domingo, 27 de abril de 2014

Os Erros dos Historiadores em Geral

Alguns historiadores, infelizmente, não levaram em consideração esta triste mistura dos vasos bons e ruins - dos verdadeiros e falsos cristãos. Eles mesmos não eram homens com mentes espirituais. Portanto fizeram, e ainda fazem, de seu objetivo principal, registrar os vários caminhos anticristãos e perversos dos meros professos. Eles se delongam minuciosamente nas heresias que perturbaram a igreja, nos abusos que a desgraçaram, e nas controvérsias que a distraíram. Nós, pelo contrário, nos esforçaremos para perscrutar pelas longas páginas escuras da história em busca da linha prateada da graça de Deus nos verdadeiros cristãos, embora muitas vezes a liga seja tão predominante que o minério puro é quase imperceptível.

Deus nunca deixou a Si mesmo sem um testemunho. Ele sempre manteve Seus amados e queridos, mesmo que ocultos, em todas as eras e em todos os lugares. Nenhum olho a não ser o dEle poderia enxergar os sete mil em Israel que não tinham se curvado à imagem de Baal, nos dias de Acabe e Jezabel. E não há dúvida que dezenas de milhares, mesmo nas épocas mais sombrias do Cristianismo, serão encontrados, afinal, na "gloriosa igreja", que Cristo apresentará a Si mesmo, no tão esperado dia de Sua alegria nupcial. Muitas pedras preciosas encontradas em meio ao lixo da "idade média" refletirão Sua graça e glória naquele dia sem par.

Que bendito pensamento! Mesmo agora enche a alma de júbilo e deleite. Senhor, apresse aquele dia tão feliz por amor de Teu próprio nome!

Diferente de muitos falsos, os verdadeiros crentes são humildes por instinto. Eles são geralmente reservados, e a maioria são pouco conhecidos. Não há humilhação tão profunda e real como aquela que o conhecimento da graça produz. Tais pessoas modestas e ocultas encontram pouco espaço nas páginas históricas. Mas o convincente e zeloso herege, e o barulhento e visionário fanático, são barulhentos demais para escapar à vista. Por isso, também, que os historiadores vêm recordando tão cuidadosamente os tolos e insensatos princípios e as más práticas de tais homens.

Vamos agora mudar um pouco de assunto, e tomar uma visão geral da primeira parte de nosso assunto: as sete cartas às igrejas da Ásia.

domingo, 20 de abril de 2014

Introdução

Muitos de nossos leitores, como sabemos, não têm disponibilidade de tempo nem a oportunidade de ler as volumosas obras que foram escritas ao longo do tempo sobre a história da igreja. Ainda assim, aquela que tem sido a morada de Deus nos últimos 2000 anos deve ser objeto do mais profundo interesse de Seus filhos. Não estamos falando, aqui, da igreja como é geralmente representada na história, mas de como ela é definida nas Escrituras. Ali, ela é vista em seu verdadeiro caráter espiritual, como o corpo de Cristo, e como a "morada de Deus em Espírito" (Efésios 2).

Devemos sempre ter em mente, ao ler tudo o que é relacionado à história da igreja, que, dos dias dos apóstolos até os dias de hoje, sempre existiram duas classes distintas e amplamente diferentes na igreja professa: os meramente nominais, e os reais - os verdadeiros e os falsos. Isto havia sido predito. "Porque eu sei isto", disse o apóstolo, "que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho. E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si." (Atos 20:29-30). Sua Segunda Epístola a Timóteo é também cheia de alertas e direções referentes às várias formas de mal que foram, então, claramente manifestas. Uma rápida mudança para pior tomou conta desde a vez que sua primeira epístola tinha sido escrita. Ele exorta aos verdadeiros crentes para andar em separação daqueles que tinham aparência de piedade, mas que negavam a eficácia dela. "Destes", diz ele, "afasta-te". Tais exortações são sempre necessárias, semple aplicáveis - tanto hoje quanto antes. Não podemos nos separar da Cristandade professa sem deixarmos de lado o Cristianismo; mas podemos e devemos nos separar do que o apóstolo chama de "vasos para desonra". A promessa é que, "se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra." (2 Timóteo 2:21).

É interessante - apesar de também doloroso - destacar a diferença, neste ponto, entre a Primeira e a Segunda Epístola a Timóteo. Na primeira, é falado da igreja de acordo com seu verdadeiro caráter e com sua bendita posição na Terra. Lá ela é vista como a casa de Deus - a coluna e a firmeza da verdade para o homem. A Segunda Epístola mostra o que ela se tornou graças às falhas daqueles em cujas mãos ela foi confiada.

Vamos tomar uma passagem de cada Epístola como ilustração: (1) "Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa. Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade." (1 Timóteo 3:14-15) (2) "Numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra." (2 Timóteo 2:20). Aqui tudo mudou - infelizmente mudou. No lugar da ordem divina há uma incorrigível confusão; no lugar da "casa de Deus, a coluna e firmeza da verdade", há uma "grande casa" - praticamente "o mistério da iniquidade". Em vez da casa ser mantida de acordo com a vontade de Deus, e adequada a Ele, ela é organizada e ordenada de acordo com a vontade do homem, e para sua própria vantagem e exaltação pessoal. Assim, sem muita demora, o mal, que tem sido o pecado e a desgraça da Cristandade até então, fez suas primeiras aparições. Mas isto é posto de lado quando o Espírito de Deus, em grande misericórdia, nos fornece as mais claras direções para o dia mais sombrio da história da igreja, indicando o caminho da verdade para os piores tempos; deste modo, ficamos sem desculpas. Os tempos e circunstâncias mudam, mas nunca a verdade de Deus.

sábado, 19 de abril de 2014

Prefácio

Como tudo o que sabemos da história chega a nós por meio de livros, eu examinei, com muito cuidado, os autores mais conceituados, considerando-os confiáveis. E apesar de haver frequentes referências ao volume e à página, isto de modo algum indica tudo o que foi reunido a partir dessas histórias. Seria impossível dizer quantos pensamentos, palavras e sentenças se entrelaçam com os meus próprios. As referências foram, geralmente, dadas, nem tanto para permitir a verificação do que foi escrito, mas também para induzir o leitor a estudá-las. O material é tão variado e abundante que a dificuldade consistiu em fazer a seleção, assim como manter uma linha de continuidade histórica, e ainda deixar de fora o que, no momento, não seria proveitoso nem interessante.

Alguns dos meus mais antigos e estimados amigos, tais como Greenwood, Milman e Graigie Robertson, concluíram seus relatos por volta do século XIV; Waddington, D'Aubigne e Scott, por volta do século XVI; e Wylie fecha sua história do Protestantismo com seu estabelecimento sob o reinado de William e Mary. As histórias e biografias especiais do Dr M'Crie são, também, extremamente valiosas; e assim também é a história do Protestantismo na França por Felice, a história da Reforma nos Países Baixos por Brandt, a breve história da Idade Média e Reforma por Hardwick, e também o relato de Cunningham sobre a Igreja da Escócia; no entanto, bons relatos gerais sobre os acontecimentos do começo do século XVI até o século presente (*século XIX, quando foi escrito este livro), são realmente escassos.

Eu tenho em vista, neste livro, mais do que a mera história. Tem sido meu desejo conectá-la a Cristo e Sua Palavra, de modo que o leitor possa receber a verdade e a bênção, por meio da graça, à sua alma. O leitor deverá observar que o livro começa com o propósito revelado pelo Senhor referente à Sua Igreja, em Mateus 16. Outras partes do Novo Testamento referentes ao alvorecer da Igreja foram cuidadosamente examinadas, mas me foquei no traçar de sua real história à luz das sete cartas às Igrejas da Ásia. Isto, é claro, de uma forma muito geral, uma vez que meu desejo é dar ao leitor a visão mais ampla da história eclesiástica quanto possível, de forma consistente com meu plano e brevidade.

Que as bênçãos do Senhor possam acompanhar o volume que agora é lançado.

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