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domingo, 27 de setembro de 2020

O Tenebroso Ano de 1560

Por volta do ano 1560, o papa Pio IV foi tomado por um acesso de grande zelo contra a disseminação da heresia. Havia relatos de que os valdenses criaram raízes profundas em várias partes da Itália, além dos vales de Piemonte. As comunidades subalpinas e todos os distritos “infectados” foram colocados sob interdições papais. Outra cruzada foi pregada, e grandes preparativos foram feitos para o extermínio completo dos hereges. O vice-rei espanhol de Nápoles, comandando as tropas pessoalmente e auxiliado por um inquisidor e vários monges, entrou nos assentamentos valdenses na Calábria. Emanuel Felisberto, duque de Saboia, marchou com uma força armada em Piemonte; e o rei francês em Delfinado. "Os pobres homens dos vales", com suas esposas e filhos, agora se viam expostos ao poder hostil do rei francês de um lado dos Alpes, e ao do duque de Saboia do outro. Os lavradores industriosos da Calábria, com seus ministros, professores e famílias, foram cercados pelas tropas do vice-rei espanhol.

Assim preparados para a matança dos santos, foi ordenado aos valdenses que banissem seus ministros e professores, se abstivessem do exercício de suas próprias formas de adoração e comparecessem aos serviços da igreja romana. Eles nobremente recusaram. Foram dadas as ordens para confisco, prisão e morte. A espada impiedosa da perseguição foi abertamente desembainhada e não voltou à bainha por mais de cem anos. O terrível trabalho de sangue e carnificina começou. Duas companhias de soldados, chefiadas por agentes do papa, continuaram matando, queimando e devastando os camponeses indefesos da Calábria, até que o trabalho de extermínio estivesse quase concluído. Um remanescente clamou por misericórdia, por suas esposas e filhos, prometendo deixar o país e nunca mais voltar; mas os inquisidores e monges não sabiam como mostrar misericórdia. As crueldades mais bárbaras foram infligidas a muitos, todo o aparato das perseguições pagãs foi revivido, até que os protestantes foram exterminados no sul da Itália. Um de seus principais ministros, Luís Pascal, que afirmava que o papa era um anticristo, foi levado a Roma, onde foi queimado vivo, na presença de Pio IV, para que pudesse deleitar seus olhos com a visão de um herege em chamas. Mas a piedade e os sofrimentos de Pascal despertaram a piedade e a admiração dos espectadores.

Centenas de valdenses nos vales pereceram no palanque ou na fogueira; as aldeias fervilharam de rufiões que, em nome dos oficiais da justiça, saquearam os habitantes indefesos e os arrastaram para a prisão, até que as masmorras ficassem lotadas com as vítimas. As planícies estavam desertas; as mulheres, crianças, débeis e idosos foram enviados para refúgios nas alturas das montanhas, nas rochas e nas florestas. Os homens, aproveitando a natureza do país, decidiram resistir. Todos os homens e meninos que sabiam manejar uma arma se juntaram em pequenas brigadas e posicionaram-se para se defenderem das tropas. O duque não estava muito inclinado a continuar uma guerra de guerrilha e logo retirou seus soldados; mas isso foi só por um pouco de tempo. De acordo com antigos tratados, os homens dos vales tinham certos direitos e privilégios que seus soberanos relutavam em violar, mas muitas vezes cediam à importunação e às deturpações da hierarquia romana. A partir das seguintes datas, o leitor verá como foram breves seus períodos de descanso: "Os anos 1565, 1573, 1581, 1583 e o período entre 1591 e 1594 são memoráveis ​​como datas de conflito religioso e civil. Mas nunca a majestade da verdade e da inocência se destacaram com mais clareza à vista do que durante as tempestades de perseguição que assolaram em intervalos pelos próximos cem anos e mais."*

{* Enciclopédia Britânica, vol. 21, pág. 543.}

O testemunho do Dr. Beattie, que visitou os vales protestantes de Piemonte, Delfinado e do Ban de la Roche, vai no mesmo sentido: "Mas a ferocidade da perseguição parecia apenas aumentar a medida de sua fortaleza... Embora marcadas como vítimas de massacre indiscriminado, de pilhagem sem lei, de tortura, extorsão e fome, a resolução deles de perseverarem na verdade permaneceu inabalável. Cada punição que a crueldade poderia inventar, ou que a espada poderia infligir, havia gasto sua fúria em vão; nada poderia subverter a fé ou subjugar a coragem deles. Em defesa de seus direitos naturais como homens -- em apoio de seu credo insultado como membros da igreja primitiva em resistência àqueles decretos exterminadores que tornaram suas casas desoladas e inundaram seus altares com sangue -- os valdenses exibiram um espetáculo de fortaleza e resistência que não tem paralelo na história."*

{* Scenery of the Waldenses, William Beattie M.D. Veja também um extenso relato dos valdenses em Church History, de Milner, vol. 3.}

Tendo trazido a história das testemunhas até o século XVI, iremos deixá-las por agora, na esperança de reencontrá-las quando chegarmos novamente a esse período em nossa história geral.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

A Chacina e Queimada de Béziers

Raimundo-Roger, um galante jovem de vinte e quatro anos, exibiu um espírito mais corajoso do que seu tio e resolveu defender seu povo contra os cruzados. Suas duas grandes cidades, Béziers e Carcassona, eram sua principal força. Ele se colocou na última, o lugar mais forte. "Os soldados da cruz, os sacerdotes do Senhor", como se denominavam a si mesmos, apareceram diante de Béziers, que tinha sido bem provida e guarnecida pelo visconde. O bispo do lugar também estava no exército, e foi-lhe permitido, por Arnaldo, que oferecesse seu conselho e recomendasse uma rendição à cidade. "Renunciai a vossas opiniões e salvai vossas vidas", foi o conselho do bispo, mas os albigenses firmemente responderam que não renunciariam a uma fé que lhes tinha concedido o reino de Deus e Sua justiça. Os católicos se juntaram aos hereges declarando que, em vez de se renderem, sofreriam a morte em sua pior forma. "Então", disse Arnaldo, "não ficará pedra sobre pedra; o fogo e a espada devorarão os homens, as mulheres e as crianças." A cidade caiu nas mãos dos cruzados, e terrivelmente a ameaça foi cumprida. Os cavaleiros, parando nos portões, perguntaram ao abade como os soldados deveriam distinguir os católicos dos hereges; "Mate todos eles", ele respondeu, "o Senhor conhece os que são Seus." A chacina começou: homens, mulheres, crianças, clérigos, todos foram massacrados indiscriminadamente enquanto os sinos da catedral tocavam até que a matança estivesse completa. Multidões trêmulas fugiram para as igrejas, na esperança de encontrar um santuário dentro das paredes sagradas; mas nenhum ser humano foi deixado vivo. A vasta população de Béziers, que até recentemente se aglomerava nas ruas e mercados, agora jazia em corpos amontoados. Estima-se que o número de mortos foi de vinte a cem mil. Tantos que moravam no campo fugiam para as cidades em busca de refúgio nessas situações que não se pode estimar precisamente os números. A cidade foi entregue aos saqueadores e depois incendiada.

Nunca o "abade dragão" disse uma palavra tão verdadeira quanto "O Senhor conhece os que são Seus", embora ele o tenha dito com terrível escárnio, e era ele próprio totalmente estranho à parte restante do versículo: "e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade" (2 Timóteo 2:19). O Senhor certamente conhece a todos os que creem nEle, e infinitamente precioso para Ele é o mais fraco de Seus santos. Arnaldo, um dia, verá, na mesma glória juntamente com o Senhor, aqueles a quem ele denunciou como hereges e a quem matou ao fio da espada. Que dia será quando o perseguidor e o perseguido, o acusador e o acusado, estiverem face a face na presença daquEle que julga com retidão! Até lá, que possamos andar pela fé, buscando apenas agradar ao Senhor.

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