Mostrando postagens com marcador papa Leão IX. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador papa Leão IX. Mostrar todas as postagens

domingo, 2 de julho de 2017

Gregório e a Independência Clerical

Ainda vai chegar o dia em que o homem, o anticristo de 2 Tessalonicenses 2, energizado e conduzido por Satanás e que "se levanta [se exalta a si mesmo] contra tudo o que se chama Deus, ou se adora", mas certamente na vida e no caráter de Gregório temos uma sombria prefiguração dessa obra-prima do inimigo. Se não fosse pela prova e ilustração das Escrituras sobre os desígnios que Hildebrando alcançou, certamente pularíamos a sua história. Nenhuma linha prateada da graça, nenhum amor humano ou divino, podem ser traçados em um único ato de sua administração pública; mas com grandes palavras inchadas da mais ousada blasfêmia, ele chama a si mesmo de sucessor de São Pedro, e seguidor de Jesus, e aquele que fala como a boca de Deus. Ao mesmo tempo, é evidente para todos que ele era a própria encarnação do orgulho, arrogância e intolerância anticristã. Sua linguagem às vezes dá a entender que ele assumia ser divino, e quase se aproximava da blasfêmia do homem do pecado.

Desde o momento em que ele entrou em Roma na companhia de Bruno até seu avanço para a cadeira pontifical -- um período de 24 anos -- ele foi o espírito dominante no Vaticano; mas ele não tinha pressa pela preferência. Com mais do que sagacidade humana ele estava estudando a condição e relações da Igreja com o Estado; ele estava adquirindo um conhecimento sobre o homem e sobre os assuntos de toda a Europa; ele estava amadurecendo um esquema elevado, porém ousado, de uma vasta autocracia espiritual na pessoa do Papa. Tudo isso se manifestou quando subiu ao trono, e assumiu em sua própria pessoa a responsabilidade do poder que ele tinha conduzido a tanto tempo, embora em uma posição inferior. Seu alegado objetivo desde o início era a absoluta liberdade e independência do clero da interferência imperial e de todos os leigos, seja para nominar ou para consagrar um eclesiástico; e, sobre a base de sua liberdade, ele ousadamente afirmou que a autoridade espiritual era mais elevada e mais legítima que a temporal [ou secular]. Essas orgulhosas pretensões levaram a igreja de Roma, na pessoa de seu pontífice, a usurpar domínios sobre o império ocidental e sobre todos os reinos da Europa -- ou melhor, do mundo inteiro. Nada melhor para confirmar essas afirmações do que os ditados citados a seguir.

domingo, 18 de junho de 2017

O Pontificado de Gregório VII

Capítulo 19: O Papa Gregório VII (1049 - 1085 d.C.)


Hildebrando, um nativo da Toscana, nascido na primeira parte do século XI, tinha abraçado, desde de sua infância, as mais rígidas ideias do monasticismo. Não satisfeito com o laxismo* dos monges italianos, ele cruzou os Alpes e entrou para o austero convento de Cluny, na Borgonha, então o mais importante em números, riqueza e piedade.

{*Laxismo: doutrina, tendência ou comportamento que busca suavizar ou limitar as restrições e imposições colocadas pela moral cristã.}

No ano 1049, Bruno, bispo de Toul, vestido com todo o esplendor de um pontífice eleito, e acompanhado pelo séquito*, chegou em Cluny e exigiu a hospitalidade e homenagem dos monges. Bruno era primo de Henrique III, imperador da Alemanha, e tinha sido nominado por ele para preencher o lugar vago na Sé de Roma. Hildebrando, o prior** de Cluny, logo adquiriu grande influência sobre a mente de Bruno. Ele o convenceu de que tinha tomado um passo em falso ao ter aceitado a indicação das mãos de um leigo, e sugeriu-lhe que deixasse de lado as vestimentas pontificais que ele tinha assumido prematuramente, viajasse a Roma como peregrino, e ali recebesse do clero e do povo esse ofício apostólico que nenhum leigo tinha o direito de conceder. Bruno concordou. As visões sublimes de Hildebrando sobre a dignidade eclesiástica prevaleceram sobre a mente mais genial de seu novo amigo. Ele seguiu seu conselho: tirou suas vestes e, tomando o monge como seu companheiro, seguiu sua jornada a Roma com a simplicidade de um peregrino.

{*Séquito: conjunto das pessoas que acompanham outra(s); cortejo que acompanha uma pessoa, ger. distinta, para servi-la ou honrá-la; comitiva.}
{**Prior: pároco; superior de um convento ou de certas ordens religiosas.}

A impressão produzida foi grande, e toda em favor de Bruno. Nenhuma demonstração sacerdotal ou imperial podia ter tido o mesmo poder sobre o povo. Dizem que milagres acompanharam seu caminho, e por suas orações rios caudalosos se contiveram em seus limites naturais. Ele foi aclamado com aclamações universais como Papa Leão IX. Hildebrando foi imediatamente recompensado por seus serviços. Ele foi elevado à classe de cardeal, e recebeu os ofícios de subdiácono de Roma com outros preferenciais. Desde esse tempo ele era praticamente um papa -- o verdadeiro diretor do papado.

Postagens populares