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sábado, 22 de novembro de 2014

O Apóstolo Tomé

'Apostle Thomas', Nicolaes Maes, 1656,
 oil on canvas, Staatliche Museen, Kassel, Germany
O apóstolo Tomé foi convocado por nosso Senhor para o apostolado, sendo mencionado em várias listas apostólicas. Não somos informados de seu local de nascimento ou sobre seus pais nas Escrituras, mas a tradição diz que ele nasceu na Antioquia. Tudo o que sabemos dele com certeza é relatado por João. Mas embora nosso conhecimento sobre Tomé seja limitado, não há um caráter entre os apóstolos mais distintamente marcante do que o dele. De fato, seu nome se tornou, tanto na igreja quanto no mundo, um sinônimo de dúvida e incredulidade. Um famoso artista, tendo sido designado a produzir um retrato do apóstolo Tomé, o desenhou com uma régua na mão, no sentido de que ele media as evidências e argumentos. Sua mente era pensativa, meditativa, demorada para acreditar. Ele olhava para todas as dificuldades de uma questão e se inclinava a tomar o lado negro das coisas. Mas vamos olhar, por um momento, para o retrato que a pena da inspiração divina desenhou pelas seguintes três passagens:

1. Em João 11, seu verdadeiro caráter aparece distintamente. Ele evidentemente via a viagem proposta por nosso Senhor até a Judeia com os mais sombrios pressentimentos. "Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele." (João 11:16) Em vez de acreditar que Lázaro seria ressuscitado dos mortos, ele temeu que tanto o Senhor quanto Seus discípulos encontrariam suas próprias mortes na Judeia. Ele não conseguia ver nada em tal viagem além de um completo disastre. Isso também é característico. Ele tinha profunda afeição pelo Senhor, e tal era sua devoção que, embora a viagem pudesse custar a vida de todos eles, ele desejava ir.

2. A segunda vez em que ele é referenciado é após a Última Ceia (João 14). Nosso Senhor falava de sua partida, do lar que Ele iria preparar para eles no Céu, e que Ele viria de novo e os receberia para Ele mesmo, de modo que onde Ele estivesse eles estivessem também. "Mesmo vós sabeis para onde vou", acrescentou Ele, "e conheceis o caminho" (João 14:4). Mas para a mente do nosso apóstolo essas belas promessas apenas despertaram pensamentos sombrios sobre o invisível, o desconhecido e o futuro. "Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?" (João 14:5). Evidentemente, ele estava ansioso para ir, e sincero em seus questionamentos, mas ele desejava ter certeza do caminho antes de dar o primeiro passo. "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6). Contanto que o olho esteja fixo em Cristo, é impossível darmos um passo em falso. É apenas o olho que recebe a luz dos céus que lança seu brilho sobre todo o caminho.

3. A terceira vez foi após a ressurreição (João 20). Ele estava ausente quando o Senhor ressurreto apareceu pela primeira vez aos discípulos. Quando contaram a ele que eles tinham visto o Senhor, ele obstinadamente se recusou a acreditar no que eles diziam. Pelo que ele diz, podemos razoavelmente concluir que ele tinha visto o Senhor na cruz, e que tal esmagadora visão havia produzido uma profunda impressão em sua mente. "Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei." (João 20:25). No seguinte dia do Senhor (domingo), quando os discípulos estavam reunidos, Jesus apareceu no meio deles - Seu lugar apropriado como o centro da reunião. Novamente os saudou com as mesmas palavras de paz: "Paz seja convosco" (João 20:26). Mas logo Ele se dirige a Tomé. "Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente." (João 20:27). O efeito em Tomé foi imediato: todas as suas dúvidas foram removidas, e em verdadeira fé exclamou: "Senhor meu, e Deus meu!" (João 20:28) "Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram." (João 20:29)

Alguns têm pensado que a fé de Tomé, neste caso, se eleva muito acima da fé dos outros discípulos, e que nunca um testemunho tão elevado saiu dos lábios de um apóstolo. Esta opinião, embora seja comum, não pode ser fundada dado o contexto geral. Cristo, em resposta a Tomé, pronuncia que são mais abençoados aqueles que, não tendo visto, ainda assim creram. A fé de Tomé, naquele momento, mal podia ser chamada de fé cristã, como nosso Senhor evidentemente sugere. A fé cristã é crer naquEle que não temos visto - andando pela fé, e não pela vista.

Tomé, sem dúvidas, representa a mente devagar e incrédula dos judeus nos últimos dias, que acreditarão apenas quando verem (Zacarias 12). Ele não estava presente na primeira reunião dos santos após a ressurreição. O motivo nós não sabemos. Mas quem pode estimar a bênção que pode ser perdida pela ausência nas sancionadas reuniões dos santos? Ele perdeu as benditas revelações de Cristo quanto ao relacionamento com o Pai: "Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus." (João 20:17). Sua fé não está conectada com sua posição de filho. "Ele não tinha ainda apreendido a eficácia da obra do Senhor", disse alguém, "e do relacionamento com Seu Pai ao qual Jesus conduziu a Sua igreja. Talvez Tomé tivesse paz, mas ele perdeu de vista toda a revelação da posição da igreja. Quantas almas - até mesmo almas salvas - se encontram nessas duas condições!"

Os futuros trabalhos apostólicos de Tomé, e o fim de sua vida, são tão cheios de tradições e lendas que não podemos saber nada com certeza. Alguns dizem que ele esteve na Índia e alguns que ele esteve na Pérsia. Seu martírio, dizem, foi ocasionado por uma lança, e até hoje se comemora isto, em 21 de dezembro pela igreja latina, em 6 de outubro pela igreja grega, e em 1º de julho pelos indianos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Apóstolo Filipe

Nos três primeiros Evangelhos ele é apresentado nessa ordem. Ele é mencionado como sendo de Betsaida, a cidade de André e Pedro (João 1:44). É mais que provável que ele estivesse entre os galileus daquele distrito que se reuniram para ouvir a pregação de João Batista. Embora nenhuma parte da Palestina tenha sido tão mal falada como a Galileia, foi destes desprezados, mas simples, sinceros e devotos galileus que nosso Senhor escolheu Seus apóstolos. "Examina", disseram os fariseus, "e verás que da Galileia nenhum profeta surgiu" (João 7:52). Mas afirmações muito generalizadas, em geral, costumam ser falsas. "Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?" é uma amostra desse caráter.

Nada é dito na história do Evangelho sobre os pais de Filipe ou sua ocupação. O mais provável é que ele tenha sido um pescador, o comércio geral daquele lugar. A partir da similaridade da linguagem utilizada por Filipe e André, e por serem repetidamente mencionados juntos, podemos concluir que nosso apóstolo, assim como os filhos de Jonas e Zebedeu, eram amigos íntimos, e que eles todos estavam procurando e esperando pelo Messias. Mas, de todo o círculo dos discípulos de nosso Senhor, Filipe tem a honra de ser o primeiro a ser chamado. Os três primeiros tinham vindo a Cristo e conversado com Ele antes de Filipe, mas depois disso eles voltaram às suas ocupações e não foram chamados para seguir o Senhor até cerca de um ano mais tarde. Mas Filipe foi chamado de uma vez por todas. "No dia seguinte quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me." (João 1:43). Estas palavras, tão cheias de significado e rica bênção para a alma, "Segue-me", (cremos) que tenham sido as primeiras ditas a Filipe. Quando os doze foram especialmente separados de seus ofícios, Filipe foi contado entre eles.

Imediatamente após seu chamado, ele encontra Natanael e o leva a Jesus. É evidente, pela feliz surpresa que respira em sua informação, que eles já tinham conversado sobre essas coisas antes. Seu coração estava agora seguro de sua verdade, daí a alegria expressa nestas palavras: "Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José." (João 1:45). Há uma evidente sinceridade de coração em Filipe, embora pouco seja dito sobre ele nos Evangelhos. Nossa última menção a ele, assim como a primeira, é profundamente interessante. Tendo ouvido o Senhor se referir repetidamente ao Seu Pai em João 12, 13 e 14, Filipe manifestou um forte desejo de conhecer mais sobre o Pai. As comoventes palavras de nosso Senhor sobre Seu Pai parecem ter causado uma profunda impressão e admiração em seu coração. "Pai, salva-me desta hora" (João 12:27); "Pai, glorifica o teu nome" (João 12:28); "Na casa de meu Pai há muitas moradas" (João 14:2); sem dúvida, tais palavras penetraram profundamente nos corações de todos os discípulos. Mas há uma bela simplicidade sobre Filipe, embora carente de inteligência. "Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta." (João 14:8). Há uma evidente repreensão, se não uma reprovação, na resposta do Senhor a Filipe: "Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras." (João 14:9-10). Ele era a revelação do Pai em Sua própria Pessoa, e Filipe deveria sabê-lo. Ele já estava a muito tempo com Seus discípulos, e eles deveriam ter visto que Ele estava no Pai, e o Pai nEle, e que Ele iria para o Pai. Eles tinham tanto as "palavras" quanto as "obras" do Filho para convencê-los de que o Pai habitava nEle. Eles tinham ouvido Suas palavras, eles tinham visto Suas obras, eles tinham testemunhado Seu caráter, e essas coisas foram ajustadas e destinadas para trazer o Pai diante deles. Sua própria Pessoa era a resposta para qualquer pergunta. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Ele é o caminho - o único caminho ao Pai. Ele era a verdade: a verdade quanto a tudo e todos, como são, é apenas conhecida por Ele. Ele é a vida - "aquela vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada". Mas é apenas pelo ensino e poder do Espírito que Ele, que é "o caminho, a verdade e a vida", é conhecido e desfrutado. E deve haver sujeição de coração a Cristo se desejamos conhecer o ensino do Espírito.

Após tal profundamente interessante e instrutiva conversa com o Senhor, tudo é incerto quanto ao resto da história de Filipe - seu nome desaparece da narrativa dos Evangelhos. Ele estava ainda entre os apóstolos em Atos 1:13. A tradição tem confundido, tão frequentemente, o Filipe evangelista com o Filipe apóstolo, que tudo é incerto. Sem dúvidas seus dias restantes foram gastos no serviço devoto ao seu Senhor e Salvador, mas em que lugar é difícil determinar. Alguns pensam que a Ásia foi o cenário de seus primeiros labores, e que no final de sua vida ele esteve em Hierápolis, na Frígia, onde sofreu um cruel martírio.

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