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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Atanásio Contesta a Autoridade de Constantino

Eusébio da Nicomédia inicialmente recorreu a medidas aparentemente amigáveis para com Atanásio, com o propósito de induzi-lo a readmitir Ário à comunhão da igreja. Mas, falhando completamente, ele influenciou o imperador para que lhe ordenasse a fazê-lo. Um mandato imperial foi emitido para que Ário e todos os seus amigos, que estavam dispostos a se ligarem mais uma vez à igreja católica, fossem recebidos; e informando a Atanásio que, se não o fizesse, ele deveria ser deposto de sua posição e mandado ao exílio. Atanásio, no entanto, não se deixou intimidar pelos decretos imperiais, mas firmemente respondeu que não poderia reconhecer pessoas que tinham sido condenadas por um decreto de toda a igreja. "Constantino agora descobria, para seu espanto", diz Milman, "que um decreto imperial -- que deveria ser obedecido em trêmula submissão de uma ponta à outra do império romano, mesmo se ele tivesse decretado uma revolução política completa, ou prejudicasse as propriedades e privilégios de milhares -- foi recebido com deliberada e decidida indiferença por um único bispo cristão. Durante dois reinados, Atanásio contestou a autoridade do imperador"*. Ele suportou a perseguição, calúnia, exílio; sua vida estava em constante perigo em defesa da grande e fundamental verdade -- a divindade do bendito Senhor. Ele enfrentou o martírio, não pela ampla distinção entre cristianismo e paganismo, mas por essa única doutrina central da fé cristã.

{* História do Cristianismo, vol.2, p. 540.}

Uma sucessão de queixas contra Atanásio foram levadas ao imperador pelo partido ariano -- ou, mais propriamente, o partido eusebiano. Mas estaria fora de nosso propósito entrar em detalhes: ainda temos de traçar um pouco mais a linha prateada nessa nobre e fiel testemunha.

A acusação mais pesada era de que Atanásio havia enviado uma soma de dinheiro para uma pessoa no Egito para ajudá-la em um projeto de conspiração contra o imperador. Ele foi intimado a comparecer e responder pela acusação. O clérigo obedeceu e pôs-se diante dele. Mas a aparição pessoal de Atanásio, um homem de poder notável sobre as mentes dos outros, parece ter inspirado temor à alma de Constantino. As acusações frívolas e infundadas foram triunfalmente refutadas por Atanásio perante um tribunal de inimigos, e assim a virtude imaculada de seu caráter foi inegavelmente estabelecida. E tal foi o efeito da presença de Atanásio sobre o imperador que ele denominou-o um homem de Deus e considerou seus inimigos como os autores dos distúrbios e divisões. Mas esta impressão teve curta duração, uma vez que ele continuava governado pelo partido eusebiano.

sábado, 9 de julho de 2016

O Batismo e Morte de Constantino

O batismo de Constantino deu origem a quase tanta especulação quanto sua conversão. Apesar do grande zelo que ele demonstrava em favor do cristianismo, ele adiou seu batismo e, consequentemente, sua recepção na igreja, até a aproximação de sua morte. Muitos motivos, tanto políticos quanto pessoais, foram sugeridos por diferentes escritores como as razões do adiamento; mas tememos que o verdadeiro era pessoal. A superstição já tinha, nessa época, ensinado os homens a conectarem o perdão dos pecados ao rito do batismo. Sob esse terrível engano Constantino parece ter adiado seu batismo até que não pudesse mais desfrutar de suas honrarias imperiais e saciar suas paixões nos prazeres do mundo. É impossível conceber qualquer indulgência papal mais destrutiva para a alma, mais desonrosa para o cristianismo, e mais perigosa para toda a virtude moral. Era uma licença para que pessoas como Constantino perseguissem os grandes objetos de sua ambição por meio dos tenebrosos caminhos de sangue e crueldade, uma vez que colocava em suas mãos maneiras de conseguir um perdão fácil quando fosse conveniente. Mas, por outro lado, podemos pensar que tenha sido uma grande misericórdia do Senhor que alguém cuja vida privada e doméstica -- assim como sua carreira pública -- fosse tão manchada de sangue, não professasse publicamente o cristianismo ao receber o batismo e participar da ceia do Senhor.

Os bispos, a quem ele chamou ao palácio da Nicomédia em sua última doença, ouviram sua confissão, se deram por satisfeitos e o abençoaram. Eusébio, bispo da Nicomédia, o batizou! Ele agora professava, pela primeira vez, que se Deus poupasse sua vida ele se uniria à assembleia de Seu povo, e que, tendo usado as vestes brancas do neófito, ele jamais usaria novamente o púrpura do imperador. Mas essas decisões foram feitas tarde demais: ele morreu pouco tempo depois de seu batismo, no ano 337.*

{* Vida de Constantino, de Eusébio, p. 147}


Helena, a mãe do imperador, merece uma breve menção. Ele abraçou a religião professada por seu filho. Sua devoção, piedade e generosidade eram grandes. Ela viajou por vários lugares, visitando os lugares sagrados que tinham sido cenários dos principais eventos da história das Escrituras, e ordenou que o templo de Vênus, que Adriano tinha construído no local do santo sepulcro, fosse demolido, e deu instruções para que uma "igreja", que deveria exceder todas as outras em esplendor, fosse construída no local. Ela morreu em 328 d.C.

Já vimos, infelizmente com tanta clareza, a verdade dolorosa das palavras do Senhor, de que a igreja estava habitando onde estava o trono de Satanás. Constantino a deixou lá. Ele a encontrou aprisionada em minas, masmorras e catacumbas, e afastada da luz do céu, e a colocou no trono do mundo. Mas o quadro ainda não está completo: devemos tomar nota de outras características na história, recorrendo à semelhança na epístola.

O reinado de Constantino foi marcado não apenas pela igreja sendo retirada de seu lugar correto através dos enganos de Satanás, mas também pelos amargos frutos dessa mudança degradante. As sementes do erro, da corrupção e da dissensão se espalharam rapidamente, e agora apareciam publicamente perante os tribunais do mundo, e em alguns casos diante do mundo pagão. 

sábado, 25 de junho de 2016

A História Religiosa de Constantino

Tudo o que sabemos sobre a religião de Constantino até o período de sua assim chamada "conversão" indica que ele era, exteriormente, se não zelosamente, um pagão. O próprio Eusébio admite que ele estava, nesta época, em dúvida sobre qual religião abraçaria. Política, superstição, hipocrisia e inspiração sobrenatural foram as influências decisivas, em menor ou maior grau, em sua futura história religiosa. Mas seria certamente injusto supor que sua profissão do cristianismo, e suas declarações públicas em seu favor, eram nada mais do que uma deliberada e intencional hipocrisia. Tanto seu caminho religioso quanto eclesiástico admitem uma explicação muito mais elevada e natural. Mas também não podemos acreditar que tenha havido algo de inspiração divina, seja em sua visão ao meio-dia ou em seu sonho à noite. Pode ter ocorrido alguma aparição incomum no sol ou nas nuvens, que a imaginação converteu em um sinal miraculoso da cruz; e a outra aparição pode ter sido fruto do exagero de um sonho em decorrência de seu estado de elevada ansiedade: mas toda essa história pode agora ser considerada uma fábula, cheia de bajulações ao grande imperador, e muito gratificante para seu grande admirador e panegirista, Eusébio. Não há como colocá-la entre os registros autênticos da História.

Política e superstição tiveram, sem dúvida, uma grande influência na mudança que se operou na mente de Constantino. Desde sua juventude ele tinha testemunhado a perseguição aos cristãos e deve ter observado uma vitalidade na religião deles que se erguia acima do poder de seus perseguidores, e sobrevivia diante da queda de todos os outros sistemas. Ele tinha visto um imperador após outro, que tinham sido inimigos públicos do cristianismo, morrerem a mais terrível morte. Apenas seu pai - dentre todos os imperadores - o protetor do cristianismo durante a longa perseguição, tinha descido a um túmulo honrado e pacífico. Fatos tão marcantes não poderiam falhar em influenciar a mente supersticiosa de Constantino. Além disso, ele pode ter apreciado com sagacidade política a influência moral do cristianismo, sua tendência a impor obediência pacífica ao governo civil, e a imensa adesão que obviamente havia na mente de quase metade de seu império.

Os motivos do imperador, no entanto, são fazem parte da nossa história, não necessitando nos ocupar por muito mais tempo. Porém, de modo a enxergarmos com mais clareza esse período tão importante e de grande reviravolta na história da igreja, pode ser interessante olhar para o estado da igreja em que Constantino a encontrou em 313, e como ele a deixou em 337.

domingo, 19 de junho de 2016

O Estandarte da Cruz

De acordo com Eusébio, os artífices em ouro e pedras preciosas foram imediatamente chamados, e receberam as ordens dos lábios de Constantino. Eusébio tinha visto o estandarte e fornece um longo relato sobre isso. Como um enorme interesse é lançado sobre essa relíquia da antiguidade por todos os escritores eclesiásticos, daremos ao leitor uma breve, porém minuciosa, descrição dele.

A haste, ou suporte perpendicular, era longa e banhada a ouro. Em seu topo havia uma coroa, composta de ouro e pedras preciosas, com a gravação do símbolo sagrado da cruz e as primeiras letras do nome do Salvador, ou a letra grega X sobreposta à letra P (XPISTOS em grego). Logo sob esta coroa estava a figura do imperador em ouro, e embaixo um crucifico de madeira, no qual pendia uma bandeira quadrada de tecido púrpura, bordada e coberta com pedras preciosas. Isso foi chamado de Lábaro. Esse resplandecente estandarte era carregado à frente dos exércitos imperiais e guardado por cinquenta homens escolhidos, supostamente invulneráveis devido ao caráter deles.

Constantino também mandou chamar mestres cristãos, a quem ele questionou sobre o Deus que lhe apareceu, e a importância do símbolo da cruz. Isto deu-lhes a oportunidade de direcionar sua mente para a Palavra de Deus e de instruí-lo no conhecimento de Jesus e de Sua morte na cruz. A partir de então o imperador se declarava a si mesmo um convertido ao cristianismo. A confiança e expectativas supersticiosas de Constantino e de seu exército estavam agora elevadas ao máximo. A batalha decisiva aconteceu na ponte Mílvia. Constantino conquistou uma notável vitória sobre seu inimigo, embora suas tropas não chegassem a um quarto do número das tropas de Maxêncio.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O Cruel Reinado de Domiciano

Domiciano, o irmão mais novo de Tito, ascendeu ao trono em 81 d.C. No entanto, ele tinha um temperamento totalmente diferente de seu pai e de seu irmão. Estes toleravam os cristãos, mas ele os perseguia. Seu caráter era covarde, suspeitoso e cruel. Ele levantou uma perseguição contra os cristãos por causa de um certo temor vago e supersticioso que ele nutria sobre a possível aparição de uma pessoa nascida na Judeia, da família de Davi, e que deveria obter o império do mundo. Domiciano não poupou nem os romanos de nascimento da mais ilustre e alta posição que tinham abraçado o cristianismo. Alguns foram martirizados de imediato, outros foram banidos para serem martirizados no exílio. Sua própria sobrinha, Domitila, e seu primo Flávio Clemente, para quem tinha sido dada em casamento, foram vítimas de sua crueldade por terem abraçado o evangelho de Cristo. Assim vemos que o cristianismo, pelo poder de Deus, apesar de exércitos e imperadores, fogo e espada, estava se espalhando, não apenas entre os de classe média e baixa, mas também entre as classes mais altas.

"Domiciano", diz Eusébio, o pai da história eclesiástica, "tendo exercido sua crueldade contra muitos, e injustamente matando não poucos homens nobres e ilustres de Roma, e tendo, sem causa, punido um vasto número de homens honráveis com o exílio e a confiscação de suas propriedades, por fim estabeleceu a si mesmo como o sucessor de Nero em termos de ódio e hostilidade contra Deus." Ele também seguia Nero ao endeusar a si mesmo. Ele comandou que sua própria estátua fosse adorada como um deus, reviveu a lei da traição, e pôs em temeroso vigor suas terríveis provisões: sob tais circunstâncias, cercado de espiões e informantes, quão terrível deve ter sido essa segunda perseguição aos cristãos!*

{* Veja História Romana, Enciclopédia Britânica, vol. 19, página 406.}

Mas o fim desse tirano fraco, vão e desprezível se aproximava. Ele tinha o hábito de escrever em um rolo os nomes daquelas pessoas que ele destinava à morte, mantendo-o cuidadosamente aos seus próprios cuidados. E, de modo a desviar a atenção de suas futuras vítimas, ele os tratava com a mais lisonjeira atenção. Mas esse rolo fatal foi um dia tomado de debaixo de uma almofada em que ele estava dormindo por uma criança que estava brincando no apartamento, que então o levou à imperatriz. Ela foi atingida com espanto e alarme ao encontrar seu próprio nome na lista negra, juntamente com os nomes de outros que eram aparentemente elevados em seu favor. Assim, a imperatriz comunicou o conhecimento de seu perigo, e não obstante toda a precaução que a covardia e astúcia podia sugerir, ele foi expulso por dois oficiais de sua própria casa.

sábado, 13 de dezembro de 2014

O Apóstolo Judas, irmão de Tiago

Este apóstolo também é chamado de Judas Tadeu, ou Lebeu. Estes diferentes nomes têm diferentes nuances quanto ao significado, mas o exame de tais sutilezas está fora do escopo deste livro. Judas era filho de Alfeu, e um dos parentes de nosso Senhor, como lemos em Mateus 13:55: "não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?"

Quando, ou como, ele foi chamado para o apostolado, disto não somos informados; e não há praticamente nenhuma menção a ele no Novo Testamento, exceto nas várias vezes em que os doze apóstolos são nomeados. Seu nome só aparece uma vez na narrativa do Evangelho, quando ele faz a seguinte pergunta: "Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?" (João 14:22). É evidente, a partir desta pergunta, que ele ainda imaginava, assim como seus condiscípulos, a ideia de um reino temporal, ou a manifestação do poder de Cristo na terra de modo que o mundo pudesse percebê-lo. Mas eles não entendiam ainda a dignidade de seu próprio Messias. Eles eram estranhos à grandeza do Seu poder, à glória da Sua Pessoa, e à espiritualidade do Seu reino. Seus súditos são libertos, não apenas deste mundo perverso, mas do poder de Satanás e do domínio da morte e da sepultura: "O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor" (Colossenses 1:13). A resposta de Cristo para a questão de Judas é o mais importante. Ele fala das bênçãos da obediência. O discípulo verdadeiramente obediente certamente conhece a doçura da comunhão com o Pai e com o Filho, na luz e no poder do Espírito Santo. Aqui não se trata da questão do amor de Deus em graça soberana para com um pecador, mas das relações do Pai com Seus filhos. Por isso, é no caminho da obediência que a manifestação do amor do Pai e do amor de Cristo são encontrados. (Veja João 14:23-26)

Mas devemos ter em mente, quando comentamos sobre as perguntas ou sobre as palavras dos apóstolos, que o Espírito Santo ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não tinha sido glorificado. Os pensamentos, sentimentos e expectativas dos apóstolos, depois desse evento, foram completamente alterados. Assim, encontramos nosso apóstolo, assim como seu irmão Tiago, intitulando-se "Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago" (Judas 1:1). Ele não chama a si mesmo de apóstolo, nem de irmão do Senhor. Isto é humildade verdadeira, fundada em um verdadeiro senso da mudança de relacionamento com o Senhor exaltado. No dia de Pentecostes foi proclamado: "Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." (Atos 2:36)

Nada é sabido com certeza sobre o restante da história de nosso apóstolo. Alguns dizem que ele pregou primeiramente na Judeia e na Galileia, e depois da Samaria até a Idumeia, e em cidades da Arábia. Mas, próximo ao fim de sua jornada, a Pérsia foi o local de seus labores e o cenário de seu martírio.

Com base em 1 Coríntios 9:5, podemos razoavelmente inferir que ele era um dos apóstolos que eram casados: "Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?"
Existe uma tradição sobre dois de seus netos, que é interessante e aparentemente verdadeira. Tal tradição foi transmitida por Eusébio de Hegésipo, um judeu convertido. Domiciano, o Imperador, tendo ouvido sobre a existência de alguns da linhagem de Davi, e parentes de Cristo ainda vivos, movido pela inveja, ordenou que fossem apreendidos e levados a Roma. Dois netos de Judas foram trazidos diante dele. Eles confessaram francamente que eram da linhagem de Davi, e parentes de Cristo. Ele os questionou sobre suas possessões e propriedades. Eles lhe contaram que não tinham nada além de alguns hectares de terra, cuja produção servia para o pagamento de impostos e para sustento próprio. Suas mãos foram examinadas, sendo encontradas ásperas e cheias de calos por causa do trabalho. Ele, então, perguntou-lhes acerca do reino de Cristo, e quando e onde ele viria. Então eles responderam que se tratava de um reino celestial e espiritual, e não de um reino temporal, e que ele não seria manifesto até que chegasse o fim deste mundo. O Imperador, satisfeito pelo fato de que eles eram homens pobres e inofensivos, os dispensou e cessou sua perseguição geral contra a igreja. Quando retornaram à Palestina, foram recebidos pela igreja com muito carinho, por serem parentes do Senhor e por terem confessado nobremente Seu nome - Seu reino, poder e glória.

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