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sábado, 8 de julho de 2017

O Celibato e a Simonia

A promulgação desse decreto produziu, bem como concebeu, a maior agitação e angústia possíveis por toda a extensão da Cristandade. Até esse tempo, certo ou errado, o casamento tinha sido a regra, e o celibato a exceção. E a injustiça do decreto o tornou intolerável, pois o fez cair severamente da posição mais virtuosa para a mais viciosa e estigmatizou a todos como culpados de concubinato. Deixaremos que o leitor imagine o efeito de tal decreto em milhares e dezenas de milhares de famílias felizes. Os detalhes encheriam volumes. O decreto dissolveu os mais honráveis casamentos, rasgou o que Deus tinha unido, espalhou maridos, esposas e filhos, deu origem às mais lamentáveis discussões, e espalhou por todo lugar as piores calamidades. Esposas, especialmente, foram levadas ao desespero e expostas às mais amargas tristezas e vergonhas. Mas quanto mais veemente a oposição, mas altas as anátemas contra qualquer atraso na execução plenária dos comandos do pontífice. Os desobedientes eram entregues aos magistrados civis para serem perseguidos, privados de suas propriedades, e sujeitos a indignidades e sofrimentos de vários tipos. Parte de uma das cartas do papa fala sobre esse ponto: "Aquele cuja carne e sangue mover-se à dúvida ou ao atraso é carnal; este já está condenado; este não tem parte na obra do Senhor; este é um ramo podre, um cão estúpido, um membro cancroso, um servo infiel, um servo do tempo, e um hipócrita."

Mas como nenhum dos soberanos da Europa estavam dispostos a lutar pelas esposas do clero, o papa logo tinha todo o assunto sob seu controle, e muitos dos padres não lamentaram ser libertados das obrigações de seus maus caminhos.

Simonia*. O conflito decorrente da lei gêmea para a supressão da simonia era mais difícil de lidar; e, tendo sido prolongada por muitos anos, envolvia tanto a igreja quanto o Estado em muitas e grandes calamidades.

{*simonia: compra ou venda ilícita de coisas espirituais (como indulgências e sacramentos) ou temporais ligadas às espirituais (como os benefícios eclesiásticos). }

domingo, 2 de julho de 2017

Gregório VII e sua Reforma

Por volta do fim do primeiro ano oficial de Gregório como papa (março de 1074), ele reuniu um numeroso concílio em Roma, com o propósito de declarar guerra contra os dois grandes vícios do clero europeu, e os dois grandes obstáculos para seu esquema teocrático -- o concubinato e a simonia, isto é: o casamento de sacerdotes e a venda de benefícios. Muitos que eram favoráveis à reforma achavam o decreto quanto ao celibato não apenas severo, como também injusto, porque se aplicava igualmente aos mais honráveis casamentos e aos de maior desprezo. Foi resolvido no concílio, sem oposição: primeiro, que os padres não deveriam se casar; segundo, que aqueles que estavam casados deveriam deixar suas esposas ou renunciar ao sacerdócio; terceiro, que no futuro ninguém que não professasse continência inviolável deveria ser admitido às ordens sagradas.

Muitos dos primeiros pais se esforçaram para estabelecer a conexão entre o celibato e a santidade, e a persuadir os homens que aqueles que se casaram com a igreja deveriam evitar a contaminação de uma união terrena. Muitos dos papas também defenderam o celibato; mas, a não ser sob a mais severa disciplina pessoal ou nas comunidades monásticas mais estritas, o celibato era pouco observado e provavelmente nunca tenha sido forçado além das fronteiras da Itália. Mas Gregório fez sua voz ser ouvida e temida quanto a esse assunto, desde o Vaticano até os limites mais longínquos da Cristandade latina. Ele escreveu cartas a todos os arcebispos e bispos, aos príncipes, potentados e oficiais leigos de todos os níveis, sob pena de incorrerem em severa punição ou perdição eterna, para que expulsassem e depusessem, sem misericórdia, todos os padres e diáconos casados, e a recusar seus contaminantes ministérios. Esses despachos estavam cheios de anátemas (maldições) contra todos os que resistissem aos seus decretos; e, assumindo o lugar de Deus, ele diz: "Como obterão perdão por seus pecados aqueles que desprezam aquele que abre e fecha as portas do céu a quem ele se agrada? Que todos se cuidem de não invocarem a ira divina sobre suas próprias cabeças,... como eles incorrem na maldição apostólica, em vez de ganharem essa graça e bênção tão abundantemente derramada sobre eles pelo bendito Pedro! Que fiquem bem certos que nem príncipe nem clérigo escapará da condenação do pecador em deixar de expelir, com rigor inexorável, todos os padres simoníacos e casados, e todos os que ouvirem ao chamado da simpatia ou afeição carnal, ou por qualquer motivo mundano reterem a espada de derramar sangue pela causa de Deus e de Sua igreja, ou permanecerão distantes enquanto essas heresias condenadoras estiverem roendo os sinais vitais da religião,... estes devem ser considerados indiscriminadamente como cúmplices dos hereges, como falsificações e fraudes."*

{* Greenwood, Cathedra Petri, vol. 4, p. 331.}

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