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domingo, 30 de abril de 2017

A Conversão das Nações do Norte

A disseminação do evangelho em direção às extremidades ao norte da Europa, durante os séculos IX e X, tem sido tão detalhada nas histórias gerais que faremos pouco mais do que nomear os principais lugares e os principais atores em conexão com a boa obra. Mas nos regozijamos em traçar os passos daqueles missionários abnegados, no próprio coração do reino [ou trono] de Satanás, onde por séculos ele já tinha reinado imperturbável. Já vimos que a espada de Carlos Magno tinha aberto o caminho para os frísios, os saxões, os hunos, e outras tribos.

Na primeira parte do reinado de seu filho Luís, o evangelho foi introduzido entre os dinamarqueses e suecos. Disputas quanto ao trono da Dinamarca entre Haroldo e Godofredo levaram Haroldo a buscar a proteção de Luís. O piedoso imperador pensou que isso poderia ser uma oportunidade conveniente para a introduzir o cristianismo entre os dinamarqueses. Ele, portanto, prometeu ajuda a Haroldo na condição de que ele próprio abraçasse o cristianismo e admitisse pregadores do evangelho em seu país. O rei aceitou os termos e foi batizado em Mentz, no ano 826 d.C., junto a sua rainha e uma numerosa comitiva de súditos. Luís apadrinhou Haroldo, a imperatriz apadrinhou sua rainha, e Lotário o seu filho; e padrinhos de classes adequados foram encontrados para os membros de sua comitiva. Assim cristianizados, como pensava-se naqueles dias, ele voltou para casa, levando consigo dois mestres do cristianismo. E, embora Haroldo não tenha conseguido recuperar seu reino, Luís designou-lhe um território na Frísia.

Ansgarius e Aubert, os dois monges franceses que o acompanharam, trabalharam com grande zelo e sucesso; mas Aubert, um monge de nobre nascimento, morreu dois anos depois entre os trabalhos de missionário.

O infatigável Ansgarius, na morte de seu companheiro, foi para a Suécia. Ele foi igualmente feliz e bem-sucedido em sua obra lá. Em 831, Luís recompensou seus grandes labores tornando-o arcebispo de Hamburgo e de todo o norte. Ele frequentemente encontrou grande oposição, mas comumente desarmava seus perseguidores pela bondade de suas intenções e pela retidão de sua conduta. Ele viveu até o ano 865, e trabalhou principalmente entre os dinamarqueses, os cimbrianos e os suecos.

domingo, 23 de abril de 2017

A Propagação do Cristianismo (Século IX)

Capítulo 17: Europa (814 d.C. - 1000 d.C.)


É realmente um grande alívio para a mente, tanto do escritor quanto do leitor, afastar-se das regiões sombrias e poluídas de Roma, e traçar, por um momento, a linha prateada da graça salvadora de Deus na disseminação do evangelho e na devoção de muitos de Seus servos. Ao mesmo tempo, não podemos esperar muito de Cristo, ou do que é chamado de um evangelho puro, no testemunho dos missionários nesse período. O estado da Europa em geral no século IX, comparado ao século XIX {*N. do T.: e também ao século XX e XXI}, deve ser considerado se quisermos que nossos corações se elevem a Deus em gratidão pelo dia das coisas pequenas.

A preferência dada aos escritos humanos sobre as Escrituras era, então, um hábito, pelo menos onde a influência de Roma prevalecia. Os paulicianos, provavelmente, e outros que estavam separados da comunhão de Roma, mantinham a autoridade da Palavra de Deus. Mas os missionários romanos eram instruídos e obrigados a cumprir as decisões dos pais [apostólicos]. Apelava-se constantemente aos cânones dos concílios e aos escritos dos grandes doutores, de modo que o volume sagrado (as Escrituras) fosse completamente esquecido. Muito antes desse período, a Palavra de Deus já vinha sendo tratada como obscura, confusa e inadequada para a leitura geral. E assim tem sido considerada pelos católicos desde aqueles dias até hoje. Ainda assim, Deus estava, e está, acima de tudo, subjugando tudo isso para Sua própria glória, para a disseminação do cristianismo, e para a salvação dos pecadores. "Todo o que o Pai me dá", disse Jesus, "virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora", não importa o país, o período, a educação, ou a condição. (João 6:37)

domingo, 4 de dezembro de 2016

A Missão de Agostinho na Inglaterra

No ano 596, e cerca de 150 anos após a chegada dos saxões na Britânia, a famosa missão de Gregório saiu da Itália rumo a essa ilha. Uma companhia de quarenta monges missionários, sob a direção de Agostinho, foram enviados para pregar o evangelho aos ignorantes anglo-saxões. Mas ao ouvir sobre o caráter e hábitos selvagens do povo, e sendo ignorantes de sua língua, eles ficaram seriamente desencorajados e tiveram medo de prosseguir. Agostinho foi enviado de volta pelos outros para suplicar a Gregório que os dispensassem do serviço. Mas ele não era um homem que abandonava uma missão daquele tipo. Ele não a planejou com pressa, mas foi o resultado de muita oração e deliberação. Ele, portanto, os exortou e encorajou a seguir em frente, confiando no Deus vivo e na esperança de ver o fruto de seus labores na eternidade. Ele entregou-lhes cartas de apresentação para bispos e príncipes, e lhes garantiu toda assistência em seu poder. Assim animados eles prosseguiram a sua viagem e, viajando pelo caminho da França, chegaram na Britânia.

Os 41 missionários, tendo desembarcado na Ilha de Thanet, anunciaram a Etelberto, rei de Kent, sua chegada de Roma e sua missão com novas de grande alegria para ele e para seu povo. As circunstâncias favoreceram muito essa marcante missão. Bertha, a rainha (filha de Clotário I, rei dos francos), era cristã. Seu pai estipulou em seu acordo matrimonial que devia ser permitido a ela a livre profissão do cristianismo, na qual tinha sido educada. Um bispo participava de sua corte, e vários de sua casa eram cristãos, e as cerimônias eram conduzidas de acordo com a forma romana. O Senhor, neste caso, usou uma mulher, como Ele fez muitas vezes, para a propagação do evangelho entre os pagãos. Estas contrastam favoravelmente com a classe de "mulheres Jezabel", e preservam a linha prateada da graça de Deus nessas tempos de trevas. Bertha era da casa de Clóvis e Clotilda.

Etelberto, influenciado por sua rainha, recebeu bondosamente os missionários. Foi permitido a Agostinho e seu séquito que prosseguissem para a Cantuária, a residência do rei. Este consentiu com uma entrevista, mas ao ar livre por medo de magia. Os monges se aproximaram da festa real de maneira muito imponente. Um deles, carregando uma grande cruz prateada com a figura do Salvador, conduziu a procissão, a qual seguiram-se os demais, cantando seus hinos em Latim. Ao chegarem ao carvalho escolhido como o local da conferência, foi dada permissão para que pregassem o evangelho ao príncipe e seus assistentes. O rei foi então informado que eles tinham vindo com boas novas, e até mesmo vida eterna para aqueles que os recebessem, e o prazer da bem-aventurança no céu para sempre. O rei ficou favoravelmente impressionado, e lhes deu uma mansão na cidade real de Cantuária, e liberdade para pregarem o evangelho a sua corte e ao povo. Eles então marcharam para a cidade, cantando em uníssono a ladainha: "Te suplicamos, ó Senhor, em toda a Tua misericórdia, que Tua ira e Tua fúria sejam removidas desta cidade, e de Tua santa casa, porque nós temos pecado. Aleluia".

Por esses passos preparatórios o caminho dos missionários tornou-se simples e fácil. A aprovação do monarca inspirou seus súditos com confiança, e abriu seus corações aos mestres. Novos convertidos se multiplicaram rapidamente. No Natal do ano 597 conta-se que não menos que 10.000 pagãos foram reunidos ao rol da igreja católica pelo batismo. Etelberto também se submeteu ao batismo e ao cristianismo na forma romana, tornando-se a religião estabelecida de seu reino. Esta foi a primeira base de Roma na Inglaterra. Ela estava agora determinada em subjugar a igreja britânica ao papado, e estabelecer sua autoridade na Grã-Bretanha, como tinha feito na França. Ela começou a trabalhar da seguinte maneira... (continua no próximo capítulo)

domingo, 20 de novembro de 2016

O Zelo Missionário de Gregório

Apesar do abatimento da igreja e de todas as classes da sociedade através das invasões dos bárbaros, o bendito Senhor zelava pela disseminação do evangelho em outros países. E certamente foi pela Sua misericórdia que as hostes de invasores que se espalharam pelas províncias do império foram logo convertidos ao cristianismo. Eles podem ter tido muito pouco entendimento sobre sua nova religião, mas isto abrandou muito sua ferocidade e mitigou os sofrimentos dos conquistados. Gregório era muito zeloso em seus esforços de estender o conhecimento do evangelho e trazer as nações bárbaras à fé católica. Mas seu plano favorito, e o que tinha estado a muito tempo em seu coração, era a evangelização dos anglo-saxões.

A bela história  do incidente que primeiramente dirigiu a mente de Gregório à conversão da Britânia é prazerosa demais para não merecer um espaço em nosso texto. Nos primeiros dias de sua vida monástica, pelo menos antes de sua elevação ao papado, certo dia chamou-lhe a atenção alguns meninos bonitos de cabelos claros expostos à venda no mercado. Conta-se que ocorreu a seguinte conversa neste lugar. Ele perguntou de que país eles vinham. "Da ilha da Britânia", foi a resposta. "Os habitantes dessa ilha são cristãos ou pagãos?" "Eles ainda são pagãos". "Que infelicidade", disse ele, "que o príncipe das trevas possua gente de tamanha graça! Que tal beleza de rosto possa desejar aquela melhor beleza da alma". Ele então perguntou por qual nome eram chamados. "Anglos", foi a resposta. Brincando com as palavras, ele disse: "Verdadeiramente eles são Anjos! De que província?" "Da província de Deira, na Nortúmbria". "Certamente eles devem ser resgatados 'de ira' -- da ira de Deus, e chamados à misericórdia de Cristo. Qual o nome do rei deles?" "Ella", foi a resposta. "Sim", disse Gregório, "Aleluias devem ser cantadas nos domínios desse rei."

"Ser o primeiro missionário desse belo povo", diz Milman, "e conquistar a ilha remota e bárbara, como um César cristão, para o reino de Cristo, tornou-se a santa ambição de Gregório. Ele conseguiu com muito esforço o consentimento do Papa, e tinha já partido e viajado por três dias, quando foi abordado por mensageiros enviados para chamá-lo de volta. Toda a Roma tinha se levantado em piedoso motim e compeliu o Papa a revogar sua permissão"*. Mas embora ele tenha sido assim prevenido de executar sua missão em pessoa, ele nunca perdeu de vista seu nobre objetivo. A partir desse momento ele não foi mais permitido a retornar ao seu monastério. Ele foi forçado a embarcar em assuntos públicos, primeiro como um diácono, e mais tarde como supremo pontífice. Mas tudo isso era uma dignidade compulsória para Gregório. Seu coração estava voltado para a salvação dos jovens de cabelo claro da Inglaterra e preferiria mil vezes ter embarcado em viagem à nossa ilha {*N. do T.: o autor do livro vivia na Inglaterra}, com todas as suas dificuldades e perigos desconhecidos, do que ser coroado com as honras do papado. Mas tal era o caráter de sua mente, que ele perseguia com incansável atenção e devoção qualquer plano de piedade que tivesse planejado anteriormente. Daí aconteceu que, após ter sido elevado à cadeira papal, foi-lhe permitido promover e enviar um grupo de quarenta missionários para as margens da Britânia. Mas antes de falarmos sobre o caráter e resultados dessa missão, será interessante olhar brevemente para a história da igreja nas Ilhas Britânicas desde o início.

{* Cristianismo Latino, vol. 1, p. 434}

domingo, 2 de outubro de 2016

A Conversão dos Bárbaros

É sempre interessante e edificante identificar a mão do Senhor ao tornar a ira do homem em instrumento para Seu próprio louvor, e ao trazer o maior bem ao Seu próprio povo em meio ao que parecia ser sua mais pesada calamidade. No reinado de Galieno, por volta de 268, um grande número de provinciais Romanos tinham sido levados em cativeiro pelos bandos góticos; muitos desses cativos eram cristãos, e vários pertenciam à ordem eclesiástica. Eles foram dispersos por seus mestres como escravos nos vilarejos: mas também como missionários pelo Senhor. Eles pregaram o evangelho ao povo bárbaro, e muitos foram convertidos. Seu aumento e ordem podem ser inferidos do fato de que eles foram representados no concílio de Niceia por um bispo chamado Teófilo.

Ulfilas, que é comumente chamado "o Apóstolo dos Godos", mereceu a grata lembrança da posteridade, mas especialmente dos cristãos. Por volta da metade do século IV, ele inventou um alfabeto e traduziu as Escrituras para a linguagem gótica, com a exceção do livro de Samuel e de Reis, por receio de que seu conteúdo belicoso (cheio de guerras) pudesse parecer favorável à ferocidade dos bárbaros. A princípio eles parecem ter sido simples e ortodoxos em sua fé, mas mais tarde se tornaram profundamente manchados com o arianismo, especialmente após os ministros arianos, que foram expulsos de suas "igrejas" por Teodósio, terem trabalhado diligentemente entre eles.

Alarico e seus godos eram cristãos professos. Eles dirigiam sua ira contra os templos pagãos, mas reverenciavam muito as "igrejas". Esta foi a grande misericórdia de Deus para Seu povo. Muitos fugiam para as "igrejas", onde encontravam um santuário. A fé fervorosa e o zelo infatigável de Ulfilas, juntamente com sua vida irrepreensível, tinha ganhado o amor e confiança do povo. Eles receberam na fé as doutrinas do evangelho, que ele pregava e praticava: de modo que os primeiros invasores do império tinham previamente aprendido, em sua própria terra, a professar, ou ao menos respeitar, a religião dos conquistados. E aqui vemos a verdade, ou melhor, o cumprimento das palavras do Apóstolo em sua Epístola aos Romanos: "O evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego"; e depois: "Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes." Os cidadãos cultos do Império Romano e os rudes habitantes da Cítia e da Germânia foram, do mesmo modo, colocados sob o poder salvador do evangelho. 

sábado, 19 de março de 2016

Clericalismo, Ministério e Responsabilidade Individual

Admite-se que as epístolas de Inácio foram escritas apenas alguns anos após a morte de João, e que o escritor deveria estar intimamente familiarizado com o pensamento do apóstolo, e que em suas epístolas ele estaria apenas apresentando seus pontos de vista. Por isso é dito que o episcopado é contemporâneo do cristianismo. Mas pouco importa, comparativamente, por quem elas foram escritas, ou o tempo preciso em que foram escritas: o que importa é que essas cartas não fazem parte das Escrituras, e o leitor deve julgar o caráter delas pela Palavra de Deus, e a influência que tiveram na história da igreja. O pensamento do Senhor, no que diz respeito a Sua igreja e à responsabilidade de Seu povo, deve ser aprendido por Sua própria palavra, e não pelos escritos dos "pais", por mais pioneiros e estimados que sejam. E aqui, pode ser interessante citar, antes de deixarmos este assunto, alguns trechos da Palavra que o leitor fará bem em comparar com os extratos dos textos dos "pais" citados anteriormente. Esses trechos da Palavra se referem ao ministério e responsabilidade individual cristã. Assim, aprendemos a grande diferença entre ministério e ofício: ou melhor, entre ser estimado por causa de suas obras, e não meramente por seu ofício.

No Evangelho de Mateus, do versículo 45 do capítulo 24 até o versículo 31 do capítulo 25, temos três parábolas, por meio das quais o Senhor instrui os discípulos quanto à conduta deles durante Sua ausência.

1. O assunto da primeira parábola é a responsabilidade do ministério dentro da casa - na igreja. "A qual casa somos nós." (Hebreus 3:6). Assim lemos: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens." (Mateus 24:45-47). O verdadeiro ministério é do Senhor, e dEle apenas. Isto é o que temos que observar tendo em vista o que aconteceu no próprio início do cristianismo. E Ele se importa com a fidelidade ou infidelidade em Sua casa. Seu povo é próximo e querido ao Seu coração. Aqueles que foram humildes e fiéis durante Sua ausência serão feitos governantes sobre todos os Seus bens quando Ele retornar. O verdadeiro ministro de Cristo tem de tratar diretamente com o próprio Cristo. O cristão não é mercenário de algum homem, ou de algum grupo particular de homens. "Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim". A falha no ministério é também dita e tratada pelo próprio Senhor.

"Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá; e começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios"
(Mateus 24:48,49). Este é o outro e triste lado do quadro. O caráter do ministério é grandemente afetado pela resistência ou rejeição à verdade da vinda do Senhor. No lugar de serviço dedicado à família, com seu coração voltado para a aprovação do mestre em seu retorno, há presunção, tirania e mundanismo. A condenação de tal, quando o Senhor vier, será pior que a do mundo. Ele "destinará a sua parte com os hipócritas" - o mesmo lugar de Judas - onde "haverá pranto e ranger de dentes" (Mateus 24:51). Tais são as temíveis consequências do esquecimento quanto ao retorno do Senhor. Mas isto é mais do que mero erro doutrinal ou uma diferença de opinião sobre a vinda do Senhor. Estava "no seu coração", sua vontade vinha dali. Ele desejava em seu coração que o Senhor ficasse longe, como se Sua vinda fosse estragar todos os seus planos e acabar com toda a sua grandeza mundana. Não é esta uma imagem tão verdadeira do que aconteceu? E que lição solene para aqueles que tomam para si um lugar de serviço na igreja! A mera nomeação de soberania, ou a escolha do povo, não será suficiente naquele dia, a menos que eles também tenham sido escolhidos do Senhor e fiéis em Sua casa.

2. Na segunda parábola, cristãos professos, durante a ausência do Senhor, são representados por virgens que saíram ao encontro do Noivo para iluminar o caminho dEle até Sua casa. Esta foi a atitude dos primeiros cristãos. Eles saíram do mundo e do judaísmo para ir adiante e se encontrar com o Noivo. Mas sabemos o que aconteceu. Ele tarda em vir, e todas elas caem no sono e adormecem. "Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro" (Mateus 25:6). Desde o primeiro século até o presente {* N. do T.: Século XIX, quando foi escrito este livro}, ouvimos muito pouco sobre a vinda do Senhor. De vez em quando, aqui e ali, uma voz fraca podia ser ouvida sobre o assunto, mas não até o início do século XIX ouviu-se o clamor da meia-noite. Agora temos muitos folhetos e volumes sobre o assunto, e muitos estão pregando isto em quase todas as terras debaixo do céu. A meia-noite já passou, e logo vem a manhã.

A restauração da verdade da vinda do Senhor marca uma época distinta na história da igreja. E, como todo reavivamento, foi uma obra do Espírito Santo, por meio de instrumentos de Sua própria escolha, e por meios que Ele elaborou. E quão grande é a longanimidade do Senhor, que em meio a esse grande movimento instituiu um tempo entre o clamor e a chegada do Noivo para provar a condição de cada um. Cinco das dez virgens não tinham óleo em suas lâmpadas - sem Cristo, sem o Espírito Santo habitando nelas. Elas tinham apenas a lâmpada exterior da profissão. Quão terrivelmente solene pensamento, se olharmos para a cristandade a partir deste ponto de vista! Cinco dentre dez são falsas, e contra elas a porta será fechada para sempre. Como esse pensamento deveria mover a seriedade e energia no evangelismo! Que possamos sabiamente aproveitar melhor o tempo que graciosamente foi dado entre o clamor da meia-noite e a vinda do Noivo.

3. Na primeira parábola, o assunto é o ministério dentro da casa; na terceira, é o ministério fora da casa - o evangelismo. Na segunda parábola, é a expectativa pessoal da vinda do Senhor, com a posse daquilo que é o requisito para ir com Ele para as bodas do filho do Rei.

"Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe." (Mateus 25:14,15). Aqui o Senhor é representado como deixando este mundo e voltando para o céu; e enquanto Ele está ausente, Seus servos devem negociar com os talentos conferidos a eles. "E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois." (Mateus 25:16,17). Aqui temos o verdadeiro princípio e o verdadeiro caráter do ministério cristão. O próprio Senhor chamou os servos e deu-lhes os talentos, e o servo é responsável perante o próprio Senhor pelo cumprimento de seu chamado. O exercício de um dom, seja dentro ou fora da casa, embora sujeito às direções do mundo e sempre exercitado em amor e para a bênção, não é de modo nenhum dependente da vontade de um soberano, de um sacerdote ou do povo, mas e Cristo apenas, a verdadeira Cabeça da igreja. É algo grave e solene para qualquer um interferir nas reivindicações de Cristo no serviço de Seu servo. Tocar nisto é deixar de lado a responsabilidade para com Cristo e derrubar o princípio fundamental do ministério cristão.

O sacerdócio era a característica distinta da dispensação judaica; o ministério, de acordo com Deus, é a característica do período cristão. Daí o fracasso da igreja professa, quando procurou imitar o judaísmo de tantas formas, tanto em seu sacerdócio quanto em seu ritualismo. Se uma ordem sacerdotal, com ritos e cerimônias, é ainda necessária, a eficácia da obra de Cristo é posta e causa. De fato, embora não em palavras, isto ataca a raiz do cristianismo. Mas tudo é resolvido pela Palavra de Deus. "Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados... Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado." (Hebreus 10:12-14,18)

O ministério, então, é um assunto da mais alta dignidade e do mais profundo interesse. Testifica a obra, a vitória e a glória de Jesus, de que o perdido pode ser salvo. É a atividade do amor de Deus se dirigindo a um mundo alienado e arruinado, e fervorosamente rogando por almas para se reconciliar com Ele. "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação." (2 Coríntios 5:19-21). O sacerdócio judaico mantinha o povo em suas relações com Deus: o ministério cristão é Deus em graça, por meio de Seus servos, libertando almas do pecado e da ruína, e trazendo-as para perto se Si mesmo como felizes adoradores no lugar santíssimo (santo dos santos).

Voltando à nossa parábola, há uma coisa que deve ser especialmente observada aqui, que mostra a soberania e sabedoria do Senhor em conexão com o ministério. Ele deu quantias diferentes para cada um, de acordo com suas capacidades. Cada um tinha uma capacidade natural que servia exatamente para o serviço para o qual foi empregado, e os dons concedidos de acordo com a medida do dom de Cristo para seu cumprimento. "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores" (Efésios 4:11). O servo deve ter certas qualificações naturais para sua obra, além do poder do Espírito Santo. Então o Senhor pode criar em seu coração, pelo Espírito Santo, um amor verdadeiro pelas almas, que é o melhor dom do evangelista. Em seguida, ele deve apressar-se e exercitar seu dom de acordo com sua capacidade, para a bênção de almas e para a glória de Deus. Que possamos lembrar que somos responsáveis por essas duas coisas - o dom graciosamente concedido, e a capacidade por meio da qual o dom deve ser exercitado. Quando o Senhor vier ter com Seus servos, não será suficiente dizer "Eu nunca fui educado para isso, ou nomeado para o ministério". A questão será: "Eu esperei no Senhor para ser usado por Ele de acordo com aquilo que ele tinha preparado para mim? Ou será que escondi o meu talento na terra?". Fidelidade ou infidelidade será a única coisa em questão para Ele.

Aquilo que distinguia o servo fiel do infiel era a confiança em seu mestre. O servo infiel não conhecia o Senhor: ele agiu com base no medo, não com base no amor, e assim enterrou seu único talento na terra. O fiel conhecia o Senhor, confiava nEle, e o serviu por amor, e foi recompensado. O amor é a única fonte verdadeira de serviço para Cristo, seja na igreja ou pelo mundo afora. Que nunca sejamos achados dando desculpas para nós mesmos, como o "mau e negligente servo", mas que estejamos sempre contando com o amor, a graça, a verdade e o poder de nosso bendito Salvador e Senhor.

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