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domingo, 7 de maio de 2017

O Fluxo do Rio da Vida

Como é bom o Senhor, o grande Cabeça [Chefe] da igreja, que envia a muitas terras distantes as águas vivas do santuário, quando Roma, o centro da Cristandade, estava estagnada e corrompida. Nessa mesma época, Barônio, o famoso analista da igreja romana, e cuja parcialidade quanto à Sé Romana é notória, clama: "Quão deformada e assustadora era a face da igreja de Roma! A santa Sé caiu sob a tirania de duas mulheres relaxadas e desregradas, que colocavam e tiravam bispos ao seu bel-prazer, e (o que tremo ao pensar e falar) colocaram seus galantes na cadeira de São Pedro", etc. Referindo-se ao mesmo período, Arnoldo, bispo de Orleans, exclama: "Ó miserável Roma! Tu que antigamente apresentavas tantas grandes e gloriosas luminárias aos nossos ancestrais, em que prodigiosa escuridão não caíste, o que te tornará infame a todos os séculos posteriores."*

{*Conforme dado por Du Pin, vol. 2, p. 156.}

Enquanto tal era o estado de Roma, a capital da corrupta Jezabel, o fluxo vital de vida eterna do exaltado Salvador fluía livremente nas extremidades do império. Muitas nações, tribos e línguas tinham recebido o evangelho com as muitas bênçãos que ele lhes trazia. Sem dúvida, ele estava saturado com muitas superstições; mas a Palavra de Deus, até então, e o nome de Jesus, tinham sido introduzidos entre eles; e o Espírito de Deus pode obrar maravilhas com esse tão bendito nome e com essa tão bendita Palavra. O Salvador era pregado; o amor de Deus e a obra de Cristo parecem ter sido ensinados com uma unção divina carregada de convicção aos rudes bárbaros. Era a obra do próprio Deus e o cumprimento de Seus próprios propósitos. Em tal caso, não diria Paulo: "nisto me regozijo, sim, e me regozijarei"? (Filipenses 1:18)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Rápido Progresso do Cristianismo

Sem dúvidas, as causas e meios foram divinos. Eles provam ser assim. O Espírito de Deus, que desceu em poder no dia de Pentecostes, e que tinha tomado Sua morada na igreja e em cada cristão individualmente, é a verdadeira fonte de todo o sucesso na pregação do evangelho, na conversão das almas, e no testemunho para Cristo contra o mal. "Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor" (Zacarias 4:6). Além disso, o Senhor prometeu estar com Seu povo o tempo todo: "E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos." (Mateus 28:20). Mas nosso objetivo aqui é olhar para as coisas historicamente, e não apenas com a segurança da fé:

1. Uma das grandes causas da rápida propagação do cristianismo é sua perfeita adaptação ao homem em qualquer idade, em qualquer país, e em qualquer condição. Ele aborda todos como perdidos, e supõe uma falta em todos. Assim, ele se adapta ao judeu e ao gentio, ao rei e ao súdito, aos sacerdotes e ao povo, ao rico e ao pobre, ao jovem e ao velho, ao erudito e ao ignorante, ao moral e ao devasso. É a religião de Deus para o coração, e ali firma Sua soberania, e a Sua apenas. Ele se anuncia como o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1:16). Ele propõe levantar o homem das profundezas mais profundas de degradação para as alturas mais elevadas da glória eterna. Quem é capaz de estimar, apesar de todo preconceito, o efeito da proclamação de tal evangelho a pagãos miseráveis e ignorantes? Milhares, milhões, cansados de uma religião sem valor e desgastada, responderam à voz celestial, foram reunidos em torno do nome de Jesus, tomaram com alegria o espólio de seus bens, e estavam prontos para sofrer por amor a Ele. O amor reinava na nova religião, e o ódio na antiga.

2. A confirmação e manutenção de todas as relações terrenas que estivessem de acordo com Deus é outro motivo para a aceitação do evangelho entre os pagãos. Cada um era exortado a permanecer em seus relacionamentos e a procurar glorificar a Deus neles. As bênçãos do cristianismo para as esposas, filhos e servos são indescritíveis. Seu amor, felicidade e conforto eram um espanto para os pagãos, e uma novidade entre eles. Ainda assim, tudo era natural e ordenado. Um cristão, que dizem ter vivido nessa época - no início do segundo século - descreve assim seus contemporâneos: "Os cristãos não são separados dos outros homens pelo lugar onde moram, por língua ou por costumes. Eles não moram em um lugar especial na cidade, eles não usam uma linguagem diferente ou assumem um estilo de vida extravagante. Eles habitam nas cidades dos gregos, e dos bárbaros... e embora se adaptem aos costumes da região, no que diz respeito ao modo de vestir, à comida, e outras coisas que pertencem à vida exterior, eles ainda assim mostram uma conduta peculiar que é maravilhosa e marcante para todos. Eles obedecem as leis existentes, e superam a lei pela forma com que vivem." *

{* História da Igreja, de Neander, vol. 1, p. 95.}

3. As vidas irrepreensíveis dos cristãos, a pureza divina de suas doutrinas, sua paciência, alegre resistência a sofrimentos piores que a morte, assim como a própria morte, seu desprezo por qualquer objeto de ambição comum, sua ousadia na fé a ponto de correrem risco de vida, crédito e propriedades; estes eram os principais recursos na rápida disseminação do cristianismo. "Pois quem", diz Tertuliano, "ao observar tais coisas, não é impelido a investigar a causa? E quem, tendo investigado, não abraça o cristianismo, e tendo abraçado, não tem o desejo de sofrer por isso?"

Essas poucas indicações permitirão ao leitor formar um juízo mais definitivo quanto ao que, por um lado, tendia a impedir, e o que, por outro lado, tendia a promover o progresso do evangelho de Cristo. Nada pode ser mais interessante para a mente cristã que o estudo dessa grande e gloriosa obra. Os obreiros do Senhor, em sua maioria, eram homens simples e iletrados; eram pobres, sem amigos e destituídos de toda a ajuda humana; e ainda assim, em pouco tempo, persuadiram uma grande parte da humanidade a abandonar a religião de seus ancestrais, e a abraçar uma nova religião que é oposta às disposições naturais dos homens, aos prazeres do mundo, e aos estabelecidos costumes das eras. Quem poderia questionar o poder que vinha de dentro do cristianismo tendo tais fatos exteriores diante de si? Certamente foi o Espírito de Deus que revestiu de poder as palavras daqueles primeiros pregadores! Certamente a força deles nas mentes dos homens era divina. Uma mudança completa foi produzida: foram nascidos de novo - criados de novo em Cristo Jesus.

Em menos de cem anos a partir do dia de Pentecostes, o evangelho tinha penetrado na maioria das províncias do império romano, e foi largamente difundido em muitos delas. Em nosso breve resumo da vida de Paulo, e na tabela cronológica de suas missões, traçamos o primeiro plantio de muitas igrejas, e a propagação da verdade em muitas regiões. Nas grandes cidades centrais, tais como a Antioquia na Síria, Éfeso na Ásia, e Corinto na Grécia, vimos o cristianismo bem estabelecido, e espalhando suas ricas bênçãos entre as cidades e vilas vizinhas.

Também aprendemos, da antiguidade eclesiástica, que Cartago era para a África o mesmo que essas cidades eram para a Síria, Ásia e Grécia. Quando Escápula, o presidente de Cartago, ameaçou os cristãos com tratamento severo e cruel, Tertuliano, em um de seus veementes apelos, tentou fazê-lo refletir: "O que pretendes fazer", diz ele, "com tantos milhares de homens e mulheres de todas as idades e dignidades, por mais que livremente se ofereçam a si mesmos? Quantas fogueiras e espadas ainda serão necessárias? O que Cartago é capaz de sofrer se for dizimada por ti? Quando todos encontrarem ali o seu parente mais próximo e vizinhos, verá matronas e possivelmente homens de sua própria classe social e condição, e as pessoas mais importantes, também parentes ou amigos daqueles que são teus amigos mais próximos. Poupe-os então, por isso, para o seu próprio bem, se não para o nosso." *

{* Cristianismo Primitivo, de Cave, p. 20.}

Vamos agora continuar a narrativa dos eventos, e o próximo na ordem a ser relacionado é o martírio de Inácio.

sábado, 25 de julho de 2015

A Partida de Paulo de Éfeso para a Macedônia

Atos 20. Após o tumulto ter cessado, o perigo acabado e os manifestantes dispersos, Paulo se despede dos discípulos, os abraça, e parte para a Macedônia. Dois dos irmãos efésios, Tíquico e Trófimo, parecem tê-lo acompanhado, mantendo-se fiéis a ele em meio a todas as suas aflições. Eles são mencionados com frequência, e inclusive aparecem no último capítulo de sua última epístola, em 2 Timóteo 4.

O historiador sagrado é extremamente breve em seu registro sobre o proceder de Paulo neste momento. Toda a informação que ele dá é comprimida nas seguintes palavras: "Saiu para a macedônia. E, havendo andado por aquelas terras, exortando-os com muitas palavras, veio à Grécia. E, passando ali três meses..." (Atos 20:1-3). É geralmente suposto que essas poucas palavras abrangem um período de nove ou dez meses - do começo do verão de 57 d.C. até a primavera de 58 d.C. Mas esta falta de informação é, felizmente, suprida nas cartas do apóstolo. Aquelas que foram escritas durante essa jornada nos suprem com vários detalhes históricos e, o que é melhor, elas nos dão, da sua própria caneta, uma imagem viva dos profundos e dolorosos exercícios da mente e do coração pelas quais ele estava passando.

Parece que Paulo tinha combinado de se encontrar com Tito em Trôade, que lhe traria notícias direto de Corinto sobre o estado das coisas por lá. Mas semana após semana se passou, e Tito não aparecia. Sabemos alguma coisa sobre as obras dessa grande mente e coração nesse tempo pelo que ele mesmo diz: "Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e abrindo-se-me uma porta no Senhor, não tive descanso no meu espírito, porque não achei ali meu irmão Tito; mas, despedindo-me deles, parti para a macedônia." (2 Coríntios 2:12,13). Sua ansiedade pessoal, no entanto, não o impediu de ir em frente com a grandiosa obra do evangelho. Isto é evidente nos versículos de 14 a 17.

Finalmente o há muito esperado Tito chega à Macedônia, provavelmente em Filipos. E agora a mente de Paulo é aliviada e seu coração confortado. Tito lhe traz melhores notícias de Corinto do que ele esperava ouvir. A reação é manifesta: ele se enche de louvor a Deus: "Grande é a ousadia da minha fala para convosco", diz ele, "grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em todas as nossas tribulações. Porque, mesmo quando chegamos à macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro. Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito." (2 Coríntios 7:4-6)

Logo após isso, Paulo escreve sua Segunda Epístola aos Coríntios, que descobrimos ser dirigida não apenas a eles, mas a todas as igrejas em toda a Acaia. Todas elas podiam ter sido mais ou menos afetadas pela condição das coisas em Corinto. Tito é novamente o servo voluntário do apóstolo, não apenas como portador da segunda carta à igreja em Corinto, mas também tendo um papel especial nas coletas que eles faziam para os pobres. Paulo não apenas dá a Tito estritas instruções sobre as coletas, como também escreve dois capítulos sobre o assunto (capítulos 8 e 9), embora este fosse mais o trabalho de diáconos do que de apóstolos. Mas, como tinha dito ele em resposta à sugestão de Tiago, Cefas e João, de que ele deveria se lembrar dos pobres - "Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência." (Gálatas 2:10)

O espaço que o apóstolo dedica aos assuntos relacionados às coletas para os pobres é notável e merece nossa cuidadosa consideração. Pode ser que alguns de nós tenhamos ignorado este fato até agora. Observe, por exemplo, o que ele diz de uma igreja em particular. Temos boas razões para acreditar que os filipenses, desde o começo, se importavam com o apóstolo - eles o pressionaram a aceitar suas contribuições para ajudá-lo, desde sua primeira visita a Tessalônica até seu aprisionamento em Roma, além de sua generosidade para com os outros (2 Coríntios 8:1-4). Mas alguns podem imaginar, a partir disso, que eles eram uma igreja rica. Pelo contrário. Paulo nos diz: "Como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade." (2 Coríntios 8:2). Eles doavam com tanta generosidade o que tinham de sua própria pobreza.

O que os filipenses são nas Epístolas, a viúva pobre é nos Evangelhos - duas moedinhas era tudo o que ela tinha. Ela podia ter dado uma e ficado com a outra; mas ela tinha um coração não dividido, e ela deu as duas. Ela, também, deu o que tinha de sua pobreza, e onde quer que o evangelho seja pregado por todo o mundo, essas coisas hão de ser contadas como um memorial da generosidade deles.

Após Paulo ter enviado a Tito e os que estavam com ele com a Epístola, ele permaneceu "naquelas partes" da Grécia fazendo a obra de um evangelista. Sua mente, no entanto, almejava fazer uma visita pessoal aos coríntios. Mas ele concedeu tempo para que sua carta produzisse seus próprios efeitos sob a bênção de Deus. Um dos objetivos do apóstolo era preparar o caminho para seu ministério pessoal entre eles. É comum o pensamento de que foi durante este período que ele pregou plenamente o evangelho de Cristo aos arredores até o Ilírico (Romanos 15:19). É provável que ele tenha alcançado Corinto no inverno, de acordo com sua expressa intensão: "E bem pode ser que fique convosco, e passe também o inverno" (1 Coríntios 16:6). Lá ele ficou por três meses.

Todos estão de acordo, podemos dizer, que foi durante esses meses de inverno que ele escreveu sua grande Epístola aos Romanos. Alguns dizem que ele também escreveu sua Epístola aos Gálatas neste mesmo período. Mas há grande diversidade de opiniões entre os cronologistas sobre este ponto. Pela ausência de nomes e saudações, como temos na Epístola aos Romanos, é difícil determinar sua data. Mas se ela não foi escrita neste tempo em particular, mesmo assim devemos mencioná-la mais cedo, e não mais tarde. O apóstolo ficou surpreso pelo antecipado abandono da verdade. "Maravilho-me", diz ele, "de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho" (Gálatas 1:6). Seu grande desapontamento é manifesto no calor do espírito no qual escreve essa Epístola.

Mas devemos retornar à história do nosso apóstolo: não nos adentraremos mais a fundo nas sutilezas da cronologia. Mas após compararmos as últimos escritos, relataremos o que acreditamos serem as datas mais confiáveis.

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