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sábado, 23 de julho de 2016

O Concílio de Tiro

Em 334, Atanásio foi intimado a comparecer perante um concílio na Cesareia. Ele se recusou, alegando que o tribunal era composto de seus inimigos. No ano seguinte, ele foi citado diante de outro concílio que seria realizado em Tiro pela autoridade imperial, no qual ele compareceu. Mais de cem bispos estavam presentes, e uma comissão de leigos do imperador direcionaram o processo. Uma multidão de acusações foram trazidas contra o destemido clérigo; mas o mais tenebroso, e o único que iremos tomar nota, era o crime duplo de magia e assassinato. Disseram que ele tinha matado Arsênio, um bispo de Mileto -- que tinha cortado-lhe uma das mãos, e que tinha usado ela em rituais de magia; uma mão tinha sido forjada como prova. Mas Atanásio estava preparado para a acusação. O Deus da verdade estava com ele. Ele calmamente perguntou se os que estavam presentes ali conheciam Arsênio. Ele era bem conhecido por muitos. Um homem foi, de repente, levado à corte, coberto da cabeça aos pés por um manto. Atanásio primeiro descobriu sua cabeça. Ele foi logo reconhecido como o assassinado Arsênio. Em seguida suas mãos foram descobertas, e assim foi provado que se tratava de Arsênio, vivo e não mutilado. O partido ariano tinha feito o melhor que pôde para esconder Arsênio, mas o Senhor estava com Seu inocente servo, e os amigos de Atanásio conseguiram encontrá-lo. A malícia dos arianos sem escrúpulos foi novamente exposta, e a inocência de Atanásio triunfalmente vindicada.

Mas os inimigos implacáveis do bispo continuaram com suas acusações. Mais uma vez  ordenaram-lhe que comparecesse em Constantinopla, e que respondesse por si mesmo na presença imperial.

As velhas acusações, nesta ocasião, foram retiradas, mas uma nova foi habilmente escolhida, com vista a despertar a desconfiança do imperador. Eles afirmaram que Atanásio tinha ameaçado interromper o fluxo de navios que transportavam milho do porto de Alexandria para Constantinopla. Deste modo, uma fome seria iniciada na capital. Isto tocou o orgulho do imperador e, seja pela crença na acusação, ou pelo desejo de se livrar de uma pessoa tão influente, ele o baniu para Treves, na Gália. A injustiça da sentença é inquestionável.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Paulo Comparece Diante de Festo e Agripa

Imediatamente após a chegada de Festo à província, ele visitou Jerusalém. Lá, os líderes judeus aproveitaram a oportunidade para exigir o retorno de Paulo. Seus argumentos, sem dúvida, era de que ele deveria novamente ser julgado perante o Sinédrio, mas a verdadeira intenção deles era matá-lo no caminho. Festo recusou o pedido. No entanto, ele os convidou a ir com ele para a Cesareia e acusá-lo lá. O julgamento ocorreu e assemelhou-se ao que ocorreu diante de Félix. É bem evidente que Festo viu claramente que a verdadeira ofensa de Paulo estava ligada às opiniões religiosas dos judeus, e que ele não tinha cometido ofensa alguma contra a lei. Mas ao mesmo tempo, tendo desejo de agradar os judeus, pergunta a Paulo se ele não iria a Jerusalém para ser ali julgado. Isto era apenas um pouco melhor do que uma proposta de sacrificá-lo ao ódio judaico. Paulo, estando bem consciente disso, apelou de vez ao Imperador - "Eu apelo para César" (Atos 25:11).

Festo estava sem dúvidas surpreso com a dignidade e independência de seu prisioneiro. Mas era seu privilégio como cidadão romano ter sua causa transferida ao supremo tribunal do Imperador de Roma. "Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César? para César irás." (Atos 25:12).

Até onde os olhos do homem podem enxergar, este era o único recurso de Paulo sob tais circunstâncias. Mas a mão e propósito do Senhor estava nisto. Paulo deveria dar testemunho de Cristo e da verdade também em Roma. Jerusalém tinha rejeitado o testemunho aos gentios; Roma também deve ter tido sua porção na rejeição ao mesmo testemunho, se tornando também a prisão do testemunho. Mas em tudo isso Paulo é altamente favorecido pelo Senhor. Sua posição lembra a de seu bendito Senhor, quando Ele foi entregue aos gentios pelo ódio dos judeus. Apenas o Senhor foi perfeito em tudo isto, e Ele estava em Seu verdadeiro ligar diante de Deus. Ele veio para os judeus - esta era Sua missão. Paulo foi enviado dos judeus - tal era a diferença. Cristo se entregou a Si mesmo, como lemos: "Que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus" (Hebreus 9:14). Parte da comissão de Paulo é assim: "Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio" (Atos 26:17). Mas Paulo retornou àquele "povo" (os judeu) na energia de suas afeições humanas, após ter sido colocado fora deles na energia do Espírito Santo. Jesus tinha tirado ele de ambos judeus e gentios para exercer um ministério que unia ambos em um só corpo em Cristo. Como o próprio Paulo diz: "Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne" (2 Coríntios 5:16). Em Cristo Jesus não há judeu nem grego.

Vamos agora retomar a história do grande apóstolo.

Paulo Comparece Diante de Félix

Como alguns de nossos leitores podem ter observado, o caráter dos modos de Deus para com Seu servo de certa forma muda aqui. Pode ser interessante uma pausa por um momento para reverentemente investigar as aparentes causas dessa mudança. E, como muitos têm dado livremente suas opiniões quanto a esse difícil ponto, vamos aqui citar algumas linhas de alguém que parece ter captado a mente do Espírito.

"Eu creio que a mão de Deus estava nesta viagem de Paulo - que, em Sua soberana sabedoria, Ele desejou que Seu servo a empreendesse, tendo também a abençoado - mas que os meios empregados para conduzi-lo de acordo com essa sabedoria soberana foram as afeições humanas do apóstolo pelas pessoas que eram seus parentes segundo a carne; e que ele não foi conduzido a isso pela ação do Espírito Santo da parte de Cristo na igreja. Este apego a seu povo, esta afeição humana, resultou naquilo que acabou por colocá-lo em seu próprio lugar. Humanamente falando, foi um sentimento amável; mas não era o poder do Espírito Santo fundamentado na morte e ressurreição de Cristo. Aqui, não havia mais judeu ou gentio... a afeição de Paulo era boa em si mesma, mas como fonte de ação não chegava à altura da obra do Espírito que, da parte de Cristo, o tinha conduzido para longe de Jerusalém, para os gentios, de modo a revelar a igreja como Seu corpo unido a Ele no céu."

"Ele era o mensageiro da glória celestial, que trouxe à tona a doutrina da igreja composta por judeus e gentios, unidos sem distinção no um só corpo de Cristo, deixando de lado o judaísmo. Mas seu amor por sua nação o levou, repito, ao centro do judaísmo hostil - o judaísmo enfurecido contra a igualdade espiritual."

"Contudo, a mão de Deus estava, sem dúvida, nisso. Paulo, individualmente, estava realizado."

"Aquilo que Paulo disse levanta um tumulto, e o tribuno o tira do meio deles. Deus tem tudo à Sua disposição. Um sobrinho de Paulo, nunca antes mencionado, ouve falar de uma emboscada armada contra ele e o avisa. Paulo o envia ao tribuno, que agiliza a partida de Paulo sob guarda até Cesareia. Deus cuidava dele, mas tudo aqui está no nível dos modos humanos e providenciais. Não há um anjo como no caso de Pedro, nem um terremoto como em Filipos. Estamos sensivelmente em um terreno diferente"*

{* Trechos retirados de "Estudos sobre a Palavra de Deus", de J. N. Darby.}

Os acusadores de Paulo não tardaram em partir também para Cesareia. "E, cinco dias depois, o sumo sacerdote Ananias desceu com os anciãos, e um certo Tértulo, orador, os quais compareceram perante o presidente contra Paulo." (Atos 24:1). Em um breve discurso, cheio de bajulação e insinuação, Tértulo acusa Paulo de sedição [motim], heresia e profanação do templo.

Félix então fez um sinal permitindo que Paulo respondesse por si. E agora, podemos dizer, o apóstolo dos gentios está mais uma vez no lugar certo. Mesmo humilhado pelas circunstâncias, ele é ainda o mensageiro de Deus para os gentios, e Deus está com Seu amado servo. Os judeus ficaram em silêncio, e Paulo, com sua maneira direta como de costume, rebateu as acusações.

Félix, aparentemente, sabia muito sobre essas coisas, e é evidente que uma forte impressão foi deixada em sua mente. Muitos anos antes, o cristianismo tinha penetrado no exército romano em Cesareia (Atos 10), de modo que ele provavelmente sabia algo sobre isso, e estava convencido da verdade das afirmações de Paulo, mesmo não dando o devido valor às suas convicções e de seu prisioneiro. Ele "adia" maiores investigações, com a desculpa de que estaria esperando a chegada de Lísias. Enquanto isso, no entanto, ele dá ordens para que Paulo fosse tratado com gentileza e consideração, e que seus amigos deveriam ter livre acesso a ele.

Não muitos dias depois, Félix entrou na sala de audiências com sua esposa Drusila, e mandou chamar Paulo. Eles estavam evidentemente curiosos para ouvi-lo falar "acerca da fé em Cristo" (Atos 24:24). Mas não seria Paulo quem iria gratificar a curiosidade de um romano libertino e de uma devassa princesa judia. O fiel apóstolo, ao pregar Cristo, falou de modo claro e ousado à consciência de seus ouvintes. Ele tinha, agora, uma oportunidade ao seu alcance que ele dificilmente poderia ter obtido. "E, tratando ele da justiça, e da temperança, e do juízo vindouro, Félix, espavorido..." (Atos 24:25). Não é de se estranhar. Se devemos acreditar nos historiadores de seus dias, como Josefo e Tácito, nunca um casal tão sem princípios e dissoluto havia se sentado diante de um pregador. Mas, embora com a consciência atingida, Félix continuou impenitente. Que temível condição! "Por agora vai-te", disse ele, "e em tendo oportunidade te chamarei." (Atos 24:25). Mas tal oportunidade jamais chegou, embora tenha visto o apóstolo com frequência mais tarde, sem dúvidas, dando a entender que queria fazer um suborno para garantir sua liberdade. O governador romano nem imaginava que sua mercenária justiça seria recordada no livro de Deus, e levada adiante para todas as gerações que se sucederam. Seu caráter é representado como mesquinho, cruel e dissoluto; capaz de qualquer impiedade, ele exerceu o poder de um rei com o temperamento de um escravo. "Mas, passados dois anos, Félix teve por sucessor a Pórcio Festo; e, querendo Félix comprazer aos judeus, deixou a Paulo preso." (Atos 24:27)

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