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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

A Primeira Perseguição sob os Imperadores

Aqui podemos fazer uma breve pausa para contemplar o progresso do cristianismo, e o estado da igreja em Roma nessa época. Muito cedo, e sem o auxílio de qualquer apóstolo, o cristianismo tinha encontrado o seu caminho até Roma. Sem dúvida, deve ter sido primeiramente levado por alguém que tinha se convertido por meio da pregação de Pedro no dia de Pentecostes. Dentre seus ouvintes temos expressamente mencionados "forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos" (Atos 2:10). E Paulo, em sua epístola àquela igreja, dá graças a Deus "porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé" (Romanos 1:8). E em suas saudações ele fala de "Andrônico e Júnias", seus parentes e companheiros de prisão, que eram homens que se distinguiam entre os apóstolos e cuja conversão foi anterior à sua própria (Romanos 16:7). Mas grandes maravilhas tinham sido escritas pelo evangelho no decorrer de trinta anos. Os cristãos tinham se tornado um povo marcado, separado e peculiar. Eles eram agora conhecidos como perfeitamente distintos dos judeus, e amargamente negados por eles.

Os trabalhos de Paulo e seus companheiros, durante os dois anos de seu aprisionamento, eram sem dúvida abençoados pelo Senhor para a conversão de muitos; tanto que os cristãos, nesse tempo, não formavam uma comunidade secreta ou inconsiderada, mas uma que era conhecida por ter em seu meio tanto judeus quanto gentios de todas as classes e condições, desde membros da família imperial até escravos fugitivos. No entanto, seu sofrimento presente, como vimos, não era pelo cristianismo que professavam. Eles foram, na verdade, sacrificados por Nero para apaziguar a fúria popular e para se reconciliar com suas divindades ofendidas.

Essa foi a primeira perseguição oficial aos cristãos; e, por algumas de suas características, ela se destaca dentre os anais da barbaridade humana. Uma crueldade inventiva procurava novas formas de tortura para saciar o sanguinário Nero - o imperador mais cruel que já reinou. Os calmos, pacíficos e inofensivos seguidores do Senhor Jesus eram costurados nas peles de feras selvagens e rasgados por cachorros; outros eram envoltos em um tipo de roupa coberta com cera, piche e outros materiais inflamáveis, tendo uma estaca debaixo do queixo para mantê-los na vertical, sendo então incendiados quando chegava a noite, para que servissem de tochas nos jardins públicos, para divertimento dos populares. Nero emprestou seus próprios jardins para tais exibições, dando entretenimento ao povo. Ele tomava parte ativa nos próprios jogos, algumas vezes se misturando à multidão à pé, e às vezes assistindo o horrível espetáculo de sua carruagem. Mas o povo, mesmo acostumado a execuções públicas e espetáculos de gladiadores, começou a se compadecer pelas crueldades sem precedentes infligidas contra os cristãos. Eles começaram a perceber que os cristãos sofriam, não pelo bem público, mas para gratificar a crueldade de um monstro. Contudo, por mais terrível que fosse a morte, ela logo terminaria, e para os cristãos, sem dúvida, seria então o momento mais feliz de sua existência. Muito, mas muito tempo antes que as luzes se apagassem no jardim de Nero, os mártires já tinham chegado ao seu lar e descanso no florescente jardim das eternas delícias de Deus. Esta preciosa verdade aprendemos do que o Salvador disse ao ladrão arrependido na cruz - "Hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23:43).

Embora os historiadores não entrem em acordo quanto à extensão ou duração dessa terrível perseguição, há muitas boas razões para crer que ela se espalhou pelo império e durou até o fim da vida do tirano. Ele morreu por sua própria mão na mais absoluta miséria e desespero, em 68 d.C., cerca de quatro anos depois da queimada de Roma, e um ano após o martírio de Pedro e Paulo. Perto do fim de seu reinado, os cristãos eram obrigados, sob as mais pesadas penas, até mesmo de morte, a oferecer sacrifícios ao imperador e aos deuses pagãos. Embora tais decretos estivessem em vigor, a perseguição deve ter continuado.

Após a morte de Nero, a perseguição cessou, e os seguidores de Jesus desfrutaram de relativa paz até o reinado de Domiciano, um imperador que ficava só um pouco atrás de Nero em termos de maldade. Mas enquanto isso, devemos mudar de assunto por um momento e tomar nota do cumprimento de um dos avisos mais solenes do Senhor: a queda de Jerusalém.

sábado, 12 de julho de 2014

O Primeiro Apelo de Pedro aos Judeus

Então lemos: "E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, e Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer? E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia", ou, como devemos considerar, eram nove horas da manhã - a hora da oração no templo. (Atos 2:5-15)

Assim, Pedro toma a dianteira e explica aos judeus que as coisas maravilhosas que eles têm visto e ouvido naquela manhã não eram resultado de emoção, mas sim aquilo que deveria ser procurado segundo as suas próprias profecias das Escrituras. "Isto é o que foi dito pelo profeta Joel" (Atos 2:16). É marcante o motivo pelo qual Pedro se levanta e prega com tal ousadia, que é o terreno da ressurreição e exaltação de Cristo. Isto deve ser cuidadosamente observado, uma vez que mostra o fundamento sobre o qual a igreja descansa, e quando e onde sua história começa. Este foi o primeiro dia de sua existência, a primeira página de sua história, e seus primeiros triunfos do dom (presente) inefável de Deus para o homem.

"Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." (Atos 2:32-36)

Citamos agora as palavras de outro autor* sobre os benditos efeitos do primeiro sermão de Pedro, e da presença do Espírito Santo na Terra:

"Não foi meramente uma mudança moral, mas um poder que pôs de lado todos os motivos que individualizavam aqueles que O tinham recebido, unindo-os em uma só alma, e em uma só mente. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, eles estavam em comunhão uns com os outros, eles partiam o pão, eles passavam o tempo em oração: a consciência da presença de Deus era poderosa entre eles, e muitos sinais e maravilhas eram operados pelas mãos dos apóstolos. Eles estavam unidos pelos laços mais fortes, onde ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todos dividiam suas possessões com aqueles que necessitavam. Eles estavam diariamente no templo, o local público de Israel para os exercícios religiosos, ao mesmo tempo em que tinham seu próprio local, fora daquilo, quando partiam o pão nas casas diariamente. Eles comiam com alegria e júbilo de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo ao seu redor. Assim a assembleia foi formada, e o Senhor acrescentava todos os dias a ela o remanescente de Israel que seria salvo dos juízos que cairiam sobre a nação que havia rejeitado o Filho de Deus, seu próprio Messias. Deus trouxe à assembleia - assim propriedade dEle pela presença do Espírito Santo - aqueles a quem Ele poupou em Israel. Aqui se encontrava a presença e a casa de Deus, apesar da antiga ordem de coisas ainda existir até a execução do juízo sobre Israel {*Nota do tradutor: invasão romana e destruição do templo de Jerusalém no ano 70 d.C.}.

"A igreja foi formada, portanto, pelo poder do Espírito Santo que desceu do Céu, sobre o testemunho de que Jesus, que tinha sido rejeitado, foi elevado ao Céu, tendo sido feito, de Deus, Senhor e Cristo. Ela foi composta do remanescente judeu que seria poupado, com a reserva de acrescentar também os gentios sempre que Deus fosse chamá-los." *

{* Trecho extraído das Sinopses dos Livros da Bíblia, de J. N. Darby, vol. 4, p. 8.}


Esta é, então, a igreja de Deus: a união daqueles a quem Deus chamou para o nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito Santo. O amor governa e caracteriza a recém-formada assembleia. As poderosas vitórias que a graça alcançou naquele memorável dia comprovou totalmente o poder do exaltado Senhor, e a presença do Espírito Santo na Terra. Três mil almas foram convertidas por meio de um único sermão. Aqueles que haviam sido inimigos declarados do Senhor, e que tinham participação na culpa de Seu assassinato, agora agonizavam sob o poder das palavras de Pedro. Alarmados pelo terrível pensamento de terem matado seu próprio Messias, e que Deus, em cuja presença eles estavam agora, O tinha exaltado à Sua própria destra no Céu, eles clamaram: "Que faremos, homens irmãos?"

Pedro agora procura aprofundar as boas obras em suas almas - Ele [o Senhor], procura humilhar os judeus, uma vez orgulhosos e desdenhosos. "Arrependei-vos", diz Pedro, "e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo". Ele não diz simplesmente "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo", embora, é claro, a fé e o arrependimento devem andar juntos onde quer que a obra é genuína. Mas Pedro, neste caso, pressiona ao arrependimento. A culpa deles tinha sido grande demais, e uma obra moral profunda em suas consciências era necessária para o arrependimento deles. Eles devem ver sua culpa diante de Deus, e receber a remissão de seus pecados aos pés daquEle que eles tinham rejeitado e crucificado. No entanto, tudo era graça. Seus corações foram tocados. Trocaram de lado, para o lado de Deus, contra eles mesmos - realmente se arrependeram, foram perdoados, e receberam a dádiva do Espírito Santo. Agora eles são filhos de Deus e têm a vida eterna: o Espírito Santo habita neles.

A realidade da mudança foi manifesta por uma completa mudança de caráter. "De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." (Atos 2:41-42)

Batismo, na confissão de fé; recepção na assembleia; a ceia do Senhor, a comunhão dos santos, a oração; estas eram suas observâncias distintivas. Nesse momento, a oração do Senhor, "que todos sejam um", foi respondida, como lemos no capítulo 4. "E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns." (Atos 4:32). Vamos pular agora, a fim de continuar nossa linha de raciocínio, para o capítulo 10 de Atos.

domingo, 6 de julho de 2014

A Descida do Espírito Santo

O tempo chegou. A redenção foi consumada, Deus foi glorificado - Cristo está à Sua direita no Céu, e o Espírito Santo desce à Terra. Deus inaugura a igreja, fazendo isto de maneira adequada à Sua própria sabedoria, poder e glória. Um poderoso milagre é operado, um sinal do alto é dado. O grandioso evento é assim registrado:

Atos 2: "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar. E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." Talvez seja bom fazer uma pausa por um momento e observar algumas coisas conectadas à descida do Espírito Santo e à demonstração de Seu poder nesse importante dia.

Havia, em primeiro lugar, o cumprimento da promessa do Pai: o próprio Espírito Santo foi enviado do Céu. Esta era a grande verdade do Pentecostes. Ele veio das alturas para habitar na igreja - o lugar preparado para Ele pela aspersão do sangue de Jesus Cristo. Havia também o cumprimento da palavra do Senhor aos apóstolos: "Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias." (Atos 1:5). Talvez os discípulos não soubessem o significado dessas palavras, mas o fato é que agora estavam cumpridas. A revelação completa da doutrina do "um só corpo" aguardava o ministério de Paulo: "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito." (1 Coríntios 12:13)

Mas, além disso, além dos vários dons dispensados para a obra do Senhor, temos algo mais benditamente pessoal, e bastante novo na Terra. O próprio Espírito Santo veio habitar, não apenas na igreja coletivamente, mas também em cada indivíduo que crê no Senhor Jesus. E, graças ao Senhor, este tão bendito fato é tão verdadeiro hoje quanto era naqueles dias. Ele habita agora em cada crente que descansa na obra consumada (finalizada) de Cristo. O Senhor tinha dito, predizendo esse dia: "Porque [o Espírito Santo] habita convosco, e estará em vós" (João 14:17). Esses dois grandes aspectos da presença do Espírito foram totalmente alcançados no dia de Pentecostes. Ele veio para habitar em cada cristão e na igreja; e agora - que bendita verdade - sabemos que Deus não é apenas para nós, mas em nós, e conosco.

Quando "Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude", Ele apareceu na forma de uma pomba - um belo símbolo da imaculada pureza, da mansidão e da humildade de Jesus. Ele não veio fazer Sua voz ecoar pelas ruas, ou quebrar o caniço rachado, ou apagar o pavio que se queima. Porém, no caso dos discípulos que esperavam em Jerusalém, foi completamente diferente. O Espírito Santo desceu sobre eles como línguas repartidas - línguas como que de fogo que pousaram sobre cada um deles. Isto foi característico. Era o poder de Deus dando testemunho de que aquilo deveria ir além, não apenas para Israel, mas para todas as nações da Terra. A palavra de Deus também julgaria a todos que viriam depois - ela era como línguas de fogo {* ver nota de rodapé}. O juízo de Deus sobre o homem por causa do pecado tinha sido judicialmente expresso na cruz, e agora tal fato solene deve ser tornado público a todos pelo poder do Espírito Santo. No entanto, a graça reina - reina através da justiça, para a vida eterna, por Cristo Jesus. O perdão é proclamado aos culpados, salvação aos perdidos, paz aos conturbados, e descanso aos cansados. Todos os que creem são, e serão para sempre, abençoados em - e com - um Cristo rescussitado e glorificado.

O espanto e consternação do Sinédrio e do povo judeu deve ter sido realmente grande na reaparição, em tal poder, dos seguidores do Jesus crucificado. Eles tinham, sem dúvida, concluído que, como o Mestre tinha partido, os discípulos não poderiam fazer nada por si mesmos. Para a maioria, os discípulos eram simples homens iletrados. Mas qual deveria ter sido o espanto das pessoas quando ouviram que aqueles homens simples estavam pregando corajosamente nas ruas de Jerusalém, e fazendo convertidos aos milhares para a religião de Jesus! Mesmo vista apenas historicamente, a cena é cheia do mais emocionante interesse, não havendo paralelo nos anais do tempo.

Jesus foi crucificado. Suas alegações de ser o Messias, à vista popular, tinham sido enterradas em Seu túmulo. Os soldados que guardavam Seu sepulcro tinham sido subornados para espalhar um falso relato quando à Sua ressurreição; a excitação popular tinha, sem dúvida, passado, e a cidade e a adoração no templo tinham retornado a seu curso normal, como se nada tivesse acontecido. Mas da parte de Deus as coisas não iriam ser deixadas passar quietamente. Ele estava esperando o tempo certo para reivindicar Seu Filho, e reivindicá-Lo no mesmo cenário de Sua humilhação. Isso aconteceu cedo de manhã, no dia de Pentecostes. Repentina e inesperadamente, Seus dispersos seguidores reapareceram em um poder miraculoso. Eles ousadamente acusaram os governantes e as pessoas culpadas de Sua apreensão, julgamento e crucificação - que eles haviam matado seu próprio Messias - mas que Deus O havia ressuscitado para ser Príncipe e Salvador, e para colocá-Lo em Seu lugar de direito no Céu. "Onde o pecado abundou, superabundou a graça" (Romanos 5:20)

A sentença de Babel, podemos também mencionar, foi revertida naquele maravilhoso dia. Nas diferentes línguas, pelas quais o homem tinha sido condenado por ter desobedecido a Deus, a salvação é proclamada. Essa poderosa e maravilhosa obra de Deus atraiu a multidão. Eles são surpreendidos, e especulam sobre o estranho acontecimento. Cada um, em sua própria língua do país de onde vieram, ouve dos lábios dos pobres galileus sobre as maravilhosas obras de Deus. Os judeus que habitavam em Jerusalém, não entendendo essas línguas estrangeiras, zombavam. Então Pedro se pôs de pé, e declarou a eles em sua própria língua, provando pelas suas próprias Escrituras, o verdadeiro caráter do que havia ocorrido.

{* Nota do tradutor: fogo, na Bíblia, sempre aparece com a conotação de juízo de Deus. Podemos refletir sobre a diferença na forma como o Espírito Santo pousou sobre o Senhor (pomba, simbolizando paz, pureza, mansidão), e como Ele se manifestou ao descer sobre a igreja (línguas como que de fogo, simbolizando juízo). Os crentes, embora sejam completamente salvos do juízo de Deus e feitos perfeitos - pelo novo nascimento - aos olhos de Deus pela obra consumada de Cristo, ainda possuem em si a velha natureza - a carne - enquanto neste mundo. A semelhança das línguas com fogo, no dia de Pentecostes, provavelmente simboliza que o Espírito Santo, em juízo, luta contra a carne, conforme Gálatas 5:17: "Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis." }

domingo, 29 de junho de 2014

Capítulo 2: O Dia de Pentecostes

A festa judaica de Pentecostes pode ser chamada de dia do nascimento da igreja cristã. Era também o aniversário da entrega da lei no Monte Sinai, embora aparentemente não havia um dia observado pelos judeus para comemorar o evento. Cinquenta dias depois da ressurreição de nosso Senhor a igreja foi formada - deu-se início à sua história. Os santos do Antigo Testamento não fazem parte da igreja do Novo Testamento. Ela não existia, de fato, até o dia de Pentecostes.

Todos os santos, desde o início, possuem a mesma vida eterna, são filhos do mesmo Deus e Pai, e o mesmo Céu será a casa deles para sempre. No entanto, os santos do Antigo Testamento pertencem a outra dispensação* (isto é, uma maneira de Deus tratar com o homem em uma determinada época), ou a diferentes dispensações que ocorreram antes da vinda de Cristo. Cada dispensação tem sua própria origem, progresso, declínio e queda nas Escrituras, e terá seu próprio reflexo no Céu. Nem as pessoas nem as dispensações serão indistinguíveis lá.

Por isso, o apóstolo em Hebreus 11, ao falar dos antigos santos, diz: "E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados." (Hebreus 11:39-40). Certamente, se Deus proveu algo melhor para nós, deve ser também algo diferente. Não vamos nos opor à própria palavra de Deus. Além disso, nosso Senhor, em Mateus 16, diz: "Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja". E ao mesmo tempo, Ele deu as chaves para abrir as portas da nova dispensação a Pedro. Até então Ele ainda não tinha começado a edificar Sua igreja, e as portas do reino ainda não estavam abertas. Mas a diferença entre o velho e o novo é vista mais distintamente quando falamos dos grandes eventos do dia de Pentecostes. Vamos começar com os tipos, ou figuras, de Levítico, capítulo 23.

Os filhos de Israel eram ordenados a levar uma porção das primícias de suas colheitas ao sacerdote, que deveria movê-las perante o Senhor, para que o povo fosse aceito por Deus. Cremos que esse rito prefigurava a ressurreição de nosso Senhor na manhã seguinte ao sábado judaico. A base da aceitação dos cristãos diante de Deus é o Cristo ressuscitado. "Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote. E ele moverá o molho perante o SENHOR, para que sejais aceitos; no dia seguinte ao sábado o sacerdote o moverá." (Levítico 23:10-11) (Ver também Mateus 28 e Marcos 16)

Sete semanas completas após o mover das primícias, a festa de Pentecostes era celebrada. O primeiro era reconhecido como o primeiro dia da colheita na Judeia, e no último supostamente o milho estaria completamente colhido. Então eles faziam um festival solene de ações de graça. Dois pães feitos com a farinha da nova colheita caracterizavam os festejos. Eles deviam ser assados com fermento e tirados de suas casas. Alguns pensam que os dois pães prefiguravam o chamado da igreja, sendo composta de judeus e gentios. Seja como for, o número é significante. Duas testemunhas eram necessárias para prestar testemunho em Israel.  O fermento indica, sem dúvidas, o pecado que habita no crente e, é claro, na igreja, vista em sua atual condição terrena.

Como o mover do feixe das primícias - uma bela figura do Cristo ressuscitado puro e santo - sacrifícios de cheiro suave eram oferecidos, mas nenhum sacrifício pelo pecado. Com o mover dos dois pães - figura daqueles que são de Cristo - uma oferta pelo pecado era apresentada. Estando lá o pecado, era necessária uma oferta para cobrí-lo. Embora o perfeito sacrifício de Cristo satisfez a Deus tanto pelo pecado que habita no homem quanto pelos muitos pecados cometidos durante a vida, ainda assim, na prática e na experiência, o pecado habita em nós, e assim será enquanto estivermos neste mundo. Todos reconhecem isso, embora nem todos possam ver a completude, a integridade, da obra de Cristo. O cristão foi, por uma única oferta, feito perfeito para sempre, apesar de poder se humilhar a si mesmo e fazer confissão a Deus por cada falha.

O significado típico do Pentecostes foi notavelmente cumprido na descida do Espírito Santo. Ele veio para reunir os filhos de Deus que andavam dispersos (João 11:52). Por esse grande evento o sistema do judaísmo foi deixado de lado, e um novo vaso de testemunho - a igreja de Deus - foi introduzido. Agora, vamos observar a ordem dos eventos, começando pela ressurreição e ascensão de Cristo.

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