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sábado, 10 de janeiro de 2015

A Primeira Viagem Missionária de Saulo (por volta de 48 d.C.)

Antes de nos ocuparmos com os apóstolos em sua viagem, cabe aqui uma observação sobre como as coisas mudaram. Eles partiram, devemos observar, não do velho centro, Jerusalém, mas da Antioquia, uma cidade de gentios. Isto é significativo. Jerusalém e os doze perderam a posição quanto à autoridade e poder para com o exterior. O Espírito Santo chama a Barnabé e Saulo para a obra, os prepara para isto, e os envia, sem a jurisdição dos doze.

Não será de esperar que em um livro, cujo conteúdo se propõe a ser resumido, possamos tomar nota dos vários eventos ocorridos nas viagens de Paulo. O leitor os encontrará em Atos e nas Epístolas. Propomos meramente traçar um esboço e dar destaque a determinados pontos de referência, pelos quais o leitor será capaz de traçar, por si mesmo, as várias jornadas do maior dos apóstolos - o maior dos missionários - o maior dos obreiros que já viveu, com exceção do bendito Senhor. Mas em primeiro lugar, gostaríamos de observar seus companheiros e seu ponto de partida.

Barnabé foi, por algum tempo, o companheiro mais próximo de Saulo. Ele era um levita da ilha de Chipre. Ele tinha sido chamado logo no início da história da igreja para seguir a Cristo, e "possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos." (Atos 4:37). Comparando sua liberalidade com o belo testemunho que o Espírito Santo dá sobre ele, ele permanece diante de nós com um amável e requintado caráter. E, a partir de seu apego a Paulo desde o início, e de sua cordialidade em apresentá-lo aos outros apóstolos, podemos julgar que ele era mais franco e tinha um coração maior do que aqueles que tinham sido treinados na estreiteza do judaísmo; mas faltava-lhe ainda, quanto ao serviço, o rigor e a determinação de seu companheiro Saulo.

João Marcos era um parente próximo de Barnabé - "o sobrinho de Barnabé" (Colossenses 4:10). Sua mãe era uma certa Maria que morava em Jerusalém, e cuja casa parece ter sido um local de reunião para os apóstolos e primeiros cristãos. Quando Pedro foi liberto da prisão, ele foi direto para "a casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos" (Atos 12:12). Supõe-se que ele tenha sido convertido por meio de Pedro, pois depois Pedro fala dele como "meu filho Marcos" (1 Pedro 5:13)

A partir disso aprendemos que ele não era nem um apóstolo nem um dos setenta - que ele não havia acompanhado o bendito Senhor durante Seu ministério público. Mas podemos supor que ele estava ansioso para servir a Cristo, pois se uniu a Barnabé e Saulo, embora mais tarde pareça que sua fé não era páreo para as dificuldades da vida missionária. "E, partindo de Pafos, Paulo e os que estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém." (Atos 13:13). Supõe-se que Marcos tenha escrito seu Evangelho por volta do ano 63 d.C.

A Antioquia, a antiga capital dos selêucidas, foi fundada por Seleuco Nicator por volta de 300 a.C. Foi uma cidade que só ficava atrás de Jerusalém no que diz respeito ao início da história da igreja. O que Jerusalém tinha sido para os judeus, a Antioquia era agora para os gentios. Era um ponto central. Nessa época ocupava um lugar de grande importância na propagação do cristianismo entre os pagãos. Aqui a primeira igreja gentia foi plantada (Atos 11:20,21). Aqui os discípulos de Cristo foram primeiramente chamados de cristãos (Atos 11:26). E aqui nosso apóstolo começou seu trabalho ministerial público.

Retornemos agora à missão.

Barnabé e Saulo, com João Marcos como auxiliar no ministério, são então enviados pelo Espírito Santo. Os judeus, em virtude de sua conexão com as promessas, tiveram o evangelho primeiramente pregado a eles; mas a conversão de Sérgio Paulo marca, de maneira especial, o início do trabalho entre os gentios. Também marca uma crise na história do apóstolo. Aqui seu nome é mudado de Saulo para Paulo; e agora - com exceção de Jerusalém (Atos 15:12-22) - não vemos mais "Barnabé e Saulo", mas sim "Paulo e os que estavam com ele" (Atos 13:13). Ele toma a dianteira; os outros são apenas aqueles que estão com Paulo. Mas o cenário tem ainda um caráter típico.

O procônsul era, evidentemente, um homem prudente e pensativo, e sentiu a necessidade de sua alma. Ele chama a Barnabé e a Saulo, e deseja ouvir a Palavra de Deus. Mas Elimas, o encantador, resiste a eles. Ele sabia bem que, se o governador recebesse a verdade que Paulo pregava, ele perderia sua influência na corte. Ele, portanto, procura afastar o deputado da fé. Mas Paulo, em dignidade consciente e no poder do Espírito Santo, "fixando os olhos nele" (Atos 13:9), e em palavras de mais fulminante indignação, o repreende na presença do governador. "Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor." (Atos 13:10-12). O poder de Deus acompanha a palavra de Seu servo, e a sentença pronunciada é executada no mesmo instante. O deputado fica tomado pela glória moral da cena, e se submete ao evangelho.

"Eu não duvido", disse alguém, "que neste miserável Barjesus (Elimas) vemos uma figura dos judeus no tempo presente, acometidos de cegueira por algum tempo, por causa dos ciúmes da influência do evangelho. A fim de preencher a medida de sua iniquidade, eles resistiram à pregação do evangelho aos gentios. A condição deles é julgada; sua história é dada na missão de Paulo. Em oposição à graça e buscando destruir seus efeitos sobre os gentios, eles foram acometidos de cegueira; no entanto, apenas por um tempo." *

(* Synopsis of the Books of the Bible, volume 4, página 53,54. [Segunda Edição, Janeiro de 1950])

Durante essa primeira missão entre os gentios, um grande e abençoado trabalho foi feito. Compare Atos 13 e 14. Muitos lugares foram visitados, igrejas foram plantadas, anciãos foram nomeados, a hostilidade dos judeus manifestada, e a energia do Espírito Santo demonstrada no poder e progresso da verdade. Em Listra, o cristianismo foi confrontado, pela primeira vez, com o paganismo; mas em todo lugar o evangelho triunfa, e os vários dons de Paulo como obreiro aparecem de maneira abençoada. Seja ao abordar os judeus, que conheciam as Escrituras, ou bárbaros ignorantes, ou cultos gregos, ou multidões enfurecidas, ele prova ser um vaso divinamente escolhido para sua grande obra.

A Antioquia, na Pisídia, merece atenção especial pelo que aconteceu na sinagoga. Embora haja uma grande semelhança no discurso de Paulo comparado aos de Pedro e Estêvão nos primeiros capítulos de Atos, ainda podemos notar certos toques estritamente paulinos em seu caráter. Seu estilo conciliador de abordagem, o modo como ele apresenta a Cristo, e sua ousada proclamação de justificação pela fé somente, podem ser consideradas como típicas de suas póstumas abordagens e Epístolas. Nenhum dos escritores sagrados fala da justificação pela fé como Paulo fala. Seu apelo final tem sido um texto evangelístico favorito de muitos pregadores em todas as eras. Em poucas palavras, ele afirma a bem-aventurança de todos que recebem a Cristo, e a terrível desgraça daqueles que O rejeitarem, provando assim que não poderia haver um meio-termo ou terreno neutro quando Cristo está em questão. "Seja-vos, pois, notório, homens irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê. Vede, pois, que não venha sobre vós o que está dito nos profetas: Vede, ó desprezadores, e espantai-vos e desaparecei; porque opero uma obra em vossos dias, obra tal que não crereis, se alguém vo-la contar." (Atos 13:38-41)

Tendo sido cumprida a missão deles, eles retornam à Antioquia na Síria. Quando os discípulos ouviram o que o Senhor tinha feito, e que a porta da fé foi aberta aos gentios, eles deviam apenas louvar e bendizer Seu santo nome. Devemos agora retornar, por um momento, a Jerusalém.

O efeito da primeira missão de Paulo sobre os discípulos em Jerusalém levou a uma grande crise na história da igreja. O ciúme e a mente farisaica estava tão excitada que uma divisão entre Jerusalém e Antioquia foi ameaçada naquele período inicial da história da igreja. Mas Deus governou em graça, e o problema quanto à Antioquia foi felizmente resolvido. Mas o fanatismo dos crentes judeus era insaciável. Na igreja em Jerusalém eles ainda conectavam ao cristianismo os requisitos da lei, e procuravam impor esses requisitos aos crentes gentios.

Alguns dos cristãos judeus de cabeça mais fechada desceram à Antioquia, e asseguraram aos gentios que, a menos que eles fossem circuncidados segundo o costume de Moisés, e que guardassem a lei, eles não poderiam ser salvos. Paulo e Barnabé não tiveram pequena discussão e contenda com eles; mas como era uma questão muito pesada para ser resolvida pela autoridade apostólica de Paulo, ou por uma resolução da igreja em Antioquia, foi decidido que uma delegação deveria subir à Jerusalém e pôr a questão diante dos doze apóstolos e dos anciãos. A escolha de quem deveria levar a questão, naturalmente, caiu sobre Paulo e Barnabé, já que tinham sido os mais ativos na propagação do cristianismo entre os gentios.

Chegamos agora à terceira visita de Paulo a Jerusalém.

sábado, 8 de novembro de 2014

O Apóstolo Bartolomeu

Em geral, acredita-se, tanto pelos antigos quanto pelos modernos, que a história de Bartolomeu está oculta sob outro nome. Que ele foi um dos doze apóstolos está perfeitamente claro na narrativa dos Evangelhos, embora nada mais seja dito sobre ele além da mera noção de seu nome. Nos três primeiros Evangelhos, Filipe e Bartolomeu são mencionados juntos; no Evangelho de João, vemos Filipe e Natanael. Tal circunstância tem dado origem a uma suposição muito comum: que na verdade sejam diferentes nomes para a mesma pessoa. Isso era muito comum entre os judeus. Por exemplo, Simão Pedro é chamado de "Bar-jonas", que simplesmente significa: o filho de Jonas. "Bar-timeu", também, significa "filho de Timeu"; e "Bar-tolomeu" parece ser um nome do mesmo tipo. Esses são apenas nomes relativos, e não próprios. Dada a generalidade desse costume entre os judeus, muitas vezes é extremamente difícil identificar as pessoas na história dos Evangelhos.

Assumindo, então, que Natanael de João é o Bartolomeu dos Evangelhos sínóticos, prosseguimos com o que sabemos de sua história. Como o resto dos apóstolos, ele era um galileu; ele era "de Caná da Galileia". Vimos anteriormente que ele foi primeiramente conduzido a Cristo por meio de Filipe. Ao se aproximar, ele foi saudado pelo Senhor com a mais honrada distinção: "Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo." (João 1:47). Ele era, sem dúvidas, um homem de verdadeira simplicidade e integridade de caráter, e um que "esperava pela redenção em Israel". Surpreso com tão graciosa saudação de nosso Senhor, e se perguntando como Ele poderia conhecê-lo à primeira vista, "disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira." (João 1:48). Solene e bendito pensamento! Ele estava diante dAquele - um homem - neste mundo que conhecia os segredos de seu coração e de seus caminhos. Natanael estava agora plenamente convencido da absoluta divindade do Messias, e O reconhece em Sua maior glória como "o Filho de Deus", assim como "o rei de Israel".

O caráter de Natanael e seu chamado são considerados por muitos como uma figura do remanescente de Israel sem dolo nos últimos dias. A alusão à figueira - um conhecido símbolo de Israel - confirma tal visão dessa passagem; e assim declara seu belo testemunho: "Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel." (João 1:49). O remanescente disperso, visto e conhecido pelo Senhor, irá então confessar sua fé nEle, como os profetas mostraram tão plenamente. E todos aqueles que então reconhecerem o Messias verão Sua glória universal como o Filho do homem, de acordo com o Salmo 8. Aquele dia vindouro de ampla glória é antecipada por nosso Senhor em Suas conclusivas observações a Natanael: "Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem." (João 1:51). Então os céus e a terra serão unidos, como podemos lembrar da escada de Jacó. Mas devemos agora retornar à história de nosso apóstolo.

A mais distinta e conclusiva passagem quanto ao seu apostolado se encontra em João 21. Ali o encontramos em companhia dos outros apóstolos, a quem nosso Senhor apareceu no Mar da Galileia após Sua ressurreição. "Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos" que provavelmente eram André e Filipe.

Há uma tradição geralmente aceita de que Bartolomeu viajou até a Índia pregando o evangelho - provavelmente àquela parte da Índia mais próxima da Ásia. Após ter viajado a diferentes lugares, buscando disseminar o cristianismo, ele finalmente chegou a Albanópolis na Armênia Maior, um lugar infestado pela idolatria. Lá ele foi preso pelo governador do lugar, e condenado à crucificação. A data não é conhecida com exatidão.

sábado, 13 de setembro de 2014

Os Doze Apóstolos

Eram eles: Simão Pedro, André, Tiago e João (filhos de Zebedeu), Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu, Simão o Zelote, e Matias, que foi escolhido para substituir Judas Iscariotes. Veja Mateus 10, Lucas 6, Marcos 3 e Atos 1.

Paulo também foi um apóstolo por chamado direto do Senhor, no sentido mais elevado, como já vimos. Havia outros que eram chamados de apóstolos, mas eram mais especificamente apóstolos das igrejas. Os doze e Paulo eram proeminentemente os apóstolos do Senhor. Compare 2 Coríntios 8:23, Filipenses 2:25 e Romanos 16:7.

O nome oficial, "apóstolo", significa "enviado". "Jesus enviou estes doze." (Mateus 10:5). Esse nome foi dado aos doze pelo próprio Senhor. "Chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos" (Lucas 6:13). Conhecê-Lo pessoalmente e tê-Lo acompanhado por todo o seu ministério era a original e necessária qualificação de um apóstolo. Isso foi afirmado por Pedro antes da eleição de um sucessor para o traidor Judas. "É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição." (Atos 1:21-22). Por essa relação pessoal com o Senhor eles foram particularmente indicados para serem as testemunhas de Sua trajetória sobre a Terra. Ele mesmo os descreve como "os que têm permanecido comigo nas minhas tentações" (Lucas 22:28)

Acreditamos que o número doze marca nitidamente sua relação com as doze tribos de Israel. As fantasias dos pais (cristãos proeminentes do início da história da igreja) quanto ao significado do número aqui escolhido mostra o quão pouco suas mentes eram governadas pelo contexto. Santo Agostinho "acha que a menção de nosso Senhor aos quatro cantos do mundo, aos quais os apóstolos foram chamados a pregar o evangelho, e que, ao multiplicar por três, como denotando a Trindade, resulta em doze." Ao não enxergar a distinção entre Israel e a igreja, existe muita confusão por parte de tais escritores.
 
Cremos que o número doze nas Escrituras significa a completude administrativa no homem. Daí as doze tribos, os doze apóstolos, e a promessa a estes, de que se sentariam em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel (Mateus 19:28). Mas aqui, nos termos mais claros possíveis, o Senhor limita a missão dos doze às ovelhas perdidas da casa de Israel. Não era nem mesmo para eles irem visitar os samaritanos, nem os gentios. A missão se restringia aos judeus. "Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 10:5-6). Certamente nada poderia ser mais claro. O chamado da igreja não é mencionado aqui. Isto aconteceu depois, quando um outro extraordinário apóstolo foi escolhido, tendo em vista especialmente os gentios. Depois os doze teriam seu próprio lugar na igreja, mas Paulo foi seu divinamente chamado e qualificado ministro.

Há uma noção geral de que os doze eram completamente analfabetos, com a qual não podemos concordar. A expressão "homens sem letras e indoutos", como usada pelo conselho em Atos 4:13, apenas denotava pessoas que não tinham sido ensinadas na tradição rabínica dos judeus. Seria a mesma ideia do termo "leigo", isto é, homens de educação regular, em contrate com aqueles que foram especialmente treinados nas escolas de eruditos, ou homens que não participam de "ordens sagradas". Assim, Pedro e João podem ter sido completamente familiarizados com as Sagradas Escrituras e com a história de seu país e de seu povo, e ainda assim serem considerados, pelo conselho, como "homens iletrados e indoutos". Tiago e João, pelo menos, tinham todas as vantagens do ensinamento de uma mãe fiel e devota, que muitas vezes fez grandes coisas para a igreja de Deus.

Vamos, agora, passar brevemente as vistas a cada um dos doze.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Os Triunfos do Evangelho em Samaria

Filipe, o diácono, evidentemente próximo a Estêvão em zelo e energia, desce à Samaria. O Espírito Santo opera por meio dele. Na sabedoria dos caminhos do Senhor, a desprezada Samaria é o primeiro lugar, fora da Judeia, onde o Evangelho foi pregado por Suas testemunhas escolhidas. "E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia. E havia grande alegria naquela cidade." (Atos 8:5-6,8). Muitos creram e foram batizados, tanto homens quanto mulheres. Até mesmo Simão Mago, o feiticeiro, experimentou a presença de um poder muito acima do seu próprio, e se curvou à força e corrente da obra do Espírito nos outros, embora a verdade não houvesse penetrado em seu próprio coração e consciência. Mas, como agora já viajamos a essa outra parte do país, este pode ser o momento apropriado para dizermos algumas palavras sobre sua história.

A Terra Santa, uma nação interessante, que se destaca entre as outras nações da Terra, tanto moral quanto historicamente, é em tamanho muito pequena. "É como um pedaço de um país, de tamanho próximo ao do País de Gales, com menos de 225 quilômetros de comprimento, e quase 64 quilômetros, em média, de largura"*. A parte norte é a Galileia; o centro, Samaria; o sul, a Judeia. Mas embora fisicamente tão pequena, ela foi o teatro dos acontecimentos mais importantes na história do mundo. Lá, o Salvador nasceu, viveu e foi crucificado - e lá Ele foi sepultado e ressuscitado. E lá, também, Seus apóstolos e mártires viveram, testificaram e sofreram. E lá o evangelho foi pregado pela primeira vez, e lá a primeira igreja foi plantada.

{*Dicionário Bíblico de Smith}

A terra ocupada por Israel se encontra entre os antigos impérios da Assíria e do Egito. Daí a frequente referência no Antigo Testamento ao "rei do Norte" e ao "rei do Sul". Devido a essa posição, Israel foi muitas vezes o campo de batalha desses dois poderosos impérios, e sabemos que ainda será o cenário de seu último e mortal conflito (Daniel 11). Os homens têm sido tão supersticiosos sobre a Terra Santa que ela tem sido objeto de ambição nacional, e quase sempre motivo de guerras religiosas desde os dias dos apóstolos. Quem poderia estimar quanto sangue foi derramado, e o tesouro que foi desperdiçado por essas planícies sagradas? - e tudo, podemos acrescentar, sob o nome do zelo religioso, ou melhor, sob as bandeiras da cruz e da lua crescente. Para ali os peregrinos de todas as eras têm viajado para que pudessem adorar no "santo sepulcro" e cumprir seus votos. Também tem sido a grande atração para viajantes de todo tipo e de todas as nações, e o grande empório de "relíquias milagrosas". O cristão, o historiador e o antiquário têm procurado diligentemente e feito conhecidas suas descobertas. Desde os dias de Abraão, esse tem sido o lugar mais interessante e atraente da face da Terra. E para o estudante da profecia, sua história futura é ainda mais interessante que seu passado. Ele sabe que o dia se aproxima, quando toda aquela terra será povoada pelas doze tribos de Israel, e cheia da glória e majestade de seu Messias. Então eles serão conhecidos como o povo metropolitano da Terra. Retornemos, agora, a Samaria, com sua nova vida e alegria.

Os samaritanos, por meio da bênção de Deus, prontamente creram no Evangelho pregado por Filipe. O efeito da verdade, recebida com simplicidade, foi imediato e do mais bendito caráter. "Havia grande alegria naquela cidade", e muitos foram batizados. Tais devem ser sempre os efeitos do Evangelho, quando crido, a menos que haja algum obstáculo com relação a nós mesmos. Onde há genuína simplicidade de fé, deve haver paz e alegria genuínas, e uma feliz obediência. O poder do Evangelho sobre um povo que tinha, durante séculos, resistido às reivindicações do judaísmo, foi então demonstrado. O que a lei não podia fazer a este respeito, o Evangelho realizou. "Samaria foi uma 'conquista'", disse alguém, "que toda a energia do judaísmo não tinha sido capaz de fazer. Foi um novo e esplêndido triunfo do Evangelho. O domínio espiritual do mundo pertencia à igreja."

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