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domingo, 13 de novembro de 2016

O Imperador Justiniano

O nome de Justiniano é tão famoso na história, e tão conectado à legislação tanto civil quanto eclesiástica, que seria injusto para com nossos leitores passar por ele sem tomar uma nota, mesmo que ele não esteja imediatamente relacionado à igreja latina. Ele pertencia ao Oriente, e assim dificultava a ascensão do Ocidente.

No ano 527 Justiniano ascendeu ao trono de Constantinopla e o ocupou por quase quarenta anos. Ele delegou os assuntos políticos e militares do império a seus ministros e generais, e devotou seu tempo às coisas que ele pensava serem mais importantes. Ele gastou muito de seu tempo em estudos teológicos e na regulação dos assuntos religiosos de seus súditos, tais como prescrever o que os sacerdotes e o povo devia crer e praticar. Ele gostava de se misturar em controvérsias e de agir como legislador em assuntos religiosos. Sua própria fé -- ou melhor, sua servil superstição -- distinguia-se pela mais rígida ortodoxia, e uma grande porção de seu longo reinado foi gasto na extinção de heresias. Mas isto levou a muitos casos de perseguição, tanto públicas como privadas.

Nesse meio tempo Justiniano viu um novo campo se abrindo para suas energias em outra direção, e imediatamente voltou sua atenção a isto. Após a morte de Teodorico, o Grande, em 526, os assuntos da Itália caíram em uma condição muito confusa, e os novos conquistadores estavam longe de permanecerem firmemente assentados em seus tronos. Despertando a hostilidade dos romanos contra os bárbaros, o exército imperial tornou-se unido e determinado; e, conduzidos pelos capazes generais Belisário e Narses, as conquistas da Itália e África foram alcançadas em um espaço muito curto de tempo. Diante da visão das bem conhecidas águias, os soldados dos bárbaros se recusaram a lutar, e as nações lançaram fora a supremacia dos ostrogodos. Os generais imperiais buscaram então uma guerra de extermínio. Conta-se que durante o reinado de Justiniano a África perdeu cinco milhões de habitantes. O arianismo foi extinto naquela região, e na Itália supõe-se que o número dos que pereceram pela guerra, fome, ou por outros motivos, tenha excedido sua população atual {* N. do T.: Este livro foi escrito no Século XIX}. Os sofrimentos desses países, durante as revoluções desse período, foram maiores do que tinham suportado em qualquer outro, seja em tempos anteriores ou posteriores, de modo que tanto os eventos seculares do reinado de Justiniano quanto seus próprios esforços legislativos tiveram uma influência importante, porém muito infeliz, na história do cristianismo.

Após erigir a igreja* de Santa Sofia, e outras vinte e cinco outras igrejas* em Constantinopla, e após publicar um novo édito  de seu código, ele morreu em 565 d.C.**

{* N. do T.: Aqui provavelmente no sentido de construção religiosa, ou templo, e não no sentido bíblico de "igreja".}

{** Milman, vol. 1, p. 350; J. C. Robertson, vol. 1, p. 473; Milner, vol. 2, p. 336.}


Passemos então ao terceiro grande fundador do edifício papal.

domingo, 19 de junho de 2016

O Decreto de Constantino e Licínio (313 d.C.)

O vitorioso imperador fez uma rápida visita a Roma. Dentre outras coisas que ele fez ali, ele ordenou que fosse erguida, no fórum, uma estátua sua segurando em sua mão direita o estandarte em forma de uma cruz, com a seguinte inscrição: "Por este sinal salutar, o verdadeiro símbolo de coragem, eu liberto tua cidade do jugo do tirano." Maxêncio foi encontrado no rio Tibre na manhã após a batalha. O imperador evidentemente sentiu que estava em débito para com o Deus dos cristãos e para com o símbolo sagrado da cruz por suas vitórias. E isto, ousamos dizer, foi o ponto máximo de seu cristianismo naquele tempo. Como um homem, ele não tinha sentido necessidade de um Salvador, se é que alguma vez sentiu. Mas como guerreiro, ele abraçou a religião cristã com seriedade. Mais tarde, como um homem do Estado, ele reconheceu e valorizou o cristianismo, mas só Deus sabe se alguma vez, como um pecador perdido, ele aceitou o Salvador. É difícil para príncipes serem cristãos.

Constantino procede, então, em direção ao Ilírico para se encontrar com Licínio, com quem tinha formado uma aliança secreta antes de ir ao confronto contra Maxêncio. Os dois imperadores se encontraram em Milão, onde a aliança deles foi ratificada pelo casamento de Licínio com a filha de Constantino. Foi durante esse momento de paz que Constantino persuadiu Licínio para que consentisse em repelir os decretos de perseguição de Diocleciano, e a emissão de um novo decreto de completa tolerância. Tendo nisto concordado, um decreto público, assinados por ambos Constantino e Licínio, foi emitido em Milão, em 313 d.C., em favor dos cristãos, o que pode ser considerado como a maior garantia oficial da liberdade deles. Completa e ilimitada tolerância lhes foi concedida; suas "igrejas" e propriedades foram restauradas sem compensação; e, assim, exteriormente, o cristianismo florescia.

Mas a paz entre os imperadores, que parecia ter sido estabelecida sobre um fundamento firme, foi logo interrompida. Inveja, amor ao poder e a ambição pela soberania no império Romano não permitiriam que ficassem por muito tempo em paz. Uma guerra irrompeu no ano 314, mas Licínio foi derrotado com grandes perdas, tanto de homens quanto de território. Uma nova época de paz novamente começou, que durou cerca de nove ano. Uma nova guerra tornou-se inevitável, e mais uma vez assumiu a forma de embate religioso entre os imperadores rivais. Licínio aderiu à causa dos sacerdotes pagãos e perseguiu os cristãos. Ele condenou à morte muitos dos bispos que ele sabia que eram muito especiais e favoritos na corte de seu rival. Ambos os partidos faziam agora preparativos para um confronto que deveria resolver definitivamente a questão. Licínio, antes de sair para a guerra, sacrificou aos deuses e os louvou em discurso público. Constantino, por outro lado, confiou no Deus cujo símbolo acompanhava seu exército. Os dois exércitos hostis se encontraram. A batalha foi feroz, obstinada e sanguinária. Licínio não era um adversário qualquer, mas o gênio dominante, a atividade e a coragem de Constantino prevaleceu. A vitória estava completa. Licínio sobreviveu a sua derrota por cerca de apenas um ano. Ele morreu, ou talvez tenha sido assassinado em privado, em 326. Constanino tinha agora alcançado o auge de sua ambição. Ele se tornou o único soberano do Império Romano, e continuou assim até sua morte em 337. Para uma descrição da carreira política e militar desse grande príncipe devemos indicar ao leitor a história civil; vamos agora brevemente tomar nota de sua carreira religiosa.

A Conversão de Constantino (ano 312 d.C.)

O grande evento na história religiosa de Constantino aconteceu em 312. Ele estava marchando da França para a Itália contra Maxêncio. A aproximação da batalha foi um momento de extrema importância. Ou seria sua ruína, ou ele se ergueria ao pináculo do poder. Ele estava imerso em um profundo pensamento. Sabia-se que Maxêncio esteve fazendo grandes preparações para a luta, aumentando seu exército e escrupulosamente participando de todas as costumeiras cerimônias do paganismo. Ele consultou com diligência os oráculos pagãos, e confiou seu sucesso à ação dos poderes sobrenaturais.

Constantino, embora fosse um sábio e virtuoso pagão, ainda assim era um pagão. Ele sabia com o que iria batalhar, e enquanto considerava a que deus ele devia se dirigir para obter proteção e sucesso, ele pensou nos modos de seu pai, o imperador do Ocidente. Ele se lembrou de que ele tinha orado ao Deus dos cristãos e sempre foi próspero, enquanto os imperadores que perseguiam os cristãos foram visitados com justiça divina. Ele decidiu, então, deixar de lado o serviço dos ídolos, e pedir a ajuda do verdadeiro Deus nos céus. Ele orou para que Deus se tornasse conhecido a ele, e para que o fizesse vitorioso sobre Maxêncio, apesar de todas as artes mágicas e rituais supersticiosos.

Enquanto envolvido em tais pensamentos, Constantino imaginou ter visto, logo após o meio-dia, uma aparição extraordinária nos céus: o sinal de uma cruz brilhante e sobre ela a inscrição: "Por este símbolo vencerás". O imperador e todo o exército, que foi testemunha desse maravilhoso sinal, ficaram tomados pelo pavor. Mas enquanto o imperador meditava seriamente sobre o que a visão poderia significar, a noite veio, e ele caiu no sono. Ele sonhou que o Salvador lhe tinha aparecido, segurando nas mãos o mesmo sinal que ele tinha visto nos céus, e o instruiu a fazer uma bandeira com o mesmo padrão, e usá-la como estandarte na guerra, lhe assegurando que enquanto ele o fizesse, seria vitorioso. Constantino, ao acordar, descreveu o que lhe foi mostrado enquanto dormia, e resolveu adotar o sinal da cruz como seu lábaro imperial.

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