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sábado, 21 de novembro de 2015

O Naufrágio

O naufrágio não estava muito distante. "E, quando chegou a décima quarta noite, sendo impelidos de um e outro lado no mar Adriático, lá pela meia-noite suspeitaram os marinheiros que estavam próximos de alguma terra. E, lançando o prumo, acharam vinte braças; e, passando um pouco mais adiante, tornando a lançar o prumo, acharam quinze braças." (Atos 27:27,28). Por quatorze dias e noites o pesado vendaval continuou sem parar, tempo durante o qual o sofrimento deles deve ter sido além de qualquer descrição.

No fim do décimo quarto dia, "lá pela meia-noite", os marinheiros ouviram um som que indicava que eles estavam se aproximando da terra. O som, sem dúvidas, vinha das ondas de arrebentação, que se quebram nos rochedos. O tempo não podia ser desperdiçado, então eles imediatamente lançaram quatro âncoras da popa, e ansiosamente esperaram pelo amanhecer. Aqui houve uma tentativa natural, porém mesquinha, dos marinheiros para salvarem suas próprias vidas. Eles baixaram o bote com o professo propósito de lançar as âncoras da proa, porém com a intenção de abandonar o navio a afundar. Paulo, vendo isso, e conhecendo seus verdadeiros desígnios, imediatamente "disse ao centurião e aos soldados: Se estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos. Então os soldados cortaram os cabos do batel (bote), e o deixaram cair." (Atos 27:31,32). Assim, o conselho divino do apóstolo foi o meio de salvar todos a bordo. "Se estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos." (Atos 27:31). Já não mais o capitão do navio ou sua tripulação eram procurados para buscar sabedoria e segurança. Todo olho se voltava para Paulo, o prisioneiro - o homem da fé - o homem que acredita e age de acordo com a revelação de Deus. Circunstâncias frequentemente enganam quando olhamos para sua direção; a palavra de Deus é nosso único guia seguro, seja em clima calmo ou desagradável.

Durante o ansioso intervalo que se manteve até o amanhecer do dia, Paulo teve uma oportunidade de levantar sua voz a Deus, e para o encorajamento de toda a companhia. Que cena de intenso interesse deve ter sido! A noite escura e tempestuosa - o navio em perigo de afundar ou de se despedaçar nos rochedos. Mas havia alguém a bordo que estava perfeitamente feliz em meio a tudo isto. O estado do navio, as águas rasas e o alarmante som das ondas não surtiam terror nele. Ele estava feliz no Senhor, e em plena comunhão com Seus próprios pensamentos e propósitos. Tal é o lugar do cristão em meio a toda tempestade, embora comparativamente poucos tomam esse lugar: somente a fé pode alcançá-lo. Esta foi a última exortação de Paulo à companhia do navio.

"E, entretanto que o dia vinha, Paulo exortava a todos a que comessem alguma coisa, dizendo: É já hoje o décimo quarto dia que esperais, e permaneceis sem comer, não havendo provado nada. Portanto, exorto-vos a que comais alguma coisa, pois é para a vossa saúde; porque nem um cabelo cairá da cabeça de qualquer de vós. E, havendo dito isto, tomando o pão, deu graças a Deus na presença de todos; e, partindo-o, começou a comer. E, tendo já todos bom ânimo, puseram-se também a comer." (Atos 27:33-36)

O único desejo deles agora era chegar com o navio em terra e escapar. Embora não tivessem ainda conhecido a terra, "enxergaram uma enseada que tinha praia" e se determinaram a encalhar o navio ali. Então eles lançaram âncoras, largaram as amarras do leme, içaram a vela maior e dirigiram-se para a praia. O navio, assim, conduzido, com a proa encravada na praia, permaneceu imóvel, mas a popa se quebrou em pedaços pela violência das ondas.

O navio de Paulo tinha agora alcançado a costa, e mais uma vez o homem da fé foi necessário para a salvação das vidas de todos os prisioneiros. O centurião, grandemente influenciado pelas palavras de Paulo, e temendo por sua segurança, previne que os soldados matem os prisioneiros, e ordena que aqueles que sabiam nadar deveriam se lançar primeiro ao mar e chegar à terra, e que o resto deveria seguir em tábuas ou pedaços do navio disponíveis. "E assim aconteceu que todos chegaram à terra a salvo." (Atos 27:44). O salvamento deles foi completo, como Paulo tinha predito que seria.

domingo, 15 de novembro de 2015

A Viagem de Paulo a Roma (60 d.C.)

Atos 27. Chegou a hora em que Paulo viajaria a Roma. Nenhum julgamento formal do apóstolo tinha acontecido. E, sem dúvidas, cansado da oposição dos judeus - com dois anos de prisão em Cesareia - e com repetidos exames diante dos governantes e de Agripa, ele tinha solicitado um julgamento perante a corte imperial. Lucas, o historiador de Atos, e Aristarco de Tessalônica, tiveram o privilégio de acompanhá-lo. Paulo foi entregue aos cuidados de um centurião chamado Júlio, da guarda imperial: um oficial que, em todas as ocasiões, tratou o apóstolo com grande gentileza e consideração.

Foi então determinado que Paulo deveria ser enviado juntamente com "alguns outros presos" pelo mar até a Itália. "E, embarcando nós", diz Lucas, "em um navio adramitino, partimos navegando pelos lugares da costa da Ásia, estando conosco Aristarco, macedônio, de Tessalônica. E chegamos no dia seguinte a Sidom, e Júlio, tratando Paulo humanamente, lhe permitiu ir ver os amigos, para que cuidassem dele." (Atos 27:2,3). Partindo de Sidom eles foram forçados a navegar por baixo do Chipre, pois os ventos eram contrários, e chegaram a Mirra, uma cidade na Lícia. Aqui o centurião teve seus prisioneiros transferidos para um navio de Alexandria em rota para a Itália. Neste navio, após deixarem Mirra, "por muitos dias navegaram vagarosamente", pois o clima era desfavorável. Mas navegando por baixo de Creta, eles chegaram em segurança em Bons Portos.

O inverno estava próximo, e se tornou uma séria questão qual curso deveria ser tomado - se eles deviam permanecer em Bons Portos durante o inverno, ou se deveriam procurar algum porto melhor.

Aqui devemos fazer uma breve pausa e contemplar a maravilhosa posição de nosso apóstolo nessa séria consulta. Como anteriormente com Festo e Agripa, ele se põe diante do capitão, do proprietário do navio, do centurião e de toda tripulação, tendo a mente de Deus. Ele aconselha, dirige e age como se ele fosse realmente o mestre do navio, no lugar de ser um prisioneiro sob custódia de soldados. Ele aconselha para que fiquem onde estão. Ele adverte-lhes de que iriam se encontrar com um clima violento se se aventurassem ao alto mar, e que muito prejuízo seria feito ao navio e sua carga, e que colocaria em risco a vida dos que estavam a bordo. Mas o mestre e o proprietário do navio, que tinham o máximo interesse no próprio navio, se deixaram guiar pelas circunstâncias e não pela fé; eles desejavam correr o risco de buscar por um porto mais cômodo para invernar, e o centurião naturalmente cedeu ao julgamento deles. Todos estavam contra o julgamento do homem de fé - o homem de Deus - o homem que estava falando e agindo por Deus. Até mesmo as circunstâncias no cenário ao redor deles parecia favorável à opinião dos marinheiros, e não do apóstolo. Mas nada pode falsificar o julgamento da fé. Este deve ser verdade a despeito de qualquer circunstância.

Foi, portanto, resolvido pela maioria de que eles deveriam deixar Bons Portos, e navegar para Fenice como um porto mais seguro para o inverno. O vento mudou nesse exato momento. Tudo parecia favorecer os marinheiros. "E, soprando o sul brandamente...".  Eles estavam tão otimistas que Lucas nos diz que eles supunham que o propósito deles já estava realizado (v. 13). Estando em acordo, eles levantaram âncora e, com uma brisa suave vinda do sul, o navio, com suas "duzentas e setenta e seis almas" a bordo, partiu do porto de Bons Portos. Mas mal eles contornaram o Cabo Matala, uma distância de apenas quatro ou cinco milhas, e um vento forte vindo da costa pegou o navio, e o lançou de tal maneira que já não era possível para o timoneiro mantê-lo em seu curso. E, como observa Lucas, "nos deixamos ir à toa" (Atos 27:15), ou seja, eles foram obrigados a deixar o navio ser levado pelo vento.

Mas nossa principal preocupação aqui é com Paulo como o homem da fé. Quais devem ter sido os pensamentos e sentimentos de seus companheiros passageiros nesse momento? Eles tinham confiado no vento, e agora eles tinham que enfrentar a tempestade. Os solenes conselhos e avisos da fé tinham sido rejeitados. Muitos, infelizmente, sem se importarem com os avisos aqui registrados, e sob o lisonjeiro vento de circunstâncias favoráveis, se lançaram na grande viagem da vida, totalmente desatentos e independentes da voz da fé. Mas como o lisonjeiro vento que traiu o navio depois que saiu do porto, tudo logo se torna uma furiosa tempestade no agitado mar da vida.

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