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domingo, 20 de dezembro de 2015

A Partida de Paulo da Itália

1. Ao escrever aos Romanos, antes de seu aprisionamento, Paulo expressou sua intenção de passar por Roma até a Espanha. "Quando partir para Espanha", diz ele, "irei ter convosco". E novamente: "Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha." (Romanos 15:24,28). Alguns pensam que ele tenha ido à Espanha imediatamente após sua libertação. A principal evidência apresentada em favor dessa hipótese é suprida por Clemente, um cooperador mencionado em Filipenses 4:3, que dizem que mais tarde era reconhecido como um bispo de Roma. O escritor fala de Paulo ter pregado o evangelho do leste a oeste: que ele tinha instruído o mundo todo (se referindo, sem dúvidas, ao Império Romano), e que ele tinha ido ao mais extremo oeste - ou seja, até a região da Espanha. Como Clemente foi um dos próprios discípulos e cooperadores de Paulo, seu testemunho é digno de nosso respeito. Ainda assim, não está nas Escrituras, e portanto não pode ser considerado conclusivo.

2. Pelas cartas mais recentes de Paulo, ele parece ter alterado seus planos e desistido da ideia de ir à Espanha, pelo menos por um tempo. Podemos tirar isso principalmente das Epístolas a Filemom e aos Filipenses. Ao primeiro ele escreve: "E juntamente prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido." (Filemom 1:22). Aqui ele pede a Filemom que espere pois iria em breve ter com ele em pessoa. Aos filipenses ele escreve, e falando de Timóteo acrescenta: "De sorte que espero vo-lo enviar logo que tenha provido a meus negócios. Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco.". E novamente, "E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios." (Filipenses 2:19,23,24). Os movimentos pretendidos do apóstolo e de seu amado Timóteo parecem muito claros nessas passagens. Era evidentemente o propósito do apóstolo enviar Timóteo a Filipos assim que o julgamento terminasse, e ficar na Itália até que Timóteo retornasse com um relatório sobre a condição deles.

3. Pode-se razoavelmente esperar que Paulo tenha cumprido a intenção que ele havia expressado tão recentemente, de visitar as igrejas na Ásia Menor, algumas das quais ainda nem mesmo tinha conhecido. Tendo cumprido os objetivos de sua missão à Ásia Menor, alguns pensam que, depois disso, ele deve ter empreendido sua viagem à Espanha, mas sobre isso não temos informação confiável, e a mera conjectura não tem valor.

4. Outra teoria é que ele tenha ido da Itália para a Judeia, e daí para a Antioquia, Ásia Menor e Grécia. Este esquema se baseia principalmente em Hebreus 13:23,24. "Sabei que já está solto o irmão Timóteo, com o qual, se ele vier depressa, vos verei... Os da Itália vos saúdam." É também suposto que, enquanto ele estava esperando em Potéoli para a embarcação, imediatamente após o retorno de Timóteo, notícias chegaram ao apóstolo de que uma grande perseguição se erguia contra os cristãos em Jerusalém. Esse conhecimento tão triste encheu tanto o coração de Paulo com tristeza que ele escreveu sua famosa carta a eles - a Epístola aos Hebreus. Pouco tempo depois Timóteo teria chegado, e então Paulo e seus companheiros partiram para a Judeia. *

(* Para pormenores sobre a perseguição veja Josefo, Ant. 20, 9, 1.)

sábado, 12 de dezembro de 2015

O Escravo Foragido, Onésimo

De todos os convertidos que o Senhor deu ao apóstolo estando preso, nenhum deles parece ter ganho tão inteiramente seu coração como o pobre escravo fugitivo, Onésimo. Uma bela imagem de força, humildade e ternura do divino amor no coração que trabalha pelo Espírito, e docemente brilha em todos os detalhes da vida individual! O sucesso do apóstolo no palácio imperial não enfraquece seu interesse em um jovem discípulo da mais baixa condição da sociedade. Nenhuma porção da comunidade era mais depravada do que os escravos. Mas quem se associaria a um escravo fugitivo naquela devassa cidade? Mesmo assim, a partir destas profundezas, Onésimo é tirado pelas mãos invisíveis do amor eterno. Ele cruza o caminho do apóstolo, ouve-o pregar o evangelho, é convertido, dedica-se de uma vez por todas ao Senhor e a Seu serviço, e encontra em Paulo um amigo e irmão, assim como um líder e mestre. E agora resplandecem as virtudes e o valor do cristianismo, e as mais doces aplicações da graça de Deus para com um escravo pobre, sem amigos, destituído e foragido.

"O que é o cristianismo?", podemos perguntar, e qual sua origem, em vista de tais novidades em Roma. O que é o cristianismo no mundo? Será que foi aos pés de Gamaliel que Paulo aprendeu a amar assim? Não, querido leitor. Foi aos pés de Jesus. Que bom seria se o eloquente historiador de "O Declínio e a Queda do Império Romano" tivesse entrado nesta cena e aprendido o valor do cristianismo divino, em vez de ter se delongado em ridicularizá-lo com desdém! Se pensarmos por um momento nos trabalhos do apóstolo nesse tempo - sua idade - suas fraquezas - suas circunstâncias (para não falar dos assuntos elevados, e das imensas verdades fundamentais que então ocupavam sua mente) - podemos muito bem admirar a graça que podia entrar em cada detalhe do relacionamento de mestre e escravo, e isto com tal delicada consideração por cada pedido. A carta que ele enviou, com Onésimo, ao seu injuriado mestre Filemom, é claramente a mais tocante já escrita. Lendo-a por alto, perderemos o calor e seriedade de suas afeições, a delicadeza e equidade de seus pensamentos, ou a sublime dignidade que permeia por toda a epístola.

Vamos agora ponderar por um momento sobre as epístolas escritas durante sua prisão.

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