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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Os Escritos dos Pais e as Escrituras Sagradas

Mas, embora Inácio possa ser digno de honra como um homem santo de Deus, e como um nobre mártir de Cristo, devemos nos lembrar que suas cartas não são a Palavra de Deus. Elas podem nos interessar e nos instruir, mas não podem comandar nossa fé. Esta pode apenas se firmar no sólido fundamento da Palavra de Deus, e nunca no frágil solo da tradição. "As Escrituras permanecem à parte", disse alguém, "em majestoso isolamento, preeminente em instrução, e separado por uma excelência inigualável de tudo o que foi escrito pelos pais apostólicos: de modo que esses que seguiram de perto os apóstolos nos deixaram escritos que são mais para nossa advertência do que para nossa edificação". Ao mesmo tempo, esses primeiros escritores cristãos têm todo direito ao respeito e veneração com os quais a antiguidade os investiu. Eles eram contemporâneos dos apóstolos, eles desfrutaram do privilégio de ouvir seus ensinos, compartilhavam com eles os labores do evangelho, e conversaram livremente com eles no dia a dia. Paulo fala de um Clemente - um que é conhecido como pai apostólico - como um de seus "cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida", e o que ele diz de Timóteo pode ter sido pelo menos em parte verdade para muitos outros: "Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, perseguições e aflições." (Filipenses 4:3, 2 Timóteo 3:10,11)

Desses que tinham tão alto privilégio deveríamos naturalmente esperar a sã doutrina apostólica - uma fiel repetição das verdades e instruções que foram entregues a eles pelos apóstolos inspirados. Mas, infelizmente, este não é o caso! Inácio foi um dos primeiros pais apostólicos. Ele se tornou um bispo de Antioquia, a metrópole da Síria, por volta do ano 70. Ele era um discípulo do apóstolo João, e morreu apenas cerca de 7 anos após a morte de João. Certamente de alguém assim poderíamos esperar uma estreita semelhança com os ensinos do apóstolo, mas isso não acontece. As afirmações definitivas e absolutas das Escrituras, vindas diretamente de Deus para a alma, são muito diferentes dos escritos de Inácio e de todos os Pais. Nosso único guia seguro e certo é a Palavra de Deus. Quão conveniente, então, é a palavra na Primeira Epístola de João: "Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai." (1 João 2:24). Esta passagem evidentemente se refere mais especialmente à pessoa de Cristo, e consequentemente às Escrituras do Novo Testamento, nas quais temos a revelação do Pai no Filho, feito conhecido a nós pelo Espírito Santo. Nas Epístolas de Paulo, temos mais plenamente revelados os conselhos de Deus relacionados à igreja, a Israel e aos gentios, de modo que podemos ir mais longe do que "os Pais" para encontrar o verdadeiro fundamento da fé; devemos voltar àquilo que existia desde "O Princípio". Nada tem autoridade divina direta para o crente além daquilo que era "desde o princípio". Isto por si só assegura que continuemos "no Filho e no Pai".

As epístolas de Inácio têm sido muito estimadas pelos episcopais como a principal autoridade no sistema da igreja inglesa {*N. do T.: e certamente para muitas outras seitas cristãs}, e essa é a nossa desculpa para se referir tanto a este "pai" {*N. do T.: O escritor deste livro vivia na Inglaterra no século XIX}. Quase todos os fundamentos do anglicanismo em favor do episcopado vêm de suas cartas. Ele bate tanto a tecla na submissão à autoridade episcopal, e tanto a exalta, que muitos têm sido induzidos a questionar completamente sua autenticidade, e outros têm suposto que essas cartas devem ter sido bastante alteradas para servir aos interesses do clero. Mas quanto a essas controvérsias não temos nada a tratar em nosso livro.*

{* Veja As Genuínas Epístolas de Clemente, Policarpo, Inácio e Barnabé, por Ab. Wake, 6ª ed. Bagster.}

Vamos agora continuar nossa história a partir da morte de Trajano no ano 117, e olhar brevemente para a condição da igreja durante os reinados de Adriano e dos Antoninos.

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