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domingo, 24 de fevereiro de 2019

Inocêncio e a Cidade de Roma

Como um homem sábio, Inocêncio começou sua grande obra de vida reformando sua própria casa. Uma simplicidade rígida foi estabelecida no lugar do luxo da corte. A multidão de nobres e bem nascidos que antes lotavam o palácio foram dispensados, mas com belos presentes que os retinham como amigos, e que asseguravam seus serviços em ocasiões de alta cerimônia. Dos cidadãos, que clamavam pelo donativo com o qual eles tinham sido muitas vezes gratificados no início de cada novo reino, ele não se esqueceu, e assim assegurou o favor da multidão. Ele se assimilava à ousadia de Gregório VII, e à cautela política e paciência de Alexandre III. Ele conhecia os romanos e como administrá-los, e eles possuíam o pior caráter dentre todos os povos na história. Leia a evidência de São Bernardo ao escrever ao papa: "Por que eu mencionaria o povo? O povo é romano. Não possuo nenhum termo mais curto ou claro para expressar minha opinião sobre seus paroquianos. Pois o que mais poderia ser tão notório a todos os homens e eras como a devassidão e arrogância dos romanos? Uma raça não acostumada à paz, habituada ao tumulto -- uma raça impiedosa e intratável, e que neste instante despreza qualquer tipo de submissão que possa existir... A quem encontrarás até mesmo na vasta extensão de sua cidade que o teria como papa, a menos que fosse por lucro ou pela esperança de lucro, de promessa de fidelidade, de possuir melhores meios de machucar àqueles que neles confiam? São homens orgulhosos demais para obedecerem, ignorantes demais para governarem, infiéis a superiores, insuportáveis a inferiores, desavergonhados para perguntar, insolentes para recusar; importunos para obter favores, e incansáveis até obtê-los; ingratos quando os obtêm; grandes, eloquentes e ineficientes; muito mesquinhos, os mais falsos aduladores, e os mais venenosos detratores. Entre tais como esses procedes como pastor deles, coberto de ouro e de toda variedade de esplendor. O que suas ovelhas estão procurando? Se eu ousasse usar a expressão, eu diria que é um pasto de demônios, e não de 'ovelhas'."*

{*Waddington, vol. 2, p. 158}

Tal, como testemunhado por tal autoridade, era o caráter das pessoas que o novo pastor de Roma tinha em torno de sua pessoa, e a quem ele tinha que vigiar. Mas sua mente não ficaria desanimada, mesmo pelo estilo exaustivo de São Bernardo; com grande energia, prudência e habilidade, ele deu início ao seu reinado de sucesso.

Ao lado dos assuntos de sua própria casa, aqueles da cidade tinham sua atenção imediata. Seu primeiro objetivo era abolir o último vestígio da soberania imperial de Roma. Isto era um passo ousado, mas ele havia facilitado seu caminho ao distribuir, silenciosa e habilidosamente, dinheiro por todas as treze regiões da cidade. Até então, o prefeito de Roma mantinha seu ofício sob o Imperador, sendo representante da autoridade imperial. Mas Inocêncio o influenciou a rejeitar o poder imperial e submeter-se inteiramente ao poder papal. Ele tomou da mão dele a espada secular, o antigo emblema de seu poder, e o substituiu pelo cálice de prata, como símbolo da paz e amizade. O papa o absolveu de seu juramento de lealdade aos imperadores alemães, compeliu-o a fazer um forte juramento de fidelidade a si mesmo e a receber a investidura de suas mãos. Assim foi o último elo quebrado do poder imperial em Roma.

De modo semelhante, o novo papa persuadiu o senador, ou representante da legislatura, a renunciar, para que pudesse ser substituído por outro que se vincularia, por juramento, a si mesmo como soberano. Os juízes, oficiais, e todos os cidadãos eram obrigados a jurar obediência a sua majestade espiritual, e a reconhecer a exclusiva soberania da Santa Sé.

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