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domingo, 18 de dezembro de 2016

Os Primeiros Pregadores do Cristianismo na Escócia

Cerca de 150 anos antes do famoso Columba ter desembarcado na ilha de Iona, São Niniano, "um homem muito santo da nação britânica", como Beda o chama, pregou o evangelho nos distritos do sul da Escócia. Este missionário, como quase todos os santos dos primeiros séculos, é declarado como tendo sangue real. Ele recebeu sua educação em Roma, ensinado pelo famoso Martinho de Tours, e, retornando à Escócia, fixou sua residência principal em Galloway.

Se podemos confiar nos seus biógrafos, devemos crer que ele foi por toda a parte pregando a Palavra, e que selvagens que viviam nus o ouviram, se maravilharam e foram convertidos. "Ele apressou-se sobre a obra para a qual tinha sido enviado pelo Espírito, sob o comando de Cristo, e tendo sido recebido em seu país, uma grande multidão se reuniu, com muita alegria em todos, e uma maravilhosa devoção e louvor a Cristo ressoou em todos os lugares; alguns o tomaram por profeta. Presentemente o extenuante lavrador entrou no campo de seu Senhor, começou a arrancar as coisas mal plantadas, para dispersar essa má colheita e destruir aqueles mal construídos". Milhares, conta-se, foram batizados e se uniram ao exército dos fiéis.

Ele começou a construir uma "igreja" de pedra nas margens do Solway mas, antes que fosse terminada, recebeu notícia sobre a morte de seu amigo e patrono São Martinho, e piedosamente dedicou a "igreja" a sua honra. Conta-se que esse foi o primeiro edifício de pedras erguido na Escócia e, por conta de sua aparência branca e brilhante comparada às cabanas de troncos e lama até então usados, atraiu grande atenção. Ela foi chamada em saxão de "giz derretido", e assim o é até os dias atuais.*

{* Cunningham, vol. 1, p. 52}

Não sabemos nada sobre os sucessores imediatos de São Niniano: até a missão de Columba a história do cristianismo na Escócia é pouco conhecida. Sem dúvidas o Senhor manteria vivo o fogo que ele tinha acendido, e preservou e disseminou a verdade do evangelho que tinha sido recebido por tantos. Dentre os pictos, ao sul de Grampians, Niniano parece ter trabalhado principalmente e com sucesso, mas com o celebrado Columba começa o período mais interessante nos anais eclesiásticos da Escócia.

Já vimos Columba e sua colônia de monges estabelecendo-se em Iona. Ali ele construiu seu monastério, tal como era. E tão famoso se tornou o colégio de Iona que foi considerado, por muitos anos, se não por séculos, a luz do mundo ocidental. Homens, eminentes pela erudição e piedade, foram enviados para fundar bispados e universidades em cada canto da Europa. Por 34 anos Columba viveu e trabalhou naquela rocha solitária. Ocasionalmente ele visitava o continente, fazendo a obra de um evangelista entre os bárbaros escoceses e pictos, plantando igrejas e exercendo uma imensa influência sobre todas as classes; mas seu grande objetivo era treinar homens para a obra do evangelho no país e no exterior. Sem dúvida manter-se-ia uma ligação estreita e amigável entre o Norte da Irlanda e o Oeste da Escócia; de fato, naquela época ambas as regiões eram consideradas idênticas e eram conhecidas pela denominação geral de escoceses.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Os Primeiros Pregadores do Cristianismo na Irlanda

Supõe-se que Patrício (ou Patrick), o apóstolo da Irlanda, nasceu por volta do ano 372 nas margens do rio Clyde. Conta-se que Kilpatrick* tenha adotado seu nome por causa dele. Seus pais eram cristãos sinceros; seu pai era um diácono, e seu avô era um presbítero. Sua mãe, que buscava instilar em seu coração as doutrinas do cristianismo, era irmã do celebrado Martinho, arcebispo de Tours. Mas o jovem Succath, seu nome original, não era seriamente inclinado para a religião. Algum tempo depois, seus pais deixaram a Escócia e se estabeleceram na Britânia. Aos dezesseis anos, quando Succath e suas duas irmãs estavam brincando à beira do mar, alguns piratas irlandeses, comandados por O'Neal, levaram os três para seus barcos e os venderam como escravos na Irlanda. Por seis anos ele foi empregado em cuidar do gado.

{* N. do T.: Provavelmente a referência é a uma região da Irlanda chamada de Kilpatrick ou ao sobrenome irlandês Kilpatrick.}

Durante o período de sua escravidão ele suportou muitas e grandes dificuldades. Mas a consciência de seu pecado veio à tona. Ele ficou sério e pensativo. Quando tinha mais ou menos quinze anos ele havia cometido algum grande pecado que então pressionava pesadamente sobre sua consciência, noite e dia. Ele orava com frequência e chorava muito; de fato, tal era o fervor dentro de sua alma que ele ficou insensível ao frio, à chuva e a outas inconveniências às quais ele era exposto. Ele então pensava em seu lar, nas ternas palavras e sinceras orações de sua mãe; e Deus graciosamente usou a lembrança do evangelho que ela lhe ensinava para abençoar sua alma. Ele nasceu de novo. "Eu tinha dezesseis anos", ele diz, "e não conhecia o Deus verdadeiro; mas naquela ilha estranha o Senhor abriu meus olhos incrédulos e, embora tardiamente, ponderei sobre meus pecados e fui convertido com todo o meu coração ao Senhor meu Deus, que se importou comigo em meu triste estado, teve piedade de minha juventude e ignorância, e que me consolou como um pai consola seus filhos. O amor de Deus aumentou cada vez mais em mim, com fé e temor do Seu nome. O Espírito me incentivou em tal nível que eu me derramava em orações umas cem vezes por dia. E, durante a noite, nas florestas e nas montanhas, quando cuidava do meu rebanho, a chuva, a neve, as geadas e os sofrimentos que eu suportei me impeliam a buscar a Deus. Naquela época eu não sentia a indiferença que agora sinto; o Espírito fermentava o meu coração".*

{* D'Aubigne, vol. 5, p. 25}

Se podemos confiar que essas palavras saíram dos lábios de Succath, elas apresentam um testemunho muito mais puro da verdade do evangelho do que o que encontramos na igreja de Roma. Elas apresentam uma alma exercitada em relacionamento estreito com o Próprio Deus. As formas e o sacerdócio do romanismo destroem esta comunhão bela, pessoal e direta com Deus e com Seu Cristo através da graça e poder do Espírito Santo. Mas tal, sem dúvida, era o cristianismo dessas Ilhas Britânicas antes de ser corrompida pelos emissários papais.

No decorrer do tempo Succath ganhou sua liberdade e, após viajar e pregar muito, ele retornou a sua família. Mas ele logo sentiu um desejo irresistível de voltar à Irlanda e pregar o evangelho aos pagãos, entre os quais ele tinha encontrado o Salvador. Em vão seus pais e amigos tentaram detê-lo. Ele rompeu todos os obstáculos, e com o coração cheio do zelo cristão partiu para a Irlanda. Ele tinha então mais de 40 anos de idade e, de acordo com alguns escritores, tinha sido ordenado presbítero, e foi então consagrado bispo da Irlanda. Por causa disso ele é conhecido como São Patrício. Ele devotou o resto de sua vida à Irlanda, e trabalhou entre eles com grande efeito, embora em meio a muitas dificuldades e perigos. A conversão da Irlanda é atribuída aos seus esforços. O ano de sua morte é incerto.

domingo, 2 de outubro de 2016

A Conversão de Clóvis

Como a conversão de Clóvis é conhecida como sendo a mais importante do século V, devemos fornecer alguns detalhes em particular sobre o evento -- importante, em relação às suas consequências, tanto imediatas quanto remotas, na história da Europa, e também da igreja.

Os francos, um povo da Germânia, tinham se estabelecido no norte da França, perto da aldeia Cambrai, uma parte mais religiosa do país, que ficou famosa pelo santuário de São Martinho de Tours e pelas lendárias virtudes de outros santos. Clóvis era um pagão, mas Clotilda, sua esposa, tinha abraçado a fé católica. Ela vinha a muito tempo incitando-o a tornar-se cristão, mas ele se demorava a crer. Por fim, no entanto, quando em uma batalha contra os alamanos, e se encontrando em perigo, ele pensou no Deus de Clotilda, e orou a Ele, declarando que seus antigos deuses tinham falhado para com ele, e prometendo se tornar um cristão se ele ganhasse a vitória. A maré da batalha virou; seus inimigos foram derrotados, e, fiel ao seu voto, no Natal de 496, Clóvis foi batizado em Reims pelo bispo Remígio. Três mil guerreiros seguiram seu exemplo, declarando estarem dispostos a adotarem a mesma religião de seu rei.

Aqui temos outro Constantino. Clóvis encontrou na profissão do cristianismo algo mais favorável aos seus interesses políticos, mas isto não produziu mudança para melhor em sua vida. Seu objetivo era conquistar, sua ambição não tinha limite, suas obras eram ousadas e cruéis. De um mero líder franco com um território pequeno ele se tornou o fundador da grande monarquia francesa. E de sua confissão da fé católica, e de sua aliança com o Pontífice Romano, ele foi reconhecido como o campeão do catolicismo, e declarou-se o único soberano ortodoxo do Ocidente: todos os outros eram arianos. Alarico, que conquistou Roma; Genserico, que conquistou a África; Teodorico, o Grande, que se tornou o rei da Itália; e muitos dos reis lombardos, eram todos arianos. Por esse motivo os reis da França derivam de Clóvis o título de "Filho mais velho da Igreja". 

Ao estudante da profecia é interessante observar que, por essa época, pelo menos cinco ou seis reis bárbaros estavam em posse das províncias romanas, e governavam o que havia sido o império latino. Mas isto havia morrido. Morreu como um império, e deve permanecer no lugar de morte até ser ressuscitado, de acordo com a Palavra do Senhor, nos últimos dias (Apocalipse 13, 17).

Antes de concluirmos o período de Pérgamo, achamos que será necessário observar, mesmo que brevemente, três coisas: o estado interno da igreja, a controvérsia pelagiana e a controvérsia nestoriana.

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