Mostrando postagens com marcador sociedades monásticas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sociedades monásticas. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de setembro de 2016

A Primeira Sociedade de Ascetas

A forma mais antiga em que o espírito asceta se desenvolveu na igreja cristã não se deu na formação de sociedades ou comunidades, como encontramos mais tarde, mas na seclusão de indivíduos isolados. Eles acreditavam, embora equivocados, que eles tinham um chamado especial para se esforçarem por uma vida cristã mais elevada; e, a fim de atingir essa eminente santidade, impuseram sobre si mesmos as mais severas restrições. Eles se retiravam para lugares desertos onde podiam se entregar a si mesmos em fechada meditação nas coisas divinas, e onde suas mentes pudessem estar inteiramente abstraídas de todos os objetos naturais e de quaisquer deleites para os sentidos. Tanto homens quanto mulheres supunham que deviam empobrecer seus corpos em vigílias, jejuns, trabalhos e autoflagelo. Como o corpo era considerado uma carga opressiva e um obstáculo para suas aspirações espirituais, eles competiam entre si sobre quão longe podiam carregar suas auto-mortificações. Eles sobreviviam à base das mais insanas e doentias dietas: às vezes se abstinham da comida e sono até que a natureza estivesse totalmente esgotada. O contágio dessa nova invenção de Satanás se espalhou por toda a parte. O misterioso recluso era tido como necessariamente investido de uma santidade particular. A célula do eremita era visitada pelos nobres, eruditos e devotos -- todos desejosos de prestar homenagem ao homem santo de Deus; e assim o orgulho espiritual foi engendrado pela bajulação do mundo. A partir deste momento a vida monástica era tida em tal estima que muitos a adotaram como um emprego altamente honorável; e, posteriormente, formaram-se comunidades, ou instituições monásticas.

Pacômio, que era, como Antônio, um nativo de Tebas, se converteu ao cristianismo no início do século IV. Após praticar austeridades por algum tempo, foi informado por um anjo em seus sonhos de que ele tinha feito um progresso suficiente na vida monástica, e que agora deveria se tornar um mestre para outros. Pacômio fundou, então, uma sociedade na ilha do Nilo. Assim começaram os ascetas a viver em associação. A instituição logo se estendeu de tal forma que, antes da morte do fundador, chegou a oito monastérios, com 3000 monges; e no começo do século seguinte o número de monges já passava dos 50000. Eles viviam em células que, cada uma, continham três monges. Eles eram comprometidos à obediência absoluta dos comandos de Aba, ou pai. Eles vestiam uma roupa peculiar, sendo seu principal artigo uma pele de cabra, em imitação a Elias que, como João Batista, era tido como um exemplo da condição monástica. Eles nunca podiam se despir: eles dormiam com suas roupas, e em cadeiras construídas de tal forma que os mantivessem numa postura quase vertical. Eles rezavam muitas vezes por dia em jejum no quarto e sexto dia da semana, e se comunicavam no sábado e no dia do Senhor (domingo). Suas refeições eram feitas em silêncio, e com capuzes sobre seus rostos, de modo que ninguém pudesse ver seu vizinho. Eles dedicavam-se à agricultura e variadas formas de indústria, e tinham todas as coisas em comum, à imitação dos primeiros cristãos após o dia de Pentecostes*. Pacômio fundou sociedades similares para mulheres.

{* Robertson, volume 1; Neander, volume 3; Crenças do Mundo, de Gardner, volume 2.}

Postagens populares