Mostrando postagens com marcador imposição de mãos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador imposição de mãos. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de agosto de 2014

Jerusalém e Samaria Unidas pelo Evangelho

O amargo ciúme que existia entre judeus e samaritanos tinha sido, por muito tempo, proverbial; tanto que lemos: "os judeus não se comunicam com os samaritanos". Mas agora, em conexão com o Evangelho da paz, essa raiz de amargura desaparece. No entanto, na sabedoria dos caminhos de Deus, os samaritanos devem esperar pela mais elevada bênção do Evangelho até que os crentes judeus - os apóstolos da igreja em Jerusalém - impusessem suas mãos sobre eles, e oferecessem orações por eles. Nada pode ser mais profundamente interessante do que esse fato, quando tomamos em consideração a rivalidade religiosa que tinha sido, por tanto tempo, manifesta por ambos. Se Samaria não tivesse recebido essa lição oportuna de humildade, ela poderia ter sido descartada, mais uma vez, por manter sua orgulhosa independência de Jerusalém. Mas o Senhor não teria deixado assim. Os samaritanos tinham crido, se regozijado, e foram batizados, mas ainda não tinham recebido o Espírito Santo. "Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo." (Atos 8:14-17)

Identificação é a grande ideia da imposição de mãos, e unidade é a consequência do dom/dádiva do Espírito Santo. Esses são fatos importantes em conexão com o progresso da igreja. Samaria é, então, trazida à feliz associação com seu antigo rival, e feita uma só com a igreja em Jerusalém. Não há, na mente de Deus, pensamentos sobre uma assembleia ser independente da outra. Se elas tivessem sido abençoadas separada e independentemente, sua rivalidade poderia se tornar maior que nunca. Mas não deveria mais ser assim: "Nem neste monte nem em Jerusalém" (João 4:21), mas uma só Cabeça no Céu, um só corpo na Terra, um só Espírito, uma só família redimida adorando a Deus em espírito e em verdade, porque o Pai procura os que assim O adoram*.

{* Veja Lecture 6 de Atos 2, 8, 10, 19. Lectures on the New Testament Doctrine of the Holy Spirit, por W. Kelly. }

Para saber mais sobre a origem da mistura de povos e sobre a adoração de Samaria, leia 2 Reis 17. Eles eram apenas "metade" judeus, apesar de se gabarem por sua relação com Jacó. Eles consideravam os cinco livros de Moisés sagrados, mas subestimavam o restante da Bíblia. Eles eram circuncidados, guardavam a lei de maneira não muito fiel, e esperavam a vinda de um Messias. A visita pessoal do bendito Senhor a Samaria é do mais profundo e tocante interesse (João 4). Da fonte na qual Ele descansou diz-se que "ficava em um vale entre as duas famosas montanhas Ebal e Gerizim, onde foi lida a lei. Sobre este último estava o templo rival dos samaritanos, que por tanto tempo afligiu os judeus mais zelosos por sua ousada oposição ao único santuário escolhido, no Monte Moriá."

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O Selo dos Gentios

Observe, então, esse importante fato conectado à introdução dos gentios à igreja - eles recebem o dom/dádiva do Espírito Santo simplesmente por meio da pregação da Palavra. Em Jerusalém, os judeus foram batizados antes de terem recebido o Espírito Santo. Em Samaria, os samaritanos foram não apenas batizados, mas tiveram que passar pela imposição de mãos dos apóstolos com oração, antes de receberem o Espírito Santo. Mas em Cesareia, sem batismo, sem imposição de mãos e sem oração, a mais rica bênção cristã foi dada aos gentios, embora a doutrina da igreja como o corpo de Cristo ainda não ter sido revelada.

A graça de Deus, assim apresentada aos gentios no início da dispensação, a tem caracterizado desde então. Somos gentios: não somos judeus nem samaritanos. Portanto os caminhos de Deus em graça, e Sua ordem de coisas para com os gentios, têm uma aplicação especial para nós. Não há exemplo registrado pelos historiadores inspirados de alguém que tenha sido batizado sem professar fé em Cristo, mas se formos seguir o padrão de coisas em Cesareia, devemos procurar pelo selamento assim como pela vivificação - para a paz com Deus, assim como para a fé em Cristo antes do batismo. O caso de Cornélio se situa justamente no início de nossa dispensação. Foi a primeira expressão de graça endereçada diretamente aos gentios e, certamente, deveria ser um modelo para pregadores e discípulos gentios. Quando a Palavra de Deus que foi, naqueles dias, pregada a Cornélio é, hoje, crida, podemos garantir que teremos os mesmos efeitos, isto é, a paz com Deus..

Pregar, crer, selar, batizar, é a ordem divina das coisas aqui. Deus e Sua Palavra nunca mudam, embora os "tempos mudam", como dizem os homens, assim como as opiniões humanas mudam, e as observâncias religiosas mudam. Mas a Palavra de Deus - nunca. Judeus, gentios e samaritanos professaram fé em Cristo antes de serem batizados. De fato, o batismo presume vida eterna adquirida pela fé, e não transmitida após o ato de batizar, como ensinam os católicos e anglicanos. "A graça e a vida são comunicadas por meio de sacramentos", dizem eles, "e só podem ser efetuadas por esses meios, independente de qualquer exercício de intelecto da parte da pessoa trazida à união. O santo batismo é o meio pelo qual uma vida nova e espiritual é conferida ao receptor." *

{*The Church and the World, páginas 178-188.}

Tais noções - nem precisamos comentar muito - são totalmente contrárias às Escrituras. O batismo não concede nada. A vida é concedida por outros modos, como as Escrituras claramente ensinam. A conversão, ou "nascer de novo", é efetuada, em todos os casos, sem exceção, pelo Espírito Santo. Como lemos em 1 Pedro: "Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro. Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre." (1 Pedro 1:22-23). Aqui, a verdade do evangelho é vista como o meio, e o Espírito Santo como o poder, da conversão. Cristo, ou Deus em Cristo, é o novo objetivo da alma. É pelo Espírito e pela verdade de Deus que tal bendita mudança é efetuada. Àqueles que confiam nas águas do batismo como o meio de efetuá-la, sinto-lhes dizer, estão em uma grande e fatal engano.

{* As seguintes breves declarações dos "pais" do quarto século, sobre o assunto do batismo, mostrará aos leitores as fontes, ou autoridades, de muito do que se dizia e fazia naqueles dias pelos ritualistas. Note que a autoridade das Escrituras é totalmente posta de lado: "Na Páscoa, e no Pentecostes, e em alguns lugares na Epifania, o rito do batismo era administrado publicamente - isto é, na presença dos fiéis - a todos os convertidos naquele ano, com exceção de alguns que tiveram a oportunidade de participar da cerimônia sem atraso, ou quando o cristão deixava para fazê-lo apenas próximo ao final de sua vida, como o exemplo de Constantino: uma prática há muito tempo condenada pelo clero. Mas o fato do atraso demonstra quão profundamente a importância e eficácia do rito era enraizada na mente cristã. Significava uma completa purificação da alma. O neófito (novo convertido) emergia das águas do batismo em um estado de perfeita inocência. A pomba - o Espírito Santo - constantemente pairava sobre a fonte, santificando as águas para a misteriosa lavagem de todos os pecados da vida passada. Se a alma não sofresse nenhuma culpa posterior, ela passaria de uma vez por todas para o reino de pureza e felicidade, isto é, o coração seria purificado, com entendimento iluminado e o espírito revestido de imortalidade.

"Vestido em branco, emblemático da pureza imaculada, o candidato se aproximava do batistério - que em igrejas maiores era um edifício separado. Lá, ele proferia os solenes votos de que se comprometeria com sua religião. O gênio simbolizante do Oriente adicionou algumas cerimônias significativas. O catecúmeno (um dos primeiros estágios da instrução cristã) se virava para o Ocidente, o reino de Satanás, e renunciava três vezes ao seu poder. Então se virava para o Oriente para adorar o Sol da Justiça, e para proclamar seu pacto com o Senhor da vida. O místico número três prevalecia em tudo: o voto era triplo, e três vezes pronunciado. O batismo se dava geralmente por imersão. O despir das roupas era emblemático do 'tirar o velho homem', mas o batismo por aspersão era permitido, de acordo com a exigência do caso. A água em si se tornava, na vívida linguagem da igreja, o sangue de Cristo: era comparada, por uma fantasiosa analogia, com o Mar Vermelho. A ousada metáfora de alguns dos 'pais' parece afirmar uma transmutação da cor da água.

"Quase todos os 'pais' dessa era, como Basílio, os dois Gregórios, Ambrósio, etc., tinham escrito tratados sobre o batismo, e rivalizaram, por assim dizer, uns com os outros em seus louvores sobre a importância e eficácia do batismo. Gregório de Nazianzo quase esgota a copiosidade da língua grega ao falar do batismo." - A História do Cristianismo por Milman, vol. 3}

No caso dos gentios em questão aqui, ainda mais que vida era possuída antes do batismo ser administrado. Eles tinham o selo de Deus. O batismo é o sinal da plena libertação e salvação garantidas ao crente pela morte e ressurreição de Cristo. Cornélio tinha vida, era um homem devoto, mas ele deveria ouvir de Pedro as palavras pelas quais ele seria salvo e totalmente liberto. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento ensinam essa bendita verdade da maneira mais clara possível. Israel, como um povo típico, após ter sido trazido a Deus e protegido pelo sangue do cordeiro no Egito, foi batizado a Moisés na nuvem e no mar. Assim eles foram libertos do Egito e viram a salvação de Jeová. Novamente, Noé e sua família foram salvos através do dilúvio - não por ele. Eles deixaram o velho mundo, passaram através das águas da morte, e pousaram em uma nova condição de coisas. "Como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, ... pela ressurreição de Jesus Cristo." (Êxodo 14; 1 Pedro 3:21)

Mas qual era a palavra, alguns poderiam perguntar, que Pedro pregou, e que foi acompanhada de tal notável bênção? Ele pregou paz por Jesus Cristo como o Senhor de tudo. Cristo ressuscitado, exaltado e glorificado foi o grandioso objeto de seu testemunho. Ele o resume com essas palavras: "A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome." (Atos 10:43). Então segue-se a bênção. Os judeus que estavam presentes ficaram atônitos, mas se curvam, e reconhecem a bondade de Deus para com os gentios. "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus. Respondeu, então, Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo? E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias." (Atos 10:44-48)

Vamos, agora, refazer um pouco nossos passos e observar alguns dos principais eventos que, por ordem, precedem o capítulo 10.

sábado, 12 de julho de 2014

O Chamado Dirigido aos Gentios

Cornélio, o centurião, um homem devoto, e aqueles que estavam com ele, são agora recebidos na igreja de Deus. Pedro havia dado a entender tal chamado em seu primeiro discurso. Ele é agora convocado por Deus, de um modo especial e com indicações especiais de Seu propósito, para abrir a porta àqueles gentios tementes a Deus. Até esse momento a igreja consistia principalmente, se não exclusivamente, de judeus. Mas Deus tratou carinhosamente com seu povo antigo, considerando seus preconceitos nacionais. "Cornélio, ... piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus." (Atos 10:1-2). Eles não podiam ter qualquer objeção, de modo pessoal, quanto a receber tal pessoa. Assim, Deus é gracioso, terno e misericordioso. Mas nenhuma dúvida foi deixada na mente de Pedro quanto à vontade divina. Deus graciosamente silenciou seus raciocínios, e venceu sua relutância com a suave repreensão: "Não faças tu comum ao que Deus purificou".

Pedro agora procede, embora lentamente. Era um novo tipo de trabalho para ele. Mas nada parece mais surpreendente a Pedro do que o fato de que os gentios deveriam ser trazidos à benção sem ao menos se tornarem judeus ou se submeterem a qualquer ordenança judaica. Isto, para Pedro, para os gentios, e em si mesmo, foi um imenso passo. Isso ataca a própria raiz do papado, do puseísmo*, da sucessão apostólica, e de qualquer sistema de ordenanças. Nesse fato, uma enxurrada de luz é derramada sobre o caráter da presente dispensação. "E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo." (Atos 10:34-35). Claramente, não era mais necessário se tornar judeu ou se submeter aos ritos e cerimônias externas do judaísmo para desfrutar das mais ricas bênçãos do Céu. Sem a imposição das mãos apostólicas - embora o próprio Pedro, em poder e autoridade divina, estivesse presente - e antes de serem batizados com água, eles foram batizados com o Espírito Santo. Enquanto a palavra de Deus saía dos lábios de Pedro, o Espírito Santo desceu sobre todos que o ouviam. Antes disso, no entanto, uma obra abençoada, por meio da graça de Deus, vinha acontecendo no coração de Cornélio: ele era uma alma divinamente vivificada.

As operações de vivificação do Espírito são bem distintas de ser selado com o Espírito. Antes que o Espírito Santo possa selar, deve haver algo para Ele selar. Ele não pode selar nossa velha natureza. Deve haver uma nova natureza para Ele selar. Portanto, deve haver um momento na história de cada cristão quando ele é vivificado, mas não ainda selado. Porém, mais cedo ou mais tarde a obra estará completa (Efésios 1:13). Por exemplo, o filho pródigo foi vivificado, ou convertido, quando ele deixou o país distante, mas ele ainda era estranho ao amor e graça do Pai e, consequentemente, ainda não tinha fé para descansar calmamente em Cristo como a fonte de toda a bênção. Ele era ainda um incrédulo, embora vivificado. Certamente ele não foi selado com o Espírito, quanto ao seu perdão e aceitação, até o momento em que recebeu o beijo de reconciliação, ou o anel, o símbolo do eterno amor. O Evangelho da salvação é mais que uma preocupação pela alma, ainda que seja legítima. A incredulidade, que desonra a Cristo, pode acompanhar, por um certo tempo, uma obra genuína do Espírito de Deus na alma. O filho pródigo tinha uma certa crença de que havia algo de bom no coração de seu Pai, o que o leva a se aproximar, mas certamente ainda carecia da plena fé no evangelho. "Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro." (João 3:33). Onde quer que haja fé em Cristo e em Sua obra, lá está o selo de Deus. O próprio Paulo esteve, pelo menos, três dias no mais profundo exercício de alma, sem a paz e o descanso que o selo do Espírito Santo proporciona. "E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu." (Atos 9:9)

Retornemos, agora, ao ponto principal que temos diante de nós.

{* Puseísmo: Movimento religioso renovador, promovido pelo teólogo inglês Eduardo Pusey, que levou para o catolicismo uma fração da Igreja anglicana. }

Postagens populares