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domingo, 31 de março de 2019

A Morte de Filipe

A paz então parecia ter sido assegurada de ambos os lados. Filipe tinha alcançado seu maior objetivo. Uma proposta de casamento entre Otão e Beatriz, a filha de Filipe, tinha sido sancionada pelo papa, sob a pretensão de curar a longa disputa entre as casas da Suábia e da Saxônia. Mas incerto é o mandato de toda a grandeza e glória humana. Em 21 de junho de 1208, o imperador Filipe, um dos mais hábeis e gentis de sua raça, foi assassinado pelo conde palatino de Baviera por alguma ofensa particular. O país ficou paralisado pelas notícias sobre o terrível crime. A execração da humanidade perseguiu o assassino; seu castelo foi derrubado até o chão e o assassino foi morto com muitas feridas.

Inocêncio então retraçou seus passos. O crime do bávaro o aliviou da humilhação de sua apostasia. Ele apressou-se a escrever aos príncipes germânicos, os exortando a estarem de acordo com a manifesta declaração de divina providência em favor de Otão. Ele usou todos os meios em seu poder para prevenir uma nova eleição, e para unir todos os partidos em seu apoio, e calorosamente exortou Otão à moderação e conciliação. Em ambos os lados havia um ardente desejo por paz, e Otão foi então eleito o indiscutível imperador.

No ano seguinte, 1209, ele foi para a Itália para receber a coroa imperial. Ele foi recebido por príncipes, prelados e nobres do império, com um numeroso exército de dependentes militares. A marcha deles foi uma sucessão de recepções festivas. As cidades abriram seus portões para dar as boas vindas ao defensor da igreja e imperador escolhido pelo papa. Inocêncio e Otão se encontraram em Viterbo. "Eles se abraçaram, enxugaram lágrimas de alegria, em lembrança de suas provações em comum, enquanto eram transportados ao seu triunfo em comum". Mas o papa não esqueceu a prerrogativa de seu trono pontifício. Ele exigiu, por segurança, que Otão entregasse, imediatamente após sua coroação, as terras da igreja, e entregasse toda pretensão à herança longamente disputada da condessa Matilde. Mas tão bom, tão humilde e tão submisso foi Otão, enquanto se ajoelhava para receber o diadema, que seu coração se entristeceu ante a aparente suspeita de sua lealdade por seu santo padre. "Tudo o que eu fui", exclamou ele, "tudo o que sou,  tudo o que eu serei, depois de Deus, eu devo a ti e à igreja." 

domingo, 8 de julho de 2018

Tomás A. Becket é Assassinado (1171 d.C.)

Não é de modo algum certo que houvesse qualquer propósito assassino na mente do rei quando ele proferiu essas palavras precipitadas, mas aqueles ao seu redor colocaram nelas sua própria interpretação. Quatro cavaleiros, camareiros do rei, homens ferozes e belicosos, resolveram prestar o desesperado serviço. Reginaldo Fitz-Urse, Guilherme de Tracy, Hugo de Morville e Ricardo de Brito desapareceram da corte, então em Bayeux, na França. Temendo a intenção dos cavaleiros ausentes, o rei despachou, com toda a velocidade, ao conde de Mandeville ordens para prender o primaz, e de chamar de volta os quatro cavaleiros. Mas os assassinos se apressaram pelo Canal da Mancha, e antes que os mensageiros do rei pudessem alcançá-los, o arcebispo foi assassinado.

Os detalhes desse ato sombrio de derramamento de sangue são bem conhecidos e não precisam ser mencionados aqui. Mas podemos acrescentar, como bem autenticada história, que não parece que os quatro cavaleiros determinaram-se deliberadamente a assassinar o primaz sem antes se esforçarem para obter dele uma promessa de obediência ao rei e de absolvição para os bispos. Assim, eles entraram em seu quarto desarmados. Mas suas imperiosas exigências, e suas arrogantes respostas desafiadoras, despertaram as piores paixões naqueles senhores feudais, que tinham um forte senso de lealdade do súdito ao soberano. Eles ficaram furiosos, correram para fora e pediram suas armas. Os portões então se fecharam atrás deles. Demorou algum tempo antes de conseguirem entrar. Todos sabiam o que se seguiria. O arcebispo podia ter escapado mas não o faria; a vitória já era dele, e seria maior ainda se ele fosse martirizado. O sino batia para as orações de Vésperas. Ele entrou na igreja solenemente com seu báculo diante de si. O barulho de homens armados foi ouvido no claustro; os monges assustados fugiram. "Onde está o traidor?", gritou um deles, sem respostas. "Onde está o arcebispo?" "Aqui estou", ele respondeu. Novamente os cavaleiros exigiram a absolvição dos bispos e um voto de lealdade ao rei. Ele recusou. Uma briga violenta se seguiu, o que terminou em golpes, e o arcebispo foi morto no altar. Os assassinos fugiram, primeiro para Roma, para fazer penitência, e então para Jerusalém, onde, de acordo com as ordens do papa, passariam o resto de seus dias em austeridades penitenciais.

A Perplexidade do Rei

Não é difícil imaginar com que sentimentos o orgulhoso e ferido Plantageneta* recebeu as novidades sobre o comportamento de seu primaz. Além de possuir riqueza e poder acima de qualquer monarca de sua época, ele foi um homem de grandes habilidades, decisão e atividade. Após várias porém infrutíferas tentativas de trazer o obstinado padre ao arrependimento, foram dadas ordens para que fosse julgado como traidor. Becket, conhecendo o temperamento e poder de Henrique, razoavelmente concluiu que sua melhor chance de manter sua segurança pessoal consistia na fuga. Ele foi recebido pelo rei da França, não como fugitivo, mas como um distinto convidado digno de toda honra. O arcebispo foi então proclamado um traidor; seus amigos pessoais e relações com eles foram banidas; e severas medidas foram adotadas para prevenir comunicações com seus partidários na Inglaterra. Becket, em retaliação, excomungou todos os seus oponentes. E assim, a tempestade e as lutas se enfureceram por sete longos anos. Durante esse tempo, muitos soberanos, papas e antipapas, prelados e dignatários de todos os tipos, se misturaram à tormenta. Mas nesse labirinto de falsidade, traição e injustiça, não nos atreveremos adentrar.

{*N. do T.: Henrique II foi um rei da dinastia Plantageneta da Inglaterra.}

Tendo examinado com algum cuidado as grandes questões da Igreja e do Estado -- e não sem uma medida de interesse nacional* -- que levaram a essa imprópria disputa, sentimos que já vimos o suficiente. Os detalhes desses sete anos seriam tediosos e de pouco proveito para o escopo e objetivos deste livro. As piores paixões de nossa natureza humana caída já foram abundantemente exibidas. Além disso, tais disputas não poderiam ter fim a menos que ocorra a morte do padre ou a submissão do rei. De acordo com os princípios papais, o padre nunca pode estar errado e nunca pode ceder.

{*N. do T.: O autor vivia na Inglaterra}

Esse era o terreno de Becket, o qual ele inflexivelmente mantinha. Mas enfim, através da intercessão do rei da França e do papa, foi-lhe permitido retornar do exílio. Ele muito duvidou da sinceridade de Henrique, mas considerou seu próprio retorno um glorioso triunfo sobre o rei. Ele era tão arrogante e inflexível como sempre, e exigiu a imediata restituição das propriedades de sua Sé, e imperativamente se recusou a absolver os bispos e os demais que ele tinha excomungado.

Desde o início do conflito, seu porte sempre foi insultante e desafiante. A conduta de Becket desde seu retorno foi detalhada a Henrique pelos bispos que imploravam sua proteção por eles mesmos e pelo clero do reino. Um deles incautamente disse: "Enquanto Tomás viver, você nunca terá paz". A mente do rei estava muito perturbada e procurava alívio. Enlouquecido pela inconquistável firmeza e arrogância de Becket, o desejo secreto de seu coração explodiu de seus lábios -- "Sou um príncipe infeliz: será que ninguém me vingará por um único padre insolente, que me dá tantos problemas, e que procura por todos os meios anular minha autoridade real?".

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Linhagem Real Herodiana

Não seria fora de propósito ou tedioso para o leitor se observarmos por um momento a linhagem real herodiana. Eles frequentemente aparecem, tanto na vida de nosso Senhor quanto no começo da história da igreja. Os temos associados em nossas mentes, desde cedo, com o massacre das crianças em Belém e Herodes, o rei da Judeia, embora seja de certo modo notável que Josefo, o principal historiador de Herodes, não menciona esse evento. Em geral pensa-se que o assassinato de algumas crianças em uma vila obscura, em comparação com outros atos sanguinários de Herodes, não era muito importante aos olhos de Josefo para ser registrado. Mas não sucedia o mesmo na mente de Deus: tanto o engano quanto a crueldade do traiçoeiro coração do rei estão registrados na narrativa sagrada. O olho de Deus vigiava o "Menino nascido" a Israel - a única fonte de esperança para todas as nações. O cruel desígnio de Herodes foi, assim, derrotado.

Herodes, o Grande, o primeiro rei idumeu de Israel, recebeu o reino do Senado de Roma através da influência de Marco Antônio. Isto ocorreu cerca de trinta e cinco anos antes do nascimento de Cristo (35 a.C.), e cerca de trinta e sete anos antes de sua própria morte. Esses idumeus eram uma ramificação dos antigos edomitas que, enquanto os judeus estavam no cativeiro babilônico, e sua terra desolada, tomaram posse tanto da parte sul da mesma, que fazia parte de toda a herança da tribo de Simeão, quanto de metade da terra que tinha sido a herança da tribo de Judá; e ali eles permaneceram até então. No decorrer do tempo, os idumeus foram conquistados por João Hircano e levados ao judaísmo. Após sua conversão, eles receberam a circuncisão, se submeteram às leis dos judeus, e se incorporaram à nação judaica. Desse modo, se tornaram judeus, embora não fizessem parte da linhagem original de Israel. Isto aconteceu por volta de 129 a.C.  Eles eram audaciosos, espertos e cruéis como príncipes: tinham grande visão política, cortejavam a favor de Roma, e se preocupavam apenas com o estabelecimento de sua própria dinastia. Mas, pela vontade de Deus, com a destruição de Jerusalém, a dinastia idumeia acabou, e até mesmo o próprio nome de Herodes parece ter perecido entre as nações.

Além do massacre das crianças em Belém, que aconteceu pouco antes da morte de Herodes, ele também tinha encharcado suas mãos no sangue de sua própria família, e no sangue de muitas pessoas nobres da linhagem asmoneia. Sua cruel inveja em relação àquela família nunca dormia. Mas um de seus últimos atos foi assinar a sentença de morte de seu próprio filho. No leito de morte - o que evidentemente foi um juízo de Deus, tal como aconteceu com seu neto, Herodes Agripa - ele conseguiu se levantar da cama para dar o mandato de execução de Antípatro e nomear Arquelau como seu sucessor no trono. Feito isso, caiu para trás e expirou.

Dessa forma, infelizmente, os monarcas muitas vezes morriam: distribuindo mortes com uma mão e reinos com a outra. Mas, e depois? Na realidade nua a crua de sua própria condição moral, eles devem comparecer ante o tribunal de Deus. O manto púrpura não mais poderá protegê-los. Uma justiça inflexível rege aquele trono. Julgados de acordo com as obras feitas no corpo, eles devem ser banidos eternamente para além do "abismo" que foi "posto" pelo juízo de Deus (Lucas 16:26). Ali lembrarão, em tormentos, cada momento de sua história passada - dos privilégios que abusaram, das oportunidades que perderam, e de todo mal que fizeram. Que o Senhor possa salvar cada alma que olha para estas páginas do terrível peso destas palavras: "lembrar"; "tormento"; "posto". Elas descrevem e caracterizam o futuro estado das almas impenitentes (Lucas 16).

A seita dos herodianos provavelmente era composta dos partidários de Herodes e tinha caráter principalmente político, tendo, como principal objetivo, a manutenção da independência nacional dos judeus em face do poder e ambição romanos. Eles devem ter pensado em usar Herodes para o cumprimento dessa finalidade. Na história narrada nos evangelhos, eles são lembrados por agir com astúcia para com o bendito Senhor, e em conspirar com os fariseus. (Mateus 22:15,16; Marcos 12:12, 14).

Vamos agora retornar à história de nossos apóstolos.

Em Atos 15, após uma ausência de mais ou menos cinco anos, Pedro aparece novamente. No entanto, durante aquele tempo não sabemos nada sobre sua morada ou trabalho. Ele tem um papel ativo na assembleia em Jerusalém, e parece ter mantido seu antigo lugar entre os apóstolos e anciãos.

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