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domingo, 11 de setembro de 2016

A Posição e Caráter do Clero

Ao estudarmos a história interna da igreja durante o quarto século, inumeráveis tópicos mereceriam uma breve observação: mas podemos nos referir somente àqueles que caracterizam o período. A posição alterada do clero é uma questão importante, e é responsável por muitas mudanças que foram introduzidas por eles. Desde o tempo de Constantino, os membros do ministério cristão atingiram uma nova posição social, com certas vantagens seculares. Isto levou um grande número a se unir à ordem sagrada pelos mais indignos motivos. Daí a triste influência dessa mistura profana em toda a igreja professa. Constantemente encontramos nela o orgulho, a luxúria arrogante, e a assumida dignidade de toda a ordem clerical. Assim, conta-se que Martinho de Tours, quando na corte de Máximo, deixou a imperatriz lhe esperando à mesa, e que quando o imperador desejou beber diante dele, e esperava receber a taça de volta após o bispo ter bebido, Martinho a passou ao seu próprio capelão, como se tivesse honra mais elevada do que qualquer potentado terreno. A circunstância nos mostra onde estava o clero então, e o que eles pensavam de si mesmos e da dignidade espiritual em oposição à classe secular. A igreja tinha então se tornado como "uma grande casa", onde "não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra". E assim tem sido desde então, e assim será até o final; mas o caminho do fiel é simples. "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra." (2 Timóteo 2:20,21)

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A História Interna da Igreja

Capítulo 8: A História Interna da Igreja (107 d.C. - 245 d.C.)


Vamos agora pisar, mais uma vez, em terreno seguro. Temos o privilégio e satisfação de apelarmos para as Escrituras Sagradas. Antes mesmo que o cânon das Escrituras fosse fechado, foi permitido que surgissem muitos dos erros, tanto doutrinais quanto práticos, que vêm desde sempre perturbando e rasgando em pedaços a igreja professa. Estes eram, na sabedoria da graça de Deus, detectados e expostos pelos apóstolos inspirados. Se mantivermos isto em mente, não nos surpreenderemos ao encontrar muitas coisas na história interna da igreja inteiramente contrárias às Escrituras. Nem teremos qualquer dificuldade em resistir a eles. Nós fomos armados pelos apóstolos. O amor ao ofício e preeminência na igreja foi manifestado logo cedo, e muitas observâncias de mera invenção humana foram acrescentadas. A "semente de mostarda" se tornou uma grande árvore - o símbolo do poder político na terra: esta era e continua sendo o aspecto externo da Cristandade; mas internamente, o fermento fez seu trabalho maligno, "até que tudo ficou levedado". (Mateus 13:31-33)

Aqueles que estudaram cuidadosamente Mateus 13 com outras passagens em Atos e nas Epístolas que falam da profissão do nome de Cristo deveriam ter uma ideia bastante correta tanto do que diz respeito ao início da história da igreja quanto ao que se sucedeu. Ela abrange o período inteiro, desde a semeadura da semente pelo Filho do homem, até a colheita, embora sob a semelhança com o reino dos céus. Isto é um grande alívio para a mente, e nos prepara para uma cena sombria e angustiante, perversamente perpetrada sob o justo nome e sob a capa de Cristianismo. Vamos agora nos voltar para algumas dessas passagens.

1. Nosso bendito Senhor, na parábola do joio e do trigo, prediz o que aconteceria. "O reino dos céus", diz Ele, "é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se". No decorrer do tempo a erva cresceu e frutificou. Essa foi a rápida propagação do Cristianismo na terra. Mas também lemos que "apareceu também o joio". Estes são os falsos professantes do nome de Cristo. O Senhor Jesus semeou a boa semente. Satanás, através do descuido e falta de firmeza do homem, semeou o joio. Mas o que deveria ser feito com ele? Deveria ser arrancado para fora do reino? O Senhor diz: "Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa", isto é, até o final da era ou dispensação, quando o Senhor vier em juízo. (Mateus 13:24-26,29-30)

Mas aqui, alguns podem perguntar: "Será que o Senhor quis dizer que o trigo e o joio devem crescer juntos na igreja?" Certamente que não. Eles não devem ser arrancados fora do campo, mas devem ser colocados para fora da igreja (assembleia local) quando se manifestarem como pessoas ímpias. A igreja e o reino são coisas bastante distintas, embora seja possível dizer que uma (a igreja) está contida na outra (o reino). O campo é  mundo, não a igreja. Os limites do reino vão muito além dos limites da verdadeira igreja de Deus. Cristo edifica a igreja; os homens é que estendem as proporções da Cristandade. Se a expressão "o reino dos céus" significasse o mesmo que "a igreja de Deus", não deveria haver nenhuma disciplina, afinal. Mas o apóstolo, ao escrever aos coríntios, expressamente diz: "Tirai pois dentre vós a esse iníquo" (1 Coríntios 5:13). Mas ele não deveria ser posto para fora do reino, pois isto só poderia ser feito tirando-lhe a vida. O trigo e o joio devem crescer juntos no campo até a colheita. Então o Próprio Senhor, em Sua providência, vai lidar com o joio. Eles serão amarrados em feixes e lançados no fogo. Nada pode ser mais claro que o ensino do Senhor nessa parábola. O joio deve ser mantido longe da mesa do Senhor, mas não deve ser arrancado do campo. A igreja não deveria usar de punições mundanas para lidar com os ofensores eclesiásticos. Mas infelizmente, contrariamente ao que o Senhor tinha instruído aos discípulos, é exatamente o que acabou acontecendo no decorrer da história, como demonstra dolorosamente a longa lista de mártires. Dores e punições foram introduzidos como disciplina, e os insubmissos eram entregues ao poder civil para serem punidos com fogo e espada.

2. Em Atos 20, lemos que "lobos cruéis" apareceriam na igreja após a partida do apóstolo. Nas Epístolas de Paulo aos Tessalonicenses - que supõe-se serem suas primeiras epístolas inspiradas - ele lhes diz que o mistério da iniquidade já estava operando, e que outras coisas más viriam a seguir. Ao escrever aos Filipenses, ele lhes diz, com tristeza, que muitos andam como "inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas" (Filipenses 3:18,19). Muitos estavam se autoproclamando cristãos, mas pensando nas coisas terrenas. Tal estado de coisas não podia escapar ao olho espiritual daquele cujo único objeto de apreço era Cristo em glória e conformidade prática com Seus caminhos enquanto na terra. Em sua Segunda Epístola a Timóteo - provavelmente o último que ele escreveu - ele compara a Cristandade a "uma grande casa", na qual há todo tipo de vasos, "uns para honra e outros para desonra" (2 Timóteo 2:20). Esta é uma imagem exterior da universal igreja. No entanto, os cristãos não podem deixá-la, e a responsabilidade individual nunca pode cessar. Mas o cristão deve se limpar de tudo o que é contrário ao nome do Senhor. As instruções são as mais simples e preciosas para os que possuem a mente espiritual, em todas as épocas. Os cristãos não devem ter qualquer associação com o que é falso. Tal é o significado de se purificar dos vasos para desonra. Ele deve se limpar de tudo que não é para a honra do Senhor. João e os outros apóstolos falam a mesma coisa, e dão as mesmas direções divinas, mas não será necessário, aqui, se delongar mais que isso. Foi apontado o suficiente para preparar o leitor para o que encontraremos naquilo que se autoproclama cristão.

domingo, 11 de maio de 2014

As Chaves do Reino dos Céus

Isso nos leva à já mencionada "grande casa" da profissão de fé cristã meramente externa. No entanto, devemos ter em mente que, apesar de intimamente conectados, o reino dos céus e a grande casa referem-se a coisas um tanto distintas. O mundo pertence ao Rei. "O campo é o mundo". Seus servos devem ir a semear. Como resultado, temos "uma grande casa", ou Cristandade.*

{* Os termos "igreja", "reino dos céus", e "grande casa" são bíblicos, e diferem um pouco em seus significados, como usados pelo Senhor e Seus apóstolos. O termo "minha igreja", como usado pelo Senhor, engloba apenas membros vivos e verdadeiros. O pensamento principal da expressão "reino dos céus" claramente se refere à autoridade do Senhor tendo ascendido às alturas. Todos os que professam sujeição a Ele pertencem a esse reino. Na "grande casa" vemos o mal em atividade, infiltrado no corpo professante por meio das falhas do homem, resultando em sua co-existência com o reino dos céus e com a igreja professante. Mas há ainda outro termo usado constantemente, e que não é encontrado nas Escrituras - a Cristandade. Trata-se de um termo eclesiástico, e originalmente indicava todos os que foram cristianizados, ou aquelas porções do mundo em que o Cristianismo prevalecia, distinguindo-as das terras pagãs ou maometanas. Mas agora, essa palavra tem sido usada como sinônimo dos outros três termos já mencionados. De modo geral, os quatro termos são usados para se referir à mesma coisa, apesar de serem originalmente diferentes em seu significado e aplicação. Mas onde não há confusão hoje em dia? }

Porém, quando tudo aquilo que é meramente nominal na Cristandade for varrido pelo juízo de Deus, o reino será estabelecido em poder e glória. Esse será o milênio.

Enquanto ainda falava com Pedro sobre a igreja, o Senhor acrescentou: "E eu te darei as chaves do reino dos céus". A igreja sendo construída por Cristo, e o reino dos céus sendo aberto por Pedro, são coisas muito diferentes. É um dos grandes porém comuns erros da Cristandade usar os termos como sinônimos, como se significassem a mesma coisa. Escritores teológicos de todas as eras, ao assumir que eles são iguais, escreveram sobre a igreja e o reino da maneira mais confusa possível. A menos que tenhamos algum conhecimento dos modos dispensacionais de Deus, não poderíamos jamais manejar, ou dividir, bem Sua palavra (2 Timóteo 2:15). Não podemos confundir aquilo que o próprio Cristo edifica com aquilo que o homem edifica instrumentalmente, por meio de coisas como pregação e batismo. A igreja que é o corpo de Cristo é edificada sobre a confissão de que Ele é o Filho do Deus vivo, glorificado em ressurreição. Cada verdadeira alma convertida deve tratar com o próprio Cristo antes de ter algo a falar à igreja. O reino é algo muito mais amplo, e se aplica a cada pessoa batizada - isto é, todo o cenário da profissão cristã, seja ela verdadeira ou falsa.

Cristo não diz a Pedro que lhe daria as chaves da igreja ou as chaves dos céus. Se o tivesse feito, poderia realmente haver algum motivo para o sistema maligno do papado. Mas Ele simplesmente diz: "Te darei as chaves do reino dos céus" - isto é, de uma nova dispensação. Chaves, como já foi dito, não servem para construir templos, mas para abrirem portas, e o Senhor concedeu a Pedro a honra de abrir a porta do reino, primeiramente aos judeus (Atos 2), e depois aos gentios (Atos 10). Mas a linguagem que Cristo utiliza ao falar de Sua igreja é de uma outra ordem. É simples, bonita, enfática e inconfundível. "Minha igreja". Que profundidade, que plenitude há nessas palavras. "Minha igreja"! Quando o coração encontra-se em comunhão com Cristo em relação à Sua igreja, existe uma compreensão de Suas afeições que palavras não têm o poder de expressar. Mas assim como são, gostamos de ponderar nestas duas palavras, "Minha igreja!", mas quem pode falar do quanto do coração de Cristo que está aí revelada? Novamente, pense nessas outras duas palavras: "Esta pedra", como se Ele tivesse dito: "A glória da Minha Pessoa, e o poder da Minha vida em ressurreição formam o sólido fundamento da 'Minha igreja'". E de novo: "Eu a edificarei". Vemos, assim, nessas sete palavras, que tudo está nas próprias mãos de Cristo, pois Ele é a "cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos." (Efésios 1:23)

sábado, 10 de maio de 2014

Cristo, O Único Construtor de Sua Igreja

Cristo, porém, é também o Construtor de Sua igreja. O edifício contra o qual nenhuma artimanha ou poder do inimigo poderia jamais prevalecer é a própria obra de Cristo, embora muitas vezes lemos sobre outros edificadores que participaram dela. "Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja". É bom ser claro nesse ponto para que não confundamos o que o homem edifica com o que Cristo edifica. Isto pode trazer uma imensa confusão para a mente, tanto em relação à verdade de Deus quanto ao presente estado da Cristandade, a menos que a distinção entre elas seja claramente entendida. Não há a nada mais importante do que notar que aqui é Cristo o único Construtor de Sua igreja, apesar de Paulo, Apolo e todos os verdadeiros evangelistas terem sido pregadores que levaram pecadores a crer. A obra do Senhor nas almas dos crentes é perfeita. É uma obra real, espiritual e pessoal. Por meio de Sua graça em seus corações eles vão até Ele, como a uma pedra viva, e são edificados sobre Ele que está ressurreto dentre os mortos. Eles provaram que o Senhor é gracioso. Assim são as pedras vivas com as quais o Senhor edifica Seu templo santo, e as portas do inferno nunca poderão prevalecer contra isto. Assim, o próprio Pedro, e todos os apóstolos, e todos os crentes são edificados como uma casa espiritual. Quando Pedro fala desse edifício em sua primeira epístola, ele não diz nada sobre ele mesmo ser um construtor. Aqui Cristo é o Construtor. É a obra dEle, e dEle somente. "Edificarei a Minha igreja", disse Ele.

Vejamos agora, a partir da Palavra de Deus, o que o homem edifica, que materiais usa, e o modo como trabalha. Em 1 Coríntios 3 e 2 Timóteo 2 temos isto diante de nós. "Uma grande casa" é levantada pela instrumentalidade humana: que, de certo modo, é também a igreja, e a casa de Deus, como lemos em 1 Timóteo 3:15 da "casa de Deus, a igreja do Deus vivo". É também chamada de casa de Cristo em Hebreus 3, "a qual casa somos nós". Mas a casa em breve se tornou tristemente corrompida pela fraqueza e maldade humana. A autoridade da Palavra de Deus foi deixada de lado por muitos, e a vontade do homem se tornou de máxima importância. O efeito da filosofia humana nas simples instituições de Cristo foi rápida e dolorosamente manifesta. Porém madeira, feno e palha nunca poderiam ser "bem ajustados" com o ouro, a prata e as pedras preciosas. A casa se tornou grandiosa no mundo, assim como a árvore de mostarda, em cujos galhos se encontra uma inconveniente morada para toda "ave imunda e odiável". A conexão com a "grande casa" dá ao homem um status no mundo, muito diferente do Mestre, que foi desprezado e rejeitado. O arquebispo está ao lado da realeza. Mas a igreja professa não é apenas exteriormente grande, sendo ainda mais pretensiosa ao tentar colocar o selo de Deus sobre sua própria obra ímpia. Essa é sua maior perversidade, e a fonte de sua cegueira, confusão e mundanismo.

Paulo, como um homem escolhido pelo Senhor para Sua obra, lançou os alicerces do "edifício de Deus" em Corinto, e outros edificaram sobre ele. Mas nem todos edificaram com material divino. O fundamento correto estava posto, e cada um deveria ver como edificava sobre ele. Em conexão com o verdadeiro fundamento, alguns podiam edificar com ouro, prata e pedras preciosas, e outros com madeira, feno e palha. Isto é, alguns podiam ensinar a sã doutrina e procurar por uma fé viva em todos os que desejassem entrar em comunhão, e outros podiam ensinar doutrinas erradas e receber à comunhão da igreja pessoas nas quais não havia fé verdadeira, mas sim a mera observância externa de ordenanças. Aqui a instrumentalidade, responsabilidade e falha do homem entram. No entanto, o próprio edificador pode ser salvo pela fé em Cristo, todavia sua obra é destruída.

Mas há ainda uma outra e pior classe de edificadores, que corrompe o templo do Senhor, e são eles mesmos destruídos. Citamos aqui, para a conveniência do leitor, a passagem integral. Nada poderia ser mais claro. "Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo... Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá." (1 Coríntios 3:10-17)

Podemos ainda observar nas palavras do Senhor, "sobre esta pedra edificarei a Minha igreja", que Ele não havia começado a construir ainda: Ele está dizendo aos discípulos o que Ele ainda iria fazer. Ele não diz que já a edificou, ou que a está edificando, mas que irá edificá-la. Isto ele começou a fazer no dia de Pentecostes.

Mas há uma outra verdade ainda mais intimamente conectada com a história da igreja, e ligada à sua condição e caráter na Terra, que devemos observar antes de darmos prosseguimento à sua real história. Referimo-nos à verdade contida na expressão: "As chaves do reino dos céus".

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