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domingo, 23 de outubro de 2022

A Oração de Lutero

Por um momento, Lutero sentiu-se perturbado; seu olho estava longe do bendito Senhor; ele estava pensando nos muitos grandes príncipes diante dos quais teve que se apresentar; sua fé enfraqueceu; ele foi como Pedro quando olhou para as ondas em vez da Pessoa de Cristo, sentiu como se fosse afundar. Nesse estado de alma, ele caiu de bruços e gemeu pensamentos profundos que não podiam ser expressos. Era o Espírito fazendo intercessão por ele. Um amigo que ouviu sua angústia, escutou e teve o privilégio de ouvir os gritos de um coração quebrantado subindo ao trono de Deus. 

"Ó Deus Todo-Poderoso e Eterno! Quão terrível é este mundo! Eis que ele abre sua boca para me engolir, e eu tenho tão pouca confiança em Ti! ... Quão fraca é a carne, e quão forte é Satanás! Se somente na força deste mundo eu pudesse colocar minha confiança, tudo estaria acabado! ... Minha última hora chegou; minha condenação foi pronunciada! ... Ó Deus! Ó Deus! ... Ó Deus! ajuda-me contra toda a sabedoria do mundo! Faz isso; Tu deves fazer isso... Tu sozinho... pois esta não é minha obra, mas Tua. Eu não tenho nada a fazer aqui, nada para disputar com esses grandes. Eu gostaria de ver meus dias fluindo pacíficos e felizes, mas é Tua a causa... E é uma causa justa e eterna. Ó Senhor! ajuda-me! Deus fiel e imutável! em nenhum homem coloco minha confiança. Seria em vão! Tudo o que é do homem é incerto, tudo o que vem do homem falha... Ó Deus! meu Deus! Não me ouves? ... Tu te escondes! Tu escolheste me para este trabalho. Eu sei bem... Age, pois, ó Deus! ... Fica ao meu lado, por amor de Teu bem-amado Jesus Cristo, que é minha defesa, meu escudo e minha torre forte”. 

Após um curto período de luta silenciosa com o Senhor, ele novamente irrompeu naquelas palavras curtas, profundas e quebradas, que devem ser experimentadas antes que possam ser compreendidas. É a quebra dos ossos da confiança carnal e da autoimportância; isso é ser quebrantado na presença de Deus. "Senhor! onde estás Tu? ... Ó meu Deus! por Tua verdade... paciente como um cordeiro. Pois és a causa da justiça -- é Tua! ... Jamais te separarei de mim, nem agora nem pela eternidade! ... E ainda que o mundo se enchesse de demônios...  ainda que meu corpo, que ainda é obra de Tuas mãos, fosse morto, estendido sobre o pavimento, cortado em pedaços... reduzido a cinzas... minha alma é Tua?... Sim! Tua palavra é a minha certeza disso. Minha alma pertence a Ti! Ela permanecerá para sempre contigo... Amém... Ó Deus! ajuda-me! ... Amém." 

Esta oração explica o estado de espírito de Lutero e o caráter de sua comunhão com Deus muito melhor do que qualquer descrição da pena de seu biógrafo. Aqui o Deus vivo está qualificando Seu servo para Sua obra, dando-lhe o gosto da amargura da morte (2 Coríntios 4:7-12). Lutero estava apenas emergindo das trevas da superstição; ele não havia aprendido completamente a bendita verdade da morte e ressurreição, de sua unidade com Cristo, de sua aceitação no Amado. Mas sua proximidade com Deus, o poder de sua oração e a realidade de sua comunhão ainda refrescam nossos corações, mesmo após terem se passado quinhentos anos desde então.  

domingo, 2 de outubro de 2022

A Primeira Vez que Lutero Pegou em uma Bíblia

Em um estado de ansiedade trêmula sobre a salvação de sua alma, Lutero estava um dia procurando na biblioteca de Erfurt por algo novo, quando a mão de Deus o direcionou para uma Bíblia. Ele leu a página de rosto — era de fato a Bíblia Sagrada! Ele ficou muito empolgado e interessado enquanto virava rapidamente suas folhas. Ele tinha então vinte anos de idade e nunca tinha visto o precioso volume antes. Deixemos o leitor protestante notar isso -- ele foi criado por pais piedosos, viveu quatro anos em uma família cristã e nem mesmo tinha visto uma Bíblia! A mesma ignorância da Palavra de Deus prevalece nas comunidades católicas romanas até hoje. A Bíblia não faz parte da educação de um padre católico, e as pessoas são proibidas de lê-la. Dezenas de milhões estão agora em circulação, mas em um distrito estritamente católico romano seria difícil encontrar uma única cópia. Alguns extratos são usados no culto da igreja, e até mesmo católicos piedosos são levados a acreditar que esses extratos contêm a substância de toda a Bíblia. Tal é o fundamento estreito e precário sobre o qual sua fé é construída, e tal é o poder ofuscante e ruinoso desse temível sistema de trevas e idolatria. 

Mas também temos, como protestantes, que lembrar que a Bíblia não é seu próprio poder, ou seu próprio intérprete. Pois "qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus". Sem o ensino e o poder do Espírito Santo, por meio da fé em Cristo Jesus, não pode haver entendimento correto da palavra de Deus, nem verdadeira sujeição do coração à sua autoridade absoluta. Portanto, alguns dos axiomas protestantes, embora soem bem e de importância em contraste com o papado, são, no entanto, incorretos e enganosos, como é o caso, por exemplo, de: "A Bíblia, toda a Bíblia, e nada além da Bíblia". Isso é bem verdade quando se fala da Bíblia como padrão; mas se quer dizer que a Bíblia é seu próprio poder e intérprete, é falsa; pois o Espírito Santo seria assim praticamente excluído. "O direito de julgamento particular" também tem sido muito falado pelos protestantes; mas seus efeitos foram muito perniciosos. O orgulho do intelecto, a competência da razão humana e a insubmissão à vontade revelada de Deus são alguns dos maus frutos desse princípio fundamental do protestantismo; embora originalmente se destinasse a contrastar com a ostentada infalibilidade do sacerdócio romano e a mente escravizada dos leigos. 

Como pode um pecador perdido, já condenado, ter algum direito particular ou individual? Ele não tem nenhum direito a não ser um lugar entre os perdidos. Mas se Deus se agrada de falar com ele, ele é obrigado a ouvir --- apenas a ouvir; ele não tem o direito de raciocinar sobre o que Deus pode ter prazer em dizer; ele não pode ter opinião própria sobre as coisas divinas. As pessoas realmente não acreditam que estão perdidas; elas acreditam que têm pecados – que são culpadas; mas elas não acreditam que em seu estado atual estejam "já condenadas". A maioria das pessoas não sabe que está perdida, nem que está salva; então elas falam de seus direitos como pessoas livres. Mas alguns podem perguntar: "Qual é então a utilidade de nossa razão se não a exercermos?" Ler, pesquisar e aprender a mente de Deus a partir de Sua Palavra é certamente o mais alto exercício da mente humana e o mais rico privilégio. Mas quanto ao estudo da Bíblia, há algumas considerações, que veremos na seção seguinte. 

domingo, 7 de maio de 2017

O Fluxo do Rio da Vida

Como é bom o Senhor, o grande Cabeça [Chefe] da igreja, que envia a muitas terras distantes as águas vivas do santuário, quando Roma, o centro da Cristandade, estava estagnada e corrompida. Nessa mesma época, Barônio, o famoso analista da igreja romana, e cuja parcialidade quanto à Sé Romana é notória, clama: "Quão deformada e assustadora era a face da igreja de Roma! A santa Sé caiu sob a tirania de duas mulheres relaxadas e desregradas, que colocavam e tiravam bispos ao seu bel-prazer, e (o que tremo ao pensar e falar) colocaram seus galantes na cadeira de São Pedro", etc. Referindo-se ao mesmo período, Arnoldo, bispo de Orleans, exclama: "Ó miserável Roma! Tu que antigamente apresentavas tantas grandes e gloriosas luminárias aos nossos ancestrais, em que prodigiosa escuridão não caíste, o que te tornará infame a todos os séculos posteriores."*

{*Conforme dado por Du Pin, vol. 2, p. 156.}

Enquanto tal era o estado de Roma, a capital da corrupta Jezabel, o fluxo vital de vida eterna do exaltado Salvador fluía livremente nas extremidades do império. Muitas nações, tribos e línguas tinham recebido o evangelho com as muitas bênçãos que ele lhes trazia. Sem dúvida, ele estava saturado com muitas superstições; mas a Palavra de Deus, até então, e o nome de Jesus, tinham sido introduzidos entre eles; e o Espírito de Deus pode obrar maravilhas com esse tão bendito nome e com essa tão bendita Palavra. O Salvador era pregado; o amor de Deus e a obra de Cristo parecem ter sido ensinados com uma unção divina carregada de convicção aos rudes bárbaros. Era a obra do próprio Deus e o cumprimento de Seus próprios propósitos. Em tal caso, não diria Paulo: "nisto me regozijo, sim, e me regozijarei"? (Filipenses 1:18)

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