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domingo, 13 de setembro de 2020

A Riqueza das Abadias na Escócia

Jedburgo, uma das abadias mais nobres da Escócia, era mantida pelos frades trinitarianos. Entre as doações feitas por uma sucessão de benfeitores devotos, encontramos: o dízimo da caça do rei em Teviotdale, uma casa em Roxburgo, uma casa em Berwick, pasto para o gado dos monges junto com os do rei, madeira das florestas reais de acordo com suas necessidades, o aluguel do moinho – uma medida de milho – vindo de todos os homens de Jedburgo, uma salina perto de Stirling, isenção de qualquer cobrança em seus tonéis de vinho, um pesqueiro em Tweed, acres e arados de terra com um servo feudal para cultivar, e várias igrejas paroquiais, com seus dízimos e outras receitas. Eles seguiram a regra de Santo Agostinho, que os obrigava a dedicar a primeira parte do dia ao trabalho e o restante à leitura e devoção.

Paisley -- A Abadia de Paisley foi antigamente uma das casas religiosas mais ricas da Escócia. Foi fundada pelo o Grão-senescal Walter Fitz-Allan por volta do ano 1160, para monges cluníacas, que seguiam a ordem de São Bento. Eles primeiramente se localizavam em Renfrew, mas depois foram removidos para Paisley, e logo foram ricamente dotados pela liberalidade piedosa de sucessivos grão-senescais e por alguns dos grandes senhores de Lennox e das Ilhas. No século XIII, eles possuíam trinta igrejas paroquiais, com todas as suas receitas; e cerca de dois terços de todo o solo da extensa paróquia de Paisley haviam passado para suas mãos, com hectares e arados em quase todos os distritos do oeste da Escócia. Além disso, os administradores haviam lhes dado o dízimo de sua caça e as peles de todos os veados capturados nas florestas vizinhas, pasto para o gado, um moinho em Paisley, uma rede de salmão em Clyde em Renfrew, um pesqueiro em Lochwinnoch, a liberdade de extrair tanto pedras de construção quanto pedras de cal para queimar em Blackhall e em outros lugares, de cavar carvão para o uso em seus mosteiros, suas granjas, ferrarias e fábricas de cerveja, de fazer carvão de madeira morta e de cortar relva para cobrir no carvão, de madeira verde para seus mosteiros e granjas, e para todas as operações de agricultura e pesca.

Tais eram os monges e suas receitas naquela época. Eles podiam muito bem se alegrar com a abundância de todas as coisas boas desta vida; mas o pároco -- é estranho dizer -- ficou em estado de pobreza e dependência. As receitas da paróquia eram apropriadas pelos bispos e casas religiosas, de modo que uma renda muito escassa era reservada para o clero paroquial. Tudo era encaminhado para engordar os frades desocupados; que, quaisquer que tenham sido suas virtudes primitivas, eram agora o escândalo da Igreja. Na época da Reforma, das mil paróquias da Escócia, cerca de setecentas haviam sido destinadas a bispos e casas religiosas. A divisão mais completa e regular do país em paróquias e dioceses ocorreu por volta do início do século XII.

Alguns de nossos jovens leitores podem estar dispostos a perguntar por que foi que nos séculos XII e XIII, mais especialmente, os reis e nobres da terra lutaram entre si para enriquecer a igreja. Muitas causas se combinaram para produzir esse estado de coisas. As cartas feudais naqueles dias eram assinadas com o “+” do rei, visto que ele não conseguia escrever seu próprio nome e todos os seus súditos eram rudes, ignorantes e supersticiosos. Os monges e frades gozavam de grande reputação, como frequentemente observamos em nossa história, pela santidade superior, pelo fervor de suas devoções e pela austeridade de suas vidas. Essas coisas atraíram a atenção e ganharam a veneração de uma época crédula e supersticiosa. Além disso, o doador tinha a garantia de que suas doações garantiriam o repouso de sua alma após a morte, que então significava vida eterna. Foi por meio dessa grande impostura religiosa que o clero alcançou tal grau de opulência e poder, que os ricos se tornaram seus adoradores e construíram para eles aquelas belas casas, cujas próprias ruínas ainda atraem o viajante e despertam admiração."*

{* Cunningham, vol. 1, cap. 5.}

O Cristianismo na Escócia

Já vimos que o clero romano experimentou grande dificuldade em obter uma base permanente na Escócia.* Os Culdees -- a quem estamos dispostos a homenagear por causa de suas obras -- continuaram por séculos a resistir às invasões do papado e a manter sua posição, não obstante todos os esforços enviados pela igreja de Roma para esmagá-los e exterminá-los. Isto porque eles se apegaram à Palavra de Deus, assim como os reformadores de uma época posterior, como o único guia infalível e autoridade em todas as questões de fé e prática. Mesmo Beda, o monge historiador, admite com franqueza que "Columba e seus discípulos receberiam apenas as coisas que estão contidas nos escritos dos profetas, evangelistas e apóstolos, observando diligentemente as obras de piedade e virtude." Mas Roma finalmente triunfou: os fiéis Culdees, oprimidos por muito tempo, diminuídos em número, enfraquecidos em energia através das feitiçarias de Jezabel, desaparecem das páginas da história, e a Escócia é novamente envolta em trevas e superstição. Os mosteiros se ergueram rapidamente e logo obscureceram toda a terra; e como eles alcançaram um ápice de riqueza e poder, insuperável em qualquer outra parte da Europa, devemos fazer um breve exame sobre eles.

{* Consulte Quem Eram os Culdees? }

A grande mania de enriquecer igrejas começou com Carlos Magno: Alfredo, o Grande, imitou seu exemplo, e logo toda a cristandade foi infectada por essa superstição. Na pessoa de Margarida, a princesa saxã, viajou para o norte. A invasão e conquista da Inglaterra pelos normandos e o estabelecimento de uma nova dinastia naquele país produziram os efeitos mais importantes na história da igreja na Escócia. Muitos dos saxões fugiram para a Escócia para escapar de seus novos mestres; e entre outros Margarida, que se tornou a esposa do rei escocês Malcolm III, e a mãe de Alexandre I, um príncipe poderoso e vigoroso, e de David I, que era um defensor fanático do romanismo. A piedade, a caridade e a vida ascética de Margarida são celebradas com entusiasmo por seu confessor e biógrafo, Turgot, um monge de Durham e bispo de Santo André. Malcolm, animado pelo espírito devoto de sua amada esposa, fez algumas doações para a igreja; mas a munificência real de seu filho David na investidura de bispados e abadias foi recompensada com o elogio de todos os escritores monásticos, embora Tiago I fale dele como "um santo magoado da coroa". No entanto, sua extravagante superstição tendia não apenas a empobrecer a coroa, mas também à opressiva tributação do povo. "Ele fundou os bispados de Glasgow, Brechin, Dunkeld, Dunblane, Ross e Caithness... A mesma liberalidade piedosa deu origem a uma infinidade de abadias, priorados e conventos; e monges de todas as ordens e em todos os trajes se aglomeraram na terra."*

{* Para detalhes cuidadosamente coletados, veja Cunningham, vol. 1, pág. 106.}

A civilização superior dos refugiados anglo-saxões e seu apego à hierarquia inglesa tenderam grandemente ao seu estabelecimento na Escócia. Os missionários celtas estava decaindo, enquanto a corte assumia um tom e caráter ingleses. A partir desse período, somos informados que um fluxo de colonos saxões e normandos inundou a Escócia. Eles logo adquiriram os distritos mais férteis desde Tweed até Pentland Firth; e quase todas as famílias nobres da Escócia agora traçam deles sua descendência. Esses novos proprietários, seguindo o exemplo do monarca, esbanjaram suas riquezas na igreja. A paixão por fundar e endossar mosteiros tornou-se tão grande que, muito antes da Reforma, havia mais de cem mosteiros espalhados por todo o país e mais de vinte conventos para a recepção de freiras.

Um breve esboço de duas ou três dessas casas religiosas pode não ser desinteressante para o leitor; isso também mostrará o estado de coisas introduzido pela hierarquia romana naquele país outrora simples e primitivo. As estatísticas são tiradas da história do Sr. Cunningham.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Quem Eram os Culdees?

Culdees eram uma espécie de reclusos religiosos que viviam em lugares afastados. A comunidade cristã de Iona foi chamada de Culdees. E este é, provavelmente, o motivo pelo qual aquele ponto isolado foi fixado por Columba como o local de seu monastério. Embora totalmente livres das corrupções dos grandes monastérios no continente, a vida e as instituições de Columba eram estritamente monásticas. E, a partir de fragmentos de informação recolhidos da história, parece bem certo de que "eles se gloriavam em seus milagres, respeitavam relíquias, praticavam penitências, jejuavam às quartas e sextas-feiras, tinham algo bem similar às confissões auriculares, às absolvições e às missas para os mortos; mas é certo que eles nunca se submeteram aos decretos do papado em relação ao celibato". Muitos dos culdees eram homens casados. São Patrício era filho de um diácono e neto de um sacerdote.*

{* Cunningham, vol. 1, p. 94.}


Mas, embora esses homens bons e santos fossem tão infectados pela superstição dos tempos, a situação remota em que se encontravam, a simplicidade de seus modos, e a pobreza de seu país devem tê-los preservado muito das influências romanas e dos vícios predominantes dos monastérios mais opulentos. Prefiramos pensar no monastério deles como um seminário, nos quais homens eram treinados para a obra do ministério. Em anos posteriores os monges foram frequentemente perturbados, e algumas vezes abatidos, por piratas. No século XII passou a ser posse dos monges romanos. "Sue fé pura e primitiva", diz Cunningham, "havia partido; seu renome por causa da piedade e erudição se foi; mas a memória deles sobreviveu, e era então considerada com maior reverência supersticiosa do que nunca. Muito antes disso o monastério foi usada como sepulcro da realeza, numerosas peregrinações foram feitas até ele, e agora reis e chefes começaram a enriquecê-lo com doações de dízimos e terras. As paredes que então estavam desmoronando foram consertadas; e os viajantes podem apreciar essas veneráveis ruínas eclesiásticas se erguendo de um cais em meio ao vasto oceano com sentimentos parecidos com aqueles com os quais é possível considerar os templos de Tebas meio enterrados, mas ainda em pé, no meio das areias do deserto".

Vamos agora deixar de lado por um tempo as Ilhas Britânicas. A primeira introdução da cruz na Inglaterra, Escócia e Irlanda, e o triunfo final de Roma nesses países, são eventos do mais profundo interesse por si só; mas por terem acontecido em nosso próprio país* eles têm direito à nossa atenção especial. A partir desse momento poucas mudanças exteriores aconteceram na história da igreja, embora possam ter havido muitas lutas internas a partir dos numerosos abusos e das exigências audaciosas de Roma. 

{*N. do T.: o autor vivia na Inglaterra}

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