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domingo, 17 de julho de 2016

Reflexões sobre a Primeira Grande Cisma na Igreja

Como esta foi a primeira cisma que dividiu a igreja, pensamos ser interessante nos ocuparmos com alguns detalhes. O leitor pode aprender algumas lições necessárias a partir dessa divisão memorável. Ela começou com um incidente tão insignificante em si que mal mereceria um lugar na história. Não havia qualquer questão de má doutrina ou de imoralidade, mas apenas uma eleição disputada para a Sé de Cartago. Um pouco de correção, um pouco de abnegação, um verdadeiro desejo pela paz, unidade e harmonia da igreja, e acima de tudo um cuidado adequado pela glória do Senhor, teriam prevenido centenas de anos de tristeza por dentro e desgraça por fora para a igreja de Deus. Mas ao orgulho, à avareza e à ambição - tristes frutos da carne - foi permitido que realizassem seu terrível trabalho. O leitor também pode ver, pelo lugar que o imperador tinha nos concílios da igreja, quão cedo sua posição e caráter foram totalmente alterados. Quão estranho deve ter parecido para Constantino que, imediatamente após ter adotado a cruz como seu estandarte, um apelo fosse feito ao seu próprio tribunal por uma decisão episcopal sobre assuntos eclesiásticos! Isto provou a condição do clero. Mas devemos notar as consequências que tal apelo envolve: se a parte contra quem a sentença do poder civil foi dada se recusasse a acatá-la, eles se tornariam transgressores da lei. E foi exatamente isso o que aconteceu.

Os donatistas foram, portanto, tratados como ofensores das leis imperiais; eles foram privados de suas "igrejas" e muitos deles sofreram banimento e confiscação. Até mesmo a pena de morte foi decretada contra eles, embora não pareça que essa lei tenha sido aplicada em qualquer caso durante o reinado de Constantino. Medidas poderosas, no entanto, foram utilizadas pelo Estado visando compelir os donatistas a se reunirem com os católicos. Mas, como é comum em tais casos, e como a experiência tem sempre demonstrado, a força que era usada para compeli-los apenas serviu para desenvolver o espírito selvagem da facção que já existia em sua semente. Despertados pela perseguição, estimulados pelo discursos de seus bispos e especialmente por Donato, que era a cabeça e alma de seu partido, eles incorreram em toda espécie de fanatismo e violência.

Constantino, ensinado pela experiência, por fim descobriu que, embora ele pudesse dar proteção à igreja, ele não podia dar-lhe paz. E assim ele emitiu um decreto concedendo aos donatistas total liberdade de agir de acordo com suas próprias convicções, declarando que isto era um assunto que pertencia ao julgamento de Deus.*

{* Neander, vol. 3, p. 244; Robertson, vol. 1, p. 175; Milman, vol. 2, p. 364.}

sábado, 26 de março de 2016

O Efeito da Nova Ordem Clerical

Pode ser justo supor que aqueles bons homens, por quem uma nova ordem de coisas foi trazida para a igreja, tendo excluído o livre ministério do Espírito Santo nos membros do corpo, desejavam de coração o bem-estar da igreja. É evidente que Inácio, por esses meios, esperava evitar "divisões". Mas, por mais bem intencionados que fossem seus motivos, é o cúmulo da loucura humana - se não pior - interferir com, ou procurar mudar, a ordem de Deus. Este foi o erro de Eva, e todos conhecemos muito bem as consequências. Foi também o pecado original da igreja, pelo qual ela tem sofrido por estes últimos 18 séculos {* N. do T.: este livro foi escrito no século XIX}.

O Espírito Santo enviado do céu é o único poder de ministério, mas o Senhor tem a liberdade de escolher e empregar Seus próprios servos. Os arranjos e nomeações humanas necessariamente interferem com a liberdade do Espírito. Elas extinguem o Espírito Santo: apenas Ele sabe onde está a capacidade, e onde, quando e como dispensar os dons. Falando da igreja como era nos dias dos apóstolos, é dito: "Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." Também lemos: "Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil." (1 Coríntios 12:4-7,11). Aqui tudo está nas mãos divinas. O Espírito Santo dispensa o dom. Este deveria ser exercido no reconhecimento do senhorio de Cristo; e Deus dá eficácia ao ministério. Quão maravilhoso é ter o Espírito, o Senhor, e Deus como a fonte, o poder e o caráter do ministério! Quão grande, e quão triste, é a mudança disto para o rei, os sacerdotes e o povo! Não é isso apostasia? Mas enquanto nos opomos à mera nomeação humana ao ofício, seja qualificado ou não, contenderíamos mais seriamente pelo ministério da Palavra tanto para santos* quanto para pecadores.

{N. do T.: lembrando que "santos" na Novo Testamento refere-se àqueles salvos por Cristo, justificados (tornados justos) gratuitamente pela fé em Jesus. "Chamados santos" (Rm 1:7).}

Infelizmente a igreja logo descobriu que o impedimento do ministério, do modo como nos é apresentado na Palavra de Deus, e a introdução de uma nova ordem de coisas não impediu que divisões, heresias e falsos mestres se manifestassem. É verdade que a carne, até no mais verdadeiro e dotado cristão, pode se manifestar; mas quando o Espírito de Deus está agindo em poder, e a autoridade da Palavra é mantida, o remédio está em mãos: o mal será julgado em humildade e fidelidade a Cristo. A partir dessa época - o início do segundo século, e até mesmo um pouco antes disso - a igreja foi muito perturbada por heresias; e com o passar do tempo, as coisas nunca melhoraram, mas sempre pioraram.

Irineu, um cristão de grande fama, que sucedeu Potino como bispo de Lion em 177 d.C., nos deixou muita informação sobre o assunto das primeiras heresias. Supõe-se que tenha escrito, no ano 183, seu grande livro "Contra as Heresias", no qual dizem conter uma defesa da santa fé católica, e um exame e refutação das falsas doutrinas defendidas pelos principais hereges.*

{* Irineu contra as Heresias. Clarke, Edinburgo.}

domingo, 3 de agosto de 2014

Jerusalém e Samaria Unidas pelo Evangelho

O amargo ciúme que existia entre judeus e samaritanos tinha sido, por muito tempo, proverbial; tanto que lemos: "os judeus não se comunicam com os samaritanos". Mas agora, em conexão com o Evangelho da paz, essa raiz de amargura desaparece. No entanto, na sabedoria dos caminhos de Deus, os samaritanos devem esperar pela mais elevada bênção do Evangelho até que os crentes judeus - os apóstolos da igreja em Jerusalém - impusessem suas mãos sobre eles, e oferecessem orações por eles. Nada pode ser mais profundamente interessante do que esse fato, quando tomamos em consideração a rivalidade religiosa que tinha sido, por tanto tempo, manifesta por ambos. Se Samaria não tivesse recebido essa lição oportuna de humildade, ela poderia ter sido descartada, mais uma vez, por manter sua orgulhosa independência de Jerusalém. Mas o Senhor não teria deixado assim. Os samaritanos tinham crido, se regozijado, e foram batizados, mas ainda não tinham recebido o Espírito Santo. "Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo." (Atos 8:14-17)

Identificação é a grande ideia da imposição de mãos, e unidade é a consequência do dom/dádiva do Espírito Santo. Esses são fatos importantes em conexão com o progresso da igreja. Samaria é, então, trazida à feliz associação com seu antigo rival, e feita uma só com a igreja em Jerusalém. Não há, na mente de Deus, pensamentos sobre uma assembleia ser independente da outra. Se elas tivessem sido abençoadas separada e independentemente, sua rivalidade poderia se tornar maior que nunca. Mas não deveria mais ser assim: "Nem neste monte nem em Jerusalém" (João 4:21), mas uma só Cabeça no Céu, um só corpo na Terra, um só Espírito, uma só família redimida adorando a Deus em espírito e em verdade, porque o Pai procura os que assim O adoram*.

{* Veja Lecture 6 de Atos 2, 8, 10, 19. Lectures on the New Testament Doctrine of the Holy Spirit, por W. Kelly. }

Para saber mais sobre a origem da mistura de povos e sobre a adoração de Samaria, leia 2 Reis 17. Eles eram apenas "metade" judeus, apesar de se gabarem por sua relação com Jacó. Eles consideravam os cinco livros de Moisés sagrados, mas subestimavam o restante da Bíblia. Eles eram circuncidados, guardavam a lei de maneira não muito fiel, e esperavam a vinda de um Messias. A visita pessoal do bendito Senhor a Samaria é do mais profundo e tocante interesse (João 4). Da fonte na qual Ele descansou diz-se que "ficava em um vale entre as duas famosas montanhas Ebal e Gerizim, onde foi lida a lei. Sobre este último estava o templo rival dos samaritanos, que por tanto tempo afligiu os judeus mais zelosos por sua ousada oposição ao único santuário escolhido, no Monte Moriá."

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