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domingo, 11 de setembro de 2016

Os Modernos Pedobatistas

A igreja de Roma e todos os que seguem os "pais" confessam que a origem de sua prática é a tradição. Mas há muitos outros em nossos dias, como tem sido desde a Reforma*, que detêm o batismo infantil com base nos escritos do Novo Testamento. As seguintes são as principais passagens as quais eles se referem: "Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus"... "De outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos"... "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos"... "Criai-os na doutrina e admoestação do Senhor". E muitos apoiam seus argumentos principalmente no batismo de famílias, e alguns também com base na aliança abraâmica. Veja Marcos 10:14; 1 Coríntios 7:14; Atos 2:39; Efésios 6:4; Atos 16:33; Gênesis 17.

{* Pelos reformadores, e mais tarde pelos puritanos, foram feitos esforços para encontrar nas Escrituras o que a igreja de Roma tinha mantido como tradição; os protestantes recorriam à Bíblia para tudo, e os católicos para os "pais".}

Os anti-pedobatistas, ou "os batistas", como chamam a si mesmos, simplesmente afirmam que, em todas as alusões ao batismo nos escritos dos apóstolos, ele é uniformemente associado à fé no evangelho, e que tais expressões como "sepultados com Ele pelo batismo"  e "plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte" (Romanos 6:4,5), etc., devem significar que a pessoa assim batizada tem parte com Cristo pela fé. E, além disso, defendem que, como o batismo é uma ordenança de Cristo, deve necessariamente ser celebrada exatamente como Ele designou. Eles afirmam que nada além das Escrituras diretas devem ser o fundamento de nossa fé e prática nas coisas divinas. E sendo o batismo algo cuja ministração é necessária, e de maneira prescrita, sem a qual seria apenas uma noção na mente humana, essas coisas, portanto, são tão necessárias como o próprio batismo. E, portanto, segue que os verdadeiros candidatos devem ser apenas crentes professos, e o verdadeiro modo, que é apenas a imersão, são coisas necessárias para o verdadeiro batismo cristão*.

{* Reflexões sobre a História de Wall, de Gale, vol. 3, p. 84}

sábado, 10 de setembro de 2016

Reflexões sobre a História do Batismo Infantil

O suficiente, cremos, para o presente propósito, foi dito sobre o assunto do batismo infantil. O leitor tem diante de si o testemunho das mais confiáveis testemunhas para os primeiros duzentos anos de sua história. A prática parece ter tomado sua ascensão e derivado toda a sua incrível influência com base na interpretação errônea de João 3:5: "Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus". Argumentava-se, a partir desta passagem, que o batismo era necessário para a salvação e todas as bênçãos da graça. A eficácia do sangue de Cristo, o poder purificador da palavra de Deus, e as operações graciosas do Espírito Santo, foram todas atribuídas à devida observância do batismo externo. E não é preciso muito esforço para perceber o lugar que isso tomou na igreja professa nesses últimos 1600 anos*, ou para perceber sua influência em todas as classes e épocas, embora muitos não cressem na regeneração batismal.

{* N. do T.: o livro foi escrito no século XIX}

Dr. Wall afirma que os antigos cristãos, sem exceção de um homem sequer, ensinavam que essas palavras do Salvador se referiam ao batismo. Ele acredita que Calvino foi o primeiro homem a se opôr a essa interpretação, ou o primeiro a se recusar a aceitar a passagem como um ensino da necessidade do batismo para a salvação. Supondo que essas afirmações estejam corretas, elas provam que a grande estrutura eclesiástica que se ergueu sobre o batismo foi fundada sobre uma má interpretação. A igreja de Roma, os luteranos, os gregos, os anglicanos, continuam a seguir os "pais" nesta aplicação errada da verdade. "Devemos então", diz Hooker, referindo-se à nova interpretação de Calvino sobre João 3:5, "considerar que aquilo que sempre foi interpretado de uma determinada maneira e não de outra, seja agora aceito sob o disfarce de uma capa de novidade? Deus adotou o batismo, não apenas como um símbolo ou emblema do que recebemos, mas também como um instrumento ou meio pelo qual recebemos a graça". O bispo Burnet também observa, falando dos tempos antigos: "As palavras do nosso Salvador a Nicodemos foram expostas de modo a dar a entender a absoluta necessidade do batismo para a salvação. Essas palavras 'o reino de Deus', tomadas com o significado de glória eterna, essa expressão de nosso Salvador era entendida como querendo dizer que nenhum homem podia ser salvo a menos que fosse batizado", etc.* Calvino ensinava que os benefícios do batismo eram limitados aos filhos dos eleitos, e assim introduzia-se a ideia do cristianismo hereditário. Os presbiterianos seguem Calvino e, como consequência de seu ensinamento, a circuncisão se torna tanto a justificativa como a regra para o batismo infantil. Mas alguns de nossos leitores podem estar ansiosos por saber o que acreditamos ser a verdadeira interpretação de João 3:5, visto que tanta coisa é construída encima deste versículo.

{* Política Eclesiástica, de Hooker, livro 5. Burnet em Artigos, artigo 27.}

domingo, 4 de setembro de 2016

As Variações Eclesiásticas do Batismo

No Novo Testamento há perfeita uniformidade, tanto quanto ao preceito quanto aos exemplos, sobre o assunto do batismo. No entanto, em nossos próprios dias, e desde o início do terceiro século, encontramos na igreja professa infinitas variações tanto quanto o que diz respeito à teoria quanto à prática sobre esse importante assunto. Aqueles não familiarizados com a história eclesiástica podem naturalmente perguntar: Quando, e por quais meios, tais diferenças surgiram na igreja?

Como tem sido nosso plano, no decorrer de todo este livro, encontrar o início das grandes questões que têm afetado a paz e prosperidade da igreja, nos esforçaremos, bem brevemente, a apontar o início da história dos batismos eclesiásticos. Usamos o termo eclesiástico para distingui-lo do que é bíblico. Nada que tenha sido introduzido após os dias dos apóstolos inspirados provém de autoridade divina, seja em teoria ou prática. Assim, algo não pode ser o batismo cristão se varia daquilo que Cristo instituiu ou da prática de Seus apóstolos. Trazer alterações é o mesmo que mudar a coisa em si, e torná-la não o mesmo, mas um outro batismo; assim encontramos, na história, que surgiram muitos batismos.

Como nosso objeto de estudo, agora, é o início da história dessas variações, e não a controvérsia, evitaremos dar qualquer opinião sobre a tão longamente agitada questão. Por mais de 1600 anos a controvérsia tem sido mantida com grande determinação, e por homens capazes de ambos os lados. Nenhuma controvérsia na história da igreja tem tido tal continuidade, ou conduzida com tal confiança de vitória por ambas as partes. Como não há menção expressa de batismo infantil nas Escrituras, os batistas pensam que sua posição é inquestionável; e os pedobatistas, com a mesma firmeza acreditam que pode ser inferido, a partir de várias passagens conhecidas, que o batismo infantil era praticado nos dias dos apóstolos. Não houve tanta controvérsia quanto ao modo do batismo. Os gregos, latinos, francos e germânicos aparentemente batizavam por imersão. "Batismo é uma palavra grega", diz Lutero, "e em Latim pode ser traduzida como mersio, imersão; ... e embora essa prática tenha caído em desuso entre a maioria de nós, contudo, os que são batizados deveriam ser inteiramente imergidos, e então imediatamente levantados para fora da água, pois é isto que a etimologia da palavra indica, assim como na língua germânica". O testemunho e Neander é o mesmo: "O batismo era originalmente administrado por imersão; e muitas das comparações de São Paulo aludem a essa forma de administração. A imersão é um símbolo da morte, de ser sepultado com Cristo; a saída da água é um símbolo da ressurreição com Cristo; e ambos, tomados em conjunto, representam o segundo nascimento, a morte do velho homem, e uma ressurreição para uma nova vida"*. Cave, Tillotson, Waddington, etc. falam do modo de batismo de maneira similar. E como todos esses testemunhos são de pedobatistas, podemos descartar esta parte do assunto como justamente provada na história da igreja; no entanto, a fé deve permanecer somente sobre a Palavra de Deus. Não seguimos os "pais", mas sim a Cristo.

{* The Inquirer, 1839, p. 232}

Irineu, bispo de Lion, é o primeiros dos "pais" a aludirem ao batismo infantil. Ele morreu por volta do ano 200, de modo que seus escritos são datados por volta do fim do segundo século. Os "pais" apostólicos nunca mencionaram isso. Por essa época a superstição, em grande medida, tinha tomado o lugar da fé, de modo que o leitor deve estar preparado a ouvir algumas noções extravagantes colocadas por alguns dos grandes doutores; ainda assim, muitos deles, sem dúvidas, eram verdadeiro cristãos fervorosos. "Cristo veio salvar todas as pessoas para Si mesmo", diz Irineu, "com isso quero dizer que todos os que, por Ele, forem regenerados -- batizados -- para Deus: infantes e pequeninos, crianças e jovens, e pessoas mais velhas. Portanto Ele passou por várias idades: para os infantes ele foi feito um infante, santificando infantes; para os pequeninos Ele foi feito um pequenino, santificando os dessa idade; e também dando-lhes um exemplo de piedade, justiça e obediência: para os jovens Ele foi um jovem", etc. O batismo era, portanto, ensinado como sendo uma lustração da alma para todas as idades e condições da humanidade. Mas a controvérsia logo se resumiu em uma questão -- criança ou adulto. Regeneração, nascer de novo, batismo, eram usados como termos intercambiáveis, como se significassem a mesma coisa, nos escritos dos "pais".*

{* Veja História do Batismo Infantil, de Dr. Wall. Nós citamos sua tradução (para o Inglês) dos "pais". Tendo recebido os agradecimentos do clero da Câmara dos Comuns, da Convocação, e as honras de D. D. da Universidade de Oxford, por sua grande obra em defesa do batismo infantil, podemos confiar em suas citações como essencialmente corretas, e como as mais favoráveis em relação ao tema.}

Aqui temos a origem, até onde a antiguidade eclesiástica nos informa, do batismo infantil. A passagem é um tanto obscura e extremamente fantasiosa, mas é o primeiro traço que temos da questão ainda instável, e provavelmente a raiz de todas as suas variações vistas eclesiasticamente. O efeito de tal ensino nas mentes supersticiosas foi imenso. Pais ansiosos apressaram-se para ter seus delicados bebês batizados para que não morressem sob a maldição do pecado original, e o homem do mundo atrasava seu batismo até a aproximação da morte para evitar qualquer mancha subsequente, e para que pudesse emergir das águas da regeneração para os recintos da pura e genuína bem-aventurança. O exemplo e reputação de Constantino levou muitos a adiar, desse modo, o batismo, embora o clero testificava ser contra a prática.

Tertuliano. O testemunho deste "pai" prova que os bebês eram batizados em seus dias -- ele morreu por volta de 240 -- mas que ele não era favorável à prática: como ele diz, "Mas aqueles cujo dever é administrar o batismo devem saber que ele não deve ser dado precipitadamente... Portanto, de acordo com a condição e disposição de cada homem, e também de acordo com sua idade, o adiamento do batismo é mais proveitoso, especialmente no caso de crianças pequenas. Pois qual a necessidade de colocar os padrinhos em perigo? pois podem falhar em suas promessas por causa da morte, ou podem estar enganados se uma criança se provar ser de disposição ímpia."

Orígenes, ao discorrer sobre o pecado da nossa natureza, faz alusão ao batismo como o meio indicado de removê-lo. "Os bebês são batizados", diz ele, "para o perdão dos pecados. De que pecados? Ou quando eles pecaram? Ou como pode, nesse caso, o batistério suprir qualquer bem que seja? Mas de acordo com o sentido que mencionamos agora: ninguém é livre da poluição, mesmo que sua vida tenha durado apenas um dia sobre a terra. E é por este motivo, porque pelo sacramento do batismo a poluição que temos de nascença é levada embora, que os bebês são batizados."

Cipriano, bispo de Cartago, por volta do ano 253, recebeu uma carta de Fido, um bispo do interior, perguntando se um bebê, antes dos oito dias de idade, podia ser batizado se necessário. A resposta prova, não apenas que o batismo infantil era então praticado, mas a necessidade disto na mente deles por causa de sua eficácia. Cipriano, com sessenta e seis bispos em concílio, diz: "Quanto ao caso dos bebês, visto que você julga que eles não devem ser batizados dentro de dois ou três dias após terem nascido, e que a regra da circuncisão deve ser observada, de modo que ninguém deve ser batizado e santificado antes do oitavo dia após ter nascido: todos nós em assembleia fomos de opinião contrária. Seja o que for que você pensa adequado de se fazer, não houve nenhum dentre nós que tivesse a mesma ideia, mas todos nós, pelo contrário, julgamos que a graça e misericórdia de Deus não deve ser negada a qualquer pessoa nascida. Pois já que o nosso Senhor em Seu evangelho diz 'o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las', então no que depender de nós, nenhuma alma, se possível, será perdida", etc.

Gregório Nazianzeno
, bispo de Constantinopla, foi um "pai" notável por volta do ano 380. Ele foi o meio de destruir o poder do arianismo na capital oriental, onde tinha sido mantido com grande força por quase quarenta anos. Ele teve de encontrar muita oposição e até mesmo perseguição no início; mas aos poucos sua eloquência, o tom prático e sério de seu ensino, e a influência de sua vida piedosa começaram a dar resultado e a mantê-lo firme na cidade, embora nunca tenha gostado do estilo imperial da capital.

Dr. Wall cita Gregório largamente sobre o batismo, mas nossos extratos serão breves. Como o restante dos "pais", ele é enfático sobre o assunto. "O que você diz sobre aqueles que ainda são crianças e não têm capacidade de serem sensíveis, seja da graça ou da falta dela? Devemos batizá-las também? Sim, por todos os meios, se qualquer perigo torná-lo necessário. Pois é melhor que elas sejam santificadas sem terem consciência disso do que morrerem não seladas e não iniciadas. E uma base para isto, para nós, é a circuncisão, que era feita no oitavo dia e era um típico selo, e era praticada naqueles que não tinham o uso da razão". Contra a prática de adiar o batismo até um leito de morte, ele fala forte e seriamente, comparando o serviço à lavagem de um cadáver, em vez de um batismo cristão.

Basílio
, bispo de Cesareia, é constantemente associado com os dois Gregórios. Gregório de Nissa era seu irmão, e o outro seu melhor amigo. A Capadócia gerou três "pais". Basílio era fiel ao credo de Atanásio durante seus dias de depressão e adversidade, mas não viveu para contemplar seu triunfo final. Ele morreu por volta de 379. Ele foi um grande admirador e um verdadeiro exemplo do cristianismo monástico. Ele abraçou a fé ascética, abandonou sua propriedade e praticou tamanhas austeridades severas a ponto de prejudicar sua saúde. Ele fugiu para o deserto, mas sua fama fez com que uma cidade fosse construída ao redor dele, e construiu um monastério, e então os monastérios surgiram por todos os lados.

Suas visões sobre o batismo são similares às de seu amigo Gregório: ele exorta a necessidade disto com base no mesmo sentimento supersticioso que todos eles tinham. "Se Israel não tivesse passado através do mar", diz ele, "eles não teriam se livrado de Faraó: e a menos que tu passes através das águas do batismo, não te livrarás da cruel tirania do diabo", etc. Ele aplicava isto a todas as idades, e o reforçava pelas palavras do Senhor a Nicodemos: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." (João 3:5)

Ambrósio, bispo de Milão, como todos os "pais" que já conhecemos, se engana completamente quanto ao significado de João 3:5: "Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus". "Você vê", diz ele, "que Cristo não excetua pessoa nenhuma, nem um bebê, nem mesmo aquele que é morto por um acidente inevitável."

João, apelidado Crisóstomo, que significa "boca dourada", obteve esse nome por conta de sua eloquência suave e fluída. Ele era tão favorito do povo que eles costumavam dizer: "Nós preferimos que o sol não brilhe a João não pregar". Ele era evidentemente a favor do batismo infantil, embora não seja claro se acreditava no pecado original. "Por este motivo também batizamos bebês", diz ele, "embora eles não estejam corrompidos pelo pecado, para que possa ser acrescentadas a eles a santidade, a justiça, a herança de adoção, uma fraternidade com Cristo e para que sejam feitos membros com Ele". Seria difícil falar mais quanto aos alegados benefícios do batismo além dos que vemos aqui enumerados. Mas por mais extravagante que toda a sentença possa parecer, esse era o texto dos pedobatistas desde aqueles dias até hoje. A maioria dos nossos leitores são familiares a essas palavras: "O batismo é onde eu sou feito um membro de Cristo, um filho de Deus, e um herdeiro do reino dos céus". Tais palavras foram tiradas não das Escrituras, mas de Crisóstomo.

Dr. Wall parece ansioso por deixar transparecer que esse grande doutor [Crisóstomo] não estava alienado quanto ao pecado original. Ele sugere que o significado de suas palavras possam ser: "eles não se corromperam pelos seus próprios pecados". Mas Crisóstomo não diz "seus próprios", mas que eles não estão corrompidos pelo pecado. E certamente toda criança é corrompida, como disse o salmista: "Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (Salmos 51:5). Em vão procuramos solidez em muitas das doutrinas fundamentais do cristianismo entre os "pais", para não dizer sobre o que eles negligenciaram, tal como a presença do Espírito Santo na assembleia, o chamado celestial e as relações celestiais da igreja, a diferença entre a casa de Deus e o corpo de Cristo, a bendita esperança, e o glorioso aparecimento do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo (Tito 2:11-15).

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