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domingo, 2 de outubro de 2022

Reflexões Sobre a Conversão de Lutero

Esta é a história simples da conversão de Lutero, e foi uma conversão genuína, pela graça de Deus, mas, no que dizia respeito à mente de Lutero, não foi uma obra muito sólida. A medida e o caráter da verdade apresentada por Staupitz e o velho monge não poderiam tê-lo fortalecido contra os ataques do inimigo. Com tão pouco conhecimento da mente de Deus, do amor de Cristo, da completude de Sua obra, da libertação por meio de Sua morte e ressurreição, uma alma convertida pode rapidamente ficar cheia e atormentada por dúvidas e temores. E é isso que encontramos por todos os lados nos dias atuais. Muito poucos estabeleceram a paz com Deus. Eles esperam, eles confiam, que são salvos, mas há muito pouco da plena certeza da fé. E por quê? Apenas por causa de visões defeituosas de seu próprio estado perdido e da obra de Cristo como atendendo perfeitamente a esse estado. Tome um texto como ilustração: "Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Hebreus 10:14). Certamente, se entendêssemos corretamente a dignidade e a glória do Sofredor, qual seria nossa fé no valor de Seu sacrifício, de Sua única oferta? Não há repetição, nem segunda aplicação do sangue; nunca pode perder sua eficácia. Podemos ser limpos diariamente com a água da purificação, mas a ideia de uma segunda aplicação do sangue da propiciação é desconhecida nas Escrituras. Uma vez lavada nesse sangue precioso, a consciência é perfeita para sempre. Essa palavra, "para sempre", significa não tanto eternamente, mas continuamente, permanentemente, ininterruptamente perfeito diante de Deus, assim como Cristo sempre é. Deus nunca poderá ignorar aquilo que tão perfeitamente apagou o pecado, tão perfeitamente glorificou a Si mesmo, tão perfeitamente venceu todos os inimigos, e tão perfeitamente obteve a redenção eterna para cada crente. 

Até o momento em que Lutero se encontrou com Staupitz e o velho monge, ele estava, de acordo com suas próprias palavras, "nos cueiros* do papado e não tinha visto seus males". E isso é verdade em certo sentido, inclusive acerca de milhares de pessoas. Elas estão nos cueiros de seus respectivos sistemas de doutrina e igreja, sem nunca terem examinado cuidadosamente essas coisas pela Palavra de Deus. Consequentemente, elas são estranhas à feliz liberdade com a qual Cristo torna seu povo livre. Lutero foi convertido, mas de modo algum estava fora da casa da escravidão. A remoção das faixas de sua alma foi através da incredulidade, um processo lento. Ele não sabia quase nada sobre os privilégios e bênçãos dos filhos de Deus, e de sua posição em Cristo. Mas sabemos pelas Escrituras quais foram suas bênçãos e quais são as bênçãos de cada alma convertida. Imediatamente após a mulher ter tocado a bainha do manto do Redentor a fonte de sua doença secou. Pelo delicado toque da fé, a virtude que havia em Jesus tornou-se sua. Bela ilustração da alma recém-convertida diante de Deus em todas as virtudes, excelências, vida, justiça, paz, alegria e feliz liberdade do próprio Cristo! A vida eterna tomou o lugar da morte espiritual, da justiça divina do pecado humano e da proximidade com Deus em distância moral. Tal é a bênção de toda alma no primeiro momento de sua conversão, mesmo que esteja à beira do desespero da escuridão de sua condição, como Lutero estava. 

{* cueiro: pano leve e macio com que se envolvem (em torno das nádegas e das pernas) as crianças de colo (Fonte: Oxford Languages}  

Veja outra ilustração – o ladrão penitente na cruz. Poucos momentos depois de sua conversão, ele entra no céu com Cristo, e tão apto para aquele lugar santo quanto o próprio Cristo. "Hoje estarás comigo no paraíso." A consequência imediata da fé em Cristo é a satisfação da herança dos santos na luz. Veja também Lucas 23:39-43; Marcos 5:25-34; Col. 1:12-13, 14

domingo, 4 de junho de 2017

Reflexões sobre o Espírito Missionário de Roma

Temos visto, ao traçar a boa obra do evangelho em diferentes países, a atividade, energia e o caráter agressivo da igreja de Roma. E embora houvesse uma terrível quantidade de tradição humana e muitas tolices absurdas misturadas ao "evangelho de Deus", ainda assim o nome de Jesus Cristo era proclamado, e a salvação por meio dEle, embora, infelizmente, não por Ele somente. No entanto, Deus em graça podia usar esse bendito nome e dar os olhos de fé para ver sua preciosidade em meio ao lixo da superstição romana. O evangelho de Cristo pleno e claro tinha se perdido completamente. Não era mais Cristo apenas, mas Cristo e mil outras coisas. Eles eram eloquentes em pregar boas obras, mas, ao mesmo tempo, obscureciam a fé da qual toda a boa obra deveria emanar. "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"; "Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro"; "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei"; "O que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora". (João 1:29, Isaías 45:22, Mateus 11:28, João 6:37). Textos como esses dão uma ideia de um evangelho que traz almas para o Próprio Cristo, pela fé somente; não a Cristo e aos ritos e cerimônias inumeráveis, antes da alma poder ser salva. Ser convertido ao Próprio Cristo é a melhor de todas as conversões. Descansar sobre a infalível eficácia do sangue de Cristo é salvação certa e segura para a alma, e perfeita paz com Deus.

Havia, sem dúvida, muitos homens bons e sinceros no campo missionário, cujo estado espiritual poderia ter sido muito melhor do que sua posição eclesiástica, e a quem Deus poderia ter usado para ganhar almas preciosas para Si. Mas não pode haver dúvida de que o espírito dos missionários de Roma eram mais de proselitismo para a igreja de Roma do que para a fé e obediência a Cristo. O batismo e a implícita e inquestionável sujeição à autoridade do papa era a exigência feita a todos os convertidos, fossem governadores ou súditos. Não buscava-se a fé em Cristo. A ambição da Sé Romana era abraçar o mundo todo e, no que diz respeito à Europa, toda confissão pública de cristianismo que professasse independência da dominação romana deveria ser imediatamente suprimida, e totalmente destruída.

Exatamente nessa época, um monge de origem humilde, mas do mais extraordinário caráter, apareceu em cena. Nele foram cumpridos todos os sonhos de domínio da mente humana. Até então a missão do papado nunca tinha sido totalmente cumprida. Mas como nunca houve um papa assim até então, e nunca mais houve um assim desde então, devemos esboçar brevemente sua incomparável carreira.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Apóstolo João

João era filho de Zebedeu e Salomé, e irmão mais novo de Tiago. Embora seu pai fosse um pescador, eles aparentemente estavam em boas circunstâncias de acordo com a narrativa do Evangelho. Alguns dos antigos falam da família como sendo rica, e até mesmo de conexão nobre. Porém, tais tradições não são reconciliáveis com os fatos relatados nas Escrituras. Lemos, no entanto, de seus "jornaleiros", e eles podem ter tido mais do que apenas um barco. Quanto a Salomé, sem dúvidas, foi uma daquelas mulheres honradas que serviam ao Senhor com o que tinham. E João tinha sua própria casa (Lucas 8:3; João 19:27). A partir desses fatos, podemos inferir, com segurança, que a situação deles era consideravelmente acima da pobreza. Como muitos têm sido extremos ao falar dos apóstolos como pobres e analfabetos, é interessante observar algumas poucas dicas nas escrituras sobres esses assuntos.

Do caráter de Zebedeu nada sabemos. Ele não fez objeções a seus filhos quando o deixaram ao chamado do Messias. Mas não ouvimos mais sobre ele depois disso. Frequentemente encontramos a mãe em companhia dos seus filhos, mas não há menções ao pai. É provável que ele tenha morrido pouco depois do chamado de seus filhos.

O evangelista Marcos, ao enumerar os doze apóstolos (Marcos 3:17), quando menciona Tiago e João, diz que nosso Senhor "pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão." O que nosso Senhor particularmente pretendeu, com esse título, não é facilmente determinado. Conjecturas têm havido muitas. Alguns supõem que seria porque esses dois irmãos eram da mais furiosa e resoluta disposição, e de um temperamento mais feroz e ardente do que o resto dos apóstolos. Mas não vemos motivo para tal suposição na história narrada nos Evangelhos. Sem dúvida, em uma ou duas ocasiões o zelo deles era intemperado, mas isso foi antes de entenderem o espírito de seu chamado. É mais provável que nosso Senhor os tenha apelidado em profecia ao zelo ardente deles ao proclamar aberta e corajosamente as grandes verdades do evangelho, após tê-lo conhecido plenamente. Estamos certos de que João, em companhia de Pedro nos primeiros capítulos de Atos, demonstrou uma coragem que não temia ameaças, e não era intimidado por nenhuma oposição.

Supõe-se que João era o mais novo de todos os apóstolos e, a julgar por seus escritos, parece ter sido possuído por uma disposição singularmente carinhosa, suave e amável. Ele foi caracterizado como "o discípulo a quem Jesus amava". Em várias ocasiões, ele foi admitido a uma livre e íntima relação com o Senhor (João 13).

"O que distinguia João", diz Neander, "era a união das mais opostas qualidades, como temos muitas vezes observado em grandes instrumentos do avanço do reino de Deus - a união de uma disposição inclinada à silente e profunda meditação, com um ardente zelo, embora não impulsionado a uma grande e diversificada atividade no mundo exterior; não um zelo apaixonado, como supomos que tenha enchido os peitos de Paulo antes de sua conversão. Mas havia também um amor, não suave e flexível, mas um que se agarrava com tudo o que podia, e firmemente retia o objetivo para o qual se dirigia - vigorosamente repelindo qualquer coisa que desonrasse esse objetivo, ou tentasse arrancá-lo de sua posse; tal era sua principal característica."

E a história de João está tão intimamente conectada com as histórias de Pedro e Tiago, as quais já abordamos, que podemos agora ser bastante breves. Esses três nomes raramente são vistos separados na história dos Evangelhos. Mas há uma cena em que João aparece sozinho e que é digna de nota. Ele era o único apóstolo que seguiu Jesus ao lugar de Sua crucificação. E lá ele foi especialmente honrado com o respeito e confiança de seu Mestre. "Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa." (João 19:26-27)

Após a ascensão de Cristo e a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, João se tornou um dos principais apóstolos da circuncisão. Mas seu ministério continua até o final do primeiro século. Com sua morte, a era apostólica naturalmente se encerra.

Há uma tradição muito difundida e geralmente aceita de que João permaneceu na Judeia até depois da morte da virgem Maria. A data do evento é incerta. Mas logo depois ele prosseguiu para a Ásia Menor. Lá ele plantou e cuidou de várias igrejas em diferentes cidades, mas fez de Éfeso seu centro. De lá ele foi banido para a Ilha de Patmos, perto do final do reinado de Domiciano. Ali ele escreveu o livro de Apocalipse (ou Revelação) (Apocalipse 1:9). Em sua libertação do exílio, pela ascensão de Nerva ao trono imperial, João retornou a Éfeso, onde escreveu seu Evangelho e suas Epístolas. Ele morreu por volta do ano 100 d.C., no terceiro ano do imperador Trajano, e com mais ou menos cem anos de idade.*

(* Veja Introdução ao Novo Testamento de Horne}

Das muitas tradições sobre o próprio João, selecionamos apenas uma, que pensamos ser a mais interessante e a mais provável de que seja verdade. Como um que foi incansável em seu amor e cuidado para com as almas dos homens, ele estava profundamente entristecido pela apostasia de um rapaz pelo qual ele tinha especial interesse. Ao revisitar o lugar onde ele o tinha deixado, ouviu que ele tinha se unido a um bando de ladrões e se tornado o capitão deles. Seu amor por ele era tão grande que se determinou a encontrá-lo. Assim, foi ao encalço dos ladrões e deixou-se capturar, implorando que o levassem à presença do capitão deles. Quando ele viu a venerável  aparência do velho apóstolo, sua consciência foi despertada. A lembrança dos dias passados foi maior do que ele podia suportar, de modo que fugiu, em consternação, de sua presença. Mas João, cheio de amor paternal, foi atrás dele. Ele pediu que o rapaz se arrependesse e retornasse à igreja, e o encorajou pela certeza do perdão de seus pecados no nome do Senhor Jesus. Sua maravilhosa afeição para com o rapaz e sua profunda preocupação pela sua alma o venceram por completo. Ele se arrependeu, retornou, foi restaurado e, posteriormente, se tornou um digno membro da comunidade cristã. Que possamos buscar a fazer o mesmo na restauração de desviados!

Chegamos agora ao que podemos chamar de segundo grupo de quatro apóstolos; e, assim como Pedro encabeçava o primeiro grupo, o segundo é liderado pelo apóstolo Filipe.

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