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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Lutero e a Piedosa Úrsula

Um dia, quando Lutero voltava de seus trabalhos, muito desapontado e desanimado, tendo cantado diante de três casas sucessivas sem ganhar nada, uma porta de repente se abriu; uma mulher apareceu na soleira, o convidou a entrar e aliviou suas necessidades. Esta era a bondosa Úrsula, esposa de Conrad Cotta. Ela já o havia notado antes e ficara impressionada com a doçura de sua voz e a seriedade de sua expressão. Conrad aprovou a benevolência de sua esposa e eles concordaram que ele deveria permanecer com eles como filho adotivo. Aliviado de seus cuidados temporais e desfrutando dos muitos privilégios de uma família cristã, a mente naturalmente bela de Lutero foi despertada para novas empatias, novas alegrias, novas esperanças -- para uma existência nova e feliz. Deus em misericórdia abriu os corações e o lar da boa Úrsula e seu marido para o jovem de espírito quebrado. Não precisamos acrescentar que o amor deles foi gravado no coração de Lutero e registrado no céu para ser recompensado para sempre. 

Aos seus estudos literários e científicos — que agora prosseguia com vigor renovado — acrescentou os encantos da música. Em agradecimento à sua mãe adotiva, aprendeu nas horas de recreio a tocar flauta e alaúde, e a cantar para ela, pois ela adorava apaixonadamente a melodia da sua voz como acompanhamento do alaúde. Assim começou aquele amor pela música que continuou até a velhice, e muitas vezes era um consolo para ele em tempos de angústia e tentação. Ele compôs melodias para muitas canções, e também letras, bem como as árias* de alguns hinos muito bonitos. 

{*  Ária: no sentido estrito, é qualquer composição musical escrita para um cantor solista, tendo quase o mesmo significado de canção. Fonte: Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81ria)} 

Na atmosfera cordial da família Cotta, era natural que o caráter de Lutero sofresse uma grande mudança. Suas ansiedades foram removidas, sua timidez desapareceu, sua mente estava em paz, seus modos eram alegres e felizes, e seus notáveis talentos fizeram dele o favorito especial da escola franciscana. Assim ele passou quatro anos felizes. "Ele superou todos os seus companheiros", diz Melancthon, "em eloquência e composições tanto em prosa quanto em verso". 

Trebônio, superior do convento e diretor do colégio, sempre levantava o chapéu para saudar os alunos quando entrava na sala de aula. Seus colegas, não adotando o mesmo costume, manifestaram sua surpresa com sua condescendência. "Há entre esses meninos", respondeu ele, "alguns que Deus um dia fará burgomestres*, chanceleres, doutores e magistrados. Embora ainda não os vejas com os distintivos de sua dignidade, é certo que deves tratá-los com respeito." O jovem Lutero estava presente e, sem dúvida, muitas vezes se lembraria das palavras de seu estimado professor. 

{* Burgomestre: O burgomestre (em alemão, Bürgermeister) é o detentor do poder executivo no nível comunal em países como Alemanha, Áustria, Bélgica, Hungria, Luxemburgo, Países Baixos e Polônia, que equivale ao cargo de Presidente da Câmara em Portugal ou Prefeito no Brasil. Fonte: Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Burgomestre)} 

Encorajado por seus primeiros triunfos em Eisenach, e sentindo que seu curso de estudo estava garantido, ele ansiava por meios mais amplos de avanço intelectual e distinção. A educação universitária era seu grande desejo. O pai dele, cujas circunstâncias foram melhoradas, concordou com isso, mas desejava que ele estudasse a lei.  

domingo, 4 de junho de 2017

O Aprendizado dos Árabes Importado para a Cristandade

O papa Silvestre II, que ocupava a cadeira de São Pedro quando nasceu a primeira manhã do século XI sobre a Europa, formou o elo entre a sabedoria e erudição dos árabes e a ignorância e credulidade dos romanos. Ele tinha estudado nas escolas muçulmanas na cidade real de Córdova, onde tinha adquirido muito conhecimento útil quanto a esta vida, os quais ele começou a ensinar e praticar em Roma. Mas tal era a sombria superstição do povo em geral que eles atribuíram suas grandes conquistas às artes mágicas, e acreditavam que tais poderes podiam apenas ser possuídos através de um pacto com o maligno. Por eras após o papa Silvestre ele foi lembrado com horror, como se o trono de São Pedro tivesse sido ocupado por um necromante. Mas à medida que o tempo passou e as trevas do século X ficavam cada vez mais para trás, ergueu-se uma raça de homens que eram distintos, não apenas por grandes realizações filosóficas, mas também pelo estudo das Sagradas Escrituras e pela devoção  ao progresso do cristianismo. Pessoas aprendendo a ler e a buscar o significado das palavras, naquele tempo, especialmente em conexão com os escritos sagrados, foram bênçãos para a humanidade. A superioridade do século XI sobre o século X deve ser atribuída principalmente às melhorias e avanços no aprendizado, como um meio nas mãos do Senhor para a bênção do povo.

Mas devemos nos ocupar com mais algumas palavras sobre Silvestre. Seria injusto deixar um homem tão importante e tão bom sob a escura sombra dos preconceitos do povo. Ele é mencionado pela história esclarecida e imparcial como o mais eminente prelado de sua época. Seu nome próprio era Gerbert. "De erudição sem igual, e de piedade irrepreensível, foi Gerbert de Ravena", diz Milman. Ele foi tutor, guia e amigo de Roberto, o filho e sucessor do rei Hugo Capeto, que, por uma grande mas silente revolução, foi levado ao trono da imbecil raça de Carlos Magno no ano 987. O pupilo real parece ter tirado proveito das instruções de Gerbert. Ele subiu ao trono da França por volta do ano 996, e reinou até o ano 1031. Ele foi um grande amigo do aprendizado e da erudição, morreu em lamentos e foi apelidado de "o Sábio". Em 998 Gerbert foi apontado como papa por Oto III, Imperador da Alemanha, quando tomou o nome de Silvestre II. Ele morreu em 22 de maio de 1003.

domingo, 28 de maio de 2017

O Reavivamento da Literatura

O início do século XI não foi apenas famoso pela difusão de grande habilidade arquitetônica, mas também de energias renovadas da mente humana nos vários departamentos da aprendizagem. A longa, aborrecida e inquestionável crença de eras seria então perturbada por uma investigação livre e saudável.

A energia intelectual da Europa, dizem, esteve em condição de decadência gradual desde o século V até metade do século VIII, e embora a condição das ilhas britânicas e os trabalhos do venerável Beda possam parecer fornecer alguma exceção à regra geral, foi nesses tempos que a ignorância alcançou seus limites mais amplos e obscuros. Bede, como podemos observar de passagem, é referenciado como o homem que mais eminentemente merecia ser chamado de professor da Inglaterra. Ele nasceu no ano 673, na vila de Jarrow, na Nortúmbria; ele foi um monge e um padre, mas um homem muito devoto, laborioso e piedoso: a instrução aos jovens foi um dos grandes objetivos de sua vida, no qual perseverou até suas últimas horas: ele morreu em meio aos seus amados acadêmicos, em 26 de maio de 735.*

{* Neander, vol. 5, p. 197.}

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