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domingo, 3 de janeiro de 2016

Carta de Plínio ao Imperador Trajano

"Saúde. É meu costume usual, senhor, consultá-lo em todas as coisas das quais tenho qualquer dúvida. Pois quem pode melhor dirigir meu julgamento e sua hesitação, ou instruir meu entendimento em sua ignorância? Eu nunca tive a chance de estar presente em qualquer julgamento de cristãos antes de chegar a esta província. Estou, portanto, perdido em determinar qual o assunto corrente, quer de inquérito ou de punição, e que duração qualquer um deles deveria ter... Enquanto isso, este tem sido meu método com respeito àqueles que foram trazidos diante de mim por serem cristãos. Perguntei-lhes se eram cristãos: caso se declarassem culpados, eu os interrogava - uma segunda e uma terceira vez - com uma ameaça de pena capital. Em caso de perseverança obstinada, eu ordenei que fossem executados... Um 'libelo' anônimo foi publicado, contendo os nomes de muitos que negavam que eles eram, ou tinham sido, cristãos, e invocavam os deuses, como ordenei que fizessem, e rezavam para tua imagem com incenso e vinho, e além disso insultavam o Cristo; enfim, coisas que tenho ouvido que jamais um cristão seria compelido a fazer. Então achei adequado dispensar estes... A totalidade do crime ou erro dos cristãos se baseia nisso: eles estão acostumados a se reunir antes do dia amanhecer, e a cantar juntos um hino a Cristo, como a um deus, e se comprometer através de juramento a não cometer qualquer maldade, a não ser culpado de furto, ou roubo, ou adultério; a nunca falsificar sua palavra, nem se negar a devolver um penhor quando solicitados a fazê-lo. Quando essas coisas eram feitas, era o costume deles se separarem, e então voltarem a se reunir para uma refeição inofensiva, da qual participavam em comum sem qualquer desordem. Mas desta última prática eles deixaram de participar desde a publicação de meu decreto, pelo qual, de acordo com minhas ordens, proibi tais assembleias."

"Após este relato, julguei mais necessário examinar, e por tortura, duas mulheres que diziam ser diaconisas, mas não tenho descoberto nada exceto uma má e excessiva superstição. Suspendendo, portanto, todos os processos judiciais, recorro a ti para aconselhar-me. O número de acusados é tão grande que foi necessária esta séria consulta. Muitas pessoas estão sendo denunciadas, de todas as idades e classes, e de ambos os sexos, e muitos ainda irão ser acusados. O contágio dessa superstição não tem atingido apenas as grandes cidades, mas também as cidades menores, e o campo: no entanto, parece-me que pode ser contido e corrigido. É certo que os templos que estavam quase abandonados começaram a ser mais frequentados, e as solenidades sagradas, após um longo intervalo, estão revividas. Vítimas para os sacrifícios, da mesma forma, tem sido trazidas de todos os lugares, embora ainda haja poucos compradores. Daí podemos facilmente imaginar o número daqueles que podem ser recuperados se o perdão for concedido àqueles que se arrependem."

sábado, 22 de novembro de 2014

O Apóstolo Tomé

'Apostle Thomas', Nicolaes Maes, 1656,
 oil on canvas, Staatliche Museen, Kassel, Germany
O apóstolo Tomé foi convocado por nosso Senhor para o apostolado, sendo mencionado em várias listas apostólicas. Não somos informados de seu local de nascimento ou sobre seus pais nas Escrituras, mas a tradição diz que ele nasceu na Antioquia. Tudo o que sabemos dele com certeza é relatado por João. Mas embora nosso conhecimento sobre Tomé seja limitado, não há um caráter entre os apóstolos mais distintamente marcante do que o dele. De fato, seu nome se tornou, tanto na igreja quanto no mundo, um sinônimo de dúvida e incredulidade. Um famoso artista, tendo sido designado a produzir um retrato do apóstolo Tomé, o desenhou com uma régua na mão, no sentido de que ele media as evidências e argumentos. Sua mente era pensativa, meditativa, demorada para acreditar. Ele olhava para todas as dificuldades de uma questão e se inclinava a tomar o lado negro das coisas. Mas vamos olhar, por um momento, para o retrato que a pena da inspiração divina desenhou pelas seguintes três passagens:

1. Em João 11, seu verdadeiro caráter aparece distintamente. Ele evidentemente via a viagem proposta por nosso Senhor até a Judeia com os mais sombrios pressentimentos. "Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele." (João 11:16) Em vez de acreditar que Lázaro seria ressuscitado dos mortos, ele temeu que tanto o Senhor quanto Seus discípulos encontrariam suas próprias mortes na Judeia. Ele não conseguia ver nada em tal viagem além de um completo disastre. Isso também é característico. Ele tinha profunda afeição pelo Senhor, e tal era sua devoção que, embora a viagem pudesse custar a vida de todos eles, ele desejava ir.

2. A segunda vez em que ele é referenciado é após a Última Ceia (João 14). Nosso Senhor falava de sua partida, do lar que Ele iria preparar para eles no Céu, e que Ele viria de novo e os receberia para Ele mesmo, de modo que onde Ele estivesse eles estivessem também. "Mesmo vós sabeis para onde vou", acrescentou Ele, "e conheceis o caminho" (João 14:4). Mas para a mente do nosso apóstolo essas belas promessas apenas despertaram pensamentos sombrios sobre o invisível, o desconhecido e o futuro. "Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?" (João 14:5). Evidentemente, ele estava ansioso para ir, e sincero em seus questionamentos, mas ele desejava ter certeza do caminho antes de dar o primeiro passo. "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6). Contanto que o olho esteja fixo em Cristo, é impossível darmos um passo em falso. É apenas o olho que recebe a luz dos céus que lança seu brilho sobre todo o caminho.

3. A terceira vez foi após a ressurreição (João 20). Ele estava ausente quando o Senhor ressurreto apareceu pela primeira vez aos discípulos. Quando contaram a ele que eles tinham visto o Senhor, ele obstinadamente se recusou a acreditar no que eles diziam. Pelo que ele diz, podemos razoavelmente concluir que ele tinha visto o Senhor na cruz, e que tal esmagadora visão havia produzido uma profunda impressão em sua mente. "Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei." (João 20:25). No seguinte dia do Senhor (domingo), quando os discípulos estavam reunidos, Jesus apareceu no meio deles - Seu lugar apropriado como o centro da reunião. Novamente os saudou com as mesmas palavras de paz: "Paz seja convosco" (João 20:26). Mas logo Ele se dirige a Tomé. "Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente." (João 20:27). O efeito em Tomé foi imediato: todas as suas dúvidas foram removidas, e em verdadeira fé exclamou: "Senhor meu, e Deus meu!" (João 20:28) "Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram." (João 20:29)

Alguns têm pensado que a fé de Tomé, neste caso, se eleva muito acima da fé dos outros discípulos, e que nunca um testemunho tão elevado saiu dos lábios de um apóstolo. Esta opinião, embora seja comum, não pode ser fundada dado o contexto geral. Cristo, em resposta a Tomé, pronuncia que são mais abençoados aqueles que, não tendo visto, ainda assim creram. A fé de Tomé, naquele momento, mal podia ser chamada de fé cristã, como nosso Senhor evidentemente sugere. A fé cristã é crer naquEle que não temos visto - andando pela fé, e não pela vista.

Tomé, sem dúvidas, representa a mente devagar e incrédula dos judeus nos últimos dias, que acreditarão apenas quando verem (Zacarias 12). Ele não estava presente na primeira reunião dos santos após a ressurreição. O motivo nós não sabemos. Mas quem pode estimar a bênção que pode ser perdida pela ausência nas sancionadas reuniões dos santos? Ele perdeu as benditas revelações de Cristo quanto ao relacionamento com o Pai: "Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus." (João 20:17). Sua fé não está conectada com sua posição de filho. "Ele não tinha ainda apreendido a eficácia da obra do Senhor", disse alguém, "e do relacionamento com Seu Pai ao qual Jesus conduziu a Sua igreja. Talvez Tomé tivesse paz, mas ele perdeu de vista toda a revelação da posição da igreja. Quantas almas - até mesmo almas salvas - se encontram nessas duas condições!"

Os futuros trabalhos apostólicos de Tomé, e o fim de sua vida, são tão cheios de tradições e lendas que não podemos saber nada com certeza. Alguns dizem que ele esteve na Índia e alguns que ele esteve na Pérsia. Seu martírio, dizem, foi ocasionado por uma lança, e até hoje se comemora isto, em 21 de dezembro pela igreja latina, em 6 de outubro pela igreja grega, e em 1º de julho pelos indianos.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Princípio de Receber Pessoas no Início da Igreja

Como o princípio apresentado é a base adequada para todas as reuniões cristãs, pode ser interessante olhar por um momento para sua operação nos dias dos apóstolos. Certamente eles entendiam seu significado e como aplicá-lo.

No dia de Pentecostes, e algum tempo depois, não parecia que os jovens convertidos eram submetidos a qualquer prova quanto à realidade de sua fé. "De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas" (Atos 2:41). Assim, receber a palavra já os colocavam no terreno do batismo e da comunhão; mas a obra estava, até então, inteiramente nas próprias mãos de Cristo. "E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar." (Atos 2:47). Podemos também mencionar a tentativa de enganar os apóstolos por Ananias e Safira, que foi detectada de imediato. Pedro age em seu lugar de direito, mas o Espírito Santo estava lá em majestade e poder. Por isso ele diz a Ananias: "Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo?" (Atos 5:3)

Mas tal estado virgem das coisas logo acabou. A falha se instala - o Espírito Santo foi entristecido, e tornou-se necessário examinar aqueles interessados em estar em comunhão a fim de verificar se seus motivos, objetivos e estado de alma estavam de acordo com a mente de Cristo. Estamos agora na condição das coisas descrita em 2 Timóteo 2. Devemos estar em comunhão apenas com "os que, com um coração puro, invocam o Senhor" (2 Timóteo 2:22).

Depois que a igreja se tornou tão misturada com adeptos meramente nominais, um grande cuidado tornou-se necessário ao receber pessoas à comunhão. Não é suficiente que a pessoa diga que é convertida e exija admissão na assembleia com base em suas próprias declarações: ela deve se submeter ao exame por parte de cristãos experientes. Quando alguém professa ter sido despertado para a consciência do pecado, e ter sido levado ao arrependimento diante de Deus, e fé no Senhor Jesus Cristo, sua confissão deve ser examinada por aqueles que passaram, eles próprios, pelos mesmos tipos de experiência. E mesmo onde a conversão é manifestamente genuína, um cuidado piedoso e gentil deve ser exercido na recepção, pois algo desonroso para Cristo, prejudicial e enfraquecedor para a assembleia, pode acabar entrando, mesmo inconscientemente. É necessário discernimento espiritual aqui. E esta é a mais verdadeira demonstração de bondade para com o requerente, e nada mais do que um cuidado necessário para a honra de Cristo e a pureza da comunhão. A comunhão cristã acabaria se pessoas fossem recebidas com base apenas em suas próprias opiniões sobre elas mesmas.

Em Atos 9 vemos esse princípio na prática no caso do próprio apóstolo Paulo. E, certamente, se ele não podia ser aceito sem testemunho adequado, quem deveria reclamar? É verdade que seu caso foi peculiar, porém ainda assim pode ser tomado como uma ilustração prática do nosso assunto.

Encontramos aqui tanto Ananias em Damasco, quanto a igreja em Jerusalém questionando a realidade da conversão de Saulo, mesmo tendo sido miraculosa. É claro que ele tinha sido um inimigo aberto do nome de Cristo, e isto deve ter tornado os discípulos ainda mais cuidadosos. Ananias hesitou em batizá-lo até que estivesse plenamente convencido de sua conversão. Ele consulta o Senhor sobre o assunto, e depois de ouvir Sua vontade, ele vai diretamente a Saulo, e garante a ele que foi enviado pelo mesmo Jesus que lhe tinha aparecido no caminho para Damasco, confirmando a verdade sobre o que tinha acontecido. Saulo é grandemente confortado, volta a ver, e é batizado.

Então, sobre a ação da igreja em Jerusalém lemos: "E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus." (Atos 9:26-27) Paulo é um modelo de homem para a igreja em muitas coisas, e também nisso. Ele é recebido na assembleia - como todos os requerentes deveriam ser recebidos - com base no testemunho adequado quanto à genuinidade de seu cristianismo. Mas, enquanto todo o cuidado piedoso deve ser tomado para que os "Simãos Magos" {*ver Atos 8} possam ser detectados, toda a ternura e paciência devem ser exercidas com os mais tímidos e hesitantes. De qualquer modo, a vida em Cristo e a consistência com a mesma deve ser sempre procurada (Veja Rom 14, 15;... 1 Cor 5 e 2 Cor 2). O caminho da igreja é sempre estreito.

O papado tem demonstrado sua desesperada iniquidade no mau uso que tem feito da prerrogativa da igreja de reter ou remir pecados, resultando em todas as abominações da absolvição sacerdotal. O protestantismo tomou o outro extremo - provavelmente temendo a própria aparência do papado - e tem praticamente posto de lado completamente a disciplina. O caminho da fé, por outro lado, é somente seguir a palavra do Senhor.

Tendo sido, então, apurado o terreno dos grandes princípios fundamentais da igreja e do reino, chegamos ao dia de Pentecostes - o primeiro momento da história da igreja na Terra. A menos que entendamos os princípios do cristianismo, jamais poderemos compreender sua história.

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