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domingo, 24 de fevereiro de 2019

Inocêncio e o Reino da Sicília

Mas a cidade imperial, nesse momento, estava cercada por muitos vizinhos perigosos. Livrar-se deles foi, então, a primeira e importante questão com a qual Inocêncio tinha de lidar. As mais belas províncias da centro e do sul da Itália, até os portões de Roma, assim como o reino da Sicília, estavam sob o jugo feroz de temíveis aventureiros alemães. Aconteceu da seguinte maneira:

Henrique VI, o Severo, o Imperador Romano-Germânico, no ano de 1186 casou-se com Constança, herdeira legítima da coroa da Sicília, tomando o senhorio de todas as províncias normandas do sul da Itália.

A evidente vantagem dessa união com o Imperador, e a ameaça igualmente evidente ao papado, alarmou o atual pontífice, Lúcio III, o que o levou a tomar medidas de prevenção contra tal casamento. No entanto, ele morreu de repente, não conseguindo cumprir seu propósito. Seu sucessor, Urbano III, também não conseguiu romper o noivado, e o casamento foi celebrado no dia 27 de janeiro de 1186. Mas, como de costume, um pretendente à coroa da Sicília foi encontrado e apoiado pelo papado, o que levou a uma guerra cruel e desoladora que durou muitos anos. Henrique invadiu os território italianos com o propósito declarado de se apossar da herança de sua esposa. A expedição foi completamente bem-sucedida. Província após província caiu em suas mãos, e em pouco tempo todo o sul da Itália e o reino da Sicília se submeteram ao impiedoso tirano, o marido impiedoso de Constança. Antes de deixar os territórios conquistados, diz Greenwood: "Todos os grandes comandos militares foram concedidos aos mais distintos oficiais de seu exército. Castelos, terras, rendimentos, grandes poderes e dos mais diferentes tipos, foram despejados sobre a multidão de aventureiros e mercenários, cujo único objetivo era saquear, e cuja ganância não tinha o mais remoto respeito pelos direitos ou pelo bem-estar daqueles a quem foram designados a governar.

"Filipe, o irmão de Henrique, duque da Suábia, foi encarregado do governo da Itália central, incluindo os estados da Condessa Matilda e o ducado da Toscana. Markwald, um cavalheiro de Alsácia, o favorito do Imperador, foi feito duque de Ravena e Romanha. Conrado de Lutzenberg, um cavaleiro suábio, como duque de Espoleto, tomou posse daquela cidade e de seu domínio. Assim foram os estados pontifícios rodeados por uma cadeia hostil de fortalezas por todos os lados. A comunicação com o mundo exterior foi rompida. Mas a mão-mestre que era necessária para dirigir e controlar as diferentes guarnições foram repentinamente retiradas.

"Henrique morreu em Messina, em 28 de setembro de 1197, cerca de três meses antes da ascensão de Inocêncio."*

{*Cathedra Petri, livro 13, capítulo 1, p. 339}

Nos referimos, assim, rapidamente à ocupação militar do país quando Inocêncio tomou em suas mãos as rédeas do governo. Para mais detalhes, os livros de história podem ser consultados. Mas, como nosso objetivo neste capítulo é mostrar como o poder eclesiástico triunfou completamente sobre o poder civil, sentimos ser necessário mostrar a forte posição deste. E agora Inocêncio tinha um problema a resolver. Como poderia um único homem, por uma única palavra, subverter a força física do império, e compelir tanto o príncipe quanto o povo a se submeterem a um despotismo espiritual? O poder invisível para isso, sem dúvida, vem das profundezas do inferno. A mistura do cordeiro e do dragão, ou do homem de pecado, em um único poder, ou sistema, prova sua origem. (Ap. 13:11-18)

domingo, 25 de dezembro de 2016

A Doação Territorial de Carlos Magno

A real extensão de sua doação é muito difícil de determinar. Mas parece ser da opinião geral dos historiadores que ela incluía não apenas o exarcado de Ravena, mas os ducados de Espoleto e Benevento, Veneza, Istria, e outros territórios no norte da Itália -- em suma, quase toda a península com a ilha de Córsica. Todo Nabote foi roubado de sua vinha, e seu sangue derramado, para a gratificação da ambição de Jezabel, e para o estabelecimento de seu trono de iniquidade. Mas o marco da consumação e selo de toda a iniquidade foi o modo como o papa buscou reconciliar seu caráter de vicário de Cristo com sua nova posição. Como todos os homens estão sujeitos a Cristo, ele raciocinou, assim do mesmo modo eles são sujeitos ao Seu vicário e representante na terra em tudo o que pertence ao Seu reino. Mas este reino se estende sobre todos, portanto nada pertencente a este mundo ou seus assuntos podem estar acima ou além da jurisdição da cadeira de São Pedro. Nosso reino não é deste mundo; ele é, assim como Cristo, em todos, sobre todos e sobre tudo. De acordo com esta teoria, nenhum domínio secular deveria ser considerado inconsistente com a declaração do Salvador no que diz respeito ao Seu reino. É neste pressuposto ímpio, desde então, que os papas têm sempre agido. Daí sua interferência com o sacerdote e o povo, com o rei e o súdito, com a terra e o mar, sobre todo o mundo.

Carlos Magno visitou Roma novamente em 781, e uma terceira vez em 787, e em cada ocasião a igreja foi enriquecida por presentes, concedidos, como ele professava na linguagem da época, "para o bem de sua alma". Submergido em gratidão e plenamente consciente de sua própria necessidade um defensor permanente, o papa coroou Carlos Magno na véspera do Natal do ano 800 com a coroa do império ocidental, e o proclamou César Augusto. Um príncipe franco, um teutão, foi assim declarado o sucessor dos Césares, e empunhou todo o poder do imperador do Ocidente. "O império de Carlos Magno", diz Milman, "foi quase proporcional à Cristandade latina; a Inglaterra foi o único grande território que reconhecia a supremacia de Roma e não se sujeitou ao novo império ocidental"*. Este evento deu início a uma grande época nos anais da Cristandade romana.

{* Veja Milman, vol. 2. Greenwood, vol. 2.}

Devemos agora deixar o Ocidente por um tempo, e tornar nossa atenção para uma outra grande revolução religiosa que repentina e inesperadamente surgiu no Oriente -- o maometismo.

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