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domingo, 7 de janeiro de 2018

Jerusalém nas Mãos dos Cristãos

Jerusalém, que esteve sob domínio muçulmano desde a conquista de Omar em 637, passou novamente para as mãos de cristãos; e oito dias depois desse memorável evento os chefes vitoriosos prosseguiram à eleição de um rei. Pela voz livre e unânime do exército, Godofredo de Bulhão foi proclamado o mais digno campeão da Cristandade e rei de Jerusalém. Mas o humilde e piedoso peregrino, enquanto aceitava o lugar de responsabilidade, recusou o nome e as insígnias da realeza. Como poderia ele ser chamado rei e vestir uma coroa de ouro, quando o Rei dos reis, seu Salvador e Senhor, tinha usado uma coroa de espinhos? Ele se contentou com o título mais humilde de Defensor e Barão do Santo Sepulcro.

Mal tinha Godofredo sentado em seu trono quando foi novamente convocado para campo. Uma grande força de sarracenos do Egito avançavam para vingar a perda de Jerusalém. Mas novamente os cruzados foram vitoriosos no que é chamada a Batalha de Ascalão. Uma vez considerada segura sua posição na Cidade Santa, a maior parte do exército se preparou para voltar à Europa. Após subirem na colina do Calvário, em meio a altos cânticos de hinos do clero, banhando com lágrimas o solo santo, banhando-se no Jordão, carregando com eles ramos de palmeiras de Jericó, e inumeráveis relíquias, eles se prepararam para voltar para casa. Dentre os que retornaram estava Pedro o Eremita, que passou o resto de seus dias em um monastério fundado por ele próprio, em Huy, perto de Liège, até sua morte em 1115.

Trezentos cavaleiros e dois mil soldados a pé foi tudo o que Godofredo reteve para a defesa da Palestina. Mas o recém-nascido reino logo seria atacado por um novo inimigo, e um com quem estamos muito bem familiarizados -- um padre voraz de Roma. No nome do papa, ele foi nomeado Patriarca de Jerusalém, e reivindicou tantas riquezas e propriedades para a Igreja que o Estado foi deixado, de fato, pobre. O piedoso Godofredo submeteu-se; tanto ele como Boemundo receberam investidura do padre, e assim o cetro de Jerusalém caiu em suas mãos, ou melhor, foi confiscado pelo ambicioso papa. Cansado com todos os seus labores, e sentindo que sua grande obra estava então realizada, Godofredo estava pouco disposto a lutar contra o padre, e assim permitiu-lhe usurpar e colocar-se sobre a jurisdição, tanto nos assuntos espirituais quanto seculares. Os cristãos gregos foram perseguidos pelos latinos como cismáticos; e, é claro, a brecha se alargou entre o Oriente e o Ocidente.

Após estabelecer a língua francesa, e estabelecer a fundação de um código de leis, mais tarde famosa sob o nome de "Assizes de Jerusalém", e mantendo sua dignidade por pouco mais de um ano, o bravo e vitorioso Godofredo -- o verdadeiro herói da cruzada -- morreu em 17 de agosto, em 1100 d.C.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Os Lugares Sagrados

Desde os primórdios da cristandade, peregrinações à Terra Santa tornaram-se uma paixão dominante entre os mais devotos e supersticiosos. Jerome fala de multidões que, vindos de todos os lados, se aglomeravam nos lugares sagrados. Mas a suposta descoberta do verdadeiro sepulcro, o local de enterro da verdadeira cruz, e a magnifica igreja construída sobre o sepulcro pela devota Helena e seu filho Constantino, despertaram em todas as classes um entusiasmo selvagem de visitar a Terra Santa. Desde essa época (326 d.C.), o fluxo de peregrinações continuou, aumentando cada vez mais, até o período em que Jerusalém foi capturada pelos muçulmanos sob o califa Omar, em 637. Os peregrinos eram protegidos e cuidados pelo caminho quando encontravam as privações e perigos de uma longa viagem. Mas sob o governo muçulmano eles foram impedidos de entrarem na cidade santa, a menos que comprassem o privilégio pagando tributo aos califas. A partir desse momento, os piedosos logo começaram a se juntar em números reduzidos para realizar suas devoções no santo sepulcro.

Por volta do ano 1067, uma nova raça de conquistadores ganhou a posse da Palestina, que provaram ser mestres ainda mais duros que os sarracenos. Estes eram os seljúcidas, uma tribo de tártaros, hoje familiarmente conhecidos como turcos. Eles vieram originalmente de Tartária. Eles abraçaram a religião islâmica, e tornaram-se então islâmicos mais fanáticos do que os árabes que seguiam o 'profeta'. No entanto, ao zelo intolerante de recém-convertidos ao Islã eles combinaram a tirania e desumanidade dos bárbaros. Sob esses novos senhores da Palestina, a condição dos habitantes e peregrinos cristãos foi grandemente alterada para pior. No lugar de serem tratados meramente como súditos tributários, eles foram desprezados como escravos, e os peregrinos expostos a severas perseguições.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Monotelismo e Iconoclastia

Enquanto os árabes sob Abu Bakr e Omar estavam invadindo os países gregos, e arrancando província após província do império, o imperador contentou-se em enviar exércitos para repeli-los e permaneceu em sua capital para a discussão de questões teológicas. Desde a conclusão de suas guerras bem-sucedidas contra a Pérsia, a religião tinha se tornado quase o objetivo exclusivo de sua solicitude. Duas grandes controvérsias estavam, no momento, agitando todo o mundo cristão. A primeira dessas, a assim chamada controvérsia monotelista, pode ser descrita, em geral, como um reavivamento, sob uma forma um pouco diferente, da velha heresia monofisita, ou de Eutiques. Sob o nome geral dos monofisitas estão compreendidos os quatro principais ramos de separatistas da igreja oriental: os jacobitas sírios, os coptas, os abissinianos e os armênios. O originador dessa numerosa e poderosa comunidade cristã foi Eutiques, abade de um convento de monges em Constantinopla, no século V. Os monofisitas negavam a distinção das duas naturezas em Cristo; os monotelitas, por outro lado, negavam a distinção da vontade, divina e humana, no bendito Senhor. Uma tentativa bem-intencionada, porém frustrada, do imperador Heráclito, foi reconciliar os monofisitas à igreja grega. Mas, como o som da controvérsia é raramente ouvido dentre os sectários orientais após esse período, e como um relato detalhado de suas disputas não seria de nenhum interesse aos nossos leitores, deixamos isto para as páginas da história eclesiástica.*

{* Para maiores detalhes sobre as diferentes seitas, veja Dicionário das Igrejas Cristãs e Seitas, de Marsden, e Crenças do Mundo, de Gardner.}

A iconoclastia, ou o surto de destruição de imagens, merece uma consideração mais detalhada. Ela penetrou no coração da Cristandade como nenhuma outra controvérsia tinha feito até então, e forma uma importante época na história da Sé Romana. Jezabel agora aparece em suas verdadeiras cores, e, deste momento em diante, seu caráter maligno é indelevelmente estampado no papado. Os papas que então preenchiam a cadeira de São Pedro defendiam e justificavam abertamente a adoração a imagens. Este foi, certamente, o início do papado -- a maturidade do sistema de desonra a Deus. Os fundamentos do papado foram descobertos, e assim tornou-se evidente que a perseguição e a idolatria eram os dois pilares sobre os quais seu domínio arrogante repousava.

Os Sucessores de Maomé

Após a morte do profeta, a guerra foi declarada contra a humanidade por seus sucessores, os califas. Os principais destes foram Abu Bakr, o sábio; Omar, o fiel; Ali, o bravo; Khaled, a espada de Deus. Estes eram os companheiros e parentes mais velhos do profeta. Em poucos meses após sua morte esses generais foram seguidos por multidões do deserto e invadiram as planícies da Ásia. A história dessas guerras, embora tenham afetado profundamente o progresso do cristianismo, não se encontra no escopo deste livro. Mas, como muitas nações e multidões do povo do Senhor foram vítimas desse temível flagelo, merece uma breve consideração. Muitos creem que os gafanhotos sarracenos eram um cumprimento parcial de Apocalipse 9:1-12.

Os pagãos perseguidos, como Cosroes II, o rei infiel e desafiante da Pérsia, e os cristãos meramente nominais, foram igualmente castigados por Deus por meio dos sucessores de Maomé; mas os orgulhosos bispos e padres foram os objetivos especiais de sua vingança. "Não destruam as árvores de fruto nem os campos férteis em seu caminho", disseram os califas, "sejam justos, e poupem os sentimentos dos vencidos. Respeitem todas as pessoas religiosas que vivem como ermitões ou em conventos, e poupem seus edifícios. Mas se encontrarem com uma classe de incrédulos de um tipo diferente, que andam por aí com coroas raspadas e pertencem à sinagoga de Satanás, certifiquem-se de racharem seus crânios, a menos que abracem a verdadeira fé ou rendam tributo". E assim a poderosa horda seguiu com um entusiasmo que nada podia deter. "A Síria caiu; a Pérsia e o Egito caíram; e muitos outros países se renderam ao poder deles". Muitas grandes cidades, tais como Jerusalém, Bosra, Antioquia, Damasco, Alexandria, Cirene e Cartago caíram nas mãos deles. Eles também invadiram a Índia, atacaram a Europa e a Espanha, e alcançaram até mesmo às margens do Loire; mas ali foram derrotados e expulsos por Carlos Martel no ano 732. Vamos tomar nota mais a fundo apenas do tratamento deles sobre os vencidos no caso de Jerusalém.

No ano 637 Jerusalém caiu nas mãos do califa Omar, que construiu uma mesquita no local do templo. Todo o povo daquela cidade culpada foi reduzido a uma casta desprezível e marcada pelo arrogante conquistador. Em todo lugar eles deviam honrar os muçulmanos, e dar lugar à sua frente. O cristianismo foi submetido à ignomínia da tolerância; a cruz não era mais exibida do lado de fora das igrejas, e os sinos deviam ficar silenciosos; os cristãos eram deixados a lamentar suas mortes em segredo; a vista do muçulmano devoto não devia ser ofendida pelos símbolos do cristianismo de modo nenhum; e sua pessoa devia ser considerada sagrada, de modo que era um crime que um cristão esbarrasse em um muçulmano.

Tal era a condição a que os cristãos habitantes de Jerusalém caíram de vez, e na qual permaneceram, sem que seus algozes fossem perturbados por nenhum tipo sério de agressão até o tempo das cruzadas. Quase os mesmos termos, cremos, foram forçados a todos os cristãos na Síria. Assim Deus, em Sua santa providência, lidou com muitas nações, tanto no Oriente quanto no Ocidente, que eram densamente povoadas por judeus e cristãos, e condenou milhões a uma longa noite de servidão sob o maometismo, que continua até os dias de hoje.

{* Veja Cristianismo Latino, de Milman, vol. 2, p. 4-52; e Dezoito Séculos Cristãos, de James White, p. 143}

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