.

domingo, 9 de abril de 2017

A Falsificação Papal

Mas a bondade de Carlos Magno apenas excitou a avareza e inveja dos gananciosos padres. Não contentes com suas propriedades e dízimos, eles aspiravam por uma posição muito superior à dos senhores leigos, e até mesmo superior à do próprio monarca. Estimulados por sucessos passados, eles então tentaram, por uma ousada falsificação, alcançar o objetivo de sua ambição secular. Um título de propriedade de poder quase imperial é então, pela primeira vez, após um período de 450 anos, trazido à luz. Por esse ato original de doação foi descoberto que tudo o que Pepino ou Carlos Magno tinham conferido à igreja de Roma não passava de uma parte da doação real para a cadeira de São Pedro feita pelo "piedoso imperador Constantino".

Como nosso principal objetivo através desse período da história da igreja é apresentar o verdadeiro caráter do sistema papal, os meios pelos quais ele alcançou sua incrível influência e poder, e os efeitos secularizantes da aliança da igreja com o Estado, copiamos, de Greenwood, a própria carta do papa. O leitor, sem dúvida, ficará surpreso em ver que qualquer homem com a menor pretensão possível de respeitabilidade -- ainda mais o "chefe da igreja" -- pudesse jamais ter fabricado tal documento, e isso somente para ganhar mais território e poder. Mas devemos nos lembrar que Tiatira era caracterizada pelas "profundezas de Satanás" (Ap 2:24), e assim tem sido o papado desde seu primeiro fôlego, e assim deve ser até que dê o seu último suspiro. Apocalipse 17 e 18 descrevem seu caráter e seu fim.

"Considerando", diz o papa Adriano, "que nos dias do bendito pontífice Silvestre, aquele tão piedoso imperador [Constantino], por sua doação, exaltou e ampliou a santa igreja católica e apostólica de Roma, dando a ela seu supremo poder sobre toda a região do Ocidente, assim agora vos suplicamos que, neste nosso mesmo feliz dia, a mesma santa igreja possa brotar e exultar, e ser cada vez mais e mais exaltada, de modo que todos os povos que dela ouvirem exclamem: 'Deus salve o rei, e nos ouça no dia em que te invocarmos!'. Pois eis que naqueles dias ergueu-se Constantino, o imperador cristão, por quem Deus concedeu todas as coisas a Sua santíssima igreja, a igreja do bendito Pedro, príncipe dos apóstolos. Tudo isso, e muitos outros territórios que imperadores, patrícios e outras pessoas tementes a Deus deram ao bendito Pedro e à santa igreja de Deus apostólica de Roma, para o benefício de suas almas e para o perdão de seus pecados, nas regiões da Toscana, Espoleto, Benevento, Córsega e Savona -- territórios que foram tomados e mantidos pelas ímpias nações dos lombardos -- que tudo isso nos seja restaurado nestes nossos dias, de acordo com o teor de tuas várias escrituras de doação depositadas em nossos arquivos, em Latrão. Com este fim, ordenamos a nossos enviados para que te mostrem tais escrituras, para tua satisfação, e em virtude delas, agora te rogamos que ordenes a restituição ininterrupta desse patrimônio de São Pedro que está em tuas mãos; que para tua conformidade nisto com a santa igreja de Deus, possa ser colocada em plena posse e gozo de seu inteiro direito; de modo que o próprio príncipe dos apóstolos possa interceder perante o trono do Todo-Poderoso por uma longa vida para ti, e prosperidade em todas as tuas obras."

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