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domingo, 28 de fevereiro de 2016

A História Interna da Igreja

Capítulo 8: A História Interna da Igreja (107 d.C. - 245 d.C.)


Vamos agora pisar, mais uma vez, em terreno seguro. Temos o privilégio e satisfação de apelarmos para as Escrituras Sagradas. Antes mesmo que o cânon das Escrituras fosse fechado, foi permitido que surgissem muitos dos erros, tanto doutrinais quanto práticos, que vêm desde sempre perturbando e rasgando em pedaços a igreja professa. Estes eram, na sabedoria da graça de Deus, detectados e expostos pelos apóstolos inspirados. Se mantivermos isto em mente, não nos surpreenderemos ao encontrar muitas coisas na história interna da igreja inteiramente contrárias às Escrituras. Nem teremos qualquer dificuldade em resistir a eles. Nós fomos armados pelos apóstolos. O amor ao ofício e preeminência na igreja foi manifestado logo cedo, e muitas observâncias de mera invenção humana foram acrescentadas. A "semente de mostarda" se tornou uma grande árvore - o símbolo do poder político na terra: esta era e continua sendo o aspecto externo da Cristandade; mas internamente, o fermento fez seu trabalho maligno, "até que tudo ficou levedado". (Mateus 13:31-33)

Aqueles que estudaram cuidadosamente Mateus 13 com outras passagens em Atos e nas Epístolas que falam da profissão do nome de Cristo deveriam ter uma ideia bastante correta tanto do que diz respeito ao início da história da igreja quanto ao que se sucedeu. Ela abrange o período inteiro, desde a semeadura da semente pelo Filho do homem, até a colheita, embora sob a semelhança com o reino dos céus. Isto é um grande alívio para a mente, e nos prepara para uma cena sombria e angustiante, perversamente perpetrada sob o justo nome e sob a capa de Cristianismo. Vamos agora nos voltar para algumas dessas passagens.

1. Nosso bendito Senhor, na parábola do joio e do trigo, prediz o que aconteceria. "O reino dos céus", diz Ele, "é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se". No decorrer do tempo a erva cresceu e frutificou. Essa foi a rápida propagação do Cristianismo na terra. Mas também lemos que "apareceu também o joio". Estes são os falsos professantes do nome de Cristo. O Senhor Jesus semeou a boa semente. Satanás, através do descuido e falta de firmeza do homem, semeou o joio. Mas o que deveria ser feito com ele? Deveria ser arrancado para fora do reino? O Senhor diz: "Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa", isto é, até o final da era ou dispensação, quando o Senhor vier em juízo. (Mateus 13:24-26,29-30)

Mas aqui, alguns podem perguntar: "Será que o Senhor quis dizer que o trigo e o joio devem crescer juntos na igreja?" Certamente que não. Eles não devem ser arrancados fora do campo, mas devem ser colocados para fora da igreja (assembleia local) quando se manifestarem como pessoas ímpias. A igreja e o reino são coisas bastante distintas, embora seja possível dizer que uma (a igreja) está contida na outra (o reino). O campo é  mundo, não a igreja. Os limites do reino vão muito além dos limites da verdadeira igreja de Deus. Cristo edifica a igreja; os homens é que estendem as proporções da Cristandade. Se a expressão "o reino dos céus" significasse o mesmo que "a igreja de Deus", não deveria haver nenhuma disciplina, afinal. Mas o apóstolo, ao escrever aos coríntios, expressamente diz: "Tirai pois dentre vós a esse iníquo" (1 Coríntios 5:13). Mas ele não deveria ser posto para fora do reino, pois isto só poderia ser feito tirando-lhe a vida. O trigo e o joio devem crescer juntos no campo até a colheita. Então o Próprio Senhor, em Sua providência, vai lidar com o joio. Eles serão amarrados em feixes e lançados no fogo. Nada pode ser mais claro que o ensino do Senhor nessa parábola. O joio deve ser mantido longe da mesa do Senhor, mas não deve ser arrancado do campo. A igreja não deveria usar de punições mundanas para lidar com os ofensores eclesiásticos. Mas infelizmente, contrariamente ao que o Senhor tinha instruído aos discípulos, é exatamente o que acabou acontecendo no decorrer da história, como demonstra dolorosamente a longa lista de mártires. Dores e punições foram introduzidos como disciplina, e os insubmissos eram entregues ao poder civil para serem punidos com fogo e espada.

2. Em Atos 20, lemos que "lobos cruéis" apareceriam na igreja após a partida do apóstolo. Nas Epístolas de Paulo aos Tessalonicenses - que supõe-se serem suas primeiras epístolas inspiradas - ele lhes diz que o mistério da iniquidade já estava operando, e que outras coisas más viriam a seguir. Ao escrever aos Filipenses, ele lhes diz, com tristeza, que muitos andam como "inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas" (Filipenses 3:18,19). Muitos estavam se autoproclamando cristãos, mas pensando nas coisas terrenas. Tal estado de coisas não podia escapar ao olho espiritual daquele cujo único objeto de apreço era Cristo em glória e conformidade prática com Seus caminhos enquanto na terra. Em sua Segunda Epístola a Timóteo - provavelmente o último que ele escreveu - ele compara a Cristandade a "uma grande casa", na qual há todo tipo de vasos, "uns para honra e outros para desonra" (2 Timóteo 2:20). Esta é uma imagem exterior da universal igreja. No entanto, os cristãos não podem deixá-la, e a responsabilidade individual nunca pode cessar. Mas o cristão deve se limpar de tudo o que é contrário ao nome do Senhor. As instruções são as mais simples e preciosas para os que possuem a mente espiritual, em todas as épocas. Os cristãos não devem ter qualquer associação com o que é falso. Tal é o significado de se purificar dos vasos para desonra. Ele deve se limpar de tudo que não é para a honra do Senhor. João e os outros apóstolos falam a mesma coisa, e dão as mesmas direções divinas, mas não será necessário, aqui, se delongar mais que isso. Foi apontado o suficiente para preparar o leitor para o que encontraremos naquilo que se autoproclama cristão.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Parábola do Joio

"Mateus 13:24,25. 'Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se' - isso é exatamente no que se tornou a profissão cristã. Há duas coisas necessárias para a invasão do mal entre os cristãos. A primeira é falta de vigilância dos próprios cristãos. Eles se tornam descuidados, dormem, e o inimigo vem e semeia joio. Isto começou a acontecer logo no início da história da Cristandade. Encontramos essas sementes mencionadas até no livro de Atos dos Apóstolos, e cada vez mais nas Epístolas. A Primeira Epístola aos Tessalonicenses é a primeira que o apóstolo Paulo escreveu, e a segunda foi escrita pouco tempo depois. E nesta ele já fala que o mistério da iniquidade ja operava, e que se seguiriam outras coisas, como a apostasia e o homem do pecado, e que, quando a impiedade fosse plenamente manifesta (e não como opera agora, em segredo), então o Senhor colocaria um fim no iníquo e em todos os envolvidos com ele. O mistério da iniquidade parece ser semelhante ao joio mencionado aqui. Algum tempo depois, 'quando a erva cresceu e frutificou', quando o cristianismo começou a avançar rapidamente sobre a Terra, 'então apareceu também o joio'. Mas é evidente que o joio foi semeado quase imediatamente depois da boa semente. Sempre que Deus realiza uma obra, Satanás fica no pé. Quando o homem foi feito, ele deu ouvidos à serpente e caiu. Quando Deus deu a lei, ela foi quebrada antes mesmo de ser entregue nas mãos de Israel. Assim é sempre a história da natureza humana. "

"Assim o mal está feito no campo, e nunca reparado. O joio não deve ser retirado do campo no tempo presente: não há juízo para ele por enquanto. Isso significa que deve haver joio na igreja? Se o reino dos céus fosse a mesma coisa que a igreja não deveria haver nenhum tipo de disciplina: deveríamos permitir a imundície da carne ou do espírito ali. Eis a importância de saber distinguir a igreja do reino. O Senhor proíbe que o joio seja tirado do reino dos céus: 'Deixai crescer ambos juntos até à ceifa' (Mateus 13:30), isto é, até que o Senhor venha em juízo. Se o reino dos céus fosse a mesma coisa que a igreja, repito, então implicaria em nada menos que isso: que nenhum mal, seja ele flagrante ou simples, deveria ser colocado para fora da igreja {*no sentido de assembleia local em seu caráter terreno, uma vez que não é possível perder a salvação e ser tirado do corpo de Cristo. Ver http://aguapelapalavra.blogspot.com/2013/01/a-posicao-e-o-estado-do-crente.html} até o dia do juízo. Vemos, então, a importância da fazer essas distinções que tantos desprezam. Elas são totalmente importantes para a verdade e santidade. Não  existe nem mesmo uma única expressão  na Palavra de Deus que possamos ignorar.

"Qual é, então, o significado dessa parábola? Não tem nada a ver com a questão da comunhão da igreja. É do 'reino dos céus' que é falado aqui - o cenário da confissão cristã, seja verdadeira ou falsa. Assim gregos, coptas, nestorianos, católicos romanos, assim como evangélicos protestantes fazem parte do reino dos céus; não apenas os crentes, mas também as más pessoas que professam o nome de Cristo. Um homem que não é judeu nem pagão, e que professa exteriormente o nome de Cristo, está no reino dos céus. Ele pode até ser muito imoral e herege, mas não deve ser tirado do reino dos céus. Mas, seria correto recebê-lo à mesa do Senhor? Deus o proíbe! Se uma pessoa caída em pecado aberto estiver na assembleia, deve ser colocado para fora dela, mas não será colocada para fora do reino dos céus. De fato, isto só poderia ser feito tirando sua vida, arrancando o joio pela raiz. E é nisto que o cristianismo mundano caiu, em um espaço de tempo não muito longo após os apóstolos partirem da Terra. Punições temporais foram introduzidas para disciplina: leis foram criadas com o propósito de entregar o refratário para o poder civil. Se não honrassem a assim chamada igreja, aos desobedientes não seria permitido viver. Deste modo, o mesmo mal contra o qual o Senhor estivera protegendo seus discípulos continuou; o Imperador Constantino usou a espada para reprimir os ofensores da "igreja". Ele e seus sucessores introduziram penas temporais para lidar com o joio, tentando arrancá-los. Tome a "igreja" de Roma, onde vemos tamanha confusão entre a igreja e o reino dos céus: eles clamavam que, se um homem for herege, deveria ser entregue às cortes do mundo para ser queimado. Eles também nunca confessam ou corrigem o erro, pois fingem ser infalíveis. Supondo que as vítimas fossem realmente joio, isto seria tirá-los do reino. Se você arranca o joio do campo, você o mata. Podem haver homens lá fora profanando o nome de Deus, mas devemos deixar que Deus lide com eles."

"Isso não anula a responsabilidade cristã referente àqueles que estão à mesa do Senhor. Você encontrará instruções sobre tudo isso no que foi escrito sobre a igreja. 'O campo é o mundo', a igreja engloba apenas aqueles que acredita-se serem membros do corpo de Cristo. Tomemos 1 Coríntios, onde temos o Espírito Santo mostrando a verdadeira natureza da disciplina eclesiástica. Suponhamos que haja cristão professos vivendo na prática do pecado; tais pessoas não devem ser consideradas, enquanto continuarem no pecado, como membros do corpo de Cristo. Um verdadeiro santo pode cair em pecado aberto, mas a igreja, sabendo disto, é responsável por intervir com o propósito de expressar o juízo de Deus sobre o pecado. Se deliberadamente permitissem tais pessoas a estar à mesa do Senhor, estariam efetivamente fazendo do Senhor cúmplice do pecado. A questão não é se a pessoa é convertida ou não. Se não convertidos, os homens não têm nada a ver com a igreja, e se convertidos, o pecado não deve ser ignorado. O culpado não deve ser tirado do reino dos céus, mas deve ser colocados para fora da assembleia (igreja local). Assim, o ensinamento da palavra de Deus é muito clara sobre essas duas verdades. É errado usar de punições do mundo para lidar com um hipócrita, mesmo que ele seja detectado. Devemos procurar o bem de sua alma, mas isso não é motivo para puni-lo. No entanto, se um cristão está em pecado, a igreja não deve suportá-lo, apesar de ser exortada a ser paciente no juízo. Mas devemos deixar os não convertidos para serem julgados pelo Senhor em sua vinda. "

"Este é o ensinamento da parábola do joio, que fornece uma visão muito solene da Cristandade. Assim como o Filho do homem semeou a boa semente, Seu inimigo semeou a má, que cresceu junto com o resto, e este mal não pode ser arrancado no momento presente. Existe uma solução para o mal que entra na igreja, mas não ainda para o mal no mundo."

(Trecho retirado dos Estudos sobre o  Evangelho de Mateus,  de William Kelly)

É perfeitamente claro, tanto das Escrituras quando da história, que o grande erro no qual caiu o corpo professante é a confusão quanto a essas duas coisas - o joio e o trigo; ou, de maneira prática, aqueles que foram admitidos, pela administração do batismo, a possuir todos os privilégios oficiais e temporais da igreja professa com aqueles que realmente se converteram e foram ensinados por Deus. Mas a vasta diferença entre o que podemos chamar de sistema sacramental e sistema vital deve ser claramente entendida e cuidadosamente distinguida, se quisermos estudar a história da igreja corretamente.

Outro erro, igualmente sério, segue como consequência. O grande e professo corpo se tornou, aos olhos e na linguagem dos homens, a "igreja". Homens piedosos foram atraídos por essa armadilha, de modo que a distinção entre a igreja e o reino foi, muito cedo, perdida de vista. Todos os lugares e privilégios mais sagrados da igreja professa foram, então, compartilhados tanto por pessoas piedosas quanto por ímpios. A Reforma falhou completamente em limpar a igreja dessa triste mistura, que tem sido transmitida a nós por sistemas como os Anglicanos, Luteranos e Presbiterianos, como fica claro pela forma do batismo. Em nossos dias, o sistema sacramental prevalece em um nível alarmante, e cresce rapidamente. O real e o formal, o vivo e o morto, são indistinguíveis nas várias formas do protestantismo. Infelizmente, e como isso é sério, há muitos na igreja professa - no reino dos céus - que nunca entrarão no Céu propriamente dito. Aqui encontramos tanto joio como trigo, servos maus e fiéis, virgens néscias e sábias. Embora todos os que foram batizados são contados no reino dos céus, apenas aqueles que forem vivificados e selados com o Espírito Santo pertencem à igreja de Deus.

Mas há ainda outra coisa ligada à igreja professa que exige um breve estudo aqui. É o princípio divino do governo na igreja, sobre o qual falaremos no próximo capítulo.

domingo, 18 de maio de 2014

A Abertura do Reino dos Céus

O Senhor, de maneira especial, concedeu a Pedro a administração do reino, como vemos nos primeiros capítulos de Atos. O termo é tirado do Antigo Testamento (veja Daniel 2 e 7). No capítulo 2, temos o reino; no capítulo 7, temos o Rei. A frase "reino dos céus" aparece apenas no Evangelho de Mateus, no qual o evangelista escreve principalmente para Israel.

A vinda do reino dos céus em poder e glória à Terra, na Pessoa do Messias, era a natural expectativa de todo judeu fiel. João Batista, como precursor do Senhor, apareceu pregando que o reino dos céus estava próximo. Mas, em vez de receberem o Messias, os judeus O rejeitaram e crucificaram. Consequentemente, o reino, de acordo com as expectativas judaicas, foi deixado de lado. No entanto, ele foi introduzido de uma outra forma. Quando o rejeitado Messias ascendeu ao Céu, e tomou Seu lugar à direita de Deus, triunfante sobre todos os inimigos, o reino dos céus começou. Agora o rei está no Céu, e como Daniel diz, "o Céu reina", embora não abertamente. E, a partir do tempo em que Ele subiu até Seu retorno, este é o reino em mistério (Mateus 13). Quando Ele voltar novamente em poder e grande glória, será o reino manifesto.

A Pedro foi dado o privilégio de abrir esse reino para ambos judeus e gentios. Isto foi feito em sua pregação aos judeus, em Atos 2, e em sua pregação aos gentios, em Atos 10. Mas, novamente, devemos prestar atenção ao fato de que a igreja de Deus e o reino dos céus não são a mesma coisa. Sejamos claros, para começar, quanto a este ponto fundamental. A identificação falha das duas coisas têm produzido grande confusão de ideias e pode ser vista como a origem do puseísmo*, do papado, e de todo o sistema humano da Cristandade. Os comentários da próxima seção sobre a parábola do joio tratam diretamente desse assunto, apesar de se referirem a um período posterior ao dos primeiros capítulos de Atos.**

{*Movimento ritualista que visava a aproximar do catolicismo a igreja anglicana.}
{**Lectures on the Gospel of Matthew. Por W. Kelly.} 

domingo, 11 de maio de 2014

As Chaves do Reino dos Céus

Isso nos leva à já mencionada "grande casa" da profissão de fé cristã meramente externa. No entanto, devemos ter em mente que, apesar de intimamente conectados, o reino dos céus e a grande casa referem-se a coisas um tanto distintas. O mundo pertence ao Rei. "O campo é o mundo". Seus servos devem ir a semear. Como resultado, temos "uma grande casa", ou Cristandade.*

{* Os termos "igreja", "reino dos céus", e "grande casa" são bíblicos, e diferem um pouco em seus significados, como usados pelo Senhor e Seus apóstolos. O termo "minha igreja", como usado pelo Senhor, engloba apenas membros vivos e verdadeiros. O pensamento principal da expressão "reino dos céus" claramente se refere à autoridade do Senhor tendo ascendido às alturas. Todos os que professam sujeição a Ele pertencem a esse reino. Na "grande casa" vemos o mal em atividade, infiltrado no corpo professante por meio das falhas do homem, resultando em sua co-existência com o reino dos céus e com a igreja professante. Mas há ainda outro termo usado constantemente, e que não é encontrado nas Escrituras - a Cristandade. Trata-se de um termo eclesiástico, e originalmente indicava todos os que foram cristianizados, ou aquelas porções do mundo em que o Cristianismo prevalecia, distinguindo-as das terras pagãs ou maometanas. Mas agora, essa palavra tem sido usada como sinônimo dos outros três termos já mencionados. De modo geral, os quatro termos são usados para se referir à mesma coisa, apesar de serem originalmente diferentes em seu significado e aplicação. Mas onde não há confusão hoje em dia? }

Porém, quando tudo aquilo que é meramente nominal na Cristandade for varrido pelo juízo de Deus, o reino será estabelecido em poder e glória. Esse será o milênio.

Enquanto ainda falava com Pedro sobre a igreja, o Senhor acrescentou: "E eu te darei as chaves do reino dos céus". A igreja sendo construída por Cristo, e o reino dos céus sendo aberto por Pedro, são coisas muito diferentes. É um dos grandes porém comuns erros da Cristandade usar os termos como sinônimos, como se significassem a mesma coisa. Escritores teológicos de todas as eras, ao assumir que eles são iguais, escreveram sobre a igreja e o reino da maneira mais confusa possível. A menos que tenhamos algum conhecimento dos modos dispensacionais de Deus, não poderíamos jamais manejar, ou dividir, bem Sua palavra (2 Timóteo 2:15). Não podemos confundir aquilo que o próprio Cristo edifica com aquilo que o homem edifica instrumentalmente, por meio de coisas como pregação e batismo. A igreja que é o corpo de Cristo é edificada sobre a confissão de que Ele é o Filho do Deus vivo, glorificado em ressurreição. Cada verdadeira alma convertida deve tratar com o próprio Cristo antes de ter algo a falar à igreja. O reino é algo muito mais amplo, e se aplica a cada pessoa batizada - isto é, todo o cenário da profissão cristã, seja ela verdadeira ou falsa.

Cristo não diz a Pedro que lhe daria as chaves da igreja ou as chaves dos céus. Se o tivesse feito, poderia realmente haver algum motivo para o sistema maligno do papado. Mas Ele simplesmente diz: "Te darei as chaves do reino dos céus" - isto é, de uma nova dispensação. Chaves, como já foi dito, não servem para construir templos, mas para abrirem portas, e o Senhor concedeu a Pedro a honra de abrir a porta do reino, primeiramente aos judeus (Atos 2), e depois aos gentios (Atos 10). Mas a linguagem que Cristo utiliza ao falar de Sua igreja é de uma outra ordem. É simples, bonita, enfática e inconfundível. "Minha igreja". Que profundidade, que plenitude há nessas palavras. "Minha igreja"! Quando o coração encontra-se em comunhão com Cristo em relação à Sua igreja, existe uma compreensão de Suas afeições que palavras não têm o poder de expressar. Mas assim como são, gostamos de ponderar nestas duas palavras, "Minha igreja!", mas quem pode falar do quanto do coração de Cristo que está aí revelada? Novamente, pense nessas outras duas palavras: "Esta pedra", como se Ele tivesse dito: "A glória da Minha Pessoa, e o poder da Minha vida em ressurreição formam o sólido fundamento da 'Minha igreja'". E de novo: "Eu a edificarei". Vemos, assim, nessas sete palavras, que tudo está nas próprias mãos de Cristo, pois Ele é a "cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos." (Efésios 1:23)

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