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domingo, 22 de novembro de 2020

Reflexões Sobre a Vida de Savonarola

O prior de São Marcos é citado na história como a mais fiel testemunha pública de Cristo que já apareceu na Itália; mas havia muitas coisas em sua conduta que eram contrárias ao espírito e à vocação de um verdadeiro cristão, especialmente por misturar política com religião. Diz-se que ele pensou em combinar os personagens de Jeremias e Demóstenes -- chorar pelo pecado e denunciar os julgamentos de Deus como um, e incitar o povo a lutar por suas liberdades como o outro. Este foi o seu erro, devido à sua ignorância sobre ensino do Novo Testamento; e o que levou à sua desonra e queda. Mas grande consideração deve ser feita por sua educação, circunstâncias e espírito de sua época. Muitos dos reformadores posteriores caíram na mesma armadilha. Eles não tinham aprendido, naqueles tempos revolucionários, que a vocação do cristão é celestial -- que enquanto o judeu foi abençoado com todas as misericórdias temporais em uma terra agradável, o cristão é abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. Eles não viram que o propósito de Deus no período atual é reunir dentre as nações um povo para o Seu nome pela pregação do evangelho (Atos 15). Mas quão poucos, mesmo nos dias atuais, veem que a igreja de Deus é um chamado para fora e, portanto, deve andar em separação do mundo!

O maior bem que o pregador pode realizar por seus semelhantes é reuni-los para fora do mundo ao rejeitado Salvador. Mas tais pregadores não são populares nem compreendidos, mesmo no último quarto do século XIX*. De fato, podemos levantar a questão: O estado das "igrejas" em geral, no que diz respeito à política, está à frente das ideias de Savonarola? Ele interferiu na direção dos negócios públicos para que a república de Florença fosse para a honra de seu Senhor e Mestre. Seus motivos eram sem dúvida bons, mas ele estava totalmente enganado ao pensar que poderia unir as coisas celestiais e terrenas. Sua grande ideia é vista no fato de que uma das moedas cunhadas enquanto Florença estava sob sua influência trazia a inscrição: "Cristo nosso rei". Mas não apenas este homem notável desejava ver uma grande Reforma tanto na Igreja quanto no Estado, ele também ansiava pela salvação de almas, enquanto seu próprio coração se regozijava na gloriosa doutrina da justificação somente pela fé. 

{*N. do T.: Este livro foi escrito no século XIX.}

O seguinte trecho de suas meditações sobre o Salmo 31 durante sua prisão dará ao leitor uma ideia de seus pensamentos mais íntimos guiados pelo Espírito Santo de Deus. “Ninguém pode se gabar de si mesmo; e se na presença de Deus, a pergunta fosse feita a todo pecador justificado: ‘Você foi salvo por sua própria força?’ todos a uma só voz exclamariam: ‘Não a nós, Senhor, mas a Teu nome seja a glória!’ Portanto, ó Deus, procuro a Tua misericórdia e não trago a Ti a minha própria justiça: no momento em que me justificas pela Tua graça, a Tua justiça me pertence; pois a graça é a justiça de Deus. Até quando, ó homem, como tu não crês, tu estás, por causa do pecado, privado da graça. Ó Deus, salva-me pela Tua justiça, isto é, por Teu Filho, o único que foi achado justo diante de Ti.” Conforme ensinado por Deus, com que pensamentos santos e elevados sua mente deve ter sido preenchida com o estudo, na prisão, daquele tão lindo salmo de tristeza e louvor triunfante!* 

{* J.C. Robertson, vol. 4, pág. 548. Waddington, vol. 3, pág. 383. Universal History, Bagster and Sons, Londres, vol. 6, pág. 173.} 

Ah! mais bela cidade, que viste expirar 
Três mártires escolhidos no fogo devorador, 
Que, unidos, em meio ao desprezo e à dor, 
Ao morrer sorriu, e provou que "morrer é ganho:" - 
Teu rico e honrado rio, em cujo seio largo 
Aquelas benditas cinzas, como seu tesouro se escondem, 
Verão o chefe tirano finalmente expirar. 
E todo infiel destruído pelo fogo; 
Verá todos os vícios e males virem a nada, 
E saudarem nova luz trazida das regiões celestiais.

A Captura de Constantinopla

Capítulo 32: A Palavra de Deus Impressa (1397-1516 d.C.)

No ano de 1453, após um cerco fechado de 53 dias, a capital da Cristandade oriental caiu nas mãos dos vitoriosos turcos. O imperador, que tinha o nome do fundador de Constantinopla, demonstrou grande bravura durante o cerco; ele jogou fora sua púrpura e lutou na brecha, até que ele, com os nobres que o cercavam, caiu entre os mortos. Este foi o último dos Constantinos e o último imperador cristão de Constantinopla. A maioria dos habitantes que restaram foi vendida como escravos ou massacrada, e cinco mil famílias turcas foram trazidas para a cidade como colonos. Seguiram-se destruição, violência e palavrões, excedendo em muito nossa capacidade de descrevê-los. A antiga igreja de Santa Sofia foi despojada de todas as valiosas oferendas de séculos, as imagens foram quebradas em pedaços e, depois de ter sido palco de grosseiras profanações, foi transformada em uma mesquita. Os tesouros da erudição grega – que alguns dizem terem chegado a cento e vinte mil livros manuscritos – foram destruídos ou dispersos. A conquista estava completa, e Maomé II imediatamente transferiu a sede de seu governo para Constantinopla.

Mas a ambição ilimitada do feroz otomano estava longe de ser satisfeita: ele contemplava nada menos do que a conquista de toda a Cristandade. E de suas vitórias rápidas e fáceis sobre muitos dos principados cristãos menores no Oriente, pareceria que, se a morte não tivesse livrado o mundo de tal tirano, ele poderia ter seguido seu caminho de conquista através do coração da Europa. Que cidade, que reino, que poder, iria prender o invasor feroz? Toda a Europa estremeceu, especialmente a Itália. Dizem que a morte de Nicolau V foi antecipada pela notícia da captura de Constantinopla. A tristeza e o medo partiram o coração do velho. Mas depois de derrubar impérios, reinos e cidades sem número, Maomé II morreu, aos cinquenta anos, de dores internas, supostamente efeitos de veneno.

As notícias sobre essas pesadas calamidades no Oriente espalharam uma profunda escuridão sobre todo o Ocidente. Mas aquilo que ameaçava deter o progresso da civilização e a propagação do Cristianismo foi sobrepujado por uma Providência sábia e boa para o avanço de ambos de uma maneira maravilhosa. A queda de Constantinopla nas mãos dos infiéis levou muitos gregos eruditos para a Itália, e da Itália para muitos outros países da Europa. Aconteceu, justamente nessa época, que o papa reinante, Nicolau V, se distinguiu por seu amor pela literatura, o que ele muito promoveu por sua posição e riqueza. Os refugiados trouxeram os livros que conseguiram resgatar das ruínas de seu império caído. O estudo do grego foi revivido por esses meios e se tornou extremamente popular. Entre esses alunos, aprouve a Deus suscitar homens de mente altamente cultivada e coração devoto, que muito fizeram no preparo do caminho para a grande Reforma.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Inocêncio e o Reino da Sicília

Mas a cidade imperial, nesse momento, estava cercada por muitos vizinhos perigosos. Livrar-se deles foi, então, a primeira e importante questão com a qual Inocêncio tinha de lidar. As mais belas províncias da centro e do sul da Itália, até os portões de Roma, assim como o reino da Sicília, estavam sob o jugo feroz de temíveis aventureiros alemães. Aconteceu da seguinte maneira:

Henrique VI, o Severo, o Imperador Romano-Germânico, no ano de 1186 casou-se com Constança, herdeira legítima da coroa da Sicília, tomando o senhorio de todas as províncias normandas do sul da Itália.

A evidente vantagem dessa união com o Imperador, e a ameaça igualmente evidente ao papado, alarmou o atual pontífice, Lúcio III, o que o levou a tomar medidas de prevenção contra tal casamento. No entanto, ele morreu de repente, não conseguindo cumprir seu propósito. Seu sucessor, Urbano III, também não conseguiu romper o noivado, e o casamento foi celebrado no dia 27 de janeiro de 1186. Mas, como de costume, um pretendente à coroa da Sicília foi encontrado e apoiado pelo papado, o que levou a uma guerra cruel e desoladora que durou muitos anos. Henrique invadiu os território italianos com o propósito declarado de se apossar da herança de sua esposa. A expedição foi completamente bem-sucedida. Província após província caiu em suas mãos, e em pouco tempo todo o sul da Itália e o reino da Sicília se submeteram ao impiedoso tirano, o marido impiedoso de Constança. Antes de deixar os territórios conquistados, diz Greenwood: "Todos os grandes comandos militares foram concedidos aos mais distintos oficiais de seu exército. Castelos, terras, rendimentos, grandes poderes e dos mais diferentes tipos, foram despejados sobre a multidão de aventureiros e mercenários, cujo único objetivo era saquear, e cuja ganância não tinha o mais remoto respeito pelos direitos ou pelo bem-estar daqueles a quem foram designados a governar.

"Filipe, o irmão de Henrique, duque da Suábia, foi encarregado do governo da Itália central, incluindo os estados da Condessa Matilda e o ducado da Toscana. Markwald, um cavalheiro de Alsácia, o favorito do Imperador, foi feito duque de Ravena e Romanha. Conrado de Lutzenberg, um cavaleiro suábio, como duque de Espoleto, tomou posse daquela cidade e de seu domínio. Assim foram os estados pontifícios rodeados por uma cadeia hostil de fortalezas por todos os lados. A comunicação com o mundo exterior foi rompida. Mas a mão-mestre que era necessária para dirigir e controlar as diferentes guarnições foram repentinamente retiradas.

"Henrique morreu em Messina, em 28 de setembro de 1197, cerca de três meses antes da ascensão de Inocêncio."*

{*Cathedra Petri, livro 13, capítulo 1, p. 339}

Nos referimos, assim, rapidamente à ocupação militar do país quando Inocêncio tomou em suas mãos as rédeas do governo. Para mais detalhes, os livros de história podem ser consultados. Mas, como nosso objetivo neste capítulo é mostrar como o poder eclesiástico triunfou completamente sobre o poder civil, sentimos ser necessário mostrar a forte posição deste. E agora Inocêncio tinha um problema a resolver. Como poderia um único homem, por uma única palavra, subverter a força física do império, e compelir tanto o príncipe quanto o povo a se submeterem a um despotismo espiritual? O poder invisível para isso, sem dúvida, vem das profundezas do inferno. A mistura do cordeiro e do dragão, ou do homem de pecado, em um único poder, ou sistema, prova sua origem. (Ap. 13:11-18)

domingo, 27 de agosto de 2017

Os Efeitos da Política Papal

Gregório logo percebeu que tinha ido longe demais -- que a humilhação em Canossa não poderia jamais ser esquecida e nunca poderia sossegar até que fosse vingada. A compaixão, assim como o interesse, moveu muitos príncipes e prelados a se reunirem em torno do rei caído, agora que estava liberto do banimento da excomunhão. Hildebrando (Gregório VII) era odiado pela maioria por causa de sua tirania política, e temido por causa de suas censuras eclesiásticas. Os revoltados príncipes da Alemanha ficaram secretamente encorajados pelo papa a disputar a posse do trono com Henrique, o que aumentou sua perplexidade e o preveniu de voltar seus exércitos contra Roma. Ele rezou para que Henrique nunca pudesse prosperar na guerra e, no nome e com as bênçãos dos apóstolos, concedeu o reino da Alemanha ao rebelde Rodolfo, duque da Suábia. O papa até mesmo se aventurou a profetizar que dentro de um ano Henrique estaria morto ou deposto; e, como se soubesse o fim desde o início, enviou uma coroa ao futuro rei, com uma inscrição significando que aquilo era o presente de Cristo a São Pedro, e de São Pedro a Rodolfo. Mas logo ele provou-se um profeta mentiroso, assim como um padre mentiroso, e o fomentador sem remorsos de uma guerra civil.*

{*Robertson, vol. 2, p. 594.}


A força do rei aumentou gradualmente apesar de todas as tramas iníquas e cruéis de Gregório. Após anos da mais terrível guerra civil e derramamento de sangue, os exércitos de Henrique e de seu rival, Rodolfo, se encontraram uma vez mais nas margens do rio Elster, em outubro de 1080. A batalha foi longa e obstinada, mas a queda de Rodolfo deu a Henrique a vitória. Ele recebeu sua ferida de morte, conta-se, da lança de Godofredo, mais tarde o primeiro rei de Jerusalém, e um golpe de sabre de um outro decepou sua mão direita. Relata-se que o príncipe moribundo, olhando para sua mão decepada, reconheceu com tristeza: "Com essa mão eu ratifiquei meu juramento de fidelidade ao meu soberano, Henrique: a punição é justa, e agora perdi a vida e o reino". Após os adversários do rei ficarem, então, desencorajados e paralisados, ele decidiu tornar suas forças contra seu mais formidável e irreconciliável inimigo. Ele cruzou os Alpes, entrou na Itália e sitiou os muros de Roma.

Estando a cidade bem provisionada, com as muralhas fortalecidas e com a lealdade dos romanos assegurada pela riqueza de Matilde, Henrique empenhou-se por mais ou menos três anos em bloquear e sitiar Roma, mas no verão de 1083 ele ganhou posse da cidade culpada. Gregório tomou refúgio no forte castelo de Santo Ângelo, e alguns de seus partidários em suas casas fortificadas. Henrique estava disposto a fazer acordos com Hildebrando, e a aceitar a coroa imperial de suas mãos. Mas o papa não queria saber de nada que não fosse a submissão incondicional de Henrique. "Que o rei renuncie a sua dignidade e se submeta à penitência", foram os únicos termos de Gregório. O clero -- bispos, abades e monges -- e os leigos suplicaram-lhe que tivesse misericórdia da cidade afligida, e que entrasse em acordo com o rei.

Mas todas as tentativas de negociação foram infrutíferas; o papa inflexível desprezava igualmente súplicas e ameaças. A submissão absoluta de Henrique e a satisfação à igreja eram as altas exigências do papa aprisionado em seu castelo. Mas Henrique não era mais o abandonado, o de espírito quebrantado e suplicante aos seus pés, como tinha sido em Canossa.

Henrique em Canossa

A chegada inesperada de Henrique na Itália produziu uma grande comoção. Príncipes e bispos se reuniram em grandes números e o receberam com as maiores honrarias. Os italianos esperavam que ele trouxesse soluções para suas queixas. Aqueles que tinham sido excomungados por Hildebrando buscavam ardentemente por vingança, e a nobreza e o clero lombardo esperava que ele tivesse vindo para depôr o temido e detestado Gregório. À medida que ele se aproximava o número de seus seguidores gradualmente aumentava, mas Henrique não podia parar para mergulhar em qualquer novo esquema; ele não podia pôr em risco o trono da Alemanha; ele tinha que obter a absolvição antes do dia fatal de 23 de fevereiro.

Enquanto isso, Gregório partia para a Alemanha, mas a notícia da descida de Henrique para a Itália freou sua marcha. Ele estava incerto se ele estava indo como um humilde suplicante, ou como chefe de um grande exército, e apressou-se a alojar-se em segurança em Canossa, um forte castelo nos Apeninos que pertencia à sua grande amiga e aliada, a "grande condessa" Matilde.

Ao saber disso, Henrique partiu para Canossa. Os bispos e abades que caíram sob o banimento papal seguiram o exemplo do rei, e partiram para lá também. Descalços e vestidos de sacos, esses bispos e abades apresentaram-se perante o pontífice, humildemente implorando o perdão e a absolvição das anátemas emitidas. Após alguns dias de penitência em confinamento solitário, e com alimentação escassa, ele os absolveu, sob a condição de que, até que o rei fosse reconciliado, eles não deveriam manter qualquer comunicação com ele. Para o próprio Henrique estavam reservados termos ainda mais humilhantes.

Ao chegar em Canossa, o rei obteve permissão a uma conversa com Matilde, com a Marquesa Adelaide (sua sogra) e com Hugo, abade de Cluny, que se comprometeram a interceder junto ao papa por uma consideração misericordiosa para o seu caso. Após muitas objeções levantadas pelo implacável papa e pelos apelos instados pelos amigos de Henrique, Gregório afinal propôs "que se ele fosse verdadeiramente penitente, que colocasse sua coroa e todas as insígnias de realeza em minhas mãos, e confessasse abertamente ser indigno do nome real e da dignidade". Este pedido parecia muito duro até mesmo para os ardentes admiradores do papa, que suplicaram-lhe que "não quebrasse o caniço rachado"; e assim ele condescendeu em dar ao rei uma oportunidade de lhe falar pessoalmente.

domingo, 28 de maio de 2017

O Reavivamento das Letras pelos Árabes

Encontramo-nos agora com um fenômeno um tanto curioso e inesperado na história da literatura durante essa Idade das Trevas, e embora possa não dizer respeito propriamente à linha de nossa história da igreja, é interessante e importante demais para ser ignorado. Os professos mestres da Cristandade estavam, nessa época, como é bem conhecido, mergulhados nas profundezas da ignorância. Mas descobrimos que os sarracenos tinham se levantado para ser os estudantes e os mestres da literatura nacional da Grécia. E este era o marcante estado das coisas no início do século XI.

Já vimos que no século VII os companheiros e sucessores de Maomé desolaram a face da terra com seus exércitos, e a obscureceu pela sua ignorância e pelos atos de barbárie atribuídas a eles -- tais como o incêndio da biblioteca de Alexandria, o que atestava seu desprezo pelo aprendizado, e a aversão pelos monumentos que destruíam. No século VIII eles parecem ter se estabelecido nos países que subjugaram e, com as vantagens de um clima mais agradável e um solo mais rico, começaram a estudar as ciências e os conhecimentos úteis. "No século IX", diz o decano Waddington, "sob o favor de um sábio e magnânimo califa, eles aplicaram o mesmo ardor pela busca de literatura que tinham até então pelos exércitos e armas. Amplas escolas foram fundadas nas principais cidades da Ásia, Bagdá, e Cufa, e Bassora; numerosas bibliotecas foram formadas com cuidado e diligência, e homens de erudição e ciência foram solicitamente convidados para a esplêndida corte de Almamunis. A Grécia, que tinha civilizado a república romana, e estava destinada, em eras posteriores, a iluminar as extremidades do Ocidente, foi então chamada a tornar o fluxo de seu conhecimento em direção ao seio estéril da Ásia; pois a Grécia ainda era a única terra que possuía uma literatura original. Suas produções mais nobres foram então traduzidas para a língua dominante do Oriente, e os árabes tiveram prazer em perseguir as especulações, ou a se submeter às regras, de sua filosofia.

"O impulso assim dado ao gênio e indústria da Ásia foi comunicado com inconcebível rapidez ao longo das margens do Egito e da África até as escolas de Sevilha e Córdova; e o choque não foi menos sentido por aqueles que o receberam por último. Dali em diante o gênio da erudição acompanhava até mesmo os exércitos dos sarracenos. Eles conquistaram a Sicília; desde a Sicília invadiram as províncias ao sul da Itália e, como que para completar a excêntrica revolução da literatura grega, a sabedoria de Pitágoras foi restaurada na terra de sua origem pelos descendentes dos guerreiros árabes."*

{* História, de Waddington, vol. 2, p. 44}

domingo, 12 de março de 2017

A Soberania dos Pontífices Romanos (775 d.C.)

O papa tornou-se então um príncipe secular. O dia a tanto tempo esperado tinha chegado; o sonho afeiçoado de séculos tinha se realizado. Os sucessores de São Pedro são proclamados soberanos pontífices e os senhores da cidade e dos territórios de Roma. O último elo da sombria vassalidade e subserviência ao Império Grego [ou Império Oriental] está quebrado para sempre, e Roma tornou-se novamente a reconhecida capital do Ocidente.

O grande papa Adriano assumiu imediatamente os privilégios do poder e a linguagem de um soberano secular a quem é devida fidelidade. Murmúrios vindos de Ravena e do Oriente foram rapidamente silenciados, e Roma reinou suprema. A linguagem do papa, até mesmo para com Carlos Magno, era a de um igual: "Como os vossos homens", diz ele, "não estão autorizados a vir a Roma sem vossa permissão e carta especial, do mesmo modo meus homens não estão autorizados a aparecer perante a corte da França sem as mesmas credencias vindas de mim". Ele reivindicou a mesma fidelidade dos italianos que os súditos de Carlos Magno deviam a ele. "A administração da justiça estava no nome do papa; não apenas os assuntos eclesiásticos e nas rendas das propriedades que formavam parte do patrimônio de São Pedro, como também as receitas civis entraram em seu tesouro... Adriano, com o poder, assumiu a magnificência de um grande potentado... Roma, com o aumento das receitas papais, começou a retomar mais de seu antigo esplendor."

domingo, 5 de março de 2017

As Guerras Religiosas de Carlos Magno (por volta de 771-814)

A assim chamada história eclesiástica, desde a época de Pepino, está tão entrelaçada com a história dos reis francos e com as vergonhosas intrigas dos papas que devemos ir mais além, embora brevemente, em traçar o curso dos eventos que tem importante influência no caráter do papado e na história da igreja.

O poder crescente de Carlos Magno, o filho mais novo de Pepino, foi assistido pelos ocupantes da cadeira de São Pedro com o maior interesse possível, e habilmente usado por eles para o cumprimento de seus ambiciosos desígnios. O papa Adriano I e Leão III, ambos homens talentosos, sentaram-se no trono papal durante o longo reinado de Carlos, e foram bem-sucedidos em engrandecer muito, através do que é chamado suas guerras religiosas, a Sé Romana.

Uma disputa entre Desidério, rei dos lombardos, e o papa Adriano, levou a uma guerra com a França que acabou na completa derrota do reino lombardo na Itália. Este foi o resultado do grande esquema do papado, e provocado pela política sem princípios e traiçoeira do pontífice. Carlos era genro de Desidério, mas depois de um ano de casamento ele se divorciou de Hermingard, a filha do lombardo, e imediatamente se casou com Hildegard, uma senhora de uma nobre casa da Suábia. O insultado pai, ao receber de volta sua filha repudiada, naturalmente buscou por reparação por meio do papa, o chefe da igreja, de quem Carlos era um filho tão obediente. Mas embora a igreja, adequando-se a seus próprios propósitos, tivesse afirmado em termos fortes a santidade do vínculo matrimonial, a violação aberta no exemplo de Carlos foi ignorada; o papa se recusou a interferir.

Roma reconhecia o bom serviço do grande Carlos e não podia arriscar seu desagrado. Nem uma palavra foi dita contra a conduta do dissoluto monarca. Desidério, por fim, ressentiu-se pelo amargo insulto de Carlos e pela ímpia conivência de Adriano. Ele apareceu à frente de suas tropas na Itália papal, e sitiou, invadiu e espalhou a devastação por toda a parte, e ameaçou o papa em sua capital.

domingo, 25 de dezembro de 2016

A Doação Territorial de Carlos Magno

A real extensão de sua doação é muito difícil de determinar. Mas parece ser da opinião geral dos historiadores que ela incluía não apenas o exarcado de Ravena, mas os ducados de Espoleto e Benevento, Veneza, Istria, e outros territórios no norte da Itália -- em suma, quase toda a península com a ilha de Córsica. Todo Nabote foi roubado de sua vinha, e seu sangue derramado, para a gratificação da ambição de Jezabel, e para o estabelecimento de seu trono de iniquidade. Mas o marco da consumação e selo de toda a iniquidade foi o modo como o papa buscou reconciliar seu caráter de vicário de Cristo com sua nova posição. Como todos os homens estão sujeitos a Cristo, ele raciocinou, assim do mesmo modo eles são sujeitos ao Seu vicário e representante na terra em tudo o que pertence ao Seu reino. Mas este reino se estende sobre todos, portanto nada pertencente a este mundo ou seus assuntos podem estar acima ou além da jurisdição da cadeira de São Pedro. Nosso reino não é deste mundo; ele é, assim como Cristo, em todos, sobre todos e sobre tudo. De acordo com esta teoria, nenhum domínio secular deveria ser considerado inconsistente com a declaração do Salvador no que diz respeito ao Seu reino. É neste pressuposto ímpio, desde então, que os papas têm sempre agido. Daí sua interferência com o sacerdote e o povo, com o rei e o súdito, com a terra e o mar, sobre todo o mundo.

Carlos Magno visitou Roma novamente em 781, e uma terceira vez em 787, e em cada ocasião a igreja foi enriquecida por presentes, concedidos, como ele professava na linguagem da época, "para o bem de sua alma". Submergido em gratidão e plenamente consciente de sua própria necessidade um defensor permanente, o papa coroou Carlos Magno na véspera do Natal do ano 800 com a coroa do império ocidental, e o proclamou César Augusto. Um príncipe franco, um teutão, foi assim declarado o sucessor dos Césares, e empunhou todo o poder do imperador do Ocidente. "O império de Carlos Magno", diz Milman, "foi quase proporcional à Cristandade latina; a Inglaterra foi o único grande território que reconhecia a supremacia de Roma e não se sujeitou ao novo império ocidental"*. Este evento deu início a uma grande época nos anais da Cristandade romana.

{* Veja Milman, vol. 2. Greenwood, vol. 2.}

Devemos agora deixar o Ocidente por um tempo, e tornar nossa atenção para uma outra grande revolução religiosa que repentina e inesperadamente surgiu no Oriente -- o maometismo.

domingo, 20 de novembro de 2016

A Posição Eclesiástica e Secular de Gregório

O cuidado pastoral da igreja era evidentemente o principal objetivo e deleite do coração de Gregório. Ele acreditava que esta era sua obra, e com prazer teria se dedicado inteiramente a isto; pois, de acordo com a credulidade supersticiosa da época, ele tinha a mais profunda convicção de que o cuidado e governo de toda a igreja pertencia a ele como sucessor de São Pedro; e também, que ele era obrigado a defender a dignidade especial da Sé de Roma. Mas ele foi compelido, a partir do perturbado estado da Itália, e pela segurança de seu povo -- seu querido rebanho -- a empreender muitos tipos de negócios incômodos, totalmente estranhos ao seu chamado espiritual. Os invasores lombardos* eram, naquela época, o terror dos italianos. Os godos tinham sido, em grande medida, civilizados e romanizados. Mas esses novos invasores eram bárbaros sem remorso e impiedosos; embora, por mais estranho que seja dizê-lo, eles eram os autodeclarados campeões do arianismo. E o poder imperial, em vez de proteger seus súditos italianos, agiu apenas como um obstáculo para que eles se defendessem. Guerra, fome e pestilência tinham dizimado e despopulado tanto o país, que todos os corações falhavam, e todos se voltavam ao bispo como o único homem para a emergência desses tempos, de tão firme que era a opinião sobre sua integridade e capacidade entre os homens.

{* Os lombardos foram uma tribo germânica de Brandenburg. De acordo com a crença popular, eles tinham sido convidados à Itália por Justiniano para lutar contra os godos. O chefe deles, Alboin, estabeleceu um reino que durou de 568 a 774. O último rei, Desidério, foi destronado por Carlos Magno. Como os encontraremos novamente em conexão com nossa história, apenas tomamos esta breve nota sobre sua origem. -- Dicionário de Datas, de Haydn.}

Assim vemos que o poder secular, em primeira instância, foi imposto ao Papa. Não parece que ele buscava essa posição -- uma posição tão ansiosamente procurada por muitos de seus sucessores; mas vemos que ele entrou com relutância em deveres tão pouco de acordo com o grande objetivo de sua vida. Ele involuntariamente deixou para trás a vida quieta e contemplativa de monge, e entrou em assuntos do estado como um dever a Deus e a seu país. A direção dos interesses políticos de Roma recai sobretudo sobre Gregório. Ele foi guardião da cidade e o protetor da população da Itália contra os lombardas. Toda a história presta testemunho à sua grande capacidade, sua incessante atividade, e a multiplicidade de suas ocupações como o virtual soberano de Roma.

No entanto, por mais inconsciente que Gregório tenha sido quanto aos efeitos de sua grande reputação, ele contribuiu muito para a dominação eclesiástica e secular de Roma. A preeminência em seu caso, por mais triste que fosse para um cristão, era desinteressada e exercida de modo benéfico; mas não foi assim com seus sucessores. A infalibilidade do Papa, a tirania espiritual, a perseguição aos de diferentes opiniões, a idolatria, a doutrina do mérito das obras, o purgatório e as missas pelas almas dos mortos, coisas que se tornaram marcas registradas do papado, ainda não haviam se estabelecido totalmente em Roma; mas, podemos dizer, estavam todas à vista.

Não devemos, no entanto, prosseguir com esse assunto no momento; voltemos a um assunto mais interessante e mais agradável a nossas mentes.

domingo, 2 de outubro de 2016

Arcádio e Honório (395 d.C.)

Teodósio, o Grande, deixou dois filhos, Arcádio, com idade de dezoito anos, e Honório, que tinha apenas onze. O mais velho ficou com a soberania do Oriente, e o mais novo a do Ocidente. Nada pode ser mais impressionante do que a condição do mundo romano nesse momento, ou mais adequado para despertar nossa compaixão: dois imperadores de tal fraqueza a ponto de serem incapazes de conduzir a administração dos assuntos públicos, e todo o império em um estado de perigo e alarme por causa dos invasores góticos. A mão do Senhor é manifesta aqui. Onde está agora o gênio, a glória e o poder de Roma? Expiraram junto com Teodósio. Em um momento em que o império precisava de prudência, de habilidade marcial e dos talentos de um Constantino, ele foi declaradamente governado por dois príncipes imbecis. Mas seus dias estavam contados na providência de Deus, e deveriam passar muito rápido.

A mais feroz tempestade que já tinha assolado o império estava então pronta a irromper em sua hora de fraqueza. O competente general Flávio Stilicho (ou Stilico), a última esperança de Roma, foi assassinado logo após a morte de Teodósio, e toda a Itália caiu nas mãos dos bárbaros. Os godos tinham se rendido aos exércitos e especialmente à política de Teodósio, mas bastou as notícias de sua morte para que eles se erguessem em revolta e vingança. O famoso Alarico, o astuto e competente líder dos godos, apenas esperou para uma oportunidade favorável para levar adiante um esquema de maior magnitude e ousadia do que qualquer outro que tenha passado na mente de qualquer dos inimigos de Roma desde os tempos de Aníbal. Ele foi, sem dúvida, um ministro dos justos juízos de Deus sobre um povo tão manchado com o sangue de Seus santos, além de terem crucificado o Senhor da glória e matado Seus apóstolos. Deixaremos os detalhes com os historiadores do declínio e queda de Roma: mas podemos dizer brevemente que Alarico era então seguido não apenas pelos godos, mas também pelas tribos de quase todo nome e raça. A fúria do deserto seria então derramada sobre a amante e corrupta do mundo. Ele conduziu suas forças para a Grécia sem oposição; ele devastou sua terra frutífera e saqueou Atenas, Corinto, Argos e Esparta; e aquela que era impiamente chamada de "a cidade eterna" foi sitiada e saqueada. Por seis dias ela foi entregue ao abate sem remorsos e a todo tipo de pilhagem. Assim caiu a culpada e devota cidade pelo juízo de Deus: nenhuma mão se estendeu para ajudá-la: ninguém para lamentar seu destino. Também as províncias mais ricas da Europa, como a Itália, a Gália e a Espanha, foram devastadas pelos sucessores imediatos de Alarico, especialmente Átila, e novos reinos foram instituídos pelos bárbaros. Assim a história do quarto grande império mundial termina por volta do ano 478 d.C., 1229 anos ano após a fundação de Roma.

Teodorico, rei dos ostrogodos, um príncipe de igual excelência nas artes da guerra e no governo, restaurou uma era de paz e prosperidade, varreu todos os vestígios do governo imperial, e fez da Itália um reino.*

{* Enciclopédia Britânica, vol. 19, p. 420. Dezoito Séculos Cristãos, de White, p. 94.}

domingo, 20 de dezembro de 2015

A Partida de Paulo da Itália

1. Ao escrever aos Romanos, antes de seu aprisionamento, Paulo expressou sua intenção de passar por Roma até a Espanha. "Quando partir para Espanha", diz ele, "irei ter convosco". E novamente: "Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha." (Romanos 15:24,28). Alguns pensam que ele tenha ido à Espanha imediatamente após sua libertação. A principal evidência apresentada em favor dessa hipótese é suprida por Clemente, um cooperador mencionado em Filipenses 4:3, que dizem que mais tarde era reconhecido como um bispo de Roma. O escritor fala de Paulo ter pregado o evangelho do leste a oeste: que ele tinha instruído o mundo todo (se referindo, sem dúvidas, ao Império Romano), e que ele tinha ido ao mais extremo oeste - ou seja, até a região da Espanha. Como Clemente foi um dos próprios discípulos e cooperadores de Paulo, seu testemunho é digno de nosso respeito. Ainda assim, não está nas Escrituras, e portanto não pode ser considerado conclusivo.

2. Pelas cartas mais recentes de Paulo, ele parece ter alterado seus planos e desistido da ideia de ir à Espanha, pelo menos por um tempo. Podemos tirar isso principalmente das Epístolas a Filemom e aos Filipenses. Ao primeiro ele escreve: "E juntamente prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido." (Filemom 1:22). Aqui ele pede a Filemom que espere pois iria em breve ter com ele em pessoa. Aos filipenses ele escreve, e falando de Timóteo acrescenta: "De sorte que espero vo-lo enviar logo que tenha provido a meus negócios. Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco.". E novamente, "E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios." (Filipenses 2:19,23,24). Os movimentos pretendidos do apóstolo e de seu amado Timóteo parecem muito claros nessas passagens. Era evidentemente o propósito do apóstolo enviar Timóteo a Filipos assim que o julgamento terminasse, e ficar na Itália até que Timóteo retornasse com um relatório sobre a condição deles.

3. Pode-se razoavelmente esperar que Paulo tenha cumprido a intenção que ele havia expressado tão recentemente, de visitar as igrejas na Ásia Menor, algumas das quais ainda nem mesmo tinha conhecido. Tendo cumprido os objetivos de sua missão à Ásia Menor, alguns pensam que, depois disso, ele deve ter empreendido sua viagem à Espanha, mas sobre isso não temos informação confiável, e a mera conjectura não tem valor.

4. Outra teoria é que ele tenha ido da Itália para a Judeia, e daí para a Antioquia, Ásia Menor e Grécia. Este esquema se baseia principalmente em Hebreus 13:23,24. "Sabei que já está solto o irmão Timóteo, com o qual, se ele vier depressa, vos verei... Os da Itália vos saúdam." É também suposto que, enquanto ele estava esperando em Potéoli para a embarcação, imediatamente após o retorno de Timóteo, notícias chegaram ao apóstolo de que uma grande perseguição se erguia contra os cristãos em Jerusalém. Esse conhecimento tão triste encheu tanto o coração de Paulo com tristeza que ele escreveu sua famosa carta a eles - a Epístola aos Hebreus. Pouco tempo depois Timóteo teria chegado, e então Paulo e seus companheiros partiram para a Judeia. *

(* Para pormenores sobre a perseguição veja Josefo, Ant. 20, 9, 1.)

sábado, 12 de dezembro de 2015

Epístolas que foram Escritas por Paulo Durante seu Aprisionamento

Não pode haver dúvida de que a Epístola a Filemom, aos Colossenses, aos Efésios e aos Filipenses foram escritas por volta dos últimos tempos de Paulo como prisioneiro em Roma. Ele se refere a suas "prisões" em todas essas cartas, e fala repetidamente sobre a expectativa de sua libertação (Compare Filemom 1:22; Colossenses 4:18; Efésios 3:1; 4:1; 6:20; Filipenses 1:7, 25; 2:24; 4:22). Além disso, ele deve ter estado por tempo o bastante em Roma para que as novidades sobre sua prisão chegassem aos afetuosos filipenses, e para que eles tivessem lhe enviado refrigério.

As três primeiras parecem ter sido escritas algum tempo antes da Epístola aos Filipenses. Paulo fala sobre um assunto urgente o qual teve de ser resolvido em sua epístola a eles: "De sorte que espero vo-lo enviar logo que tenha provido a meus negócios. Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco." (Filipenses 2:23,24). As três primeiras podem ter sido escritas por volta da primavera do ano 62 d.C., e enviadas por Tíquico e Onésimo; a última, no outono e enviada por Epafrodito.

Supõe-se também que a Epístola aos Hebreus tenha sido escrita por essa época, e cada justa consideração leva à conclusão de que Paulo foi o escritor. A expressão ao final da epístola "os da Itália vos saúdam" parecem decisivas quanto a onde o escritor estava quando a escreveu.  E as seguintes passagens parecem ser decisivas quanto à época: "Sabei que já está solto o irmão Timóteo, com o qual, se ele vier depressa, vos verei." (Hebreus 13:23,24). Compare isto com o que Paulo escreveu aos filipenses: "E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo... logo que tenha provido a meus negócios. Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco." (Filipenses 2:19,23,24). É difícil duvidar que essas passagens não tenham sido escritas pela mesma caneta por volta da mesma época, e que se referem aos mesmo movimentos pretendidos. Mas não iremos insistir nesse ponto. Uma coisa, no entanto, é evidente - que a epístola foi escrita antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C., pois o templo ainda estava de pé, e a adoração no templo continuava inalterada. Compare Hebreus 8:4; 9:25; 10:11; 13:10-13.

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