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sábado, 10 de setembro de 2016

Reflexões sobre a História do Batismo Infantil

O suficiente, cremos, para o presente propósito, foi dito sobre o assunto do batismo infantil. O leitor tem diante de si o testemunho das mais confiáveis testemunhas para os primeiros duzentos anos de sua história. A prática parece ter tomado sua ascensão e derivado toda a sua incrível influência com base na interpretação errônea de João 3:5: "Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus". Argumentava-se, a partir desta passagem, que o batismo era necessário para a salvação e todas as bênçãos da graça. A eficácia do sangue de Cristo, o poder purificador da palavra de Deus, e as operações graciosas do Espírito Santo, foram todas atribuídas à devida observância do batismo externo. E não é preciso muito esforço para perceber o lugar que isso tomou na igreja professa nesses últimos 1600 anos*, ou para perceber sua influência em todas as classes e épocas, embora muitos não cressem na regeneração batismal.

{* N. do T.: o livro foi escrito no século XIX}

Dr. Wall afirma que os antigos cristãos, sem exceção de um homem sequer, ensinavam que essas palavras do Salvador se referiam ao batismo. Ele acredita que Calvino foi o primeiro homem a se opôr a essa interpretação, ou o primeiro a se recusar a aceitar a passagem como um ensino da necessidade do batismo para a salvação. Supondo que essas afirmações estejam corretas, elas provam que a grande estrutura eclesiástica que se ergueu sobre o batismo foi fundada sobre uma má interpretação. A igreja de Roma, os luteranos, os gregos, os anglicanos, continuam a seguir os "pais" nesta aplicação errada da verdade. "Devemos então", diz Hooker, referindo-se à nova interpretação de Calvino sobre João 3:5, "considerar que aquilo que sempre foi interpretado de uma determinada maneira e não de outra, seja agora aceito sob o disfarce de uma capa de novidade? Deus adotou o batismo, não apenas como um símbolo ou emblema do que recebemos, mas também como um instrumento ou meio pelo qual recebemos a graça". O bispo Burnet também observa, falando dos tempos antigos: "As palavras do nosso Salvador a Nicodemos foram expostas de modo a dar a entender a absoluta necessidade do batismo para a salvação. Essas palavras 'o reino de Deus', tomadas com o significado de glória eterna, essa expressão de nosso Salvador era entendida como querendo dizer que nenhum homem podia ser salvo a menos que fosse batizado", etc.* Calvino ensinava que os benefícios do batismo eram limitados aos filhos dos eleitos, e assim introduzia-se a ideia do cristianismo hereditário. Os presbiterianos seguem Calvino e, como consequência de seu ensinamento, a circuncisão se torna tanto a justificativa como a regra para o batismo infantil. Mas alguns de nossos leitores podem estar ansiosos por saber o que acreditamos ser a verdadeira interpretação de João 3:5, visto que tanta coisa é construída encima deste versículo.

{* Política Eclesiástica, de Hooker, livro 5. Burnet em Artigos, artigo 27.}

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